Agência Brasil – O ministro da Fazenda, Guido
Mantega, discutiu, hoje (28), com mais três setores produtivos, mudanças
para aquecer a economia e ajudar a indústria diante da crise econômica
internacional. Uma das medidas estudadas altera a política de
desoneração da folha de pagamento. O anúncio está previsto para a
próxima terça-feira (3) e será feito em cerimônia, no Palácio do
Planalto, conforme Mantega informou a parlamentares e empresários que
estiveram reunidos com ele nesta quarta.
No caso da desoneração da folha, o acordo é para que a alíquota do
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) seja reduzida de 20% para
zero, e o empresariado opte pelo recolhimento de algo como 1% no
faturamento. Pelo Plano Brasil Maior, a alíquota que vinha sendo adotada
até agora, para alguns setores, chegava a 1,5%.
O empresário Humberto Barbato, presidente da Associação Brasileira da
Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), defendeu as medidas que,
segundo ele, são fundamentais para que a produção nacional possa ganhar
competitividade ante os produtos importados, que cada vez mais chegam ao
país com preços inferiores aos do mercado interno. O baixo preço é
provocado pelo dólar que, mais barato do que o real, entra no país
atraído pelas altas taxas de juros e também por causa de mecanismos que
provocam uma desvalorização artificial das moedas estrangeiras.
Ao contrário do que anunciaram representantes de outros setores que
têm negociado com o governo, o representante da Abinee disse que Mantega
não pediu a garantia da manutenção dos empregos em contrapartida aos
benefícios à indústria. “Não houve nenhuma exigência de contrapartida
até porque nós estamos tão sufocados que essas medidas chegariam em um
momento em que a indústria está na UTI [unidade de terapia intensiva].
Tudo praticamente está sendo importado. Não há como a gente dar alguma
coisa em troca neste instante”, disse Barbato.
Mas é certo que o governo espera como resultado não só fazer com que
as empresas retomem níveis de competitividade, mas também quer desafogar
o setor para que sobrem recursos para investimentos.
Pela proposta anunciada pelo representante da Abinee, a desoneração
da folha de pagamento não seria para todo o setor elétrico, mas sim para
quem produz 35 produtos utilizados nas áreas de geração, transmissão e
distribuição de energia elétrica. De acordo com Barbato, outras medidas
estão sendo estudadas como a desoneração das exportações e a sobretaxa
para produtos importados.
Participaram ainda do encontro no Ministério da Fazenda, Rogério
Mani, diretor da Associação Brasileira da Indústria do Plástico
(Abiplast) e José Martins, presidente Associação Nacional dos
Fabricantes de Ônibus (Fabus).
Mani não comentou as questões discutidas na reunião com Mantega, mas
José Martins se manifestou a respeito detalhando o impacto para a
indústria de ônibus. Segundo ele, a produção de ônibus no Brasil é
praticamente artesanal e inclui todos os componentes, que vão de
janelas, portas, painéis de instrumentos a ar-condicionado. “As medidas
irão melhorar a nossa competitividade substancialmente. Sentimos que os
chineses já começam a agredir o mercado sul-americano. Estão querendo
montar bases na América Latina, que é um mercado brasileiro”, destacou.
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