quarta-feira, 9 de março de 2011

Vozes no deserto: André Lux e Sonia Amorim

Melhor falar de tudo um pouco, Todos nós desafinamos , Mocinhos e bandidos, A banda do sargento Jotagebece e o clube dos tuiteros solitários, Das relevancias, Vivamos e deixemos viver   

Todos esse links ai em cima levam às publicações que fiz nos últimos dias e todas batem praticamente na mesma tecla: apesar dos novos modelos e conceitos de convivência política, apesar dos discursos igualitários, há uma nítida tendência de repetir-se entre os blogueiros a mesma coisa que aconteceu nas outras mídias tradicionais, que é o nascimento de blocos homogêneos quanto às preferências ideológicas e culturais e que acabarão isolando os que deles divergem, formando uma ditadura internética que pretende criar um segundo pensamento único.

Nessas publicações que cito ai em cima cometi o pecado da excessiva sutileza contando com o já conhecido ditado que diz que para bom entendedor meia palavra basta. Ou pode ser que eu não tenha sido competente em dizer de modo claro essa minha impressão. Ou por fim quem sabe se por receio de ferir suscetibilidades acabei deixando por menos essa coisa que me atazana que é a sensação de que sou uma voz no deserto.

Assim como dizemos a respeito dos jornalões, revistonas e tevezonas que parecem seguir uma pauta ditada pela imprensa do Grande Irmão do Norte, a mim me parece que na parte da blogosfera habitada pelos ditos blogueiros progressistas e que chamaram-se de sujos a época das últimas eleições também existe o seguimento se não a uma determinada pauta mas ao menos a cópia de um único estilo de manifestação especialmente sobre a política nacional que consiste em replicar as publicações de meia dúzia de sítios que dizem todos exatamente a mesma coisa. Fica parecendo algo como assistir aos telejornais televisivos: todos transmitem as mesmas noticias e dão as mesmas informações.

Essa meia dúzia que é replicada foi incensada por seus seguidores talvez em razão de sua contundente militância em favor do projeto de Lula e Dilma. Essa meia dúzia teve altares erigidos cujos alicerces são compostos pela entrevista com Lula, pelas fotos ao lado de Dilma, por conhecimentos anteriores aos fatos do segundo semestre do ano passado, pelas profissões que exercem que lhes permite exercer full time a pratica de escrever em seus sítios e tudo isso recoberto pelas centenas de seguidores conseguidos justamente as custas da excessiva exposição promovida entre essa meia dúzia mesmo.

Sustentada por esse altar a meia dúzia trata com ironia excessiva, com exagero verbal, com palavrões, e muitas vezes de maneira infundada todos os assuntos da política - e vejam bem: somente da política - brasileira. Política tornou-se uma espécie de oxigênio para a blogosfera. Parece que o país não precisa de mais nada que não seja o que pensam e fazem os envolvidos em política.

Isso chama-se desinformar, fomentar pensamentos belicosos e acirrar a animosidade contra tudo aquilo que a meia dúzia não gosta.

Eu também fui contundente na defesa do projeto de Lula e Dilma. Aliás defendo o projeto petista desde sua nascente em S Bernardo. Eu também soube discernir em muitos momentos o que foi pura politicagem e o que foi discurso e esforço honesto. Eu também repliquei noticias e informações de vários cantos - tenho toda a lista dos "sujos" em meus favoritos -  e que eu julguei, naquela hora, algo importante de mais gente conhecer. Mas nesse momento sou um desprivilegiado geográfico e não posso sentar-se a mesa de botecos paulistanos para erguer brindes à vitória da militância dessa meia dúzia.

Sendo assim estou bem longe de conseguir minha primeira centena de seguidores, talvez eu nem consiga, mas gosto de olhar para meus generosos e pacientes leitores como seres humanos e confesso que hesito muitas em abrir em profundidade o que penso para não passar a impressão que de mim deve emanar luz sobre toda a escuridão da ignorância humana. Prefiro ao contrário colocar um pouco de poesia e romantismo nessa conversa toda, pois acho que esse pode ser um bom caminho para o definitivo entendimento entre as pessoas e não dos modelos que elas gerenciam.

Prefiro convidar meus generosos e pacientes leitores a refletirem com um tantinho mais de humanidade e sem nada de raiva e ironia a respeito dos contratempos, circunstancias crenças e comportamentos das pessoas.

E estou escrevendo tudo isso por que ouvi ecos de minha voz no deserto vindo lá dos lados de dois blogs: um é o Tudo Em Cima do André Lux e o outro é o Abra a Boca, Cidadão! da Sonia Amorim e que souberam com muito mais competência que eu escrever sobre essa triste realidade que parece desenhar-se no horizonte, mas que ainda dá tempo de transformá-la.

E como já é praxe aqui no Saúva faço conexão com quase tudo que escrevo com alguma música que quase invariavelmente é do repertório daqueles moços lá de Liverpool.

Fiquem em paz,
Jonas