sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A minha pequena poetisa

" Todas as vezes que eu vou comprar flores
  eu trago você"

Antes deixa apresentar a autora dessa frase. É a Giovanna, também chamada por todos de Gigi e por mim de Passarinho, minha neta.  E que por todas as circunstancias boas da vida ela, e a mãe dela também, vive conosco desde que nasceu.

E eu já disse algumas vezes aqui no Saúva o quanto o surgimento da Gigi em minha vida, ou em nossas vidas, serviu de causa para que eu refletisse um tanto a mais sobre o que é viver. 

Algo semelhante aconteceu com o nascimento dos meus filhos, no caso deles eu acho que o mais marcante foi a emoção de ver a vida podendo ser multiplicada através de mim, algo que até hoje me encanta. Mesmo sabendo-se explicar por aí tim-tim por tim-tim todo o mecanismo da reprodução humana, para mim ainda tem todo o jeito de milagre, e sendo milagre é sempre admirável. 

Mas uma porção de outras coisas, em especial a vida para levar, me impediram de contemplar o suficiente em meus filhos o que é a transformação pela qual todos passamos vida afora.

E com a Gigi eu tive esse tempo. O tempo da contemplação. E ao ver na Gigi tantas mudanças todos os dias eu acabei por vê-las em mim mesmo. E por entendê-las em todas as pessoas. E deixei de lado um pouco da minha rabugice, das minhas coisas resolvidas para sempre, das minhas teorias sobre como, onde e quando viver as coisas, da minha insistência em ver tudo do jeito que eu decidi que tem que ser visto.

Antes eu gostava do azul. Agora eu também gosto do azul celeste e do azul marinho. Antes eu gostava só do sol, agora também gosto da chuva. E de uma hora para outra comecei a prestar atenção em sinônimos das palavras.

E vejo como o amanhecer e o entardecer é sempre diferente a cada dia. Absolutamente não se repete, é sempre único.  Sendo que o entardecer tem sempre mais cores do que o amanhecer. Será que isso tem alguma coisa a ver com o ocaso da vida?

Mas voltando a frase que está lá em cima, a Gigi a escreveu em um caderno no qual ela atualmente está escrevendo versos. E tem coisas tão bonitas quanto essa que eu escolhi para dividir com vocês. E é certo que a Gigi está manifestando um dom maravilhoso.

E fiquei querendo que existisse em nós a possibilidade do aprisionamento dos dons de forma que nós jamais os abandonássemos. E que fluíssem facilmente de dentro de todos nós as declarações de amor à vida e aos outros.

E que quando coisas lindas se manifestassem na gente nós pudéssemos eternizá-las e manifestá-las para o resto da vida. 

E que as durezas do mundo não pudessem nunca abafar a beleza que reside naturalmente dentro de nós. 

E que fossemos todos nós uma fonte inesgotável do bem e da exaltação da vida e do amor.

Espero que com a Gigi seja assim.

Fiquem em paz.

Jonas