Lá pela década de 80 eu trabalhava no hotel mais
bambambam do Brasil cujo lobby era rodeado por lojas que vendiam mimos muito
caros, é claro, em especial para os hospedes do hotel, e que se pareciam muito
com uma Dutty Free já que naqueles obscuros tempos objetos importados não se
achavam em qualquer canto.
Eram tempos de governadores biônicos que, para
quem ainda não sabe, foi uma invenção da ditadura para fazer de conta que havia
eleição para cargos executivos.
O governador biônico de S Paulo era um hábil
fazedor de politica com dinheiro publico. Subornava a Assembleia Legislativa e
o Congresso Nacional na maior cara dura distribuindo presentes e medalhas à
deputados e senadores sempre com vistas a garantir seu futuro politico cujo
projeto incluía ser Presidente da Republica. Mas deixemos isto de lado
cuja História a maioria conhece.
O que quero contar é que nas datas nacionais, 7
de setembro ou 15 de novembro, esse tal governador convidava praticamente todo
o Congresso Nacional para vir à São Paulo onde fazia farta distribuição de
condecorações e homenagens aos excelentíssimos deputados e senadores.
Hospedava todo mundo, inclusive esposas, no hotel
bambambam com tudo na faixa, quer dizer tudo por conta da Casa Civil do Governo
do Estado de São Paulo.
Muitos dos senhores políticos e senhoras esposas
não se avexavam em arrematar tudo que havia nas lojas do hotel, desde roupas e
objetos infantis, até malas, licores, perfumes, cachimbos e obras de arte tudo por
conta da Casa Civil. Pareciam uma nuvem de ganfanhotos arrasando tudo que viam pela frente.
E no dia seguinte lá vinha um funcionário da Casa
Civil, entrava nos bastidores do hotel, somava as contas e as pagava em cash,
sem nenhum questionamento.
Desde então se passaram algumas décadas e eu
nunca mais fui testemunha ocular das farras consumistas dos
nobres deputados, senadores e suas esposas.
E deve ser por inspiração e saudade daqueles bons
tempos de consumismo selvagem com dinheiro publico, que o sr Cunha - mui digno
presidente da Câmara - acaba de sugerir e aprovar - ainda falta aprovação do
Senado - a construção de um shopping center anexo ao Parlamento lugar onde
certamente a simples posse de um crachá de parlamentar valerá crédito ilimitado
em qualquer uma das suas lojas.
Vale dizer que a construção do shopping contraria
a legislação e o plano diretor de Brasília.
E eis que neste meio tempo caminha por estradas
brasileiras compondo uma tal Marcha Pela Liberdade saindo de São Paulo
em direção a Brasília o garoto Kim Kataguiri também conhecido como Jaspion de
Indaiatuba ou o Menino Maluquinho ( este apelido surgiu por conta da panela que
ele precisou colocar na cabeça pra se proteger da chuva ). E lá em Brasília ele
previa uma chegada apoteótica onde seria recebido as portas do Congresso
Nacional por todos seus nobres integrantes em especial o cambaleante senador
Aécio Neves e seu assessor para qualquer assunto jurídico o deputado Carlos
Sampaio.
Estes dois últimos já teriam redigido um novíssimo
pedido de impeachment da Dilma e o entregariam ao Menino Maluquinho que,
escalando as conchas do Congresso, de lá do alto bradaria um discurso sem pé
nem cabeça exibindo a sola gasta de seu Nike exigindo a saída de Dilma agora e
já.
Mas deu chabu e o cambaleante senador, chamado de
arregão pela reaçada toda, já desistiu - pelo menos esta semana - do
impeachment de Dilma.
Então pra não perder a viagem o Menino Maluquinho irá,
juntamente com Eduardo Cunha, lançar a pedra fundamental do futuro
Parlashopping, quando receberá das mãos do presidente o CongressoCard numero
00000001 ilimitado e vitalício para compras na Lojas Cunha. Já existe inclusive
a possibilidade de umas das lojas ancora ser a Agencia de Viagens Maluqinho
especializada em viagens a pé.
E la nave va.