segunda-feira, 30 de maio de 2011

A quem interessa a pornografia?

Lendo o Cloaca News tomei conhecimento de um certo Pop Porn Festival, evento que começou na quinta feira passada em S Paulo e deverá durar a semana toda.

E o moço que faz a apresentação do Festival faz, evidentemente, a defesa da pornografia e pretende mistura-la com sexo e sexualidade ao mesmo tempo em que pergunta por que a pornografia é tão demonizada.

O moço chega a falar que é bem adequado discutir com mais profundidade o assunto na medida em que vivemos tempos onde tabus cada vez mais vem sendo derrubados e informa que houve um arduo trabalho a fim de fornecer ao publico... "um festival de alta qualidade, de peso cultural, de conteúdo que pede reflexão, análise, descoberta e identificação. Cada parte de nossa programação foi pensada com cuidado para enviar uma mensagem que combata a banalização / repressão/gratuidade do sexo e de cada mágica aventura pelos territórios dos desejos, abertos ou secretos."

Mais uma vez alerto meus fiéis e raros leitores que não sou especialista em nada e não me sinto muito a vontade para dizer que isso ou aquilo é certo ou errado. Já vivi o suficiente para saber que há uma incontável quantidade de entendimentos sobre tudo que nos cerca e é uma enorme bobagem achar que o mundo seria bem melhor se funcionasse do jeito que eu penso.

Mas não custa nada atender ao convite do moço que está organizando o Festival e refletir um tantinho sobre a pornografia.

Em primeiro lugar tenhamos claro que há um tentativa em separar erótico ou sensual de pornografico. Erótico ou sensual seria a revista Playboy por exemplo e a pornografia seriam as produções de sexo explicito e que abrangem todas as correntes e fetiches.
Alguém aí já assistiu 8MM um filme com Nicolas Cage? ( sinopse aqui) Trata-se da historia de um homem que empenha-se em descobrir um misterioso assassinato de uma jovem e acaba por mergulhar no mundo das produções pornograficas. E quem assiste ao filme fica sabendo sobre a escravidão praticada no universo das artes pornograficas e fica conhecendo um mundo nada agradável de se viver.

Mas pode-se argumentar que isso é apenas cinema. Porém lembremos sempre das muitas noticias que lemos sobre trafico de pessoas mundo afora com fins especificos ou para prostituição ou para produção de pornografia.

E lembremo-nos ainda que a pornografia tem um forte componente machista - resultado do consumo muito maior por parte de homens do que de mulheres - o que vai na contramão dos atuais discursos de liberdade e vida plena a todo genero humano.

Quantas pessoas não sofrem todo tipo de violencia tanto fisica quanto psicologica na participação - mesmo remunerada - da pornografia? Quantas pessoas não perdem valores e conceitos pessoais e também a auto-estima, ao entrarem num universo cujo objetivo é unicamente ganhar muito dinheiro com a fantasia alheia.

Penso que a produção de pornografia seja parente muito proxima da produção e trafico de drogas. Em ambos os casos a clandestinidade e, digamos assim, os desejos muito obscuros que tangenciam a sexualidade e as fantasias humanas são facilitadores da criminalidade.

Sei que alguém vai alegar o mesmo que se alega em relação ao consumo de drogas licitas ou ilicitas: ahh, mas só consome quem quer!

Sim, é verdade. Mas cada grama de cocaina que eu consumo estou contribuindo para um mundo paralelo e totalmente fora da normalidade juridica, onde não há direitos assegurados e nem liberdade. E tratando-se de droga licita cada centavo que aplico nela estou antecipando algum mal fisico - que talvez vá me atingir de qualquer jeito - mas cuja aparição pode ser postergada até o fim natural de minha vida.

O consumo de pornogarfia pode não me trazer males fisicos mas me faz contribuir para o mesmissimo mundo marginal e ilegal das drogas.

Fiquem em paz,

Jonas