segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Mainardi, Eduardo Guimarães e A Onda

Três informações que chegaram até mim neste fim de semana me puseram a pensar sobre a possibilidade bem real de transformarmos nosso Brasil em uma ditadura, de novo.

Duas das informações são de blogueiros - se assim eu os posso chamar - colocados cada um de um lado da politica brasileira.

Um é  Diogo Mainardi que na minha opinião é a pessoa que inventou o ódio entre militantes políticos em razão da sua condenável pratica de sempre acusar de maneira grosseira e até com palavrões as instituições politicas brasileiras - qualquer uma ocupada por um petista - preservando sempre aquelas ocupadas pelo tucanato.

A outra informação vem de Eduardo Guimarães, jornalista, defensor aguerrido dos governos petistas mas nem de longe, é bom que se diga, um disseminador de ódios virulentos e escalafobéticos. Haja vista que são cancelados - apagados - comentários de leitores com linguagem impropria para crianças.

Eduardo Guimarães em seu Blog da Cidadania publicou um texto chamado A Menina Que Roubou o Ódio. Tudo começou com um outro texto do mesmo Eduardo em que, dada a doença rara e de cura muito difícil que acometeu sua filha, ele convida os seus leitores que opinem sobre decisões relativas a saúde da menina que ele, Eduardo, deve tomar.

E Eduardo, neste texto linkado, comenta sua satisfação ao ver que ali no espaço de seu blog, quase sempre ocupado pelos debates algumas vezes raivosos entre tucanos e petistas percebeu que, em razão da situação muito especial de sua filha, todos convergiram para comentários de solidariedade e alguma espécie de ajuda ou mesmo soluções para o caso. Se pode notar que afinal são todos seres humanos apenas.

Já sobre Mainardi foi no site BR 247 que encontrei a noticia dada por Mario Sabino a respeito do romance do ex colunista da Veja de nome "“A Queda – as memórias de um pai em 424 passos” livro cujo tema é a doença do filho de Mainardi, cuja intensidade e gravidade o fez perceber - ele Mainardi - o quanto a vida é frágil segundo  palavras dele mesmo "Em meus romances, eu era o narrador onisciente, que comandava o destino de um bando de personagens idiotas. Depois de Tito, eu me tornei o personagem idiota, e meu destino passou a ser narrado por um menininho de pernas tortas que nem sabia falar." 

E por fim, foi assistindo ao filme A Onda - leiam uma profunda e completa analise sobre esta obra aqui - que acabei por pensar um tantinho mais do que eu normalmente penso sobre o que está acontecendo com o debate politico no nosso Brasil, debate que, se é que existe, e em especial entre os militantes políticos anônimos, anda parecendo mais uma guerra.

O nível da violência verbal entre os comentaristas de blogs, ou manifestantes nas ruas, já passou dos limites do aceitável. Tanto tucanos como petistas em muitos momentos deixam florescer seus lados preconceituosos e gravemente excludentes apenas para defender o lado politico em que acreditam, sem no entanto entrarem no debate da politica tal como ela deve ser. Podemos ler quase todos os dias em blogues e sites que publicam comentários de seus leitores um verdadeiro campeonato de calunias e palavrões, ataques a honra e a dignidade de quem quer que seja, tudo sob o manto de um ódio inexplicável. Tudo devidamente alimentado noite e dia por jornalistas e cronistas radicais.

Este filme, A Onda, faz um alerta bastante preocupante sobre no que podem resultar essas atitudes radicalmente classistas.

Há um lado negro neste aparente e desejável exercício da democracia baseado em liberdade de expressão e de escolha. Tudo que é tomado em excesso, mesmo remédios, tem o efeito inverso. O uso que estamos fazendo daqueles dois bens tão caros para a humanidade estão pondo em risco justamente esses pilares tão necessários para uma convivência humana pacifica e ordeira.

O repudio automatico ao contraditorio; a repetição exaustiva de chavões, apelidos e ironias; o maniqueísmo sempre presente nos julgamentos apressados; esta estranha, porem confortável, sensação de pertença a uma das partes; a exaltação dos acertos daqueles que estão do mesmo lado e a relativização dos acertos daqueles que estão do outro lado; podem eliminar lentamente a capacidade que cada um tem de escolher por sí mesmo; sem medo de ser feliz, oops! falei.

PS Faço a importantissima ressalva que não estou generalizando, é claro. De ambos os lados tem muita gente sensata querendo de verdade fazer evoluir para o bem a prática da politica no Brasil.