segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

A hipocrisia e o falso moralismo dos que prenderam Assange

Outro dia estive lembrando de quando a Juiza Ellen Grace assumiu a presidencia do Supremo. E eu ouvi aquele senador pelo Amazonas, do PSDB, Arthur Virgilio, que ao cumprimentar Ellen, fez destacar de seu discurso um elogio a beleza dela dando a entender, pelo menos para mim, que poderia ser irrelevante o conhecimento técnico da Juiza se comparado à beleza fisica.

E andei pensando o quanto o universo masculino, eu no meio, ainda tem que caminhar para, nas suas relações com a mulher, desgrudar-se de vez dessa necessidade que parece ainda ser primordial e primal de avaliar o corpo e a serventia sexual que tem esse corpo ( perdoem por essa palavra) quando se trata de se aproximar de uma mulher.

E é pensando nisso que eu quero comentar um artigo que lí aqui, no blog do Azenha, e que é assinado por Naomi Wolf, uma advogada que literalmente andou mundo afora, ouvindo e anotando testemunhos tanto das vitimas, quanto de seus defensores advogados, de violencia sexual e todo tipo de abuso imaginável contra a mulher, em paises miseráveis como Serra Leoa ou os chamados ricos como Inglaterra e Suécia.

São assustadores os relatos que Naomi Wolf faz dos atos cometidos em tempos de guerra e de paz, ou cometidos em nome de um consentimento, entendido assim e convenientemente pelo homem. Os abusos e a violencia perpetrada em meio a bebedeiras. A exploração sexual de mulheres, cujos clientes-consumidores são também homens, o tráfico, o rapto, o encarceramento e mais um sem fim de violencias cometidas, quase sempre por homens.

E ficamos sabendo no artigo de Naomi, que ao redor do mundo todo na maioria das vezes as autoridades sabem o nome e o endereço dos criminosos que, segundo ela, circulam livremente cometendo cada vez mais 
crimes, impunes e seguros da proteção tácita do universo masculino que ainda domina o mundo.

E prenderam o Assange. Prenderam-no sob acusação de estupro ou por ultimo por sexo sem consentimento e sem camisinha. Evidentemente essas acusações são apenas justificativa para puni-lo pelo outro mal que ele teria causado: a exposição da hipocrisia e o falso moralismo existente no império, felizmente em decadencia, chamado Estados Unidos.

Ironicamente Assange está sendo vitima da hipocrisia que ele denunciou. Ironicamente o dono do WikiLeaks muito possivelmente virá a sentar-se no banco de réus para ser julgado justamente pelos falsos moralistas que ele denunciou.

Quisessem realmente os donos do mundo, os do oriente e do ocidente, punirem os homens  causadores de violencia contra a mulher, talvez não houvessem nem tribunais e nem cadeias suficientes para tanta gente.

Se não fosse pelas pequenas ações aqui e ali ao redor do mundo, as pequenas iniciativas de integrantes progressistas de governos diversos, instituições e fundações, e uns tantos Assanges espalhados pelo mundo, os governos ainda não teriam abraçado timidamente o feminismo como dizem que o fazem, mas ainda estariam a se refestelar, cinica e hipocritamente, nos corpos agredidos e abafados de milhões de mulheres ao redor do mundo.

Fiquem em paz,

Jonas