domingo, 18 de janeiro de 2015

Os da direita as vezes vão para a esquerda.

Antes de mais nada vamos combinar que "liberdade de expressão" é um pelito predominantemente de esquerda. 

Desde que eu me lembro por gente, e em especial no periodo da ditadura militar - que era de direita - a liberdade de expressão, ou a ausencia dela, foi sempre uma reivindicação da esquerda, ficando o pessoal da direita - ou os simpáticos à ditadura - bastante confortaveis com a censura em jornais, revistas, rádios televisões.

Digo isto para comentar sobre as declarações do Papa Francisco nesta semana, feitas na esteira do atentado que matou chargistas de um semanário francês.

E disse o Papa: “liberdade de expressão não dá o direito de insultar o próximo”. "Não se pode ofender, ou fazer guerra, ou assassinar em nome da própria religião ou em nome de Deus"

Uma declaração bastante coerente com seu cargo de chefe da Igreja Catolica. 

É  uma critica antes de tudo aos chargistas franceses, mas enviada com cópia aos radicais de qualquer religião.

Reparemos ainda que trata-se de uma declaração conservadora, ou de direita, ao limitar a "liberdade de expressão" coisa que muito apraz o pessoal do conservadorismo brasileiro mais tacanho.

Lembremos que Aécio Neves, por exemplo, anda as turras com o Twitter e Facebook e quer por que quer saber nome e endereço de internautas que divulgam noticias negativas a respeito dele. Uma atitude bem ao estilo e gosto do censor mais descarado. 

Mas o espantoso a respeito da declaração papal foi a reação do Chapeleiro Maluco, aquele blogueiro daquela revista que já não consegue mais pagar o aluguel de sua sede, e alguns de seus companheiros de oficio como Guilherme Fiuza e Ricardo Noblat. 

Obcecado por rezar ipsis letteris todas as orações da biblia neo-liberal conservadora o Chapeleiro Maluco comandou um ataque às declarações de Francisco - que parece ter lido só pela metade - e acabou chamando o lider catolico de covarde. Covarde, senhoras e senhores.  E não satisfeto perguntou: " Por que não te calas, Francisco?". Num arremedo pouco criativo do Rei da Espanha ao censurar Chavez - falecido presidente da Venezuela. 

Inspirou-se, como se vê, em pessoa de perfil conservador, ou de direita como podemos dizer.

Confuso como convém aos que espumam raivosamente sobre tudo o que julgam contrário, o Chapeleiro Maluco nem se deu conta de que ele está fazendo com Francisco justamente aquilo que ele supõe existir  nas declarações do religioso: censura.

Não sei se ele se deu conta, mas ele botou um pé do lado esquerdo do debate. Mesmo que de maneira confusa e incoerente, e certamente momentanea, ele acabou defendendo a liberdade de expressão coisa que ele não pratica em seu blog por exemplo, onde diz publicamente que não aceita comentários contrários aos seus textos. 

Conclusão: o Chapeleiro Maluco não sabe o que quer ou, o que seria muito pior que isso, tornou-se incapaz de pensar por sí mesmo.  Não se importa em fazer papel até de esquerdista para defender o que foi mandado fazer: disseminar o pensamento único sempre em favor do conservadorismo da corrente mundial comandada pelo Grande Irmão do Norte e sua infantaria francesa, israelita e inglesa, mesmo que isso signifique matar milhões de inocentes ao redor do mundo.

Pois no fim é disso que trata a declaração do Papa e de muita gente: precisamos nos debruçar sobre a ilimitada liberdade de dizer o que se pensa, pois, já está fartamente comprovado, acaba se misturando com medição de forças. O que, também já sabemos, acaba prejudicando o mais fraco.