domingo, 24 de maio de 2015

Menino Maluquinho lançará pedra fundamental do Parlashopping

Lá pela década de 80 eu trabalhava no hotel mais bambambam do Brasil cujo lobby era rodeado por lojas que vendiam mimos muito caros, é claro, em especial para os hospedes do hotel, e que se pareciam muito com uma Dutty Free já que naqueles obscuros tempos objetos importados não se achavam em qualquer canto.

Eram tempos de governadores biônicos que, para quem ainda não sabe, foi uma invenção da ditadura para fazer de conta que havia eleição para cargos executivos.

O governador biônico de S Paulo era um hábil fazedor de politica com dinheiro publico. Subornava a Assembleia Legislativa e o Congresso Nacional na maior cara dura distribuindo presentes e medalhas à deputados e senadores sempre com vistas a garantir seu futuro politico cujo projeto incluía ser Presidente da Republica. Mas deixemos isto de lado cuja História a maioria conhece.

O que quero contar é que nas datas nacionais, 7 de setembro ou 15 de novembro, esse tal governador convidava praticamente todo o Congresso Nacional para vir à São Paulo onde fazia farta distribuição de condecorações e homenagens aos excelentíssimos deputados e senadores.

Hospedava todo mundo, inclusive esposas, no hotel bambambam com tudo na faixa, quer dizer tudo por conta da Casa Civil do Governo do Estado de São Paulo.

Muitos dos senhores políticos e senhoras esposas não se avexavam em arrematar tudo que havia nas lojas do hotel, desde roupas e objetos infantis, até malas, licores, perfumes, cachimbos e obras de arte tudo por conta da Casa Civil. Pareciam uma nuvem de ganfanhotos arrasando tudo que viam pela frente.

E no dia seguinte lá vinha um funcionário da Casa Civil, entrava nos bastidores do hotel, somava as contas e as pagava em cash, sem nenhum questionamento. 

Desde então se passaram algumas décadas e eu nunca mais fui testemunha ocular das farras consumistas dos nobres deputados, senadores e suas esposas. 

E deve ser por inspiração e saudade daqueles bons tempos de consumismo selvagem com dinheiro publico, que o sr Cunha - mui digno presidente da Câmara - acaba de sugerir e aprovar - ainda falta aprovação do Senado - a construção de um shopping center anexo ao Parlamento lugar onde certamente a simples posse de um crachá de parlamentar valerá crédito ilimitado em qualquer uma das suas lojas.

Vale dizer que a construção do shopping contraria a legislação e o plano diretor de Brasília. 

E eis que neste meio tempo caminha por estradas brasileiras compondo uma tal Marcha Pela Liberdade saindo de São Paulo  em direção a Brasília o garoto Kim Kataguiri também conhecido como Jaspion de Indaiatuba ou o Menino Maluquinho ( este apelido surgiu por conta da panela que ele precisou colocar na cabeça pra se proteger da chuva ). E lá em Brasília ele previa uma chegada apoteótica onde seria recebido as portas do Congresso Nacional por todos seus nobres integrantes em especial o cambaleante senador Aécio Neves e seu assessor para qualquer assunto jurídico o deputado Carlos Sampaio.

Estes dois últimos já teriam redigido um novíssimo pedido de impeachment da Dilma e o entregariam ao Menino Maluquinho que, escalando as conchas do Congresso, de lá do alto bradaria um discurso sem pé nem cabeça exibindo a sola gasta de seu Nike exigindo a saída de Dilma agora e já.

Mas deu chabu e o cambaleante senador, chamado de arregão pela reaçada toda, já desistiu - pelo menos esta semana - do impeachment de Dilma.

Então pra não perder a viagem o Menino Maluquinho irá, juntamente com Eduardo Cunha, lançar a pedra fundamental do futuro Parlashopping, quando receberá das mãos do presidente o CongressoCard numero 00000001 ilimitado e vitalício para compras na Lojas Cunha. Já existe inclusive a possibilidade de umas das lojas ancora ser a Agencia de Viagens Maluqinho especializada em viagens a pé.

E la nave va.