segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A vitória do anjo de Gabriel

Ollhem só que história bacana. Daquelas que envolvem uma porção de personagens dispostos a fazerem coisas boas acontecerem. São historias assim que renovam na gente a esperança de que o ser humano ainda vai dar certo, apesar de tudo.

Xerocado do Balaio do Kotscho.

Acabei de ler agora no site do Estadão, no meio da manhã deste sábado, uma incrível história humana que se situa entre os extremos da vida e da morte e nos faz pensar nos desígnios do destino determinado por alguma entidade superior para cada um de nós.

“Recém-nascido é encontrado dentro de bolsa na região de Higienópolis _ Segundo a equipe médica, no momento em que foi encontrado, ele tinha no máximo 4 horas de nascimento”, diz a notícia do repórter Ricardo Valota, do estadão.com.br.

Algúem que passava pela calçada da rua Piauí, perto da praça Buenos Aires, ouviu o choro de uma criança, avisou a polícia e o bebê foi levado rapidamente para o Instituto da Criança do Hospital das Clínicas, onde seria salvo pelos médicos, que o batizaram de Gabriel.

Ficamos sabendo que o bebê  passa bem; a PM fez buscas pela região para encontrar a mãe do menino, mas não a encontrou, e o caso foi registrado no distrito policial do bairro.

Drama, milagre, miséria, abandono, final feliz: em apenas quatro horas, o destino do pequeno Gabriel já teve quase todos os ingredientes dramáticos de uma vida inteira e deixa no seu rastro muitas indagações sobre a sua origem e o seu futuro.

Quem serão os pais desta criança? Onde e como vivem? Onde e como o bebê nasceu? O que leva uma mulher a abandonar o filho logo após o seu nascimento? E se não passasse ninguem pela calçada àquela hora, no começo da madrugada de sábado?

O nome bíblico dado ao recém-nascido me fez lembrar que, durante toda esta semana, travou-se aqui no Balaio um longo e acalorado debate entre leitores comentando os textos que escrevi sobre a permissão dada pelo papa Bento 16 para que os católicos possam usar preservativos, mas só nas relações sexuais com prostitutas.

Nos mais de 1.100 comentários publicados, leitores de todas as religiões, ateus e agnósticos discutiram de tudo, do papel da religião nos dias de hoje às dúvidas que permanecem sobre as origens da nossa existência e os destinos da humanidade, deixando no ar mais perguntas do que respostas e apenas uma certeza para mim: cada vez mais, não tenho certeza de nada e aumentam as minhas dúvidas sobre todas as coisas.

Quando vejo um caso como este do pequeno Gabriel, e não consigo entender o que foi que aconteceu, aumenta minha perplexidade diante do mundo em que vivemos e do que estamos fazendo dele. Confesso que uma história dessas me choca mais do que a guerra contra a bandidagem nas ruas do Rio.

Em tempo: 

ainda bem que existe esta interação com os leitores aqui no blog para a gente nunca perder as esperanças.

Leiam só esta mensagem enviada pelo leitor Janos, às 12h59, que está publicada na área de comentários:
“Tenho quatro filhos, e estou com 77 anos, mas assiom caso não tiver alguém para adotar este menino, Gabriel, eu aceito com o máximo prazer ficar comigo para a alegria dos demais filhos e eu! Por favor Deus!!!!, que tenham piedade destes abandonados”.

Aos maconheiros

Passamos a ultima semana assistindo e lendo a respeito da "guerra" contra o tráfico no Rio de Janeiro. Em especial no domingo as ações das forças de segurança foram tão espetaculares e tão meticulosamente organizadas que fizeram  a gente ter esperança de que agora vai. 

Mas para ir é preciso que torçamos para que as forças de segurança permaneçam nos territórios conquistados e que continuem sendo coordenadas como foram até agora. Assim seja.

Uma coisa ficou evidente: o poder dos traficantes. A quantidade de armas e munições aprendidas em apenas um pequeno espaço geografico nos dá bem a noção de qual é o tamanho do "negócio" e a quantidade de dinheiro envolvida.

Será de fato necessário muito esforço, coordenação e vontade politica para reduzir ao minimo os efeitos catastróficos desse tipo de "atividade".

Efeitos catastróficos em todos os sentidos: homicidios, invasão da  vida privada dos cidadãos de bem, contaminação do poder publico via corrupção e o mais devastador: o vicio que leva a todo tipo de disturbio da vida humana.

E sendo assim precisamos desviar o olhar dos morros e enxergar os consumidores do que é produzido nos morros. Sabidamente as drogas atingem pessoas de praticamente todas as idades, todos os niveis sociais, todas as profissões e dos dois generos humanos.

Não quero falar dos consumidores que já estão na fase da dependencia braba. Quero pensar naqueles consumidores eventuais. Esses consumidores eventuais - eventuais por enquanto -e que se julgam  inocentes de toda essa lambança, consomem pequenas doses de drogas - eu acho - com desculpas que vão desde animar as reuniões com os amigos até para relaxar depois de um dia estafante de trabalho. Esses consumidores eventuais - eventuais por enquanto é bom que se repita - passam a maior parte do tempo sóbrios e lucidos o suficiente para que de alguma forma seja despertado neles o tamanho da encrenca que eles ajudam a promover a cada vez que compram suas "desculpas" do traficante da esquina.

Vez ou outra surgem por ai campanhas de conscientização de uma porção de coisas: meio ambiente, saúde, alimentação, etc, etc..., promovidas por entidades de todos os niveis: públicas, ONGS, religiosas, civis, etc. etc.

Que tal se as religiões ( Igrejas ) partissem pro ataque ao consumo de drogas com a mesma voracidade com que se dedicaram a condenar o aborto nas ultimas eleições? Não quero escrever o que eu estou pensando, mas quem quiser buscar em suas reflexões as razões do por que o ataque ás drogas é sempre tão timido, talvez vá chegar as mesma conclusão que eu, mesmo que eu não a escreva.

Será que já não era hora de todas as entidades partirem pra campanhas que mostrassem  mais didaticamente aos consumidores eventuais de drogas, coisas como as que vimos acontecer essa semana: estivemos a beira de uma chacina! todos precisam saber disso. Estivemos a beira de ver morrer homens e mulheres de bem cujo unico crime é ir morar onde dá pra morar! 

A fome e a miséria que caminham pelas vielas do Complexo do Alemão, andam com uma mão dada ao poder publico e a outra mão dada ao tráfico. E quem está por trás colaborando com isso é, numa grande parte das vezes, o tal consumidor eventual. Isso precisa ser dito!

Os consumidores eventuais - eventuais por enquanto - e que, talvez quem sabe julguem-se a margem de tudo isso,  precisam ser cutucados e chamados a responsabilidade para que entendam que é de seus bolsos que sai a grana que vai fazer acontecer tudo que aconteceu. 

Precisa-se parar de olhar com glamour, com romantismo e tolerancia para esses consumidores eventuais. Além de dependentes em potencial eles alimentam a criminalidade tanto quanto os demais viciados. A diferença daqueles para estes é que por serem eventuais - ainda - e no pleno exercicio dominio de suas capacidades é darem a impressão de que não há mal nenhum no que fazem. É preciso faze-los parar, antes que seja tarde. Antes que duas guerras sejam perdidas: contra o vicio e contra o tráfico.

Fiquem em paz.

Jonas

sábado, 27 de novembro de 2010

O Guardador de Rebanhos e a Liberdade

Fernando Pessoa nos versos de O Guardador de Rebanhos desperta (ao menos em mim despertou) uma visão pura do Menino Jesus, que nos leva a desejar que de fato seja assim, tão simples, tão singelo mas ao mesmo tempo tão santo.

Quisera minha vida desse jeito. Longe das complicações impostas pelos intermediários que se intrometem em nossos desejos sem que peçamos, e que só conseguem nos afastar do que poderia ser a mais doce das amizade.

E por falar em complicações é o mesmo Fernando Pessoa que em outro verso, chamado Liberdade nos faz visualizar um mundo sem obrigações, sem nada pra fazer, e mais uma vez fala em Jesus Cristo de uma maneira que contradiz com muita sabedoria os tais intermediários que insistem em nos ensinar fé!

Fiquem em paz

Jonas

O Guardador de Rebanhos

Num meio dia de fim de primavera
Tive um sonho como uma fotografia
Vi Jesus Cristo descer à terra,
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.


Tinha fugido do céu,
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu era tudo falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras,
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem


E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
Com uma coroa toda à roda de espinhos
E os pés espetados por um prego com cabeça,
E até com um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe
Como as outras crianças.
O seu pai era duas pessoas -
Um velho chamado José, que era carpinteiro,
E que não era pai dele;
E o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo
Porque não era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes de o ter.


Não era mulher: era uma mala
Em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
E nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!


Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três,
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz


E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o sol
E desceu pelo primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz no braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras nos burros,
Rouba as frutas dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam
E que toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas
Que vão em ranchos pelas estradas
Com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.


A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as cousas,
Aponta-me todas as cousas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.


Diz-me muito mal de Deus,
Diz que ele é um velho estúpido e doente,
Sempre a escarrar no chão
E a dizer indecências.
A Virgem Maria leva as tardes da eternidade a fazer meia,
E o Espírito Santo coça-se com o bico
E empoleira-se nas cadeiras e suja-as.
Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica.


Diz-me que Deus não percebe nada
Das coisas que criou -
"Se é que as criou, do que duvido" -
"Ele diz, por exemplo, que os seres cantam a sua glória,
mas os seres não cantam nada,
se cantassem seriam cantores.
Os seres existem e mais nada,
E por isso se chamam seres".
E depois, cansado de dizer mal de Deus,
O Menino Jesus adormece nos meus braços
E eu levo-o ao colo para casa.
..........................................................................

Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural,
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.
E a criança tão humana que é divina
É esta minha quotidiana vida de poeta,
E é porque ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre,
E que o meu mínimo olhar
Me enche de sensação,
E o mais pequeno som, seja do que for,
Parece falar comigo.


A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E a outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é o de saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.


A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direção do meu olhar é o seu dedo apontando.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.
Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos a dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.


Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra
Fosse todo o universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.


Depois eu conto-lhe histórias das cousas só dos homens
E ele sorri, porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que ficam fumo no ar dos altos-mares.
Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade


Que uma flor tem ao florescer
E que anda com a luz do sol
A variar os montes e os vales,
E a fazer doer aos olhos os muros caiados.
Depois ele adormece e eu deito-o
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.


Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos,
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate as palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.
.................................................................................

Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu no colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.
....................................................................................

Esta é a história do meu Menino Jesus,
Por que razão que se perceba
Não há de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam?





Liberdade

Ai que prazer
não cumprir um dever.
Ter um livro para ler
e não o fazer!
Ler é maçada,
estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre bem ou mal,
sem edição original.

E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
como tem tempo, não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto melhor é quando há bruma.
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

E mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças,
Nem consta que tivesse biblioteca...
      Fernando Pessoa
 

O charlatanismo neoliberal

Não sou absolutamente da politica do "quanto pior melhor", pelo contrário. Mas sou obrigado a confessar um certo prazer ao ver cairem por terra analises burras, tecidas por que aqueles que insistentemente acreditam que o melhor dos mundos passa necessariamente pelo MERCADO,  esse deus mágico capaz de nos suprir desde o arroz com feijão até a felicidade e a realização humana.

Vejam só que bacana ( poderia ser triste ) a comparação de uma análise feita pelo time do Zé Ruela a respeito da Irlanda versus Brasil no ano de 2006 e com  a realidade atual.. Recheado de mentiras e enganações o discurso do sujeito é tão charlatão que embrulha até o Bono, que não devia ter nada com essa história.

A pretensão de pessoas desse tipo é enervante não pela pretensão em si mesma, mas por que vem sempre recheada de preconceitos, de ilações infundadas.

Sempre desconfiei de pessoas que tem solução para tudo e ao apresentar suas sugestões não ficam só nisso mas fazem questão de desmerecer a tudo e a todos, sempre desconfiei do excesso de honestidade, do excesso de boas intenções, nunca acreditei no excesso de rigor. E muito menos desce pela minha garganta que da cabeça de um sujeito só, de um unico e exclusivo sujeitinho, possam passar soluções para problemas tão compelxos que muitas vezes tem o tamanho do planeta.

E o mais gostoso: a constatação do fracasso do neoliberalismo ou do oldconservadorismo foi publicada no Estadão.

Leiam essa gostosura no blog do  Esquerdopata. .

Fiquem em paz

Jonas

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Ação de Graças

Mesmo com um atraso de 24 horas me considero ainda com tempo de comentar a respeito do Dia de Ação de Graças, uma data com significado especial para todos aqueles que, dirigindo suas orações a Deus, sentem-se alvo das atenções divinas em seu cotidiano, estas atenções  que costumamos chamar de milagres.

Não penso que Deus aja pontualmente na vida de alguém e ao pensar assim corro o risco de sugerir que Deus já tenha deixado tudo pronto aqui na Terra e saiu pelo universo afora tratando de criar outras coisas. Não quero falar em destino até por que não acredito que tudo já esteja escrito, pois se assim fosse bastava eu ficar sentado em algum canto esperando acontecer o que aconteceria comigo de qualquer jeito.

Mas para mim é dificil pensar que Deus, mesmo sendo Deus, haveria de criar para sí mesmo uma tamanha e dificultosa tarefa de ficar ouvindo seus fieis por toda a eternidade e intervindo na vida destes a fim de solucionar-lhes os problemas.

Penso que Deus, justamente por ser Deus, criou a harmonia da vida, criou a interrelação entre todos os seres vivos e é nesta harmonia e nesta interrelação que residem todas as necessidades humanas. Este é o principal e quem sabe o único milagre divino de que somos alvos. Já temos tudo que nos basta para vida.

Contraditóriamente justamente nós, os humanos e racionais, e por essa racionalidade distintos do resto do mundo vegetal, mineral e animal, justamente nós é que nos recusamos a aceitar a casualidade e as imposições da vida. Devemos aprender com os astros, os vegetais, os animais e minerais. Nenhum deles quebra a harmonia e todos aceitam com serenidade seus papéis, suas importancias, o ir e vir da vida de maneira compreensiva e pacifica.

Se cuidarmos sempre da interdependencia entre tudo que é vivo chegaremos ao que o próprio Cristo nos garantiu: eu vim para que todos tenham vida e vida em abundancia. Assim sendo não é de Deus que devemos esperar o acerto daquilo que supomos estar errado em nossas vidas, Deus nos mostra que a vida já está certa desde sempre.

Minha vida não me foi dada ontem, ou no dia em que eu nasci. As condições para que minha vida acontecesse já foram dadas em um tempo impossivel de determinar. E assim é com todas as vidas: do pé de alface ao peixe-boi ou da zebra aos ovos chocos, passando pela vida humana, tudo é harmonico e só existe por que tudo o mais existe.

Cuidar da vida, de todas as vidas, e deixa-las acontecer com naturalidade. Essa deve ser a nossa verdadeira Ação de Graças, essa pode ser a maneira mais agradável a Deus de manifestarmos nossa gratidão por tudo que nos foi dado.

Fiquem em paz

Jonas

Em caso de desastre, consulte o Twitter

Xerocado da Revista  Forum

Cada vez mais agências humanitárias e voluntários utilizam as redes sociais da internet quando ocorrem desastres nas Filipinas, um dos países mais vulneráveis aos efeitos da mudança climática. Os especialistas atribuem a redes como Facebook e Twitter o número de mortos ser de apenas 20 durante a passagem do tufão Megi, que em outubro atingiu este arquipélago com ventos de até 269 quilômetros por hora.

Por Kara Santos

Cada vez mais agências humanitárias e voluntários utilizam as redes sociais da internet quando ocorrem desastres nas Filipinas, um dos países mais vulneráveis aos efeitos da mudança climática. Os especialistas atribuem a redes como Facebook e Twitter o número de mortos ser de apenas 20 durante a passagem do tufão Megi, que em outubro atingiu este arquipélago com ventos de até 269 quilômetros por hora. Os Serviços Atmosféricos, Geofísicos e Astronômicos das Filipinas (Pagasa) iniciaram sua conta oficial no Twuitter em meados de outubro, bem antes do impacto do Megi.

As atualizações em tempo real, que foram reenviadas pelos seguidores e informadas pelas principais rádios e emissoras de televisão, garantiram que o público soubesse quando e onde se esperava que o tufão fosse mais severo. Milhares puderam fugir para lugares mais seguros ou tomaram medidas de precaução antes da chegada do tufão.

Apenas um mês depois de criada, a conta da Pagasa no Twitter agora tem cerca de 28 mil seguidores que recebem as mensagens com informação meteorológica e atualizações sobre tempestades. “As redes sociais são muito populares por estes dias. Muitos jovens e os diferentes setores já usam este meio, por isso decidimos que também poderíamos aproveitá-lo”, disse Venus Valdemoro, encarregado da Unidade de Informação Pública da Pagasa.

Este estado de alerta diante da destruição que o país costuma experimentar, com uma média de 20 tufões por ano, tem origem nas dolorosas lições aprendidas a partir da fúria do tufão Ketsana, de 2009. Embora as Filipinas estejam acostumadas a enfrentar estes eventos climáticos na segunda metade do ano, padrões meteorológicos erráticos têm cobrado mais vítimas fatais e propriedades nos últimos anos.

Se esta vulnerabilidade foi combinada com o enorme interesse dos filipinos pelas novas tecnologias, o fato de estas serem usadas para atender necessidades sociais se torna bastante natural. Frequentemente se diz que Manila é a capital mundial das mensagens de texto. Segundo a empresa norte-americana Gartner, dedicada a realizar pesquisas sobre as tecnologias da informação, as Filipinas, com 94 milhões de habitantes, tem uma penetração da internet de 29,7% e é líder na Ásia em matéria de adoção de redes sociais.

Atualmente, é o sexto país no mundo no uso de Facebook e Twitter. No primeiro tem mais de 18 milhões de usuários, por exemplo, segundo a consultoria comScore. As agências humanitárias também pegaram o trem das redes sociais. A Cruz Vermelha das Filipinas as usa para divulgar notícias sobre suas atividades.

A conta dessa organização no Twitter conseguiu cerca de três mil seguidores nos dias posteriores ao seu lançamento, no pior momento do tufão Ketsana. Depois, os seguidores aumentaram para 42.364, e continuam crescendo. “O amplo alcance das redes faz com que sejam meios muito efetivos para comunicação com o público em geral”, disse à IPS a secretária-geral da Cruz Vermelha das Filipinas, Gwendolyn Pang.

A quantidade de seguidores dessa entidade no Facebook também aumentou durante a passagem do Ketsana, e o site ajudou a mobilizar voluntários para as operações de resgate, acrescentou Pang. Agora, há cerca 100 mil pessoas seguindo a organização nessa rede social. Esta tecnologia permite que todos possam se expressar, o que a torna indispensável na hora de divulgar anúncios, disse Pang.

Rubens Canlas Jr., assessor para temas de tecnologia da informação, disse que o uso das redes sociais da internete eliminou o “intermediário” na contaminação, permitindo obter a informação pública diretamente da fonte. “No passado não tínhamos outra opção a não ser depender do rádio e da televisão para recebermos atualizações sobre emergências e meteorologias, que não são maneiras eficientes de disseminar informação urgente”, disse Canlas.

Os canais de TV que competem entre si também criam um “gargalo tecnológico” quando entrevistam um porta-voz e, portanto, impedem que outro canal, ou emissora de rádio, tenha acesso a essa fonte durante certo tempo, explicou Canlas. “Agora, Pagasa pode transmitir por si mesmo a informação por mensagem no Twitter e a mídia pode, simplesmente, informar usando essa mensagem”, acrescentou. Embora o Twitter seja a única conta oficial da Pagasa, seus funcionários dizem que chove pedidos para abrirem outras no Facebook e no Friendster.

As Filipinas estão catalogadas como o país mais propenso aos desastres, segundo estudo do Centro para a Pesquisa sobre a Epidemiologia dos Desastres, com sede em Bruxelas. O Banco Mundial lista o país entre os mais afetados pela mudança climática, e o que corre maior perigo de enfrentar tempestades frequentes e intensas.

Em média, anualmente 20 tufões atingem o país. Megi foi o décimo deste ano. Em setembro e outubro do ano passado, os tufões Ketsana e Parma atingiram a ilha filipina de Luzón cmo diferença de uma semana entre um e outro, desatando as piores inundações em quatro décadas e matando mais de mil pessoas neste e em outros países da Ásia oriental.

 

 

De cara com o estuprador

Xerocado do blog do LadoDeLá







Passei a tarde de domingo esperando para fazer um boletim de ocorrência de furto de veículo. Nada tão extraordinário assim, considerando que furto de veículo no estado de São Paulo é tão rotineiro quanto levar o carro para lavar. Naquela tarde, por exemplo, foram três veículos. Numa cidade de 60 mil habitantes.

 Ao chegar à delegacia, dei de cara com o sujeto. Estava algemado, olhar cabisbaixo. Nunca tinha visto um estuprador de perto. E logo pensei: - Será que ele tem algo de diferente de nós? O quê? Parecia uma pessoa comum, como tantas outras... Talvez seja isso! Um estuprador é capaz de ser e agir como outra pessoa qualquer. O crime tinha acontecido hora antes em Valinhos. Ele violentou a vítima ameaçando-a com uma pequena faca serrilhada de cabo amarelo. Ela seguia com ele no carro pela Rodovia Anhanguera em direção a São Paulo. Será que pensava em matá-la? A cancela automática do pedágio não abriu e o carro da frente parou. Ele diminuiu a velocidade, o bastante para a garota abrir a porta e se jogar para fora.

Um carro de polícia vinha logo atrás e quase passou por cima dela. Começou a perseguição. Ele levou a pior, depois de bater em outro carro. Na delegacia, os policiais estavam excitados. Tão excitados quanto jornalistas diante de uma queda de avião, ou um pescador ao fisgar um dos grandes. Muitos guardas, doze ao todo, se cumprimentavam com entusiasmo. Tudo meio patético, para quem vê naquele fato algo tão revelador da nossa miséria existencial. Depois de lavrado o fagrante, o estuprador foi encaminhado à carceragem, para aguardar remoção para o Centro de Detenção Provisória de Campinas.

Neste momento, muitos fotografaram o acusado, espécie de troféu. A jovem repórter anotou cuidadosamente todas as informações e também pediu ao guarda que fotografasse o criminoso. Acho que preferiu não olhar diretamente para ele pela lente. Quando a delegacia esvaziou, Vera, a plantonista, ouviu um ruído na carceragem e foi checar. Voltou assustada e avisou: - O cara está tentando se matar! Pensei comigo: - A jovem repórter acaba de deixar a notícia atrás das grades, ensanguentada. Foi um corre-corre. Decidiram algemá-lo com as mãos para trás. Enquanto isso, o telefone tocava sem parar. Repórteres, esposas (três se apresentaram assim), a mãe e uma tia, que desabafou: - De novo! Quando puxaram a capivara do cidadão, lá estavam: duas condenações, uma de quatro anos e oito meses e a outra de dois anos e tanto. Ambas pelos mesmos crimes. Pensei: - Esse aí é caso perdido.

Um detalhe me chamou a atenção: - O guarda que o prendeu disse que o homem tinha voz afeminada, achou até que fosse "gay". Seria mais um caso emblemático de vítima de abusos na infância? Ninguém vai querer contar toda a história. E sabe por quê? Porque agora que ele está preso, ninguém quer mais saber.

Manchetes, fotos e noticias

E existem algumas pessoas que se satisfazem em olhar fotos e manchetes e depois saem por ai divulgando informações incompletas quando não tendenciosas. Essas são um prato cheio para a velha midia. Vejam abaixo um bom ( ou será péssimo? ) exemplo da total desconexão entre foto e manchete com a noticia.

Xerocado do blog do Esquerdopata

Lendo a manchete abaixo e vendo a foto ilustrativa o que é que se imagina?


Errado, o desemprego caiu e a notícia seguinte mostra que o salário subiu...

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O apodrecimento da velha midia

No ultimo dia 24 Lula concedeu entrevista aos blogueiros ditos progressistas haja vista estarem do lado esquerdo do pensamento politico brasileiro. Mas eles preferem chamar a si mesmos de "blogueiros sujos" em uma homenagem ao enriquecimento do anedotário nacional cometido por Serra ao chamar os blogs desse pessoal de sujos, sabe-se lá por que.

A repercussão dada pela velha imprensa a essa entrevista não passa nem perto dos assuntos em pauta, a velha imprensa prefere ter um ataque de ciumes e deitar uma falação tendenciosa sobre o que seria a qualidade, ou seriedade, dessa entrevista.

Começa pela Folha de São Paulo que preferiu gastar seu tempo em questionar quando os blogueiros haviam pedido a entrevista e  quando a mesma teria sido confirmada. Uma pergunta inédita informa a Assessoria de Imprensa do Planalto. O Presidente, segundo a Assessoria já concedeu 960 entrevistas ao longo desses oito anos de governo e a Folha nunca fez esse tipo de pergunta.

Depois é a vez de Dora Kramer a destilar veneno e desqualificar os entrevistadores, em um artigo no Estadão. Ela própria ao cegar-se de tanta dor de cotovelo, se contradiz confrontada com muitos de seus artigos publicados em tempos anteriores.

Daí vai o Noblat e faz um copia-cola em seu blog do artigo da sra dona Dora Kramer. Ou seja, inoculando assim um pouco mais de veneno nas cabeças dos incautos leitores.

Mas a cereja desse bolo ficou por conta de um dos discipulos do Mestre Ali Kamel, das organizações Serra, ops Globo. Esse rapaz carrega em seus ouvidos o discurso de Serra e igualou a entrevista a trincheiras!! Trincheira de ataque a imprensa. Mostra-se intolerante, ou incapaz de relaxar, ao humor sutil,  contido no nome de um dos blogs da entrevista que chama-se Cloaca News. E o seu dono é chamado de sr Cloaca. Óbviamente esse último agradece demais a promoção dada ao seu blog no meio da histérica incompreensão dos velhos senhores da velha midia. Esse moço - discipulo de Ali Kamel - parece surpreso ao saber que Lula dirigiu-se ao blogueiro como sr Cloaca. Não entendo por que. Dado que das cabeças de algumas figuras da velha imprensa saem coisas muito piores que de uma cloaca quando referem-se ao Presidente da Republica. Mas ai tudo bem né?

O que salta no meio de tudo isso é a resistencia, ou quem sabe incapacidade mesmo, em aceitar a internet como a proxima ( e quem sabe a única ) usina de informações.

Talvez o problema daqueles que insistem em ficar na velha midia seja o seu medo de ver as suas verdades serem debatidas quase que no mesmo momento em que são divulgadas, pois é esse o grande lance da internet: os navegantes podem rebater, reprovar, validar, e divulgar as informações sem serem submetidos a nenhuma especie de controle. Cada vez mais e de maneira irresistivel os cidadãos comuns, quando navegando pela web, podem consumir noticias não de forma passiva, mas interagindo com as mesmas e sendo muitas vezes eles próprios os divulgadores ( notem que eu não disse donos) da informação.

A concorrencia na divulgação de informação está sendo multiplicada por mil e isso pode significar o fim de impérios que nem preciso dizer os nomes. E ainda mais que isso, os egos de alguns medalhões da velha midia perderão o brilho e terão que descer do palanque de suas proclamações dadas até hoje como irrefutáveis, e virem até o chão debater com leitores cidadãos-comuns, publicarem revisões, aceitarem sugestões. Ou ainda, se for da vontade de um deles, recolher-se ao ostracismo e deixar para os comprometidos com a exatidão das informações a divulgação de ideías para serem debatidas e o acatamento da pluralidade de opiniões.

E que acalme-se a velha imprensa. Assim como acabaram os pincéis de espalhar sabão de barba no rosto, os filmes para máquinas fotográficas e os acendedores de lampiões a gás, acabarão também os jornalões e as revistonas. Isso não é uma profecia, é fato.

Em tempo: Lula concedeu 960 entrevistas em 08 anos o que dá uma média de 01 entrevista a cada 03 dias o que invalida a opinião do discipulo de Ali Kamel que começa seu despautério dizendo que Lula é avesso a entrevistas.

Clique aqui para ler o comentário da Assessoria de Imprensa sobre a pergunta da Folha.

Clique aqui para ler o comentário de Paulo H Amorim

Clique aqui para ler a integra da entrevista de Lula aos blogueiros.

Clique aqui para ler a ciumeira de Dora Kramer

Clique aqui para ler o discipulo de Ali Kamel promovendo o Cloaca News.

Fiquem em paz

Jonas

terça-feira, 23 de novembro de 2010

A felicidade de cada um por conta de todos.

Outro dia eu escrevi aqui no Saúva a respeito da responsabilidade coletiva da sociedade, via governos, sobre a realização dos individuos. Disse que estão errados aqueles que imaginam que a realização de cada um pode se dar de maneira isolada e por conta de esforços pessoais.

Encontrei hoje esse artigo no Adital  chamado O Direito de Ser Feliz, do monge beneditino Marcelo Barros, e que fala sobre o projeto de inserção de um artigo na Constiuição Brasileira  que garanta o direito de todos à felicidade.

Como diz no próprio artigo do Adital pode parecer estranho decretar a felicidade de um povo através de lei. Mas a verdade é que a ação dos governos na direção do bem estar e da realização dos individuos é de fato uma obrigação pública.

O conceito liberal do estado minimo caminha justamente na direção oposta, quando entrega a felicidade de individuos aos agentes mercantis e privados . Nem tudo tem preço e nem tudo pode ser quantificado. Uma parte significativa da realização humana é dependente das relações sociais, da convivencia amorosa, da aceitação no grupo, e isso tudo não se compra em lojas de conveniencia. Isso deve ser proporcionado através de regulamentos que permitam o acesso de todos a tudo, coisa que só o Estado pode fazer.

Leiam o artigo do Adital  que está muito mais rico que o texto deste pobre e humilde blogueiro.

Fiquem em paz

Jonas

@jotagebece 

domingo, 21 de novembro de 2010

A história das coisas

Xerocado do blog Pulitica Livre

A história das coisas 

Este breve filme toca numa questão fundamental, muito em voga e explorada pelo oportunismo publicitário: consumo sustentável ! O documentário vai além da culpabilização da atividade antropogênica (ação e interação do homem para e com o meio ambiente) e desvenda os artifícios sinuosos construídos pelo sistema econômico atual e como este sistema contribui para a progressiva destruição dos recursos do Planeta. Vale a pena... são 20 minutos de clareza, sem rodeios, diretamente ao ponto elementar! Do descarte ao lixão, da ideologia ao fetichismo, o consumo analisado pelo avesso da retórica tradicional.

ASSISTA AQUI ...




 

 

A caixa de brinquedos

Xerocado do Blog Filosofia e Vida

A caixa de brinquedos.







A idéia de que o corpo carrega duas caixas, uma caixa de ferramentas, na mão direita, e uma caixa de brinquedos, na mão esquerda, ela me apareceu enquanto me dedicava a mastigar, ruminar e digerir Santo Agostinho. Como vocês devem saber, eu leio antropofagicamente. Porque os livros são feitos com a carne e o sangue daqueles que os escrevem. Dos livros se pode dizer o que os sacerdotes dizem da eucaristia: “Isso é o meu corpo; isso é a minha carne”. Ele não disse como eu digo. O que digo é o que ele disse depois de passado pelos meus processos digestivos. A diferença é que ele disse na grave linguagem dos teólogos e filósofos. E eu digo a mesma coisa na leve linguagem dos bufões e do riso. Pois ele, resumindo o seu pensamento, disse que todas as coisas que existem se dividem em duas ordens distintas. A ordem do “uti” ( ele escrevia em Latim ) e a ordem do “frui”. “Uti” = o que é útil, utilizável, utensílio. Usar uma coisa é utilizá-la para se obter uma outra coisa. “Frui” = fruir, usufruir, desfrutar, amar uma coisa por causa dela mesma. A ordem do “uti” é o lugar do poder.Todos os utensílios, ferramentas, são inventados para aumentar o poder do corpo. A ordem do “frui”, ao contrário, é a ordem do amor – coisas que não são utilizadas, que não são ferramentas, que não servem para nada. Elas não são úteis; são inúteis. Porque não são para serem usadas mas para serem gozadas. Aí vocês me perguntam: quem seria tolo de gastar tempo com coisas que não servem para nada, que são inúteis? Aquilo que não tem utilidade é jogado no lixo: lâmpada queimada, tubo de pasta dental vazio, caneta bic sem tinta… Faz tempo preguei uma peça num grupo de cidadãos da terceira idade. Velhos aposentados. Inúteis. Comecei a minha fala solenemente. “Então os senhores e as senhoras finalmente chegaram à idade em que são totalmente inúteis…” Foi um pandemônio. Ficaram bravos. Me interromperam. E trataram de apresentar as provas de que ainda eram úteis. Da sua utilidade dependia o sentido de suas vidas. Minha provocação dera o resultado que eu esperava. Comecei, então, mansamente, a argumentar. “Então vocês encontram sentido para suas vidas na sua utilidade. Vocês são ferramentas. Não serão jogados no lixo. Vassouras, mesmo velhas, são úteis. Já uma música do Tom Jobim é inútil. Não há o que se fazer com ela. Os senhores e as senhoras estão me dizendo que se parecem mais com as vassouras que com a música do Tom… Papel higiênico é muito útil. Não é preciso explicar. Mas um poema da Cecília Meireles é inútil. Não é ferramenta. Não há o que fazer com ele. Os senhores e as senhoras estão me dizendo que preferem a companhia do papel higiênico à companhia do poema da Cecília…” E assim fui, acrescentando exemplos. De repente os seus rostos se modificaram e compreenderam… A vida não se justifica pela utilidade. Ela se justifica pelo prazer e pela alegria – moradores da ordem da fruição. Por isso que Oswald de Andrade, no “Manifesto Antropofágico”, repetiu várias vezes “a alegria é a prova dos nove, a alegria é a prova dos nove…” E foi precisamente isso que disse Santo Agostinho. As coisas da caixa de ferramentas, do poder, são meios de vida, necessários para a sobrevivência. (Saúde é uma das coisas que moram na caixa de ferramentas. Saúde é poder. Mas há muitas pessoas que gozam perfeita saúde física e, a despeito disso, se matam de tédio.) As ferramentas não nos dão razões para viver. Elas só servem como chaves para abrir a caixa dos brinquedos. Santo Agostinho não usou a palavra “brinquedo”. Sou eu quem a usa porque não encontro outra mais apropriada. Armar quebra-cabeças, empinar pipa, rodar pião, jogar xadrez, bilboquê, jogar sinuca, dançar, ler um conto, ver caleidoscópio: não levam a nada. Não existem para levar a coisa alguma. Quem está brincando já chegou. Comparem a intensidade das crianças ao brincar com o seu sofrimento ao fazer fichas de leitura! Afinal de contas, para que servem as fichas de leitura? São úteis? Dão prazer? Livros podem ser brinquedos? O inglês e o alemão têm uma felicidade que não temos. Têm uma única palavra para se referir ao brinquedo e à arte. No inglês, play. No alemão, spielen. Arte e brinquedo são a mesma coisa: atividades inúteis que dão prazer e alegria. Poesia, música, pintura, escultura, dança, teatro, culinária: são todas brincadeiras que inventamos para que o corpo encontre a felicidade, ainda que em breves momentos de distração, como diria Guimarães Rosa. Esse é o resumo da minha filosofia da educação. Resta perguntar: os saberes que se ensinam em nossas escolas são ferramentas? Tornam os alunos mais competentes para executar as tarefas práticas do cotidiano? E eles, alunos, aprendem a ver os objetos do mundo como se fossem brinquedos? Têm mais alegria? Infelizmente não há avaliações de múltipla escolha para se medir alegria…

Autor: Rubem Alves

Ela Não Sabe Quem Eu Sou, Ela Não Fala Minha Lingua

(( parte de uma publicação no Blog do Rovai ))

Em Atibaia, o Fernando Anitelli deu uma canja e cantou Chanel 5, que você pode ouvir no clipe abaixo. É uma sátira sobre a TV brasileira, especialmente com a emissora que pode ser sintonizada no canal número 5 das TVs paulistas.

Vale a pena ouvir prestando atenção na letra. Ela tem muito a ver com nosso tempo. Muito a ver com o novo que estamos construindo, por vezes, sem se dar conta.

sábado, 20 de novembro de 2010

Pensamos o que somos ou somos o que pensamos?



Em tempos de preconceitos a flor da pele nada melhor que pensarmos a respeito de até onde vai nossa autonomia sobre nossas próprias vidas. Se eu sou branco, preto ou amarelo; se eu sou do lado de cima do Equador ou do lado de baixo; se eu sou dotado de forte e saudavel fisico ou se , ao contrário, sou franzino e de saúde frágil, sabidamente essas coisas não são opção minha.

Praticamente tudo que sou, eu sou devido a uma quantidade infinita de circunstancias que quase nunca estão sob meu controle. Há um nexo irresistivel na vida de todas as pessoas. Raramente se pode alterar a trama da vida. Muitos destacam situações pontuais de suas vidas e dizem com orgulho e vaidade: eu fiz isso, eu conquistei aquilo ou as coisas são assim por que eu quero!

Besteira pura. A busca por realizações, a obstinada perseguição de um projeto, passará sempre e inevitavelmente por circunstancias criadas fora dos projetos pessoais que permitirão que estes se realizem ou não.

A par dessa besteira é que ocorrem os equivocados entendimentos de que uns individuos são melhores que os outros. Sendo que os melhores são aqueles que conquistam coisas e os piores são aqueles que não conseguem nada.

Comprar uma casa, um carro, ter a profissão dos sonhos, viajar, cuidar da saude, saber mais, tudo, absolutamente tudo tem que passar  por uma especie de "autorização" da vida, algumas oportunidades precisam acontecer autonomamente, ou seja, sem a vontade pessoal. Não confundir com esforço próprio, ou dedicação, ou ainda uma lista de virtudes que podem levar um sujeito a realizar-se, não é disso que estou falando. Estou falando das condições criadas no macro, para o sujeito realizar-se no micro.

É dessa maneira que se pode concluir a respeito da idiotice do preconceito. Raça - conceito em vias de extinção -, genero sexual, status social ou cultural, posse de bens, quase nada  é resultado de escolhas pessoais, quase tudo se dá senão nas vias do acaso, mas ao menos pela ação de agentes externos. Desafio qualquer pessoa a comprovar que deu um passo sequer na vida do tipo " contra tudo e contra todos". Isso não acontece. Haverá sempre um conjunto de circunstancias favorecendo os passos de alguém.

E quem são esses agentes externos? Exceto pelo local de nascimento e da genética sendo que nesses casos a  "culpa" é de nossos pais, quase todos os agentes que vão ajudar o individuo a realizar-se, fazem parte do modelo de sociedade, modelo de governo e do modelo do grupo em que se vive. 

É dentro desta compreensão que se formam os governos progressistas. É devido ao entendimento de que precisam ser criadas condições para todos os individuos da sociedade evoluirem em conjunto, é que surgem os governos progressistas.
Os governos ditos liberais ou conservadores acreditam na individualidade, acreditam que a cada um é dado de maneira autonoma a capacidade de buscar a própria evolução. Um erro grosseiro. Ao entregarem o destino das pessoas às iniciativas de cada um os governos liberais e conservadores condenam os individuos a permanecerem onde estão, haja vista imaginar-se que a vida de cada um é ditada por seus esforços individuais, quando não pelas suas condições raciais - conceito em vias de extinção - ou culturais, de genero, etc, etc.. e jamais por circunstancias desfavoraveis ou erros de definição no conjunto dos grupos.

Uma prova desse equivoco é que apesar das tantas conquistas das mulheres no mundo ocidental são estas que ainda recebem - por uma razão inexplicavel - salários menores quando comparados aos salários dos homens.

Ser progressista é acreditar em proporcionar condições iguais para todos, é acreditar em criar as tais circunstancias favoráveis no macro para que cada um se realize no micro.

Fiquem em paz.

Jonas

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O lugar onde Espiritos de Bondade e Generosidade se encontram

Dia desses cheguei em casa e a Rita me contou, assim com um jeito de alivio, uma historia dela com a Gigi e a Escola da Gigi.

Disse a Rita que dias antes havia recebido da Escola um aviso/convite de um passeio de trenzinho, pelas ruas proximas, para os alunos, ao custo de R$ 10,00 per capita. A Rita decidiu que não daria o dinheiro e dessa forma a Gigi não faria o passeio. Os dias passaram e chegou o dia do passeio - que era esse dia em que a Rita me contava esse caso - e continuando a Rita me disse que naquela manhã acabou sendo tomada por uma pesada tristeza e arrependimento e passou a recriminar a sí mesma por seu rigor no trato com modestos dez reais que é quanto custaria - imaginem só! - um pequeno prazer para a Gigi.

Disse a Rita que dirigiu seu espirito a Deus pedindo que a perdoasse por esse rigor todo, e no meio desses pensamentos ela ouviu a barulhada do vozerio da garotada que passava no trenzinho pela rua paralela de nossa casa e a Rita ainda correu para a janela com a intenção de vê-lo passar mas não deu.

Pouco depois e já na Escola para pegar a Gigi , a Rita teve uma surpresa: a responsável pela escola disse que apenas a Gigi e mais uma aluna não tinha aderido ao passeio e que para não ficassem apenas elas duas sem a diversão no trenzinho, decidiu-se que elas fariam o passeio também. E a Gigi informou que quando o trenzinho passava pela rua lateral de casa ela gritava: vovó!vovó!

Sabem de uma coisa meus caros? Deve mesmo existir alguma mágica providenciada por Deus que faz unir Espiritos de Bondade e Generosidade em prol do bem do outro. Deus deve alegremente ter encaminhado o Espirito da Rita para encontrar-se com o Espirito da responsável pela Escola e ambos de acordo um com o outro tomaram a Gigi pela mão e a embarcaram no trenzinho. E o Espirito da Gigi agradecido e feliz chamava: vovó! vovó!

John Lennon fala disso de um outro jeito bem mais competente em uma musica sua chamada Mind Games.  Nos versos dessa musica ele nos diz acreditar que podemos ser guerrilheiros espirituais ( ou mentais ).

" Empurrando barreiras, plantando sementes, cantando o mantra "paz na terra", fazendo guerrilhas espirituais."

" Milhões de guerrilheiros mentais colocando a força de suas almas na roda carmica" !

Pensemos nisso, fiquem em paz.

Jonas



We're playing those mind games together,

Pushing barriers, planting seeds,
Playing the mind guerilla,
Chanting the Mantra peace on earth,

We all been playing mind games forever,

Some kinda druid dudes lifting the veil.
Doing the mind guerilla,
Some call it the search for the grail,
Love is the answer and you know that for sure,
Love is flower you got to let it, you got to let it grow,

So keep on playing those mind games together,

Faith in the future outta the now,
You just can't beat on those mind guerillas,
Absolute elsewhere in the stones of your mind,

Yeah we're playing those mind games forever,

Projecting our images in space and in time,
Yes is the answer and you know that for sure,
Yes is the surrender you got to let it, you got to let it go,

So keep on playing those mind games together,

Doing the ritual dance inn the sun,
Millions of mind guerrillas,
Putting their soul power to the karmic wheel,

Keep on playing those mind games forever,

Raising the spirit of peace and love, not war,
(I want you to make love, not war, I know you've heard it before)

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Globo combate os portugueses e se esquece do Google

Xerocado do Conversa Afiada


Saiu no Estadão, pág. A7, reportagem que, por incrível que pareça,  guarda notável parentesco com as ideias do Senador Evandro Guimarães, representante biônico e vitalício da Globo em Brasília.

Trata-se de “Câmara discute capital estrangeiro na mídia”.

O deputado Eduardo Gomes do PSDB de Tocantins e o senador eleito e ex-ministro das Comunicações (êpa !) Eunício de Oliveira, do PMDB do Ceará,  propõem aquilo que, por coincidência, o Senador Evandro também seria capaz de propor.

O deputado Gomes quer perseguir o grupo Ongoing, dos jornais O Dia, do Rio, e Brasil Econômico, porque a proprietária é casada com um português.

O grupo é de origem portuguesa e está ligado à Portugal Telecom e ao banco Espírito Santo.

O grupo vendeu a Vivo, está de caixa alta e, como todo bom empresário português, quer vir para o Brasil.

Os bons empresários portugueses fogem hoje de Portugal como D João VI fugiu de Napoleão.

E os dois supra-citados parlamentares brasileiros querem impedir a Abertura dos Portos do Visconde de Cayru.

Eles dois, o Senador Evandro e a Globo, ora pois.

O grupo Ongoing é candidato natural a comprar o SBT.

Clique aqui para ler “O Silvio obrigou a Dilma a fazer a Ley de Medios”.

O senador eleito, e ex-ministro das Comunicações (êpa !), quer perseguir o portal Terra, da espanhola Telefônica.

Ou seja, os dois nobres parlamentares – será que eles conhecem o Senador Evandro, por acaso ? – querem legislar sobre a Constituição e mexer, parcialmente, num dos artigos: o artigo 222, que trata da preferência a profissionais  brasileiros nos meios de comunicação.

A Globo, ao nascer, era do Grupo americano Time-Life e, na época, defendia ardorosamente a colaboração com o capital americano (e a Embaixada americana).

Como se sabe, o Congresso brasileiro até hoje, não regulamentou três artigos da Constituição de 1988 que tratam da Comunicação.

O 220 – sobre o direito de resposta; o 221, sobre a regionalização e a programação das redes; e este bendito 222.

O professsor emérito Fabio Comparato entrou no Supremo com uma Ação Direto de Inconstitucionalidade por Omissão, para que o Congresso, finalmente, se mexa e legisle (contra o PiG e a Globo).

O senador Oliveira e o deputado Gomes – talvez, quem sabe ?, eles conheçam, assim, de vista, o Senador Evandro – os dois querem legislar sobre um pedaço do 222.

E como se eles retalhassem o Comparato.

Ignorassem o “Compa”, ignorassem o “ra” e quisessem tratar do “to”.

Mas, no “to”, no artigo 222, só mexer para atormentar os portugueses da Ongoing e os espanhóis do Terra.

Os portugueses da Portugal Telecom controlam o IG e fatia suculenta do UOL.

Sobre isso, o deputado e o senador eleito – vai ver que, um dia, tomaram cafèzinho com o Senador Evandro – sobre isso, os dois se calam.

Gibbon já demonstrou que uma das características da fase de decadência dos Impérios é combater o inimigo errado.

A Globo combate a Ongoing e o Terra.

É que a Globo ainda não soube da existência de dois garotos das Arábias que inventaram um troço chamado Google.

Os filhos do Roberto Marinho – êles não têm nome próprio – provavelmente preferem navegar de barco e, não, na internet.

Por isso, ignoram que “televisão com internet tem vídeo melhor e facilita leitura de noticias”, diz a Folha (*) na reportagem de Fernanda Ezabella, na pág. B8.

“Controle remoto da Google TV é como um teclado gorducho, que exige malabarismo dos dedos das duas mãos.”

Trata-se de um “um novo nicho de aplicativos exclusivos para TV”.

“Além de aplicativos para compra de conteúdo na web para ver TV, aparelho traz canais próprios”.

A propósito, o Google é dono do YouTube.

Ou seja, os dois parlamentares que, provavelmente conhecem o Senador Evandro pelo menos de nome, esses dois parlamentares lembram aqueles “luzias” e “saquaremas” do Império brasileiro que criavam expedientes para adiar a libertação dos escravos.

O trem-bala e o eixo Rio-Campinas

Xerocado do Escrivinhador


No próximo dia 29 – a 30 dias do fim do governo – deve ocorrer a maior licitação da Era Lula: 33 bilhões de reais é o preço mínimo da licitação do trem-bala entre Rio e São Paulo.

Eu disse entre Rio e São Paulo? Esse é um erro comum. Mas a verdade é outra: no projeto do moderno trem, São Paulo é “apenas” passagem. O velho eixo Rio/SP já não dá conta da diversidade do Brasil. É simbólico que o traçado do novo trem seja Rio-Campinas, com paradas no Vale do Paraíba e na capital paulista.

Símbolo, eu diria, de um país que avança para o interior. Durante 4 séculos, incluindo os trezentos anos de colonização portuguesa, as principais cidades brasileiras ficavam – todas elas – na nossa imensa costa atlântica. Só no limiar do século XX é que o Brasil – já republicano – veria sua primeira metrópole longe (mas nem tão longe) do litoral: São Paulo. Depois, viriam Belo Horizonte e  – graças ao planejamento dos anos JK – Brasília. Durante a ditadura, nova metrópole longe do litoral: Manaus, cidade encravada no meio da Floresta Amazônica. Até hoje me surpreendo quando chego de avião à capital amazonense. É espantoso ver a dimensão daquela cidade (cheia de problemas, diga-se) que os brasileiros foram capazes de construir.
O traçado do trem-bala é o reconhecimento desse Brasil que caminha – a passos lentos, mas sem retorno - para o interior. O trem ajuda a estruturar e a ampliar esse eixo que já foi Rio-SP, mas hoje avançou cem quilômetros rumo ao interior paulista.

Um eixo que terá, numa das pontas, o atrativo do turismo carioca e da fortíssima indústria do petróleo (a restaurar, espera-se,  o vigor da economia fluminense). E, na outra ponta, o agronegócio, a indústria e os centros de inovação do interior paulista (Campinas, lembremos, é polo de conhecimento e inovação – com a  Unicamp).

Por fim, é bom não esquecer, o Vale do Paraíba, onde o trem deve parar, é sede da indústria de aviação brasileira (e também um território de inovação e conhecimento, com o ITA).

Simbólico que o trem passe por uma área que já foi tomada pelos cafezais no século XIX. Os morros valeparaibanos sem vegetação (a mata foi derrubada pra ceder lugar ao café) são testemunho daquela época. Sobraram os pastos e algumas belas fazendas – históricas – que vale a pena conhecer, tanto do lado fluminense como do lado paulista.

Dali partia o café que sustentou a República Velha e que forneceria os capitais para a incipiente industrialização paulista no entre-guerras do século XX. Agora, esse pode ser o eixo da nova economia do século XXI.

E a capital paulista? Virou passagem. Cidade de serviços (mais do que indústria) São Paulo vai mediar os contatos entre Rio e Campinas. São Paulo seguirá importante. Mas é simbólico – também – que o projeto do trem-bala Rio-Campinas seja obra de um governo (de Dilma) que deve ser o primeiro em 16 anos a afastar a centralidade paulista do poder.

Leio que esse ramal do trem-bala (que pode ser construído por coreanos – seriam os favoritos pra vencer a concorrência)   seria apenas o primeiro. Serviria, no futuro próximo, como espinha dorsal para outros trechos a unir Brasília e Belo Horizonte: uma poderosa rede ferroviária do século XXI.

Desde a liquidação da RFFSA, o transporte por trens no Brasil concentrou-se no setor de carga. A malha serve, basicamente, como escoadouro para exportações.

O trem-bala põe os brasileiros de volta nos trilhos. Dinheiro e incentivo públicos serão necessários – reclamam os puristas da iniciativa privada. Ah, é? E qual foi o projeto importante no Brasil que prescindiu da mão forte do Estado?

Sem a indução estatal, não haveria indústria pesada, não haveria Petrobrás, não haveria Brasília, Manaus.
O trem-bala pode ser a marca de um Brasil que avance para o interior não apenas pra abrir novas fronteiras agrícolas a serviço do agronegócio exportador. Não. Pode ser o eixo de um novo ciclo de desenvolvimento onde caiba inovação, tecnologia, serviços, indústria de ponta. Tudo isso com mais Educação, e salários melhores.

O Brasil não deve se contentar com o papel de “fazenda” a alimentar europeus e chineses. Sem abrir mão da riqueza agrícola, é possível construir agora um país múltiplo: com petróleo, etanol, ferro, carros, navios, aviões, chips e computadores.

Pela primeira vez, desde que me entendo por gente, olho pra frente e não vejo “crise” e “medo”. Mas esperança de um país melhor.

Partes do Nordeste, do Norte amazônico e do sul brasileiros podem (devem!) também criar seus polos de inovação.

Um desafio e tanto! E o mais interessante: é possível fazer tudo isso sem “Estado Novo”. Sem milicos nem “Brasil Grande”. Com democracia e liberdade.

Quem serve a quem na direita?


Xerocado do Blog da Cidadania


Você já se perguntou se é a mídia que serve à oposição de direita ou se é esta que serve àquela? Durante os últimos anos, como a mídia se dedicou a produzir factóides que servissem ao discurso oposicionista, prevaleceu a sensação de que Serra e sua turma a tinham nas mãos. Mas e se a for a mídia que usa os Serras, Alckmins e FHCs da vida?

Pensemos juntos. Por que a mídia bilionária serviria a um grupo político que dela depende para sobreviver? Todos viram o estrago que algumas míseras denúncias que saíram na mídia durante o processo eleitoral – quando esta deu a fatura por liquidada em favor de Dilma – fizeram na candidatura tucana à Presidência.

Ao contrário do grupo político lulo-petista, o grupo demo-tucano demonstrou não ter a menor resistência à investigação e ao questionamento de uma só das dezenas de denúncias não divulgadas que pesam contra os partidos de direita. Sem o apoio da mídia, PSDB, DEM e PPS talvez nem sobrevivessem a estas eleições.

A mídia parece ter um poder de barganha com os partidos de direita que os deixa muito distantes de poderem se servir dela. É mais provável, por esta linha de pensamento, que as famílias midiáticas é que escolham políticos que julguem com “potencial” para lograrem vitórias políticas, as quais serão usadas para atenderem a demandas de classe social.

Ou seja, a mídia tampouco é general de nada. No máximo, é tenente a serviço de um setor muito pequeno da sociedade que, através de empresários de comunicação, vinha conseguindo fazer com que os seus interesses nada representativos parecessem os interesses de todos.

Tal poder, porém, começou a minguar. Da virada do milênio para cá, essa mídia passou a perder doses maciças desse poder de eleger e/ou de derrubar políticos.

Note-se que a ida da eleição presidencial para o segundo turno mais uma vez – depois de ter sido logrado o mesmo em 2006 – evitou que os meios de comunicação se tornassem atores irrelevantes ou de somenos importância em processos eleitorais futuros.

Todavia, não se pode esquecer de que a direita brasileira perdeu a terceira eleição presidencial consecutiva apesar de todo o aparato de comunicação de que dispõe. É importantíssimo notar que uma consistente maioria do eleitorado brasileiro disse um enorme não aos factóides tucano-midiáticos, aos seus propagadores e ao candidato deles.

Não vamos nos esquecer de que quem ficou ao lado de Dilma e de Lula mesmo com a avalanche de denúncias que se viu, certamente acredita que os adversários deles – tanto na mídia quanto na classe política – mentiram.

O fato é que se esta linha de pensamento estiver certa, a cadeia de comando correta é elite branca, mídia e, por último, os partidos que se dispõem a representar os interesses de um estrato social extremamente rico e diminuto que põe à disposição dos seus soldados políticos um aparato de propaganda bilionário.

FBI lança o movimento “Pela Libertação dos Presos Políticos de Guantânamo”

Xerocado do Blog Festival de Besteiras da Imprensa

                                  O perigoso terrorista que foi absolvido em 285 acusações!

Matéria do G1 diz o seguinte:

“Uma corte americana considerou culpado, esta quarta-feira (17), Ahmed Ghailani, de uma das 286 acusações que pesavam contra ele após os atentados a bomba a duas embaixadas dos Estados Unidos, pondo fim ao primeiro julgamento civil de um ex-preso de Guantánamo.
O acusado, um tanzaniano de 36 anos, foi inocentado de mais de duas centenas de crimes, entre os quais o de conspirar com a Al-Qaeda para matar cidadãos americanos nos ataques contra as embaixadas da Tanzânia e do Quênia, em 1998, nos quais morreram 224 pessoas.
No entanto, o júri, que deliberou pelo quinto dia após um julgamento que durou quatro semanas, o considerou culpado de conspirar para destruir propriedade dos Estados Unidos.”
***

Até agora não vi nenhum movimento pela libertação dos presos de Guantânamo, enquanto não faltam movimento para libertação dos presos políticos em Cuba.

Guantânamo, para quem não sabe, está em Cuba e é área de domínio dos EUA.

O negão (foto) foi absolvido de 285 acusações que fizeram contra ele. Mas teve uma que foi suficiente para mostrar que ele, de fato, não é “gente boa”.

Considerando tudo isso, este modesto blog lança o movimento “Pela libertação dos presos políciso em Guantânamo“!

Tá lançado e aceitam-se adesões…

Charge on Line do Bessinha

Xerocado do blog Brasil, mostra a tua cara!.





Nossos erros de linguagem

Me identifiquei muito com alguns dos exemplos citados nesse video. E vejam só: eu tenho "certeza absoluta" que vocês vão gostar.

Veja e suas capas eleitorais - 1994/2010




Vez por outra sinto-me inclinado a observar como a história do Brasil é contada através do cotejo de capas e manchetes dos principais jornais e revistas do país em momentos singulares de nossa história política e social. Há algum tempo nutri a curiosidade de saber como Veja – a revista semanal de informação com maior circulação no país – produziu suas capas nas duas últimas semanas dos pleitos presidenciais de 1994, 1998, 2006 e este mais recente de 2010.

A edição de Veja n° 1389, de 28/9/1994, trazia um macaco na capa e a manchete “O elo perdido” e o educativo subtítulo “pesquisadores descobrem na África o ancestral do homem mais próximo dos macacos”. O sucesso do Plano Real era de tal magnitude que a revista se abstinha de tratar do assunto mais impactante (e palpitante!) do ano, do mês e da quinzena: a eleição presidencial. Mas, faltando apenas uma semana para o dia da eleição, a revista da Abril não conseguiu controlar sua ansiedade e resolveu transformar em panfleto sua última edição antes de os votos serem lançados na urna. É emblemática a capa da Veja (1360, de 5/10/1994) trazendo a ilustração de uma mão colocando o voto em uma urna e a manchete “O que o eleitor quer: Ordem, Continuidade e Prudência – O que o eleitor não quer: Salvador da Pátria, Pacotes e Escândalos”.

Todo o palavreado poderia ser descrito em apenas nove letras: Vote em FHC.

Quatro anos depois, novo pleito presidencial. A grande novidade dessas eleições – e também o maior escândalo político-financeiro do ano – foi a introdução na política brasileira do instituto da reeleição. A penúltima capa de Veja antes das eleições (1566, de 30/9/1998) trazia a imagem de um executivo engravatado e com a cabeça de madeira. Ou sejam, óleo de peroba é bom quando é para lustrar a cara-de-pau dos outros. A manchete colocava todos os políticos no mesmo balaio de gatos: “Por que o Brasil desconfia dos políticos” e o subtítulo “Os melhores e os piores deputados e senadores às vésperas das eleições”. Desnecessário dizer qual o critério de valoração utilizado pela revista. Se a capa anterior tratava de fincar o prego, na semana das eleições a revista tratava de lhe entortar a ponta.

E assim, sem qualquer melindre, sem ninguém para lhe chamar de governista ou para denunciar seu jornalismo como típico daquele produzido em comitê de campanha, a capa de Veja (1567, de 7/10/1998) trazia a foto de um sorridente Fernando Henrique Cardoso, fazendo o sinal de positivo com o polegar e a manchete “Agora é guerra”. Dificilmente uma imagem contraria tanto a mensagem escrita quanto esta. É que ninguém vai para a guerra sorrindo de orelha a orelha e cheio de otimismo. Mas foi essa a imagem escolhida pelo carro-chefe das revistas da Abril. A opção preferencial da revista ficava bem em alto relevo nos subtítulos: “O desafio de FHC reeleito é impedir que a crise afunde o Brasil do Real – A mexida secreta na Previdência – As outras medidas que vêm por aí – Em maio ele pensou em desistir da reeleição”. Bem no estilo Jean-Paul Sartre para quem “o inferno são os outros”, Veja acenava com o paraíso a ser conquistado com a reeleição de seu presidente e carregava na cores do medo ao pintar um cenário em que o Plano Real afundaria e com este o país como um todo.

Nada como a constatação do filósofo contemporâneo Cazuza (1958-1990) de que realmente “o tempo não para”. Novo pleito presidencial. Estamos em 2002. Na semana em que se realizaria o primeiro turno a capa de Veja (1773, de 16/10/2002) trazia fotomontagem de dinossauros com cabeças de políticos simbolizando Quércia, Newton Cardoso, Brizola, Collor e Maluf. A manchete foi “O parque dos dinossauros” e uma tabuleta com o subtítulo “Estas espécies foram tiradas de circulação”. Como aprendiz de clarividente a revista não foi aprovada como os anos seguintes iriam mostrar: Quércia sempre manteve seu poder político em São Paulo (e em 2010 estava em vias de se eleger senador caso não tivesse enfrentado grave problema de saúde na reta final da campanha); Newton Cardoso foi eleito Deputado Federal em 2010; Brizola morreu; Collor foi absolvido pela Supremo Tribunal Federal dos vários episódios que culminaram com seu impeachment em 1992 e em 2006 foi eleito senador por Alagoas; Paulo Maluf foi eleito Deputado Federal em 2006 com a maior votação proporcional do país e reeleito em 2010 com a terceira maior votação de São Paulo.

Na semana em que se realizou o segundo turno para presidente da República em 2002, a capa da revista Veja (1774, de 23/10/2002) trazia ilustração e fotomontagem de cachorro na coleira com três cabeças – Marx, Trotsky e Lênin. A manchete: “O que querem os radicais do PT?”. Na lateral superior esquerda o alerta “Brasil – o risco de um calote na dívida”. Como subtítulo: “Entre os petistas, 30% são de alas revolucionárias. Ficaram silenciosos durante a campanha. Se Lula ganhar, vão cobrar a fatura. O PT diz que não paga”. Ainda assim, é comum que a revista se apresente ao país como revista independente, sem qualquer vínculo político-partidário, plural etc., etc., etc.

Chega 2006 e com ele mais um pleito presidencial. Deixemos de lado as capas nas duas semanas dos primeiro turno. A capa de Veja (1979, de 25/10/2006) trazia a foto (um tanto assustado) do filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e como a lhe fazer sombra a imagem em tons fantasmagórica do pai presidente. A manchete: “O ´Ronaldinho´ de Lula” e o subtítulo “O presidente comparou o filho empresário ao craque de futebol. Mas os dons fenomenais de Fábio Luís, o Lulinha, só apareceram depois que o pai chegou ao Planalto”. As matérias internas eram compostos de livres exercícios de desconstrução da imagem do presidente candidato à reeleição.

Tudo o que podia existir de errado no país ao longo dos últimos quatro anos era creditado na conta de Luiz Inácio Lula da Silva. E o que, porventura, dera certo, estava creditado na conta de seu antecessor Fernando Henrique Cardoso, agora representado pelo candidato tucano Geraldo Alckmin. Este raciocínio, compartilhado não apenas pela revista da Abril, -- mas também pelos principais jornais e emissoras de rádio e tevê do país -- continua vigente até este ano da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo. Na semana das eleições a capa de Veja (1980, de 01/11/2006) trazia duas cabeças de perfil – Alckmin e Lula, olhando em direções opostas. A manchete “Dois Brasis depois do voto?” Mais o subtítulo alarmista: “Os desafios do presidente eleito para unir um país dividido e fazer o Brasil funcionar”.

Parece que o baú de Veja não guarda truques novos. Apostar no medo, no pânico da população está sempre ao alcance de suas mãos. Também soa extemporâneo declarar o óbvio sobre quem “dividiu o país” e quem “fará o país funcionar”. Isso fica claro nas reportagens internas dessa edição.

Mudemos agora um pouco o padrão de análise a que me incumbi. Em relação ao pleito recém-concluído optei por destacar quatro capas de Veja, em sequência. Elas dizem à larga como a revista tomou partido ao longo dos últimos anos, como explicitou suas preferências partidárias e como encontrou fôlego para manter o discurso que é ‘politicamente independente e sem nenhum compromisso, a não ser perante ela própria e os seus leitores, e que não se identifica com nenhum partido ou grupo social’.

– Veja n° 2181, de 8/9/2010 trazia na capa a ilustração em primeiro plano de um polvo se enroscando no brasão da República. A aterrorizante imagem é realçada pelo fundo negro contra o qual é inserida a medonha ilustração. A manchete “O partido do polvo” e o subtítulo “A quebra de sigilo fiscal de filha de José Serra, é sintoma do avanço tentacular de interesses partidários e ideológicos sobre o estado brasileiro”. A revista pode até ter pudores de não dizer na capa quem é o seu candidato à presidência do Brasil mas não guarda nenhum pudor em satanizar quem, definitivamente, não merece seu respaldo.

– Veja n° 2182, de 15/9/2010 repetia na capa a mesma ilustração sendo que agora o polvo enrosca seus tentáculos em maços de dinheiro. Mudou o pano de fundo que agora é avermelhado. Manchete “Exclusivo – O polvo no poder”. Subtítulo “Empresário conta como obteve contratos de 84 milhões de reais no governo graças à intermediação do filho de Erenice Guerra, ministra-chefe da Casa Civil, que foi o braço direito de Dilma Rousseff”.

– Veja n° 2183, de 22/9/2010 tem novamente na capa o famoso molusco marinho da classe Cephalopoda lançando gigantescos tentáculos dentro do espelho d´água do Palácio do Planalto. Alguns tentáculos já se enroscando nas colunas projetadas por Oscar Niemeyer. A manchete: “A alegria do polvo”, um balão daqueles de revista em quadrinhos e delimitado por raios abarcava a interjeição “Caraca! Que dinheiro é esse?”. Ao lado longo texto explicativo sobre o autor da espantada locução: “Vinícius Castro, ex-funcionário da Casa Civil, ao abrir uma gaveta cheia de pacotes de dinheiro, na reação mais extraordinária do escândalo que derrubou Erenice Guerra”.

– Veja n° 2184, de 29/9/2010 mostra que os dias de celebridade do predador octopoda haviam terminado. Agora a capa reproduz página da Constituição Federal, onde se podia ler excertos do Art. 220 – Da Comunicação Social. Até aí nada demais. O que chama a atenção é uma estrela vermelha apunhalando a página. Coisa de ninja assassino lançando sua mais letal arma. Manchete: “A liberdade sob ataque”. Subtítulo: “A revelação de evidências irrefutáveis de corrupção no Palácio do Planalto renova no presidente Lula e no seu partido o ódio à imprensa livre”. Para uma revista que tanto preza a Constituição do Brasil resta lamenta a falta que fez nessa edição uma boa reportagem sobre a regulamentação dos cinco artigos constitucionais dedicados à Comunicação Social. Especialmente aquele de número 224. Sim, este mesmo!, o que inicia com estas palavras: “Para os efeitos do disposto neste capítulo, o Congresso Nacional instituirá, como órgão auxiliar, o Conselho de Comunicação Social, na forma da lei.”

A grande imprensa brasileira parece usar dicionário bem diferente daquele usado por cerca de 200 milhões de brasileiros. Palavras como isenção, apartidarismo, independência editorial, adesão à pluralidade de pensamento, parecem completamente divorciadas de seu significado real, aquele mais comezinho, aquele que figura logo no início de cada verbete. E quanto mais parte considerável da imprensa mais vistosa – essa que tem maior circulação, maior carteira de assinantes, maior audiência etc. - afirma ser uma coisa mais demonstra ser exatamente o seu bem acabado oposto. O fenômeno parece com crise de identidade tardia, constante e renitente. Quer ser algo que não é. E a todo custo. Custo que inclui credibilidade, responsabilidade.

E não é por outro motivo que ao longo do mês de setembro de 2010 pululavam no microblog twitter mensagens como esta de 16/9/2010 dizendo o seguinte: “Faltam 18 dias, 2 capas de Veja e 2 manchetes de domingo da Folha para as eleições em que o povo brasileiro mostrará sua força política.”

Pelo jeito como a realidade deu conta de dar seu recado os efeitos das capas foram absolutamente inócuas junto à população. Se eram destinadas a produzir um efeito X, terminaram por produzir um efeito Y. Tanto em 2002 quanto em 2006 e há poucas semanas, também em 2010. Talvez tenha chegado o momento de voltar a dedicar suas capas à busca do elo perdido, aquele que deve nos ligar indissoluvelmente ao macaco ou então direcionar suas energias para encontrar algo mais nobre como o Cálice Sagrado, o Santo Graal. Outra opção poderia ser investir na localização de lugares como Avalon nas cercanias das Ilhas Britânicas. Mas como Veja tem mostrado pendores para eternizar seres marinhos talvez tenha mais proveito se buscar vestígios da Atlântida. Uma pista: boas indicações foram deixadas por Platão (428 a.C. – 348 a.C.) em suas célebres obras "Timeu ou a Natureza" e "Crítias ou a Atlântida".