sexta-feira, 18 de novembro de 2011

A Chevron, os Ministérios e a humanidade


Somente ontem a noite os jornais televisivos começaram a noticiar e assim mesmo de maneira incompleta, leiam um exemplo aqui , um vazamento de óleo que está acontecendo desde o dia 09 (!) na costa brasileira em um poço de petróleo perfurado pela Chevron. O que se viu até agora é um estranho desinteresse pelo caso, não apenas por suas conseqüências ambientais que ainda são desconhecidas e por ser algo raro no nosso mar, mas em especial por tratar-se de fato cometido por empresa privada e multinacional.

Ao mesmo tempo, o que se leu por exemplo, no site Brasil247 no dia quinze ultimo, foi uma tentativa de desviar a atenção sobre acidentes desse tipo para cima das costas da Petrobras insinuando incapacidade e incompetência da nossa petrolífera, uma vez que esse tipo de atividade - a prospecção de petróleo em alto mar - será a mais rentável atividade da Petrobras em um futuro próximo. O jornalista autor do texto sem o menor pudor não faz uma só critica à ocorrência do momento, ou seja, ao vazamento no poço da Chevron.

Já na revista Isto É , versão eletrônica, o que não faltam são nomes, dados, datas,  e uma riqueza de detalhes impressionantes que emprestam às denuncias sobre corrupção no Ministério do Trabalho ares de verdades indiscutíveis. É uma fartura tal de provas que o leitor pode ficar admirado com a competência dos jornalistas e bastante indignado - não sem razão - com a bandalheira dentro de um órgão importante da República.

Não quero mais ficar avaliando quem diz a verdade, onde está a imparcialidade ou a honestidade ou a falta disso tudo. Muito já se falou sobre isso e haja criatividade para poder dizer algo novo a respeito. Sem contar que é uma temeridade tomar partido de qualquer coisa ultimamente, pois pode ser que no dia seguinte descubra-se que o que se tratava realmente era de falta de informação.

O que está ficando escancarado a cada dia é a ausência de humanidade. Embora sejamos daquela espécie que denominamos humanos, o que está parecendo é que perdemos a capacidade de exercitar justamente a característica mais marcante de nossa natureza que eu acho que seja o interesse pelo bem comum. Algo que se alcança através da igualdade, da justiça e da verdade, mesmo sabendo que esses termos estejam meio em desuso em nossos dias.

Há cada vez mais ambigüidade, cada vez mais dissimulação e desejos inconfessáveis de se alcançar algum tipo de poder, mesmo que seja um poder menor.

Está parecendo que o ser humano que sempre foi o agente direto e principal ator na construção daquilo que pode ser um mundo melhor para se viver, torna-se ao mesmo tempo apenas coadjuvante, secundário, quando se trata de usufruir desse mundo melhor.

Existe uma corrida cega numa hora para o norte, depois para o sul, em seguida para o leste e de repente para o oeste, ao sabor de invisíveis comandos, incolores e inodoros sem rosto e sem voz, cuja atuação começa nos confins de não sabemos onde e que acabam por interferir em nossa natureza.

Ficamos aqui ladrando (ou debatendo o assunto do momento entre os globais, que são estranha e unanimemente contrários a construção da usina de Belo Monte - leiam aqui ), enquanto a caravana passa.

Até quando haveremos de assistir impassíveis a extinção não dos humanos, mas da humanidade? Até quando adiaremos indefinidamente a reais urgências humanas que passam por alimentação, por saúde e por educação? 

É angustiante saber que existe um plano, que é ao mesmo tempo um invisível e incomodo plano de futuro para o Brasil, a respeito do qual não sabemos quem vai executá-lo e sequer sabemos se faremos parte dele.

Fiquem em paz

Jonas

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A minha pequena poetisa

" Todas as vezes que eu vou comprar flores
  eu trago você"

Antes deixa apresentar a autora dessa frase. É a Giovanna, também chamada por todos de Gigi e por mim de Passarinho, minha neta.  E que por todas as circunstancias boas da vida ela, e a mãe dela também, vive conosco desde que nasceu.

E eu já disse algumas vezes aqui no Saúva o quanto o surgimento da Gigi em minha vida, ou em nossas vidas, serviu de causa para que eu refletisse um tanto a mais sobre o que é viver. 

Algo semelhante aconteceu com o nascimento dos meus filhos, no caso deles eu acho que o mais marcante foi a emoção de ver a vida podendo ser multiplicada através de mim, algo que até hoje me encanta. Mesmo sabendo-se explicar por aí tim-tim por tim-tim todo o mecanismo da reprodução humana, para mim ainda tem todo o jeito de milagre, e sendo milagre é sempre admirável. 

Mas uma porção de outras coisas, em especial a vida para levar, me impediram de contemplar o suficiente em meus filhos o que é a transformação pela qual todos passamos vida afora.

E com a Gigi eu tive esse tempo. O tempo da contemplação. E ao ver na Gigi tantas mudanças todos os dias eu acabei por vê-las em mim mesmo. E por entendê-las em todas as pessoas. E deixei de lado um pouco da minha rabugice, das minhas coisas resolvidas para sempre, das minhas teorias sobre como, onde e quando viver as coisas, da minha insistência em ver tudo do jeito que eu decidi que tem que ser visto.

Antes eu gostava do azul. Agora eu também gosto do azul celeste e do azul marinho. Antes eu gostava só do sol, agora também gosto da chuva. E de uma hora para outra comecei a prestar atenção em sinônimos das palavras.

E vejo como o amanhecer e o entardecer é sempre diferente a cada dia. Absolutamente não se repete, é sempre único.  Sendo que o entardecer tem sempre mais cores do que o amanhecer. Será que isso tem alguma coisa a ver com o ocaso da vida?

Mas voltando a frase que está lá em cima, a Gigi a escreveu em um caderno no qual ela atualmente está escrevendo versos. E tem coisas tão bonitas quanto essa que eu escolhi para dividir com vocês. E é certo que a Gigi está manifestando um dom maravilhoso.

E fiquei querendo que existisse em nós a possibilidade do aprisionamento dos dons de forma que nós jamais os abandonássemos. E que fluíssem facilmente de dentro de todos nós as declarações de amor à vida e aos outros.

E que quando coisas lindas se manifestassem na gente nós pudéssemos eternizá-las e manifestá-las para o resto da vida. 

E que as durezas do mundo não pudessem nunca abafar a beleza que reside naturalmente dentro de nós. 

E que fossemos todos nós uma fonte inesgotável do bem e da exaltação da vida e do amor.

Espero que com a Gigi seja assim.

Fiquem em paz.

Jonas








quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Descobri um leitor da Veja.




Está lá no Facebook um texto da Veja de nome A Rebelião dos Mimados. E é um textozinho com a cara e o jeito da Veja: parcial, intolerante, maniqueísta.

O autor do texto, um certo senhor Sperandio, vai da ironia à insensatez, do preconceito à sandice. Durante toda a sua aberração jornalística ele desqualifica os estudantes rebelados na USP, baseado em que, por tratar-se de indivíduos  medianamente abastados, não tem o direito de  reclamar.

E ele menciona marcas de roupas e de carros, ironiza que alguns vão até em casa para tomar banho e trocar de roupa para alegar que pessoas nessas condições são apenas uns mimados sem ter o que fazer e que não tem o direito de oporem-se a nada.

E tome preconceito, e tome falação ordinária, e tome adjetivos descabidos.

Assusta ver como a Veja acolhe cada vez mais em sua redação pessoas incapazes de enxergar outros indivíduos como seres pensantes e donos de luz própria.

E pior que isso a Veja "ensina" aos seus incautos leitores que um ser humano é apenas aquilo que ela decide, carimba e divulga. A Veja quer ser a dona da verdade em todas as dimensões vividas por um ser humano, independendo se este mesmo ser humano é um poço de pensamentos, de tendências, de crenças e comportamentos impossíveis de se contar e de se comparar. A Veja faz questão de não querer saber que uma das mais marcantes diferenças entre os homens e os bichos é a capacidade de pensar e mudar que tem o ser humano. Que o homem muitas vezes é contraditório e é por causa de suas contradições que ele avança.

Para a Veja bandido é bandido, rico é rico, pobre é pobre, santo é santo, etc... e com isso ela estabelece gabaritos com os quais seus inadvertidos leitores passam a julgar o resto do mundo. Um sujeito devidamente carimbado pela Veja passará o resto de sua vida sendo aquilo que ela carimbou. Como se fossem todos uns pés de alface ou bois em um curral. A Veja desconhece as intrigantes e maravilhosas nuances do pensamento humano.

E foi lendo tudo isso que eu me lembrei de outro certo sujeito de nome Dâniel Fraga e que tem um canal lá no Youtube o qual eu fiquei conhecendo por causa de um videolog chamado Welcome to 2014 BRAZIL WORLD CUP 

Antes de tudo faço questão de dizer que publico esse link contra a minha vontade, mas não posso deixar de fazê-lo se quero falar dele.

Pois bem esse moço tem lá uma coleção de vídeos em que ele deita falação sobre o que quer e o que não quer, sempre de maneira incisiva, definitiva, mandatória como se fosse um decreto real, e em todos desce a lenha regada com boas doses de desconhecimento de causa, calunias e outras cositas mas, sem dar nem mesmo algum espaço para a dúvida ou checagem da fonte. Ele fala e ponto final.

E nesse vídeo em especial ele se dirige com uma autoridade espantosa, como se de nós brasileiros tivesse recebido algum tipo de procuração, a todos os povos do mundo inteiro dizendo a eles para que não venham ao Brasil na Copa do Mundo e faz uma lista de imbecilidades as quais, segundo ele, são a normalidade do cotidiano brasileiro. Eu não vou listar aqui todas as aberrações que esse moço fala contra o Brasil e de nós brasileiros. Eu e vocês meus caros e raros leitores não temos tanta paciência assim.

Mas o fato é que por tudo que ele diz eu suponho que ele viva dentro de um bunker e sua subsistência é garantida por alienígenas que, via transportadores de moléculas, enviam a ele viveres, materiais de higiene e cuidam de abastecer sua toca - diretamente do espaço- de eletricidade, água, internet, telefone, enfim essas coisas que só ele tem.

Segundo esse moço o Brasil não existe. Segundo a lógica doentia dele isso tudo que nós, os outros cento e noventa milhões de brasileiros, fazemos todos os dias é ficção, nós na verdade não existimos. Somos apenas fruto da sua sociopatia. 

Deduzo que ele é cria da Veja. De tanto ler a Veja ele ficou assim. Dá pra desconfiar que ele quer engrossar as fileiras dos articulistas  daquele esgoto. 

Torço para que a Veja acabe logo. O estrago que ela está causando na nossa população, embora ainda que seja em uns poucos distraidos, pode ser que se alastre para todo o país e virando uma especie de virus que ataque nossos cerébros e nos transforme em um exército de Brancaleone.


Tem mais uma coisa: o português desse tal Dâniel é péssimo.

Fiquem em paz,

Jonas












quarta-feira, 9 de novembro de 2011

USP: o fumacê atrapalhando a visão.




O assunto da semana tem sido a invasão de estudantes de um dos prédios da USP (vão me dando licença mas me dispenso de ficar identificando prédios e faculdades, isso absolutamente não vem ao caso ) o que teria ocorrido em represália a uma suposta truculência policial quando tentava reprimir consumo de maconha por parte de três estudantes.

A partir dai o que se viu foram laudas e laudas escritas algumas a favor e outras contrárias a invasão.

Alguns chamaram os estudantes de playbozinhos e outros chamaram os policiais de brutamontes.

Outros aproveitaram e lembraram-se da urgente necessidade de liberar as drogas enquanto alguns não deixaram de posicionar-se em favor da continuidade da proibição.

Uma parte quer o fim do policiamento efetuado pela PM em território da USP e outra parte não quer.

Até aí acho tudo normal. Trata-se de um debate dentro de um regime democrático em que todo mundo, inclusive esse modesto escriba, tem o direito de falar dando sua opinião a respeito. E a minha opinião é a que se segue.

Para começar eu desconfio que tenha havido por parte dos policiais o que se costuma chamar de excesso de zelo. É aquela cena que todos já conhecemos: os soldados foram chegando de peito estufado, falando grosso e constrangendo os indivíduos. O que é errado em qualquer lugar, não só dentro da USP.

E pelo que pareceu também, é que os moços consumidores da maconha resolveram peitar os soldados. Aquelas coisas do tipo: comigo não! Aqui o buraco é mais embaixo! E vai por ai afora. O que evidentemente ninguém tem o direito de fazer.

E o que poderia ser apenas uma dessas discussões parecidas com aquelas em que o guarda de transito quer multar por estacionamento proibido e o motorista insiste em dizer “que foi só por dois minutinhos", ou seja, uma discussão corriqueira e inócua, acabou virando esse furdunço todo. 

E como não poderia deixar de ser o Juiz que foi chamado para apaziguar as partes, resolveu ficar do lado do que diz a Lei e devolveu um bem público para quem ele pertence: o público.

Aqueles que condenam a ação da policia o fazem esquecendo-se talvez que a policia tem um papel perfeitamente delineado nessa história toda, que é inclusive o de reprimir o uso de drogas, pois até hoje, e pelo que sabemos, as únicas drogas que tem o uso liberado são o tabaco e o álcool.

Quanto aos que defendem que haja apenas segurança particular naquela área, devem lembrar-se que quando se trata de segurança privada em qualquer lugar, a relação entre agentes e usuários ou freqüentadores é sempre muito parecida com a relação empregado X patrão, o que dá um certo receio nos cuidadores da segurança de ultrapassarem uma linha que nem sempre é muito bem estabelecida e acabarem perdendo o emprego.

Agora os estudantes, orientados pelo sindicato dos trabalhadores da USP, engrossaram a voz, ameaçando com greves e mais alguns tumultos, e pedem não só o fim do policiamento ostensivo da PM, mas também a revogação de processos administrativos contra funcionários e alunos.

Está parecendo que em cima da expressão que pude ler em vários lugares, de que a universidade é um templo de sabedoria, conhecimento e debates de idéias, tem muita gente buscando privilégios para poder ficar acima das Leis que de resto são Leis tão comuns quanto as que regem a convivência humana dentro de um condomínio de apartamentos ou o transito de uma cidade.

O fato de um individuo botar os pés dentro de uma universidade não faz dele um luminar da civilização e mesmo se o fizesse não o coloca acima do bem e do mal. Acrescente-se ainda que existem muitos indivíduos que saem das universidades tão ou mais medíocres do que quando entraram nela. São todos seres humanos, apenas.

Justamente de dentro da universidade deveria vir o exemplo de não fomentar o classismo e de não criar elites. Agindo do jeito que estão agindo esses estudantes e mais quem os rodear estão se comportando do mesmo modo que a revista Veja - que mais uma vez merece nota zero - que ao noticiar o assunto usa todo o tipo de adjetivos para citar os estudantes ( entre eles mimados, e mauricinhos)  o que serve apenas para fomentar e ressaltar a elitização. Ou seja, o assunto já está virando uma exacerbação de preconceitos e de broncas generalizadas ao invés de tornar-se um debate civilizado.

Assim não vamos chegar a lugar algum. Ou melhor, corremos o risco de chegar ao lugar errado.

Fiquem em paz
Jonas

sábado, 5 de novembro de 2011

... e a nossa música tocou.



Para a Rita.


Caminhava eu por uma rua aqui perto de casa. Ao chegar quase em frente uma loja de discos, pude ouvir ainda um pouco longe os acordes de uma música muito conhecida minha e que me trouxe lembranças emocionantes.

E durante os poucos passos que dei para cruzar a porta da loja, pensei aquela quantidade imensa de coisas que as vezes somos capazes de pensar de uma vez só. E pensei em como o meu desemprego - que já dura um tanto mais que o normal - tem me tornado mal humorado, impaciente, irritado. Pensei em como quando vivemos situações aflitivas como essa perdemos um tanto do sabor da vida. E a vida vira um deserto.

Parece que abandonamos nossa capacidade de refletir e de pensar sobre qualquer coisa que não seja resolver os problemas que envolvem falta de grana. E fogem de dentro da gente as pequenas e acalentadoras lembranças dos prazeres da amizade, amor, zelo, atenção.

E lembrei do Cazuza e de sua música "Codinome beija flor" em cujos versos ele diz " .. que coincidencia é o amor, a nossa música nunca mais tocou.". Certamente querendo dizer com isso que ao acabar o amor, acabam-se também as emoções que ele causa e tudo vira apenas lógica. E vão-se a poesia e as sensações.

E me dei conta de que a maior parte do ultimos tempos tenho esquecido até mesmo de contemplar as coisas. Contemplar deve ser a melhor expressão de amar.

E nos poucos segundos que durou minha passagem pela porta da loja ao som da música que tocava percebi  em mim, felizmente, o contrário de tudo que eu estava pensando sobre mim mesmo. E  meus olhos marejaram e eu vibrei cheio de amor, de amizade, de zelo e atenção. E percebi que não estou em deserto nenhum. Que não perdi minha capacidade de contemplar e que a nossa música ainda toca!

Fiquem em paz,
Jonas

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O pitos de Lula

Dias atrás eu estava na estação Brigadeiro do metrô, na fila para recarregar meu bilhete único. Na posição que eu estava eu ficava bem ao lado daqueles leitores eletrônicos que permitem ao usuário ver quanto tem de credito em seu cartão. E nesse momento vi que uma senhora, aparentando uns 40 anos, tentava justamente usar os tais leitores sendo que um deles estava fora de funcionamento. Tomei a iniciativa - que de inicio pensei ser gentil - e disse a ela: senhora, esse leitor não está funcionando, use aquele ali. A senhora foi para o outro e nitidamente tinha dificuldade de inserir o cartão no tal leitor. Nesse momento a fila andou e eu para não perder meu lugar andei também, porém continuei a acompanhar a senhora com os olhos, torcendo para que ela acertasse colocar o cartão na engenhoca. Porém não conseguiu e passando por mim, meio brava, pude ouvi-la dizer em tom raivoso: eu tenho que morar no Brasil, mesmo!

Fiz esse preâmbulo apenas para que sirva de gancho ao comentário que tenho a fazer a respeito de muitos de meus patrícios e seu desejo cada vez mais latente de que o Brasil dê errado e a sua perturbadora recusa em admitir que o Brasil caminha a passos largos para consolidar sua soberania econômica, política, intelectual e tecnológica.

Penso que a subida de Lula ao poder tenha servido para recrudescer nosso já patológico  preconceito de classe e de raça, uma vez que caiu por terra a secular divisão entre Casa Grande e Senzala vigente no Brasil.

Passadas tantas décadas em que não fizemos outra coisa senão delegar aos brancos de olhos azuis a tarefa de conduzir nossos destinos e agradecermos contentes os espelhinhos e bijuterias que nos traziam os viajantes do Atlântico Norte, nos vimos subitamente e através de Lula capazes de gerir nossas próprias coisas e decidirmos a respeito de nosso próprio destino como povo e Nação.

O Enem não presta. O SUS não presta. A Petrobras não presta. A Copa de 2014 vai ser uma vergonha. A erradicação da pobreza não presta. A banda larga popular não presta. O Bolsa Família não presta. ETEC não presta. O PIB nordestino (nunca dantes tão alto) não presta. O BNDES não presta. O bilhete único do metrô não presta. Uma lista enorme de "não presta" pode ser lida, vista e ouvida através da imprensa diariamente.

Nada presta pelo simples fato que através desses institutos estão abertos os caminhos para resolvermos por nós mesmos o que queremos ser. 

É dolorido para muita gente admitir que estejam criadas as condições para o fim do corporativismo. Estamos agora às vésperas  do fim da liberdade como coisa privada e da distribuição de riqueza como sendo "dádivas da natureza", que condenaram a pobreza tantos milhões de brasileiros por sua simples origem geográfica. O classismo intelectual está ferido de morte. Está sendo garantido a todos o acesso democrático a cultura e ao conhecimento.

Não me chamem de fascista por favor, mas dá pra fazer uma analogia singela sobre o comportamento de Lula no governo como sendo ele aquele pai ou aquela mãe responsável  que não se cansa de, todos os dias, orientar e passar pitos nos filhos mandando-os estudar, escovar os dentes e cuidar de suas coisas. Mães e pais assim criam seus filhos para o mundo e não para viverem dependentes para sempre.

Deve ser por causa desses "pitos" disfarçados em projetos e realizações sociais do Lula,  que se vêem todos os dias um monte de "crianças" birrentas por aí, há escreverem em blogs, emails e em comentários pela web que não vão fazer a lição de casa, não vão escovar os dentes e nem vão cuidar de suas coisas. E que, num ódio infantil aos pais, declaram que eles não sabem de nada.

Assim como aquela senhora do metrô que ao não conseguir inserir o cartão em uma leitora, nem pensa em aprender como se faz e bota a culpa no país. Culpar os outros indiscriminadamente é um disfarce para a incompetencia.

Fiquem em paz

Jonas