sexta-feira, 23 de julho de 2010

A mangueira, a recalcitrancia e o tempo certo.



Da janela de minha sala eu vejo um quintal com duas enormes mangueiras. Uma delas dá mangas em pleno inverno. Frutas temporãs como costumamos dizer.


Desconheço a razão de árvores florirem e frutificarem fora de época, mas essa mangueira parece que está dizendo para nós: "olhe eu sei que você espera as mangas no verão, mas eu as darei no tempo que eu quiser." Talvez a mangueira até esteja nos lembrando a música Original Of The Species do U2 e que tem um verso que diz: " Eu te darei tudo. Mas não o que você quer".

Eu acho que essa recalcitrancia e esse retardo - ou adiamento sei lá - em ceder aos impulsos naturais, em fazer de conta que não se percebe a hora certa das coisas, reprime a originalidade da espontaneidade. Impede que percebamos a beleza da harmonia.

Mangueiras, poesias, rios, ventos, flores, risos, lágrimas, amor e ódio, tudo deve ser manifestado sem códigos que retardem a sua fluidez pois caso contrário tudo perde a riqueza da sinceridade, a beleza da simplicidade, não é mais manifestação de vida, mas sim a manifestação fria de um gesto ensaiado e renitente.

A esmola deve ser dada no momento em que ela é necessária, antes ou depois ela envergonha ou vicia.

O abraço tem que ser dado na hora em que é ansiado, antes ou depois ele não aquece.

O sorriso deve ser dado na hora em que é esperado, antes ou depois ele parece ironico.

A advertencia, a admoestação, deve ser dada no momento da falta, antes ou depois ela é injusta.

Ao temer o dentista a Gigi confessou com sinceridade que esperava nossas mãos, a minha e a da Rita. Nós as demos e tudo foi superado.

Quem quiser entender que entenda!

Fiquem em paz.

Jonas