terça-feira, 4 de outubro de 2011

Wall Street is our street

Sempre olhei com desconfiança o comportamento politico de meus irmãos do grande país norte. Não consigo engolir com facilidade o discurso de liberdade e democracia sempre proclamado em especial pelos politicos norte americanos. Imaginei sempre que por trás desse verniz do tão apregoado "american way of life" está um profundo desprezo ao individuo, às coisas da natureza humana, um preconceito inconfessável por tudo que passa pelo social, pela igualdade de direitos dos outros. Ao que parece a igualdade de direitos é tida antes como um exercicio privado e pessoal do que algo a ser usufruido em sociedade, em grupo. Para mim, sem querer generalizar é óbvio, há um forte viés de intolerancia a tudo aquilo que signifique estender a mão ao próximo. Sinto que na terra do Tio Sam vigora, literalmente, o "cada um por sí e Deus contra"

Porém essa semana fiquei agradavelmente surpreso  ao ler noticias a respeito do movimento " Occupy Wall Street", movimento esse que apesar da repressão policial - como era de se esperar, pois o governo norte americano não gosta de ser contrariado - foi idealizado e organizado pela população apenas. E embora seja uma manifestação bem ao gosto "duzamericanus" - pois é tudo muito pasteurizado, asséptico, eletronico e aparentemente bem organizado - está me parecendo que eles conseguiram ir ao ponto nevralgico da questão, questão que não é só daquele país mas da maioria dos paises do planeta, inclusive do Brasil. Segundo os organizadores do movimento o neo liberalismo fracassou como modelo economico e é tempo de voltar-se para os individuos.

Tanto lá como aqui, a excessiva priorização da Economia e das Finanças em detrimento das outras áreas da sociedade - saúde, educação, segurança, lazer, etc ...- finalmente chegou ao que parece ser uma encruzilhada. Aos poucos cai o véu do deus mercado, sempre visto como o único capaz de prever e prover os individuos em todas as suas necessidades. 

Nós brasileiros, que embora já estejamos por completar uma década de governo progressista, ainda amargamos e ainda pagamos a conta da cantilena inaugurada lá pelos anos 80 e que dizia que é preciso deixar o bolo ( da economia) crescer para depois dividir. O que se vê é que esse bolo já cresceu demais, em alguns casos já até queimou e a hora da divisão parece ainda estar bem distante, em que pese, repito, os esforços do governo dos ultimos 08, quase 09, anos em direcionar parte consideravel  das riquezas do pais para a base da população para então, a partir dessa base, sustentar um crescimento sólido e perene. É de uma ululancia oceanica o equivoco de imaginar que uma sociedade possa enriquecer indefinidademente só da metade pra cima de sua piramide. Piramide completa é isso mesmo: uma base e um vértice. Ponto.

Pois bem. Voltando aos americanos e seu protesto os organizadores de lá divulgaram um Comunicado Oficial que, pasmém, critica duramente e em primeiro lugar o corporativismo que rege o capitalismo e em seguida a falta de investimentos em áreas sociais. Sem perderem-se em subjetividades e foguetórios marqueteiros os signatários vão direto ao ponto, indicando um possivel caminho para as mudanças afirmando com muita clareza: "que nenhuma democracia é viavel quando o processo é determinado pela economia."  Vale a pena ler. Está no blog do Esquerdopata, aqui.

Seria muito bom que os "indignados" brasileiros ao invés de ofenderem indiscriminadamente toda a classe politica do Brasil - em especial os progressistas - e protestarem "contra-tudo-que-está-aí", e silenciosa e egoisticamente torcendo para que tudo dê errado, se articulassem minimamente e de maneira coerente trouxessem à luz o que de fato combatem e o que querem realmente mudar. Seria mais produtivo, mais eficiente e por isso mesmo levado um pouco mais à sério.

Abaixo vejam uma das dezenas de fotos que podem ser vistas aqui








Fiquem em paz

Jonas