sábado, 27 de março de 2010

Feita a Justiça. Ponto.

O país acompanhou, ou a midia quis que acompanhasse, o julgamento dos pais de Isabella e todos sabemos do resultado e não é disso que quero falar.

Podem me chamar de chato, podem até acrescentar galochas na minha chatice, mas não gostei de ver a sede da multidão pela comprovação da culpa dos acusados, não gostei de ver fogos e gritos de alegria após o anuncio da sentença, não gostei de ver a agressão aos condenados quando sairam do Fórum.

A ausencia de qualquer fiapo de piedade me assusta. O olhar vesgo aplicado somente sobre um lado das vidas humanas envolvidas nesse episódio denuncia intolerancia e impede um minimo de reflexão sobre o pós-tudo isso.

A começar pelo outros filhos do casal. O que será deles? Como crescerão e chegarão à fase adulta da vida convivendo com o fato de que os pais estão presos? E os pais do casal? E toda a familia da Isabella? A sua mãe natural? Existe inegavelmente um turbilhão de sentimentos humanos envolvidos nessa história toda. Eu sou capaz de apostar que a força desse turbilhão pode movimentar uma usina.

Como viverão daqui para frente algumas dezenas de pessoas que se decepcionaram, se desiludiram, com um par de seres humanos com quem conviveram durante anos? Qual o tamanho do impacto na capacidade dessas pessoas - de hoje em diante - de amarem, confiarem, de se dedicarem a algúem? Como passarão à olhar para a natureza humana?



Todos os dias milhões passam pela experiencia de ter ao seu lado pessoas capazes de cometer desvios que vão desde a falta de ética e moral até a loucura de eliminar outras vidas humanas, experiencia essa que ninguém quer viver.

Não deveriamos festejar a condenação de quem quer que seja que tenha cometido qualquer tipo de crime contra a vida, contra a Natureza.

Deveriamos isso sim vestir luto. Vestir luto por todos que ficam na beirada dos caminhos das loucuras de uns poucos, especialmente as crianças.Vestir luto pelo pelas tantas e pequenas mortes colocadas nos corações  - principalmente dos pequeninos - daqueles que um dia, sem saber, amaram e desejaram a presença amiga de pervertidos de todo jeito. 

Deveriamos vestir luto por esse alivio equivocado causado pela "Justiça feita" sobre quem errou, um equivoco que deixa esquecida pela caminho a dor da frustração e da comprovação da pequenez humana  que dói e incomoda.

Fiquem em paz

Jonas