terça-feira, 21 de maio de 2013

Deu no Facebook

 Lá no Facebook, na TL de Dawis Alves, um  moço de nome Jansen Lassalvia, fez um contraponto a respeito de minhas observações sobre o que pensam, o Dawis e seus colegas, a respeito do Bolsa Familia. Abaixo estão minhas respostas em vermelho.

Mesmo depois do texto bem colocado do colega acima, continuo a denominar "BOLSA ESMOLA" sim, porque esmola se da sem nada em troca e esse tipo de ajuda governamental, resolve o problema momentaneamente aumentando o encargo em cima de quem paga os impostos, ou seja, nos contribuintes.

Mais adiante o autor do texto em questão vai dizer que o beneficiário do Bolsa Família  ( e vamos dizer o nome certo das coisas ) compra cachaça e salame com a grana. Preconceitos a parte lembremos que mesmo a cachaça e o salame pagam impostos e pagam o lucro do dono da venda que dá empregos e faz a economia girar. A economia de um pais é uma enorme engrenagem girada por todos não apenas por uma determinada classe. Há que se considerar contudo que os muito ricos pagam menos impostos dado as facilidades legais. Mas isso não é problema do Bolsa Família ( mais uma vez digamos o nome certo das coisas a fim de não criar animosidades desnecessárias)
 
Esse dinheiro deveria ser investido nas escolas públicas de verdadeira qualidade e em período integral, preparando nossas crianças para o ingresso no mercado de trabalho.

  
É um equivoco dizer que se uma grana não é gasta em um lado seria gasta em outro.  Isso é uma questão de gerenciamento e não da existência de um programa social. Nosso querido Brasil sofre do mal de falta de gerenciamento desde que os portugueses cá chegaram. Investimentos errados, ou a falta deles, são um mal que precisa sim ser debatido mas não com a simplicidade de "descobrir um santo pra cobrir outro". Fosse assim bastava pleitearmos por exemplo o fim de todas a benesses muitas vezes desnecessárias concedidas ao alto escalão do funcionalismo publico e já teríamos uma grana legal para investir em outras coisas. 

 Trabalhei anos em vários municípios do interior, e o que vi?
Muita briga entre casais separados para ver com quem iria ficar o cartão bolsa família e não com quem iria ficar com as crianças!


Casais brigam por todas as razões possíveis e imagináveis, senão fosse pelo Bolsa Familia ( esse é o nome certo do programa ) seria por qualquer coisa. Isso é da natureza dos envolvidos e não de um programa social.

 Esse dinheiro em muitas vezes é usado na aquisição de cachaça e salame para tira-gosto e não em comida e roupas para a família.

Sobre isso eu já falei la em cima. Mas não custa repetir cachaça e roupas movimentam a economia da mesma maneira. Mais uma vez a escolha pela cachaça em lugar de comida é uma questão pessoal que permeia a sociedade humana desde que inventaram as muitas opções de consumo.
 
O problema nesse caso encontra-se na péssima educação pública que impede os mais desvalidos de galgar qualquer oportunidade mais digna de crescer. Não me digam que o desemprego é grande, pois as oportunidades existem, claro que não existem empregos pra todos, mas existem, o que falta e muito é mão de obra qualificada.


Não vou dizer que o desemprego é grande não. Longe disso. O desemprego hoje é o menor da historia brasileira. Graças ao odiado governo Lula. De resto não é só educação. É moradia, segurança. saúde, alimentação, mobilidade urbana, saneamento básico, falta de políticas agrícolas, planejamento urbano, criminalidade, trafico de drogas, religiões em geral.  E tudo isso desemboca em miséria  que acaba impedindo que os cidadãos atravessem suas vidas sem sobressaltos e sem apertos. Viu que listinha pequena eu fiz?

 
Quem vive ou trabalha no interior sente o reflexo desse beneficio, pois notasse a dificuldade de encontrar alguém que queira pegar no cabo de uma enxada para trabalhar na roça, ou na construção civil. 


A questão do cabo de enxada vem do agronegócio. Talvez o autor do texto nem existisse no período pré ditadura  militar. O agronegócio - financiado pelas multinacionais como Monsanto ou Bayer por exemplo, expulsou o pequeno agricultor de sua terra empurrando-o para as vilas e cidades do entorno transformando-o em boia fria, com condições de trabalho similares às da escravidão e deu no que deu. Mais uma vez nada a ver com o Bolsa Família - esse é o nome certo do programa.
 
Com a desculpa de ajuda humanitária sem uma contra partida estamos criando um exercito de preguiçosos e analfabetos que tem como solução dos seus problemas fazer mais filhos para não perder o benéfico.


De novo o autor do texto - isso já está ficando cansativo - mistura comportamento humano com o recebimento de benefícios sociais. Então eu vou desenhar pra ver se fica mais fácil de entender. Suponhamos que em uma determinada cidade de um pais qualquer o governo neo liberal e muito chegado ao "salve-se quem puder do deus-mercado" resolva acabar com a segurança publica. Da noite para o dia não tem mais policia e nem o aparato de repressão ao crime. E quem quiser segurança que pague uma privada. Será válido imaginarmos que aquela tal cidade se transformaria em um antro de criminosos com toda a população saqueando, roubando e matando impunemente? É plausível imaginarmos que a segurança publica existe para reprimir os instintos criminosos de todos os cidadãos? Não, não é. Concluímos pois que a existência ou não de serviços e benefícios como o Bolsa Familia - que também pode ser chamado de maior programa de transferência de renda do mundo - não transforma as pessoas no que elas não são. O caráter, a índole, comportamentos e outras coisas são opções do indivíduo. Tem muito nego rico pra caramba por ai que é mais chegado em fazer uma desgraça com a sociedade do que um pobre beneficiário do Bolsa Família.

 
Ninguém venha com a conversa de politicas humanitárias, esse tipo de politica se emprega em países em estado de guerra civil, não em um país como o nosso cheio de oportunidades para quem tem preparo, então vamos investir na educação.


Conhece o Bill Gates? Não? Deixa eu te apresentar. Bill Gates é o cara que dois terços da população do mundo ajuda a enriquecer. Pois bem. Esse senhor do alto de sua montanha de dinheiro resolveu trabalhar mundo fora doando parte de sua grana para acabar com a fome e a miséria no mundo. E não é só isso. A Fundação Bill & Melinda Gates investe pesado também em auxilio a pesquisas em varias áreas do conhecimento humano.   Dai alguém vai dizer ah! mas a grana é dele! Sim é verdade. Mas por que todos nós não podemos fazer um milésimo por cento do que ele faz, mesmo que indiretamente, concordando com que o Estado pegue uma parcela do que pagamos de impostos para beneficiar os outros? Isso é humanitarismo. Se persistir alguma duvida sobre os gestos de Bill Gates da uma olhadinha na pagina dele. É em inglês.

Posso citar também a FAO - caso não saiba é um orgão da ONU - cuja missão também é acabar com a fome no mundo.

Você quer mais informações sobre a fome no mundo? Leia aqui. E vamos combinar: humanitarismo não tem nada a ver com juntar um monte de caixas de leite quando algum pais no mundo sofre um terremoto ou tem uma guerra civil. Isso, quase sempre, é coisa de burguês.

Eu ia parar por aqui, mas resolvi dar mais uma contribuição. Leia aqui os números sobre a fome no mundo. E é sempre bom lembrar que o Brasil esta inserido no mundo. Tem pessoas com fome aqui também,

Reduzir tudo à "bolsa esmola dada pra vagabundos" não é coisa de ser humano dizer. 

 
Quer ganhar o bolsa família?
Então vamos entrar em um curso profissionalizante do governo para ser inserido no mercado de trabalho!
Quero ver quem entrar!!!!


Não sei por que mas fiquei com a impressão de que há uma grave falta de conhecimento dos parâmetros para recebimento do Bolsa Família. Um deles é que os filhos menores sejam matriculados em escola. Ou seja , salvo os casos que a burocracia e corrupção nos grotões do Brasil impeçam, não há como receber o beneficio sem cuidar dos filhos. Isso é fato.
 
De conhecimento de causa eu lhes digo: o povo mais trabalhador, mais sofrido e MENOS privilegiado com politicas públicas é o sertanejo. Porque será?


Mais uma vez fiquei com a impressão de desinformação sobre o Bolsa Familia. Se for observado com atenção onde ocorreram as criminosas informações falsas sobre a suspensão do beneficio e o consequente pânico na população foi justamente nos estados do Norte e Nordeste onde esta a maior quantidade de beneficiados do programa. Sendo assim essa afirmação tem um viés preconceituoso. 

Falar em políticas humanitárias com fundamentos de quem vive na frente de uma TV vendo a globo é fácil, quero ver vivendo a realidade da miséria humana.

Voce não tem a obrigação de me conhecer. Do mesmo jeito não tem o direito de tirar conclusões apressadas sobre mim. Sou inimigo numero um da Rede Globo. Na televisão assisto as vezes algum futebol, filmes ou um desses programas de entrevistas ou fora da linha de BBBs e Faustões.  Mas isso bem as vezes e nunca, NUNCA, a Globo. Para além disso você não conhece meu histórico de vida e não sabe o que eu sei ou deixo de saber a respeito de miséria humana.

PS: Caso o senhor Lassalvia queira se dar ao trabalho de saber um tantinho a mais a respeito do que é o Bolsa Familia o site está aqui.