domingo, 31 de julho de 2011

Spasojoveic, Winehouse e liberdade.

É bem possivel que não haja outra condição humana que seja tão perseguida quanto a liberdade. Desde que o mundo é mundo todos nós gritamos em favor dela e nos inquietamos quando a sombra da censura ou proibição de seja lá o que for se aproxima de nós. Não é simples coincidencia em que nos momentos mais negros da historia da humanidade tenha vigorado mais que tudo o amordaçamento, o silencio imposto pela força e a simples censura.

Essa necessidade - a da liberdade - que todos nós temos talvez tenha nascido da nossa propria natureza a qual não impõe barreira que impeça que façamos praticamente tudo que quisermos. Um homem pode se atirar em um precipicio, tomar um litro de cachaça de um gole só, dar tiros em seu vizinho ou dirigir um Porsche a 150 quilometros por hora e não existe nada, absolutamente nada, que possa impedir. Embora as consequencias possam ser tragicas.

Deve ser em cima dessa constatação que muita gente faz discursos, que há meu ver, são tolos ou ingenuos em favor da liberdade irrestrita, e em especial da tal liberdade de expressão. E mais especial ainda aqui, em terras tupiniquins, onde os defensores do direito de se dizer e fazer o quiser e que habitam as instalações dos grandes veiculos de imprensa, vociferam raivosos diante de qualquer possibilidade de limitar os excessos daquilo que alguns chamam de arte, outros de expressão e os mais romanticos chamam simplesmente de liberdade.

Na semana da morte de Winehouse - facilmente prevista - pude assistir na MTV uma daquelas celebridades do mundo jornalistico-musical mandar bala: " Cada um tem a liberdade de fazer o que quiser com seu corpo e foi isso que a Winehouse fez".

E por estes dias a respeito da proibição - pela Justiça do Rio de Janeiro - da exibição do filme "A Serbian Film - Terror sem limites" do diretor Spasojoveic, o editorialisa da "Folha" escreveu essa jóia: " "Só o excesso de zelo, ainda que revestido da melhor intenção, pode explicar o novo atentado contido na proibição do longa-metragem "Um filme Sérvio - Terror sem Limites". 

E voces meus caros leitores sabem bem que a moça Winehouse morreu prematuramente por causa do uso pra lá de excessivo de drogas e alcool, e devem saber também que o tal filme proibido exibe cenas de estupro de um recem nascido e necrofilia.

Vamos dividir por partes essas pseudo manifestações artisticas e suas defesas. Sendo a primeira sobre a Winehouse.

De fato como, eu disse acima, não há, em principio, nenhum impedimento fisico para um ser humano fazer o que quiser com o seu corpo ou com o corpo de quem quiser. Ocorre que existe um ditado muito antigo que diz muito bem: a natureza não se protege, se vinga. Os maus tratos nada responsáveis que a moça Winehouse aplicou em seu proprio corpo, ou seja em sua natureza, resultaram em morte. Paralelamente a isso, não deve também ter passado pela cabeça dessa moça que muita gente no mundo gostava dela ( não como compositora, falo de seus familiares e amigos) a quem ela desprezou com seu egoismo em busca de prazeres para si propria sem renunciar em favor do prazer dos outros de te-la ao lado deles. Ela desprezou um outro bem talvez muito maior que o da liberdade que é o amor entre as pessoas. Ela não foi capaz de demonstrar o amor como, contraditoriamente, ela disse em algumas de suas letras.

Quanto ao sujeito da "Folha" que chamou de atentado a proibição do monstruoso filme, nos faria um favor muito maior se ao invés de defender as nojeiras que se passam na cabeça de um celerado como Spasojoveic ele se dispusesse a proteger os olhos e ouvidos da população contra insanidades como essa. Coisas abjetas como a do tal filme devem ser assunto de laboratorios psiquiatricos na busca da cura da doença mental do pseudo diretor e não para serem exibidos como manifestação de arte. Cineastas, os que fazem bom uso de seus dons, podem nos fazer rir, chorar ou assustar, mas nunca nos fazem desejar conhecer o que existe de mais odioso no intimo humano.

Preservemos sim as nossas liberdades. Façamos todos o maximo esforço para que possamos sempre ir e vir a hora que mais nos convier, lutemos por modelos economicos que permitam o acesso de todos ao minimo necessário para viver a vida em plenitude, respeitemos os contrários, debatamos com seriedade tudo aquilo que nos aflige e aflige ao outro, exercitemos e permitamos que sejam exercitados todos os dons de cada um. 

Mas acima de tudo lembremos sempre da nossa natureza amorosa  e que, tal e qual ela é concebida, exige reciprocidade ou seja: no fim o amor que voce recebe é igual ao amor que voce dá

Fiquem em paz

Jonas