sábado, 28 de janeiro de 2012

O planeta ainda não está agradecido

Com frases de apelo ecológico como " tirar o planeta do sufoco " e com funcionários usando camisetas onde se lê " o planeta agradece" a grandes redes de supermercados paulistas passaram a cumprir lei estadual que proíbe a distribuição de sacolinhas  plásticas para os consumidores. Pelo que sei outros estados brasileiros já adotaram a mesma lei, e todos eles com a desculpa pretensiosa de que estão ajudando a preservar o meio ambiente.

Poderia até mesmo ser verdade se dentro dos próprios supermercados a farra do plástico tivesse sido interrompida. Porém iogurtes, cereais, farinhas, carnes, frios, embutidos, refrigerantes e todo o tipo de gêneros alimenticios continuam embalados no velho plástico de sempre. Nada mudou.

Pelo menos por enquanto a única coisa que me ocorre é que o que está acontecendo de verdade é uma economia - desconfio que bem grande - para os supermercados além de uma renda extra para os mesmos com a venda de sacolas de pano, carrinhos de mão, etc.

E estranhamente nada mudou nos pequenos supermercados e em estabelecimentos de outros ramos de comercio que continuam a oferecer as sacolinhas.

Alguém está  querendo nos fazer acreditar que retirando as sacolinhas dos supermercados estamos dando um grande passo na direção de políticas ambientais mais eficazes. Balela pura. Ate o mundo mineral sabe que as sacolinhas são usadas para embalar lixo e que apenas serão substituídas por sacos plásticos comprados nas prateleiras dos mesmos supermercados. Eita delicia capitalista!

Fariam muito melhor nossos prezados governantes se pensassem por exemplo em obrigar que todos edifícios construídos a partir de agora equipassem as pias das cozinhas dos apartamentos, com trituradores de alimentos. Isso diminuiria bastante o descarte de lixo via lixeiro. Na mesma linha poderia se pensar em fazer adaptar, talvez com algum subsidio, todos os apartamentos de uma determinada idade com os mesmos trituradores.

E poderiam fazer ainda mais se investissem pesadamente em infraestrutura de coleta de lixo seletiva - mas uma verdadeira coleta seletiva, diaria, bem planejada e eficente -, reciclagem, e produção de gás derivado do lixo. Mas pelo menos por hora não se vê nada disso.

E que tal uma campanha de conscientização bem feita, eficiente e de longo prazo de exibição convocando a população a dispensar as tais sacolinhas em compras de dois ou três pequenos volumes. Não vejo nada de errado em carregar uma ou duas caixas de remédio na mão por exemplo. O pãozinho na padaria já é embalado em sacos de papel, mas os padeiros insistem em colocar o saco de papel em uma sacola plástica. Pra que?

E que tal educar a população para descartar o papel higiênico usado no vaso sanitário antes de dar a descarga? Sim por que papel higiênico na água é muito mais solúvel que certos materiais ali despejados. Isso reduziria o uso de saquinhos plástico na lixeira do banheiro.

E por que não garrafas de vidro retornáveis para cervejas e refrigerantes? Certamente já dispomos de tecnologia de sobra para colocar um código de barras nos rótulos das ditas cujas para serem lidas na entrada do supermercado emitindo um cupom de credito de vasilhame para o consumidor.

E por fim por que não convocar distribuidores, produtores e fabricantes de embalagens a buscar soluções para seus produtos com prazo - exatamente como fizeram com os consumidores - para reduzir de maneira drástica o uso do plástico? Afinal se os consumidores têm que se adaptar com uma decisão de cima para baixo,  então que se adaptem todos.

Certamente existem outras centenas de sugestões e idéias que ajudariam de verdade a tirar o planeta do sufoco levando-o a agradecer com sinceridade e sem essa desconfiança de que está sendo enrolado.

Fiquem em paz,

Jonas