segunda-feira, 19 de abril de 2010

Libertar as diabruras

Não tenho autoridade téologica nem academica para dissertar sobre os erros da Igreja e nem preciso disso dado a obviedade dos mesmos.

Mas é com a autoridade de um seguidor da doutrina pregada pela Igreja Católica que digo que é dificil traduzir o que tenho sentido por esses dias. Não, não. Nunca fui ingenuo ao ponto de imaginar que toda a hierarquia da Igreja fosse composta por homens santos, certamente não é assim, mas nunca pude imaginar que essa hierarquia estivesse tão contaminada por tantos desvios de conduta cujo exemplo mais repulsivo é o da pedofilia.

Nunca me assombrou o celibato ou o voto de castidade que os padres devem fazer ao abraçar o seu oficio. Sempre consegui entender com alguma clareza os dizimos, a indissolubilidade do matrimonio, segredos de confessionário, a posição da Igreja contrária ao aborto e outros temas polemicos.

Pude privar de alguma proximidade com padres e, é claro, não pude deixar de perceber algumas vezes comportamentos incoerentes com seus sermões dominicais mas nada que fosse tão repulsivo quanto a pratica covarde de aliciamento de crianças.

É inadmissivel que homens que resolveram dedicar suas vidas à propagar o Amor maior pregado por Cristo sejam os que passaram a cometer tamanha afronta à vida humana e justo naquilo que ela tem de mais delicado e caro que é a estabilidade emocional e espiritual.

É um erro gravissimo da Igreja nesse momento em que ela deveria exorcizar a sí mesma, fazer exatamente contrário e apelar para firulas teólogicas chamando a todos para penitenciararem-se em prol dos que erraram. Jesus Cristo nos ensinou o perdão é verdade, mas também nos ensinou a nos afastarmos de tudo que for contrário à vida plena. Jesus Cristo nos ensinou a tolerancia, sim senhor, mas também nos ensinou que a insistencia no erro precisa ser denunciada e condenada.

Esses senhores, padres e bispos, cometeram erros que exigem a punição mais severa de todas. Esses senhores em muitos casos foram ardilosos, usaram da boa fé de inocentes, foram dissimulados e de maneira infame manusearam e profanaram a semente da vida contida nesses pequenos seres. Foram ao canto mais recôndito da alma dos pequeninos e de lá de maneira torpe arrancaram a pureza, macularam a inocencia. Dificil, senão impossivel, perdoar isso.

Para Bento XVI não resta outra coisa senão parar de tentar explicar o inexplicavel, deve  agora mesmo declarar esses religiosos excomungados e buscar eliminar os mecanismos de acobertamento de coisas dessa natureza.  A Igreja precisa deixar de arrogar-se de "fiel depositária" dos ensinamentos de Cristo, e como qualquer organização terrena, abrir as comportas de suas diabruras.

E nós fieis, talvez mais confiantes naqueles que querem nos doutrinar, voltaremos a nos ajoelhar diante dos altares erguidos por essa Igreja, pedindo um mundo melhor e de mais temperança.

Fiquem em paz.
Jonas