domingo, 27 de fevereiro de 2011

Fui eu que fiz!

Com os pés enfiados nas areias do litoral de Alagoas e Pernambuco fotografei guarda sóis.


E resolvi dividir as fotos com vocês.

E se as fotos não estiverem lá essas coisas, a música eu garanto que está.

Good Day Sunshine com um piano ao estilo dos anos 30, faz parte do Album Revolver dos Beatles. Esse album marca a fase do inicio dos experimentos musicais dos genios.

Fiquem em paz

Jonas

Músicas para o domingo 240211





















THE BEATLES: Eleanor Rigby é um dos standards de Paul. O tema central da letra é a solidão cuja imagem principal é uma igreja. Diz-se que Paul teria se inspirado na famosa e polemica declaração de John: " O cristianismo vai acabar. Vai encolher e sumir. Não preciso discutir esse assunto. Eu estou certo disso e o tempo vai provar. Somo mais populares que Jesus hoje em dia. Eu não sei quem será esquecido primeiro: o rock´n´roll ou o cristianismo."


sábado, 26 de fevereiro de 2011

Todos nós desafinamos.

Only A Northern Song, faz parte da trilha sonora do filme Yellow Submarine um desenho animado com os Beatles, musica composta por George Harrison, em cuja letra ele demonstra insatisfação com aquela que na época detinha os direitos autorais dos moços, a Northern Songs Ltda.

É uma música desafinada. Muito desafinada.Tanto que uma parte da letra diz o seguinte: 

"se você estiver ouvindo essa música, você talvez pense que os acordes estão errados. Mas não estão! Eu apenas a escrevi assim!"

E ao ouvir essa musica  tão desafinada e ao mesmo tempo justificada pela letra que confessa ser assim de maneira proposital, me ponho a pensar em quantas vezes cada um de nós parece destoar da harmonia que todos julgam ser a mais agradável aos ouvidos, a mais correta.

Penso que na vida assim como nessa música em muitos momentos saimos dos acordes, esquecemos a harmonia, mas temos os nossos motivos. Mesmo parecendo em desacordo com tudo o mais,  por mais desafinados que sejamos, temos os nossos motivos.

É exatamente isso que esse geniais músicos nos propõem: que ouçamos sempre, que tenhamos paciencia, pois nem sempre a beleza das coisas apresenta-se da forma que esperamos. De cara pode parecer desagradável aos nosso ouvidos mas ao entender que existem motivos por trás disso, então o som estridente, o aparente desencontro dos instrumentos, acaba sendo agradável e nos faz bem.

Ouçam a música. Relaxem e apenas ouçam a música. Deixem apenas que ela entre em seus ouvidos, e percebam que apesar da desafinação, ela não deixa de ser uma música e como tal pode ser bem agradável. (Especialmente a bateria do Ringo, rsrs)

Por último fica uma verdade: a vida, assim como uma escala músical, nem sempre é harmonica, mas se dermos umas duas ou tres chances a ela, ela pode ser bem bonita.

E não tenha medo se a canção que voce faz de sua vida, as vezes fica parecendo um tanto desafinada. A sua volta pode ter uma porção de gente gostando de ouvi-la!

Fiquem em paz.

Jonas

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Mocinhos e bandidos

Talvez não tenha sobrado nenhum adjetivo de indignação ainda por ser dito a respeito da noticia de uma ex-policial civil que foi revistada por um grupo de também policiais civis que, dentro das instalações da Policia Civil, atentaram contra a dignidade e a honra da moça tirando-lhe as roupas com a desculpa esfarrapada do cumprimento do dever.

Esse ato soma-se às outras centenas que vemos acontecer rotineiramente, cometidos por ditas autoridades que deveriam dar exemplo de civismo, cidadania e respeito ao ser humano. Como é o caso, por exemplo, de dois policiais na semana passada na periferia de São Paulo que agrediram com muitos pontapés, cascudos e safanões um moço que pilotava uma moto e que não teria parado diante da solicitação dos policiais de que o fizesse. 

E ouvimos por aí vozes que se levantam a favor ou contra atitudes desse tipo sendo que as primeiras dizem que são necessárias atitudes rigorosas e punições exemplares em cima de quem desafia a lei e a ordem, e as segundas partem para o discurso humanitário de que todos merecem respeito, no que eu estou de pleno acordo.

Mas me surpreendo muitas vezes em perceber uma sutil variação de preferências e argumentos no meio dessas vozes. Há uma indisfarçável tendência ideológica nesse assunto que passa bem longe de uma genuína defesa da tolerância, da concórdia e da compreensão entre as pessoas. Os favoráveis às punições exemplares o são quando se trata de crimes comuns cometidos por integrantes das minorias e essas mesmas vozes são no mínimo passivas diante dos crimes menos visíveis e menos traumáticos fisicamente cometidos pelas classes, digamos assim, mais privilegiadas. E o contrário também é verdade. Aqueles de coloração dita humanitária reagem com indignação exacerbada diante de violências cometidas contra o mais fracos, mas extasiam-se em desancar, abominar, julgar, condenar e penalizar muitas vezes de maneira indecorosa, injusta e verbalmente violenta contra crimes cometidos pelas classes que chamamos de privilegiadas.

Existe um que de maniqueísmo permeando quase todas as manifestações que contenham viés de julgamento.

Peguemos o evento promovido pela Folha de São Paulo em comemoração ao seu aniversário de fundação essa semana e que teve a presença da nossa Presidente Dilma. 

Houve um pandemônio nas hostes dos eleitores de Dilma. A maioria condenou o gesto dizendo que onde já se viu, ir até a casa daqueles que até ontem levantaram calunias e difamações contra ela. Teve gente que fez questão de analisar o discurso que ela fez, dissecando-o palavra por palavra traduzindo algumas como recados dados aos seus detratores e outras como sendo sinal de submissão. Teve até o uso da expressão "tapa com luva de pelica". O que se lê nas entrelinhas desse tipo de discurso é uma espécie de decepção por Dilma não jogar duro com " essa gente", não processá-los, não derramar sangue. E que Dilma não deveria ter dado tapa com luva de pelica, mas sim de boxe.

Preocupa-me imaginar qual seria o comportamento de muitas pessoas se a elas fosse dado algum poder sobre os indivíduos tal e qual têm a policia,  os juízes e o presidente da republica.

Dilma foi corretíssima. Não em seu discurso - que de resto foi igual a todos os discursos em ocasiões como aquela -, mas em seu gesto que para mim significou a afirmação de que ela compreende a magnitude de seu cargo no sentido de que nele ela pode e deve fortalecer o diálogo, a compreensão e a tolerância.

Revanchismos, demonstrações de força, truculência, julgamentos precipitados, só pioram as coisas. Atitudes belicosas e beligerantes servem apenas para provocar a força contrária, e podem por a perder um projeto importante de construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

O policial que bate no infrator e o humilha só faz provocá-lo para que na primeira oportunidade ele faça o mesmo com o primeiro que encontrar pela frente.  Os comandantes de qualquer grupo, desde a sociedade amigos do bairro, da sindicância do prédio em que moram, até o presidente da republica devem dar exemplos de cordialidade, disposição para o diálogo e do perdão.

Um dia haveremos de aprender que existem mais força em nossas palavras gentis, abraços e perdão no que na potencia de cem bombas de mil megatons cada uma.

E tenho saudade dos tempos dos filmes de mocinho e bandido que eu assistia nas matines lá no Cine Guanabara, na paulistana e periférica Vila Formosa, filmes que, embora tivessem sempre um monótono e previsível final em que os mocinhos venciam  os bandidos era certo que eles venciam sem violência e com justiça. E junto com eles venciam também, meus melhores sentimentos.

Fiquem em paz,

Jonas


terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A Banda do Sargento Jotagebece e o Clube dos Tuiteros Solitários.

Os antropólogos podem falar sobre isso muito melhor que eu, mas sei que todos os animais, entre eles  nós  humanos, precisam viver em grupos. E fico imaginando que quando ainda rabiscávamos as paredes das cavernas e sequer imaginávamos que um dia existiria o microondas já fazíamos questão de viver com alguém, provavelmente com nossos  parentes. Depois ampliamos o grupo para fora da caverna e inventamos os vizinhos, as tribos, depois a vilas, as cidades, os países e finalmente os impérios. 

E aqui estamos nós, nos dias de hoje, vivendo em um sem fim de grupos. Muitos semelhantes aos dos nossos antepassados, porém agora acrescidos de Associações, Ordens, Conselhos, Sindicatos, Organizações Mundiais e até Máfias. Todos, supostamente, abrigando pessoas com os mesmos interesses e atividades.

E nessa onda, ao mesmo tempo em que desenvolvemos o senso de solidariedade e fraternidade, também fizemos o contrário: aprendemos a avaliar e classificar os outros levando em conta os grupos a que pertencem. E vai dai que eu imagino que foi assim que fizemos nossos primeiros inimigos e inventamos a guerra. Mas passou o tempo e alguém deve ter descoberto que guerrear dava muito trabalho, sangrava e doía, então surgiu a tolerância. Deve ter sido assim que surgiram as assembléias, as mesas redondas, os atuais fóruns, e outros que tais. Mas não foi tão bom assim. Pois continuamos com nossa equivocada tendência de privilegiarmos e nos juntarmos apenas aos nossos iguais e repudiar os desiguais. E então se inventou outra guerra que é a do preconceito, da discriminação, do isolamento.

A ordem vigente é: ou você participa de alguma associação, nem que seja a do clubinho da esquina, ou você tem uma dificuldade danada de ter voz e vez na construção das coisas a sua volta. Sem ter carteirinha de alguma coisa você está exposto a toda espécie de exclusões. É sério. 

Os ventos da internet são um tantinho benfazejos e parecem soprar a favor dos milhões de anônimos que querem mandar seu recado. Mas cuidemos, pois eis que aqui também nesse espaço supostamente incolor, inodoro e insípido no que diz respeito as cores ideológicas, religiosas e futebolísticas, parece que já tem uns e outros famintos de montarem seus grupos, suas comunidades, e através deles discriminar, excluir e calar. 

Da mesma forma que as mídias tradicionais inventaram que "a arte imita a vida" para justificarem atitudes nem sempre semeadoras da concórdia e da solidariedade, vemos agora uma parcela da população cibernética querendo criar algo como o " virtual imita o real", perdendo assim uma enorme oportunidade de acabar definitivamente com todas as barreiras, fronteiras, gavetas e escaninhos que só fazem segregar.

E tem os Beatles e suas músicas. Que, no que diz respeito a mim, não param nunca de embalar meus pensamentos e muitas das vezes me fazem  perguntas que tenho receio de responder. É o caso de Nowhere Man, que descreve um homem solitário meio perdido em seus projetos, talvez sem ninguém para apoia-los. E os quatro cabeludos de Liverpool perguntam: ele não é um pouco parecido com você e eu?

Fiquem em paz

Jonas

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Música não serve pra isso.



Desconfio que na usina da criatividade humana a maior e mais fértil produção é a música. Há quem diga que algumas composições músicais foram encontradas na Siria datadas do ano 1.400 AC (!).  Dêem só uma olhada aqui nesse sitio que apresenta a execução de uma das tais músicas e aproveitem e leiam as muitas informações que acompanham o video.

E eu desconfio também que a área do cérebro humano com maior espaço de armazenamento de dados é a área da música. Não sei não mas é bem provável que umas boas centenas de músicas possam ser arquivadas na nossa lembrança. Não deve existir nenhum outro item da produção do homem que seja tão lembrado quanto a música.

E música é bom pra tudo. Alegrar, motivar, apaixonar, chorar, rir, pular, agrupar, unir, lembrar, contemplar, dormir, trabalhar, viajar, confraternizar, a musica é, enfim, um componente importante, quem sabe indispensável, para a harmonia da vida, para a convivencia em grupos e para o amadurecimento intelectual de todos os individuos.

E de toda a história da humanidade, o momento atual parece ser o mais propicio e abundante para criação e audição musical. Nunca antes no mundo todo se ouviu tanta música. A proliferação e popularização dos tocadores portateis de música, a televisão, a internet, CDs, DVDs, BlueRays e tudo o mais ajudam cada vez mais aproximar o ser humano da música. É admiravel, também, o número cada vez maior de pessoas presentes nos mega shows musicais, verdadeiras multidões. E os Beatles já ultrapassaram a estupenda marca de mais de um bilhão de discos vendidos, isso equivale dizer que um em cada seis dos habitantes do planeta já ouviu uma música beatle.

Mas falar sobre as qualidades da música é discorrer sobre uma cansativa lista de obviedades e não é esse meu propósito.

Eu tenho mesmo é uma pergunta para fazer para os sujeitos que transformam seus carros em discotecas ambulantes, alguns deles equivalentes a trios elétricos, que gastam uma pequena fortuna em parafernália eletronica para maltratar meus ouvidos tocando suas musicas - de gosto duvidoso diga-se de passagem - num volume próximo de causar surdez instantanea. Eu pergunto: musica serve pra isso?

Enquanto o mundo todo, desde os filósofos gregos, considera a música uma dádiva divina para os homens, esses caras conseguiram transformar a música em algo que desperta na gente os piores instintos. Dá um vontade ernorme de armar-se de lança-chamas, bazucas e congeneres para desligar a barulheira infernal que eles chamam de "som". E que não passa disto mesmo, de "som" ou, melhor dizendo, barulho. Pois a música só traz prazer se não machucar os timpanos que são, nesse caso, a porta de entrada de nossas almas.

Fiquem em paz

Jonas

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Musicas para o domingo 200211



















BEATLES: Sexy Sadie foi escrita por Lennon sobre o Maharish que durante a estada dos Beatles em seu centro de meditação na India, investiu de forma nada espiritual sobre mia Farraw, provando a Lennon que não era tudo que afirmava e aparentava ser. O titulo da musica seria: "Maharish, o que voce fez? Você fez todo mundo de besta." Mas foi aconselhado por George e acabou substituindo o nome do guru por Sexy Sadie, sem no entanto perder sua habitual acidez e mandar muito bem seu recado pro cara de pau.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Vivamos e deixemos viver.

Já tive oportunidade de dizer por aqui que sempre acreditei que a essencia da natureza humana é a mesma desde que o homem caminha sobre a terra. Digo essencia querendo dizer das emoções e sensações humanas. Sinto a mesma fome, o mesmo frio e o mesmo sono que o homem sempre sentiu. Sinto o mesmo amor e a mesma saudade que sentiam meus antepassados lá nas suas cavernas. Mudou apenas a forma de saciar a fome, aquecer-se do frio e repousar para dormir. Posso lidar com o amor e a saudade de formas diferentes, mas os impulsos são os mesmos.

Apesar de todo o avanço do conhecimento humano, apesar de todas as descobertas feitas pelo homem, nossa carne, nossos ossos, nossas fibras e nervos, que são o invólucro do nosso espirito ou que nome tenha aquilo que anima a nossa vida, tudo é feito da mesma matéria desde sempre.

No entanto a medida que avançamos no conhecimento e criamos novas condições de vida, a impressão que temos é que somos novos seres. Parece que tudo que sentiamos ontem não sentimos mais hoje.

Cada vez mais procuramos diferentes soluções técnicas para coisas do espirito, como se as coisas do espirito estivessem em constante mudança.

Uma das coisas que mais me chama atenção nos ultimos tempos é julgar como virtudes as diversas fases da vida, a infancia, a adolescencia e a velhice. O excessivo tratamento pontual das fases da vida passa a impressão que não se está falando de seres humanos  construidos ao longo do tempo, cuja construção aliás só termina no dia da morte. Lidamos com as crianças como se fossem perfeitas e acabadas. Do mesmo jeito com jovens e idosos. Não estou falando dos adultos. Pois esses é quem são os sabichões de tudo, e vivem enfiando o pé na jaca, inclusive eu mesmo.

Todo dia surgem novos conceitos técnicos para tratar de um adolescente como se a adolescencia fosse algo pontual na vida, que tem um começo e fim estanques e determinados no tempo, sem um antes e sem um depois, como se não fosse apenas uma passagem. 

Digo tudo isso por que hoje tomei conhecimento de que retomaram estudos sobre nosso sistema educacional que ao que me consta já mudou uma infinidade de vezes nos ultimos anos. O ponto central é sobre a reprovação ou não dos alunos nos primeiros anos escolares. E descobriram que a aprovação automatica em vigor nos dias de hoje não resolveu o problema da evasão escolar. Coisa que achavam que iria resolver quando implantaram o metodo atual. 

E ouvi todo tipo de argumentos muitos deles girando em torno dos efeitos emocionais na criança ao repetir de ano. Como se logo depois, ao longo de sua vida a criança, então adulta, não vá passar por todo tipo de vitórias e derrotas, e não vá viver a tal da meritocracia.

Não sei não, mas nessa história de evasão escolar o buraco é mais embaixo. Passa por condições economicas das familias, por experiencias domésticas vividas pelas crianças. Passa pelas instalações da escola, pelo material didático, pela preparo e dedicação de todos os profissionais envolvidos no ensino. Enfim é um emaranhado de assuntos que não podem ser disfarçados na mera "premiação" de um individuo apenas por ele ser uma criança.

Acho que está na hora de compreendermos que não existem soluções técnicas para o o que sentimos. A soluções técnicas devem caminhar no sentido, isso sim, de proporcionar a todos nós, vivermos nossas sensações, emoções e experiencias humanas em sua plenitude.

Decepcionar-se, frustrar-se, recomeçar do zero, são sensações e experiencias pelas quais todos nós passamos desde que nascemos, não há como evita-las. Deixemos que nossas crianças vivam isso, e apenas cuidemos para que seja um aprendizado benéfico. Tratemos apenas de ajuda-las a enfrentar tudo isso com dignidade.

E em mim, ao escrever sobre isso, vieram as inevitáveis comparações com o passado. E penso que nada melhor que a poesia para nos fazer lembrar de uma porção coisas boas, que acabaram sendo esquecidas no meio da tal da modernidade e das "soluções" que se sobrepõem em nossas vidas, dia após dia.

Fiquem em paz,

Jonas

Esse video foi uma dica da @wwwcristie

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

De quem é esse dinheiro?


Não é novidade para nenhum de nós que, quando tomamos conhecimento da biografia de ditadores em geral, ficamos sabendo que todos eles acumulam riquezas escandalosas, quase inimagináveis. No caso de Mubarak soubemos que ele acumulou ao longo de 30 anos nada mais nada menos que 70 bilhões (!!) de doláres. O que dá uma média de 639.269 dolares por dia, ou algo em torno de 1.060,60 dolares por cidadão egipcio ( censo de 1998). É um número tão escandaloso que dá até pra duvidar que seja verdade. Mas dez por cento disso também seria bem pornografico.

Sabemos que de honesto esse dinheiro não tem absolutamente nada. É fruto de ações contra a vida de muita gente. Itens como comida, moradia, saúde, segurança, educação e dignidade da população de um país inteiro está nessa montanha de dinheiro.

E onde está guardado esse dinheiro? Em bancos suiços. Que agora, e como não soubesse de nada durante trinta anos, o governo suiço anuncia que vai congelar os bens do ex (?) ditador.

Eu não entendo nada de economia e de finanças. Mas desconfio que esse dinheiro não existe materialmente, ou seja, ele não está guardado num enorme cofre esperando o dia em que seu "dono" irá busca-lo. Há muito de virtualidade nessas fortunas que existem por ai. Sei lá o nome do mecanismo, mas o dinheiro vai e vem entre bancos no mundo todo apenas no papel sem que haja a movimentação fisica de uma só moedinha.

Vai dai que eu começo a imaginar que uma parte significativa do planeta funciona em cima de capitais financeiros respingados do sangue das pessoas à esquerda e a direita de todo o espectro politico e economico do mundo.

Eu sempre me perguntei a respeito de alguns investimentos nababescos pagos no mundo dos negócios incluindo construções de fabricas, complexos gigantescos, e outros que tais.

Longe de mim afirmar que uma GM, uma Nike, uma Telefonica ou suas similares paguem seus contratados com dinheiro reconhecidamente desonesto. Mas fico pensando que a GM, a Nike, a Telefonica e suas similares precisem de financiamentos astronomicos para suas empreitadas. Financiamentos esses que podem ser contratados no Citybank ou no HSBC. E quem garante as fortunas investidas? As seguradoras. E quem garante as seguradoras? Pool de bancos. Entre eles os bancos suiços? Então uma parte da grana financiada para a GM, a Nike e a Telefonica pertence ao Mubarak?

Recentemente tivemos aqui no Brasil o caso do Banco Panamericano que de virtualidade em virtualidade chegou-se a conclusão que o caixa estava zerado. Quem garantiu a sobrevida do Panamericano? Um pool de bancos. Quem garante os bancos? Seguradoras. E, de novo, quem garante as seguradoras? Estou aceitando palpites.

O capitalismo que agora mudou de nome para liberalismo e globalização desconhece ideologias. Não faz muitas perguntas quando se trata de cifras astronomicas. Não pergunta a origem de valores escandalosos. Apenas faz festa: quanto mais grana melhor. Quanto mais a linha do grafico subir, não importa para onde, melhor. 

E hoje pela manhã ouví que a China já é a segunda economia do planeta. Economia essa que está sendo construida em cima de um sistema trabalhista bem nebuloso. No entanto nenhuma das noticias sobre a magnitude financeira chinesa nos dão conta sobre a indecente exploração da mão de obra que acontece naquele pais.

Em resumo, hoje eu acordei com uma triste sensação de impotencia diante da força da grana que, como já dizia a musica, ergue e destrói coisas belas.

Acho que chegou a hora de o mundo dar um basta nessa farra do boi que são os paraisos fiscais, que  eu acho que seria um jeito de apertar o cerco contra ditadores diversos e seus congeneres como traficantes, donos de impérios pornograficos, etc...

Fiquem em paz,

Jonas

domingo, 13 de fevereiro de 2011

musicas para o domingo 130211

Minha assessora musical, conselheira mór, leitora de primeira hora e muitas vezes minha inspiração - a Rita - sugeriu que eu ao invés de apenas publicar músicas, que eu colocasse algo como uma sinopse junto da dita.

Achei bacana e importante a sugestão e fui atrás de adota-la, mas o fato é que não se encontram muitas informações sobre uma determinada música e quando se encontra não são confiáveis.

Por exemplo neste sitio e neste outro a música Amizade Sincera é composta por pessoas totalmente distintas. Em vista disso fiquei receoso de sair por aí multiplicando erros dos outros e aquilo que poderia ser útil para todos nós acabaria virando um desastre.
























Uma incontestável prova da competencia dos quatro cabeludos de Liverpool pode ser vista no White Album onde eles escreveram a partitura de Helter Skelter que é talvez o primeiro heavy metal de que se tem noticia e em seguida, apenas 6 faixas após, encontraram inspiração para compor Good Night, uma canção que parece saída de filmes hollywoodianos da decada de 40.



terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Não sei - ainda - de todas as cores



Talvez nesse grupo composto de meus  pacientes e raros leitores e deste humilde escriba, eu seja a pessoa mais velha. Quando pensei em escrever o que vem por aí,  me deu um certo constrangimento por pensar, sei lá talvez quem sabe, que eu vá me revelar um tanto mais velho do que posso ter deixado transparecer nesse pouquissimo tempo de existencia do meu blog Saúva e das minhas experiencias tuiteras. Mas o que tem? E daí? Foi a resposta que dei a mim mesmo. E garrei do teclado e me danei a digitar isto e mais isto:

Fatos: dia desses ví na televisão duas coisas que transbordaram a melancolia que já trago dentro de mim tem algum tempo. A primeira delas foi para mim uma revelação botanica que, dada a ausencia de décadas da escola, para mim foi uma total novidade. O programa era sobre o jardim de Versailles e o sujeito entrevistado, um sabichão em tudo que é planta, disse que as folhas na verdade não são verdes. Esse verde que a gente vê nas folhas é da clorofila e que na ausencia desta a verdadeira cor da folha aparece e geralmente em tons que vão do amarelo ao marron.

Na mesma hora lembrei do outono, óbvio. E não foi dificil fazer uma relação com a vida, o tempo, idades.. E me dei conta de que o outono de minha vida está quem sabe mais perto do que eu imagino e sendo assim já passou da hora de eu olhar com mais serenidade para mim mesmo e descobrir a minha verdadeira cor. E que tudo que passei até agora na minha vida foi pintado apenas superficialmente pelas circunstancias. O que não faz de mim uma fraude, mas no minimo não é o que eu sou de verdade. Vem ai um desafio enorme para mim.

A outra coisa eu vi na televisão também. Zapeando os canais sem nenhum compromisso, esse é meu estilo de ver TV, parei na TV Cultura programa da Inesita Barroso. Apresentavam-se as Irmãs Galvão e cantaram uma música chamada Voce Vai Gostar, de Elpidio dos Santos. Meus olhos marejaram. Sério. Marejaram de uma saudade de não sei bem o que é. E na tela da TV eram mostrados os rostos do pessoal da plateia que, vocês sabem, é composto na sua maioria de gente idosa. E eu via esse pessoal cantar refletindo em seus olhos a mesma coisa que eu acho que eu refletia nos meus: crepusculo. E me lembrei de Rubem Alves que em uma de suas lindas cronicas fala sobre as cores da manhã e do entardecer. E ele faz uma analogia muito bacana lembrando que o crepusculo é sinal de que a noite já vem, e isso nos torna mais sábios e nos faz absorver as coisas mais lentamente, mais alegremente.

Nessas alturas me sinto inseguro sobre o que estou escrevendo. As palavras são umas brincalhonas, deixam-se ver mas não se deixam pegar. E embora eu tenha certeza do que penso e com quais palavras eu deveria dize-lo, as danadas fogem no exato minuto em que meus dedos haveriam de prende-las aqui nessa tela.

Mas vejo cores, as das folhas que não são verdes e sim amarelas e marrons, as da casinha branca da música de Elpidio Santos e as do crepusculo do Rubem Alves e me alegro no meio delas.

Mas talvez a minha melancolia venha do fato de que não sei das cores de vocês. Queria saber. Completaria assim a aquarela da minha vida.

Fiquem em paz,

Jonas

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Musicas para o domingo 060211






















Tem quem não goste, e é a esses que eu peço que me perdoem por gostar tanto dos Beatles.



Fiquem em paz,

Jonas

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Nossos comerciais por favor 050211

A JC Penney uma rede de magazines norte americana, em um dos Natais passados, lançou um comercial cuja chamada é: "hoje é o dia de acreditar".

Qualquer um de nós pode se identificar com a garotinha. Quem de nós ja não foi objeto de descrença daqueles que sempre torcem contra e ao menos tempo não tivemos o apoio incondicional de uns tantos outros?

Quem de nós não foi em frente mesmo "pagando micos" na busca daquilo que acreditamos ser o melhor?

A musica é dos Beatles - Real Love.




E a Nettbus, uma grande companhia de ônibus da Noruega, nos convida a viajar em seus ônibus.

E enche nossos olhos com aquelas cenas que na maioria das vezes precisamos de um ônibus que nos leve até onde elas estão para poder vive-las. Um show de imagens.

A música é I Will Wait For You.



Fiquem em paz,

Jonas

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Por que gordo não pode dar aulas?



Reproduzo artigo do Kotscho ( Ricardo ) a respeito de um dos muito preconceitos existentes entre nós que, como monstros adormecidos no fundo da lagoa, de repente despertam.

Bem no dia em que voltei a São Paulo, depois de uma breve temporada em Sorocaba para perder peso e criar vergonha, leio com espanto no jornal que cinco professoras foram reprovadas em exame médico para dar aulas em escolas estaduais porque estão gordas. 

Sei que na nova língua do políticamente correto mudou o nome das coisas, e gordo agora virou obeso, como se isto mudasse algo, mas o fato é que, segundo a notícia da Folha, se eu tivesse que ganhar a vida como professor, também estaria vetado. 

Só espero que também não proibam os carecas e os sexagenários de exercer o ofício de jornalista. Falando sério: quem foi que inventou este critério para o Departamento de Perícias Médicas de São Paulo poder vetar professores gordos já aprovados em todas as fases anteriores do concurso para o magistério estadual? 

Lembro-me que alguns dos meus melhores professores eram mais gordos do que eu. 

“Ouvi do médico que eu estava deformando meu corpo e que teria problemas de saúde no futuro. Não tinha uma alteração nos 15 exames que fiz”, disse a professora Andréia Pereira à repórter Talita Bedinelli.
Outra professora, Fátima Fernandes, garante: “Nunca peguei licença por causa do peso, nunca tive problema de saúde”. Para a Secretaria de Gestão Pública, que é responsável pela perícia, “há casos em que a obesidade pode ser considerada doença, segundo os padrões da OMS (Organização Mundial de Saúde)”.
Se assim é, que providências foram tomadas pelo Estado para dar assistência médica às professoras que não poderão dar aulas porque a perícia as considerou “inaptas”? 

Sem conseguir o emprego, como elas farão para pagar o tratamento? Não seria mais humano contratá-las, já que foram aprovadas no concurso, e o Estado precisa de professores, para em seguida encaminhá-las a um hospital público que trata de obesidade e assim possam cuidar da saúde? 

Esta história me fez lembrar um caso parecido que aconteceu comigo quando era editor de um grande jornal paulistano. Queria contratar um repórter muito bom, tinha a verba, mas ele foi vetado no exame médico da empresa. Motivo: seus dentes encontravam-se em péssimo estado. 

De fato, o médico tinha razão, mas argumentei com ele que o sujeito era ótimo profissional e só poderia cuidar dos dentes se fosse contratado, já que estava desempregado, sem grana. O médico acabou concordando e o tal repórter, com dentes bem cuidados, continua trabalhando até hoje nas principais redações do país. 

Bem que o Departamento de Perícias Médicas de São Paulo poderia seguir este exemplo.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O uivo do Leão



Minha irmã tocava piano. Eu era ainda adolescente. Ao mesmo tempo em que eu achava que todas as irmãs do mundo tocavam piano, eu tinha um ciúme danado por que tentei e não consegui dedilhar aquele teclado.

Mas superei com facilidade isso. Por que mais tarde comecei a dedilhar em outras coisas, e muitas vezes consegui tirar outros tipos de musicas, às vezes bem boas.

Tão pensando besteira né? Estou falando de teclados, por exemplo. Eita!

Quase toda tarde lá estava minha irmã sentada ao piano tocando seus exercícios e o que eu mais gravei foi Pour Elise de Beethoven. Ficaram bem marcados esses acordes no meu ouvido.

Mas o Beethoven vai me perdoar não é por causa da musica não. É por causa do nosso Leão que uivava sempre que a ouvia.

Leão era o simpático vira-lata que tínhamos em casa e que misteriosamente uivava toda vez que minha irmã tocava Pour Elise.

Nunca soubemos por que ele uivava, pelo simples fato de que cachorros não falam.

Uivos para nós humanos são como lamentos. Então achávamos que ele ficava atacado de alguma espécie de tristeza. Por que se fosse alegria nós humanos pensávamos que ele latiria.

Mas isso é o que gente acha. Mesmo entre nós, gente, existem significados diferentes para nossos “latidos” e “uivos”. A gente late ou uiva de maneira que muita gente não entende.

Mas deixa pra lá.

Fiquem em paz

Jonas

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O importante é que emoções eu vivi.



Publicado lá no blog do Azenha, o Viomundo, tem um artigo de um cidadão chamado Alberto Carlos Almeida, sociologo por profissão e PIGófilo por opção, no qual pode-se ler uma tese extraordinária a respeito da relação entre escolaridade e emotividade.

Ao fazer simplórias e equivocadas comparações entre atitudes de Lula e Dilma o estudioso quer demonstrar para todos os simples mortais que o lêem que Lula teve atitudes emotivas, humanas, em razão da ausencia de um diploma universitário em seu curriculo e Dilma justamente pela razão oposta, ou seja ela tem um diploma universitário, haverá de ter um comportamento mais técnico e racional.

E o sábio vai mais longe e faz uma relação direta entre baixa escolaridade que é igual  a mais emoção que é igual a mais erros no exercicio da governança. Já com Dilma a relação é identica porém com resultados opostos: alta escolaridade é igual mais racionalidade que é igual a menos erros na governança.
Não percamos nosso tempo discutindo essa preciosidade cheia de ranços preconceituosos e tipica de quem gosta de massa cheirosa.

E observemos uma coincidencia interessante entre essa publicação no Viomundo e uma outra lá no blog do LáDoDeLá de propriedade do Marco Aurélio Mello cujo histórico de publicações no sitio leva-nos a identifica-lo como pessoa progressita e afeita às liberdades humanas e aos direitos cidadãos.

Pois no dito blog está publicado hoje um texto cujo tema pode ser resumido como sendo uma reflexão em cima do voyeurismo e do exibicionismo na web. Após detalhar o que é a ancora do seu raciocinio, colocando-nos  par do que está acontecendo com a exibição do corpo humano na rede,  o Marco Aurélio encerra seu artigo informando-nos  sobre o frisson que ele já sentiu na adolescencia e que segundo seu entendimento, o prazer está se tornando mais acessivel e menos reprimido.

Não quero que vocês que me lêem imaginem que estou igualando as visões sobre emoções do Alberto Carlos com o Marco Aurelio, mas o diacho é que os dois autores tocam numa questão fundamental que é a banalização das emoções. 

Enquanto um distorce a natureza das emoções humanas citando-a como coisa vulgar existente apenas na periferia da sociedade o outro coloca como natural o sumiço de algumas emoções na mesma medida em  que há avanço tecnólogico.

Não sei não. Não quero entrar na área do saudosimo e dizer que bom era o tempo em que eu tomava banhos um pouco mais demorados só por que tinha vislumbrado metade da coxa da vizinha. Ou dos calafrios e a moleza natural nas pernas após dançar coladinho com a garota mais desejada pela turma do bairro.

Também não quero parecer piegas ao dizer que quando um ser humano se dedica com amor ao seu projeto de vida - seja ele profissional, academico ou familiar - ele tem mais chance de ter sucesso. 

Mas quero dizer que quando se colocam as emoções e a sensibilidade em uma atividade qualquer o resultado é muito mais prazeiroso do que quando tudo acontece numa sucessão de apertar botões, ajustar lentes ou decorar ponto a ponto um tratado comercial com o pais vizinho.

Eu não tenho muita certeza mas  eu acho que  tudo o que que nos provoca, liberta nossos melhores sonhos e nos faz viajar nas nossas mais descabidas fantasias e na maioria das vezes nos inspira para enfrentar todas as dificuldades do dia-a-dia está justamente no mundo da literatura, do cinema, da musica, das artes todas.

E não me consta que os autores de tudo que nos emociona e nos faz sentir vivos  inspirem-se antes em bisbilhotagens em webcams ou preocupem-se com diplomas e MBAs.

O importante é entendermos que a sabedoria e o prazer vêm na verdade de dentro para fora e não no sentido inverso. 



Fiquem em paz,

Jonas

Leia aqui o artigo de Alberto Carlos Almeida
Leia aqui o artigo de Marco Aurelio Mello