quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Vá com Deus, bom trabalho.

É sempre muito difícil nessa época do ano resistir e não escrever algo que contenha votos de muitas felicidades, prosperidade, saúde e coisas assim.

E é bem normal botarmos o olho no futuro e, atribuindo alguma força divina ao novo calendário, ficamos imaginando que agora vai.

Tilintamos taças, abraçamo-nos, em seguida descarregamos as fotos das festas no facebook e vamos dormir. Lá pelo dia três ou quatro de janeiro estamos de novo na mesma rotina, enterrados até o pescoço nas obrigações e envolvidos inapelavelmente pela rede construída ao nosso redor que nos faz esquecer de conferir se todos os votos desejados e recebidos estão acontecendo.

E acho justo e necessário que nós todos tenhamos esses momentos de descontraída confraternização e pelo menos por algumas horas e dias dediquemo-nos a imaginar coisas boas. É de vital importância confessarmos o amor pelo próximo. Nem só de sisudez vive o homem.

E eu vim aqui hoje falar das mesmas coisas. Mas não quero falar do futuro não. Quero convidar a todos vocês que em lugar de desejar que venham coisas boas, pensem naquelas que vocês viveram. É bem possível que algum de vocês, meus raros e caros leitores, estejam vivendo alguma coisa boa nesse exato momento.

Porém sabemos que os momentos felizes - embora constantes - são bem fugazes e por isso devemos ficar bem atentos para percebê-los. A felicidade pode estar onde menos se espera: uma cena na rua, o pão quentinho, o sorriso da atendente da loja, uma palavra amiga, uma música, o prato predileto, um abraço, a acolhida, a família, a promoção no trabalho, tanta coisa, tanta coisa...Pequenas, mas muitas.

De minha parte eu digo a vocês que entre as muitas coisas que me felicitaram neste ano de 2011, está a reconquista de um emprego - coisa que demorou quase oito meses para acontecer - mas junto com ela veio uma súbita percepção de quanto é valiosa a presença dos amigos e da família apoiando, suportando e dizendo palavras de otimismo e esperança de tempos melhores.

E junto com isso retornou aos meus ouvidos uma frase sempre dita pela Rita quando saio para trabalhar e que por falta de cuidado meu  acabou por passar despercebida tantas vezes, mas que agora eu a ouço com especial prazer e, -é claro- agradeço por ela. Quando saio para trabalhar ouço da Rita: " Vá com Deus, bom trabalho".

E nesta frase estão dois ingredientes para uma parte da minha felicidade: a primeira é que vou para o trabalho e a segunda é que ele é abençoado por quem eu amo.

Obrigado Rita. Obrigado Lê, Carô e Renata. Obrigado Gigi. Obrigado minha família toda. Obrigado meus amigos reais e virtuais. Obrigado por tudo que me disseram e fizeram não só a mim mas a todos os meus.

E vocês, leitores desse impertinente blogueiro, agradeçam também para aqueles que os felicitaram de algum jeito ou que os deixaram emocionados, encantados e de bem com a vida.

Tenho certeza de que muitos momentos de 2011 valeram a pena ser vividos. 

Fiquem em paz

Jonas

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

O Natal, os moradores de rua e os bichos.

Lembro que quando eu era criança, lá em casa tínhamos cachorros. Tivemos dois. Não simultaneamente. O primeiro morreu de velhice e o segundo não me lembro como terminou a história dele conosco.

E lembro que nós os tratávamos tal e qual se tratam cachorros, pois essa era a natureza deles. Viviam em uma casinha no quintal, sem jamais entrar em casa, recebiam comida - as sobras de nossa mesa - água em latas próprias pra isso e periodicamente tomavam um banho. As vezes brincávamos com eles. E só.

E lembro também de alguns mendigos que andavam pelo bairro e que batiam nas portas das casas pedindo comida. E da nossa casa, assim como das outras casas da vizinhança, eles recebiam um prato de comida, bem arrumadinho, um copo d água e garfo e faca. E faziam suas refeições sentados nos portões das casas.

E depois a roda do mundo girou, eu cresci e fui trabalhar em Porto Seguro no sul da Bahia. Por força das minhas atividades por lá, acabei tendo um contato muito próximo tanto com a PM local quanto com o Ibama. E naqueles dias eu me surpreendi quando da minha primeira visita a estes locais. O posto da PM era uma casa velha, enfiada no meio de um jardim velho, com carros velhos na porta e internamente as instalações eram deploráveis não tendo sequer ambientes separados para os soldados masculinos e femininos trocarem suas roupas.

E na mesma quadra ficava o posto do Ibama. Ahhh que beleza. Ar condicionado, computadores, pintura moderna, quadros nas paredes, banheiros impecáveis e todos os demais equipamentos de conforto para os usuários do local. 

Naqueles dias pensei com meus botões. Caramba! Um local que abriga os profissionais que cuidam da segurança de seres humanos está em ruínas enquanto que o que cuida de passarinhos e cachoeiras é todo reluzente e moderno.

E a roda do mundo girou mais um pouco e, hoje em dia, ao mesmo tempo que se vê florescer a violência, a intolerância, a solidão e a tragédia entre seres humanos se vê também florescer  um mercado cada vez mais próspero de apetrechos para "pets" além de serviços de uma lista enorme de profissionais nas mais diversas áreas, inclusive psicologia, especializados em animais e que apresentam todo tipo de soluções e idéias para fazerem os bichinhos mais felizes e realizados.

Do lado de dentro das casas, animaizinhos fofos, perfumados e recém saídos do cabeleireiro e da manicure usufruem de confortos e serviços inimagináveis para muitos seres humanos. E do lado de fora dessas mesmas casas, separados por interfones, cercas eletrificadas e porteiros eletrônicos estão os que, impossibilitados de se comunicarem com o mundo - sem portas para bater e pedir ajuda - reviram sacos plásticos catando restos de comida que comem com o resto de suas dignidades.

Tantas soluções para pets e nenhuma para viciados em crack, crianças abandonadas e malucos em geral que habitam as ruas de nossa cidade. 

Alguma coisa está errada. Alguma coisa está fora de lugar.

Fiquem em paz.

Ah !! Eu  já ia me esquecendo: Feliz Natal - al -al - al....

Jonas

domingo, 18 de dezembro de 2011

Crime de lesa humanidade.




Já pensou se um engenheiro civil não gostasse de cálculo? E executasse suas obras apenas no "olhometro". Já imaginou se um advogado não gostasse de certo artigo ou parágrafo do Código Civil e não o usasse de jeito nenhum mesmo que seu cliente fosse prejudicado por isso? E se um médico se recusasse a receitar certo medicamento, apenas por não gostar do laboratório fabricante, e deixasse seu paciente piorar de saúde?

As respostas para essas perguntas, que podem ser aplicadas aos milhares de profissões existentes por aí, revelam que aqueles que exercem qualquer atividade devem fazê-lo sempre se lembrando do resultado de seus atos. Atos que devem estar acima de seus conceitos individuais e em favor das normas habitualmente aceitas e recomendadas para o bem da coletividade.

Pois bem. O que dizer então de um verdadeiro exercito de jornalistas brasileiros que resolveu que o que eles pensam e seus patrões pensam é o melhor para a nação, para todo a sociedade, para  todos os indivíduos.

Só para lembrar dos dois mais recentes casos de defesa dos interesses individuais em detrimento do coletivo manifestado por uma parte de nossos jornalistas fiquemos com a Chevron e o livro A Privataria Tucana.

No primeiro caso como sabemos a grande imprensa brasileira demorou algo em torno de uma semana para noticiar um grave vazamento de petróleo que estava ocorrendo em um dos poços perfurados em águas brasileiras pela empresa norte americana Chevron. O fato só foi noticiado pela grande imprensa quando a blogosfera através de seus blogueiros "sujos" escancarou o que estava ocorrendo a ponto de a PF intervir no caso. E como se pôde ler por aqueles dias tudo que a grande imprensa fazia era repetir os press realeses emitidos pela Chevron permeados de dissimulação e informações incompletas.

Os poderosos midiáticos foram incapazes de acionar máquinas, equipamentos e pessoas para se deslocar até a plataforma da Chevron a fim de apurar o que de fato estava acontecendo.

E na semana passada tivemos a desalentadora atitude da grande imprensa em ignorar solenemente uma obra de um jornalista ganhador de vários prêmios que publicou o resultado de seu trabalho investigativo de dez anos ( dez anos !! ) sobre a criminosa lavagem de dinheiro nos anos da privatização de empresas publicas efetuado pelo governo FHC.

Nestes dois exemplos - existem outras centenas - determinados jornalistas e seus editores ajudaram a construir um evento gravíssimo sobre a população brasileira: a ignorância ou o desconhecimento da verdade.

O simples gesto de omitir ou esconder a verdade proporciona resultados catastróficos pois atrasa em dias, meses ou anos a formação da consciência sobre o que é ou não o melhor para a nação.

Se imaginarmos que essas atitudes são diárias e praticadas já durante alguns anos podemos dizer que o estrago já está feito sobre futuras gerações de brasileiros que - a mim me parece impossível avaliar com precisão- levarão um tempo enorme para superar a ignorância.

Basta olharmos a Historia para enxergamos o verdadeiro mal que acomete um  povo submetido, calado e violentado em seus direitos mais básicos via ignorância e desconhecitmento.

Assim fizeram os colonizadores ao tempo das grandes descobertas em especial aqui na nossa America Latina. Assim ainda fazem na África atualmente. E é isso que se vê acontecer todos os dias no oriente médio.

Recordemos Hitler e sua mentirosa propaganda de poder e desenvolvimento que possibilitou dizimar milhões de pessoas. Recordemos todos os sanguinários ditadores mundo afora cuja primeira providencia na chegada ao poder é calar os jornais, calar todos os meios de comunicação.

Os jornalistas brasileiros que, a exemplo de tantos outros profissionais que pouco se importam com os resultados muitas vezes trágicos dos seus atos sobre outras pessoas, mentem, dissimulam, disfarçam, omitem estão cometendo um grave crime: estão interferindo diretamente na construção da consciência de uma nação. Estão impedindo de maneira deliberada que milhões de seres humanos tenham acesso à verdade e, através da verdade, construírem para si mesmos suas opiniões, seus valores, seus ideais.

Não se trata mais de ficarmos debatendo se um jornal tem ou não determinada cor partidária, ou se esse ou aquele jornalista disse a verdade sobre os fatos. Trata-se de passarmos a discutir um crime que tenho certeza que está tipificado no Código Civil que é a censura deliberada e com ela a ocultação de crimes e seus autores ou o oposto disso que é a acusação de inocentes. O que é um desvirtuamento da profissão, pois se trata de uso indevido de um poder para subjugar os mais incapazes.

Cada dia sinto mais nojo, cada dia fico mais atônito com o crime de lesa humanidade cometido por essas pessoas. Para mim tratam-se de crimes tão hediondos como seqüestro e abuso de menor ou idoso. Esses crimes comparam-se a estupros e outras perversões de violência e resultados impensáveis.

É abjeto. Esses jornalistas não são dignos de permanecerem em sociedade pela tamanha desfaçatez e pouco caso que fazem da  natureza humana. O escárnio com que lidam com a inteligência dos demais indivíduos é repulsivo.

Estão fazendo nossa sociedade perder a noção das linhas que separam a realidade da fantasia. Forçando um povo valioso a parar de pensar e de falar. Assumiram para si a tarefa de conduzir o pensamento nacional. Isso é um roubo nojento.


Fiquem em paz ,
Jonas

sábado, 17 de dezembro de 2011

Com a cabeça nas nuvens











Costuma se dizer  por aí que a realização de um fotógrafo é capturar momentos raros. Algo assim como um beija-flor beijando uma flor, um olhar apaixonado, uma tragédia humana e coisas parecidas.

Desde que me descobri um entusiasta da fotografia, atenção eu disse entusiasta, que é mais ou menos igual a leigo ou amador e há quem prefira hobby. Pois bem, desde que me descobri um entusiasta da fotografia saio por ai atento a todas as coisas em busca de um momento raro ou então procuro deitar um olhar sobre as coisas de maneira a proporcionar a quem ver o que eu fotografei a impressão de estar olhando algo incomum.


E foi então que me dei conta de que todos os dias, em todos os momentos, bem em cima de nossas cabeças acontecem coisas raras ou ainda melhor, únicas: as nuvens e suas formas.

 Podem ser parecidas mas não iguais. Jamais se repetem.

E foi assim que passei uns dias olhando pro céu e fotografando nuvens, apenas para sentir o prazer de capturar um momento que nunca mais se repetirá. Nunca mais.

Fiquem em paz

Jonas

sábado, 10 de dezembro de 2011

Cuidemos da politica.

Olhando para a Europa e Estados Unidos e vendo o fracasso, por hora parcial mas que caminha para total, do modelo econômico adotado por seus governantes entende-se que - e isso deveria preocupar as sociedades um pouco mais do que está preocupando - que a economia, leia-se capitalismo ou neo-liberalismo, está de uma vez por todas assumindo o lugar dos governos fazendo com que os atos dos chefes destas nações deixem de lado as questões sociais e de desenvolvimento em segundo plano. Pelo menos aparentemente.
 
A política nesses lugares está em cheque, e quando a política vai mal a democracia também vai mal. Os debates sobre economia se sobrepõem à qualquer outro que seja do interesse dos cidadãos. Não se fala em outra coisa além de ajustes que devam ser feitos em qualquer área para salvar a moeda, os bancos e demais pessoas jurídicas. 

Todos os dias os lideres daqueles países reúnem-se entre eles mesmos e falam, e falam, e falam sobre medidas e coisas e tais, o que fizeram, o que estão fazendo e o que vão fazer, em uma interminável e vergonhosa prestação de contas  ao poder econômico sem sequer lembrarem-se de convidar as entidades civis, órgãos representativos da população ou ao menos seus parceiros políticos  para pensar junto com eles sobre como resolver a crise. Ao que parece não se cogita caminhos alternativos que não passem por arrochos, renuncias, redução de serviços públicos e tudo o mais que não signifique encher os bolsos da banca. E o que é pior: a ameaça do banimento do direito às benevolências do FMI e do Banco Mundial caso não se cumpram as normas ditadas.

E aqui no Brasil a coisa se dá de maneira mais ou menos igual. Apenas que em razão da economia estar indo bem obrigado, pelo menos até agora, a pauta é a corrupção, um jeito que a grande imprensa e a oposição encontraram de melar o jogo político. Longe de despertar na sociedade um debate sobre o aperfeiçoamento da nossa ainda frágil democracia - via leis de regulação da imprensa, regras partidárias e eleitorais, etc - o que está sendo mostrado à população todos os dias é a inutilidade da política uma vez que, assim deseja a grande imprensa e a oposição, todos os políticos são corruptos.

E a impressão que temos aqui no Brasil é de que nada está sendo feito na direção das politicas sociais e de desenvolvimento humano o que as desqualifica essa medidas como essenciais para um povo. Mas é só impressão. Pois apenas não há destaque para as providencias governamentais na direção do bem comum.

E onde se juntam a Europa, USA e Brasil e quiçá o resto do mundo? Juntam-se na pavimentação da avenida em que  irão circular folgadamente os interesses econômicos globais que aqui no Brasil são em especial o pré-sal ( que se dependesse do Serra já era da Chevron), a  floresta amazônica infestada atualmente de ONGs internacionais - patrocinadas pelos goldman sachs da vida - que se propõe a cuidar e explorar "sustentavelmente"* desde o subsolo até a estratosfera daquela região, jazidas minerais diversas, potencial hídrico e biodiversidade. Chega ou quer mais?

Dessa maneira percebe-se que ao relegar a política a um plano inferior das relações nacionais, desmonta-se a democracia e cria-se o tão sonhado regime capitaneado pelo capital financeiro cujo controle total ao fim de tudo pertencerá ao pequeno grupo das "pepsicos" e "chevrons" e a humanidade que se dane.

Eu já disse aqui no Saúva que a política é o para-choque da democracia. Precisamos cuidar mais e estimular mais ainda o debate político de maneira serena e construtiva, pois é o único caminho para a consolidação de nossa democracia e por tabela do bem de todos que está bem longe dos interesses ditatoriais do capital. A politica é o único freio eficiente que pode segurar as desabaladas carreiras contra a democracia.

Convido-os a lerem uma reflexão mais bem elaborada  que a deste impertinente blogueiro, no blog do Esquerdopata, bem aqui. 

Fiquem em paz,

Jonas

*sustentabilidade é o nome modernoso para golpes ditatoriais executados pelo capital especulativo.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Há um tempo para tudo

Dos livros da bíblia um dos que eu mais gosto é o Eclesiastes. Talvez seja por sua linguagem simples e direta, sem aqueles rodeios enigmáticos que são bem comuns na maior parte das sagradas escrituras.

E é o Eclesiastes que nos fala a respeito das múltiplas dimensões da vida. Diz ele que há um tempo para tudo debaixo do céu. E seu texto ressalta os muitos momentos, e que são opostos por sua natureza, que a vida sempre nos revela como juntar e separar, rir e chorar, curar e matar. Para mim isso é a simultaneidade, ou harmonia da criação ou ainda a plenitude da vida.

Mas o homem inventou a palavra prioridade e a partir de então passou a interessar-se por apenas duas ou três coisas na vida, o que tornou o mundo estreito demais.

Pelo que se percebe o homem  passou a olhar do lado de fora, como que por uma janela, o que é a vida e seus tempos, ou sua simultaneidade.

E come mal, mora mal, trabalha muito, cuida-se pessimamente, não ama - ou ama muito pouco -, não contempla, não ouve, não olha. Ri quase nada, chora muito pouco e medita menos ainda. Apenas fala e fala e fala.... E falando parece disfarçar suas angustias, seus medos, suas limitações.

E tome gastar laudas e laudas de papel em jornais e revistas, incontáveis terabites na internet, milhares de elétrons televisivos e infinitos quilômetros de ondas radiofônicas para discorrer soluções econômicas e políticas que prometem trazer, enfim, a felicidade suprema para toda a humanidade. Mas não trarão.

E não trarão simplesmente por que não se discute mais a humanidade. Palavras como solidariedade, fraternidade e igualdade ( que serão repetidas levianamente e ad nauseam no Natal que se aproxima ) foram substituídas por PIB, superávits, investimentos, turn over, profits, IGP, per capita, secretarias, gestão, expertise e mais um amontoado de siglas que não significam mais nada além de disfarces para distribuição de capitanias que já foram hereditárias e agora são cotas partidárias.

O tempo e todas as sua dimensões passa ao largo de tudo isso. O homem continua e continuará sempre vivendo suas contradições e suas mudanças. E não há como evitar que isso aconteça.

Que venham então todos os nossos tempos. Haveremos de poder vive-los todos com a mesma intensidade.

Que possamos perceber todos os tempos com serenidade a fim de que não se quebre a harmonia da criação. Que nos inquietemos ou exultemos, que choremos ou riamos, que amemos ou odiemos, na medida certa sem as paixões que nos pervertem e retiram nossa humanidade. E impedem que a vida aconteça em plenitude dentro de cada um de nós. 

Fiquem em paz

Jonas

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

... e contam-se também os raios.



Caetano Veloso, em sua música Alegria, Alegria, questionava-se cheio de preguiça diante da banca de revistas: "quem lê tanta noticia?".

Mal sabia ele que em breve as noticias deixariam de ser passivas, ou seja, deixariam de ficar lá na banca aguardando quem delas fosse tomar conhecimento, para tornarem-se ativas espalhando-se por todos os cantos dando a saber, para todo mundo, o que se quer e o que não se quer conhecer.

Vivemos dias em que o simples gesto de tomar um elevador implica em ser informado sobre várias coisas. Dentro dos elevadores pode-se olhar telas que, naqueles poucos segundos do trajeto de um andar para outro, nos informam a temperatura em Montreal, resultado das eleições no Zimbabwe ou como descascar um kiwi com apenas dois cortes de faca.

Mesma coisa nos trens do metrô ou nos onibus. Lá estão as telinhas dando o resumo das novelas, informando para que lado sopram os ventos alisios e de quem aquela celebridade acha que está gravida.

Idem nas salas de espera de qualquer coisa. E também nos bares e restaurantes. Sendo que nestes ultimos a presença dessas telinhas acaba por constranger amigos e casais que, em lugar de conversarem e confraternizarem, acabam por interessarem-se pelas mensagens da dita tela com brilho hipnótico, desligando-se da conversa dos parceiros de mesa.

Acabou por criar-se um mundo de compulsivos por informação que não param de cutucar seus celulares, tablets e notebooks em busca de não sei o que, mas que parece inadiável, a ponto de alienarem-se de tudo que está em volta com o comportamento tipico de um dependente do brilhozinho viciante das telinhas.

Só falta alguém um dia criar um "informometro" um aparelho que poderá medir quanto um cidadão recebe de informações durante seu dia, mesmo sem querer e, menos ainda, sem precisar delas. 

Não! Espera não quero isso não! Se algo assim for possivel, é mais uma informação para ser martelada por aí. E surgirão os especialistas neurais para dividir as informações em úteis, semi-úteis, preventivas, de poupança, analiticas, posteriores e momentaneas. E de quebra comentariam as reportagens especiais que certamente seriam feitas sobre a nossa infinita capacidade para absorver coisas inúteis. 

Tão inuteis como ficar sabendo que na terça feira passada na cidade de São Paulo, no período da tarde, espoucaram 475 raios.  Raios!

Fiquem em paz
Jonas