quarta-feira, 2 de junho de 2010

O desifentante da solidariedade



Em uma reunião do Conselho de Segurança Comunitária no bairro de Santa Cecilia - São Paulo - na qual estiveram presentes representantes de moradores do bairro,comerciantes, policia, Subprefeitura da Sé, Guarda Civil e hospital Santa Casa traçou-se uma estratégia simplória e deplorável para expulsar os moradores de rua do bairro: vão pressionar restaurantes e ONGs locais para que parem de doar comida a essas pessoas. Não consta que algum dos participantes da reunião tenha sido contra a proposta, pelo contrário, um dos moradores chegou a dizer que joga desinfetante nessas pessoas sugerindo que todos façam o mesmo.

O último censo divulgado na semana passada revela um numero de 1.334 moradores de rua na região o que não é pouca coisa, é um numero que toca o alarme exigindo urgente intervenção de cabeças um tantinho mais iluminadas dos que as desses senhores, reunidos muito mais em nome de uma limpeza étcnica e estética do que na solução de um problema humano causado por um modelo de sociedade perto da falencia.

Para mim tão desnortedos na solução dos problemas de suas vidas como estão os moradores de rua, estão também essas pessoas que buscam soluções imediatistas para erros que tem a mesma idade das nossas politicas economicas, sociais e educativas completamente erradas.

Ao fechar os olhos e o coração para soluções que passem pela solidariedade, o resgate da dignidade e o acolhimento de todos os seres humanos, os representantes da sociedade que tomam essas medidas só estão ligando a bomba relógio que um dos moradores de rua de 19 anos - vitima dessa medida - anunciou que já está armada: " se não nos derem comida, vamos começar a roubar" disse ele.

Lamentávelmente o grau de dificuldade de equações como essa aumenta com muito mais facilidade do que se encontra a solução. 

Há que se jogar desifetante, isso sim, nas muitas camadas de preconceitos e discriminação que repousam nas consciencias de muita gente e deixar vir à luz do sol o entendimento de que desde que o ser humano se propôs viver em grupo sujeitou-se também a partilhar sua vida e seus espaços. E manter sua vida e seus espaços de maneira digna exige solidariedade, tolerancia e disposição para conviver com seus semelhantes.

Fiquem em paz,

Jonas