sexta-feira, 4 de março de 2011

Melhor falar de tudo um pouco II


Longe de mim querer que todos adotem a atitude de Poliana que com tudo se contentava, tudo era lindo e tudo estava bem. Mas insisto que o contrário disso é tão perturbador quanto. Não é possivel que passemos ao largo do equilibrio das coisas que nos movem através da vida.

Diz-se que a imprensa ( quero lembrar que estou chamando genericamente de imprensa todos aqueles que informam, divulgam coisas, replicam noticias, etc.. seja por que meio for, inclusive emails) pauta-se em apenas informar o que acontece por aí. Certo, isso é uma verdade. Mas não é a verdade inteira haja vista a preferencia em noticiar em primeiro lugar, e parece que unicamente, as coisas negativas de nosso cotidiano. Tudo bem. É compreensivel uma vez que os responsáveis pela divulgação das noticias tanbém são seres humanos e sendo assim agem do mesmo jeito que seus consumidores manifestando uma certa preferencia pelo errado, pelo macabro, pelo negativo, sanguinolento.

Mas de uma vez por todas precisamos lembrar que as noticias são protagonizadas por nós mesmos. Noticias nada mais são que as ocorrencias havidas conosco. Portanto a pauta, mesmo que involutariamente, somos nós que fornecemos. Que tal aproveitar esse fato e começar a provocar pautas mais variadas?

E que tal começar a provocar que se discuta coisas um tanto mais úteis para as nossas vidas, para o mais comezinho do nosso cotidiano?  Exemplos não faltam:

1) Quem ainda não perdeu a paciencia com esses ditos Serviços de Atendimento ao Cliente via telefone que nada mais são que um labirinto de links numéricos embalados por péssimas versões de Pour Elise? Quem ainda não desistiu na metade do caminho e ficou com seu problema sem solução? Não é hora de partirmos pra acabar de vez com esse abuso imposto de cima pra baixo e que na maioria das vezes engolimos mansos como carneirinhos?

2) E quem não se sentiu lesado no balcão da farmacia tendo em mãos uma receita médica indicando tratamento com quantidade de remédio muitissimo menor que as embalagens à venda? E acaba-se pagando por trinta comprimidos quando bastam dez para curar o mal? Por que não começarmos a exigir medicamentos em embalagens menores?

3) No supermercado acontece a mesma coisa. Desde a abolição da venda dos produtos a granel do Armazem do seu Manoel, quantos de nós não vê produtos se deteriorarem na dispensa de casa ou perderem a validade por que somos obrigados a comprar mais do que consumimos? Ou desiste de comprar o que está com vontade por que só existe em embalagens familiares?

4) E como anda o noticiario cultural e de lazer? Tirando o famoso "o que abre e o que fecha nos feriados" divulgado largamente de um monte de jeitos, o que mais nós ficamos sabendo sobre cultura e lazer? Aposto que todo dia tem um livro novo, um cd novo, um filme novo, um show novo, uma exposição cultural nova, um evento de qualquer coisa novo, mas quem informa isso? Somente os sitios e areas especializadas. Mas que tal os telejornais dedicarem uns minutinhos diarios pra divulgar essas coisas? Assim mesmo, de maneira sistematica, fazendo com que desde o vovô até a netinha todos saibam o que está acontecendo na cidade, no estado, no pais e no mundo em termos de cultura.

Naquele espaço habitualmente reservado nos telejornais pra informar sobre o clima em todo canto do país, em que um sujeito fica um tempão e de maneira enfadonha explicando por que vai fazer frio ou por que vai chover, não dava pra divulgar cultura? Lazer?

Acrescentem vocês o item que quiserem nessa lista garanto que são muitos.  

E a pergunta é: como forçar a que diversifiquem a pauta? Quem sabe aqui mesmo nesse universo virtual possamos montar uma especie de " Praça Tahir".  Estou sonhando? Não, não estou. Basta que tenhamos vontade e comecemos por nós mesmos. E um bom começo pode ser melhorar o vocabulário. Há uma tendencia de referir-se aos outro sempre com adjetivos agressivos ( imbecil, idiota, lambão, ou palavrões simplesmente ) precisamos fazer um esforço para manter o debate sem precisar tirar as crianças da sala. Imagino que se cada um de nós passar a preocupar-se com o micro de cada um e não mais  com o macro, talvez acabemos por perceber que as soluções estão mesmo em nosso gestos e não nos dos outros.

O Jornal da Band está exibindo essa semana, e se não me engano a semana toda, um especial sobre avanços tecnologicos na area da saúde. E eu não vi em canto nenhum serem replicadas essas tão gratas noticias. Faço-o eu aqui agora, informando o link da matéria exibida na seghunda feira passada. Está aqui. 

E fiquei especialmente emocionado não apenas com o conteúdo da informação, mas gostei também de ver ao fim da matéria surgir no canto da minha tela uma senhora, esposa de um certo seu Sebastião o qual acabava de passar pelo procedimento e já apresentava muitas melhoras no seu jeito de andar. 

E a esposa do seu Sebastião ao ser perguntada pela reporter sobre como se sentia naquele momento respondeu com um sorriso largo: radiante!

Não troco o rosto radiante dessa senhora por outros dez rostos sisudos fazendo discursos raivosos, porém inconsequentes na medida em que banalizam as alegrias e as dores humanas tornando-as ferramentas de profissionais e profetas do caos.

Fiquem em paz

Jonas