segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Mais uma vez Serra exibe seus preconceitos.





Em programa da CBN, Serra e Haddad foram perguntados sobre como pretendem combater a violência nas escolas.  Ouçam aqui. 
 
Haddad falou sobre o enriquecimento cultural dos alunos. Quer implantar turno integral nas escolas e em um período os alunos recebem a educação formal e no outro período participam de atividades diversas como musica, dança, esportes, acesso a teatros e museus e por aí vai.

E o Serra? Bem o Serra coerente com seu espírito higienista tascou a seguinte resposta: vamos, através de uma parceria com a Fundação Casa – antiga Febem – identificar estudantes potencialmente criminosos e e tomar medidas preventivas. Reparem nessas duas expressões: "potencialmente criminosos" e  
“ propensão ao crime”

Pensemos na tal propensão e imaginemos que a suposta  identificação a ser feita por técnicos da Fundação Casa será fruto da verificação das condições do meio  em que vive o aluno. Sabidamente, e aqui não cabe discussão, a depender do meio familiar e social de fato o jovem pode viver muito próximo da criminalidade, sem, contudo significar que ele será um criminoso.

Se ficarmos apenas na sondagem do ambiente do aluno já há que se fazerem muitas perguntas sobre as soluções do Serra. Quando  identificar um aluno em situação de risco, o que ele vai fazer a respeito? Afastar esse jovem  de seus familiares e demais amigos?  Trazer todos os familiares e amigos pra dentro da escola? E depois?  

Mas eu estou sendo bonzinho.

A gravidade do palavrório do Serra está na palavra “propensão”. Essa expressão aplicada a um individuo – assim me parece – quer determinar dentro desse mesmo  individuo tendências para seja lá o que for. Como o assunto é criminalidade e/ou violência quais serão os critérios para detectar essa propensão? Como saber se esse ou aquele aluno está em via de drogar-se, traficar, roubar, matar? Com a palavra os psicólogos. E não creio que alguém tenha resposta para isso. 

Trata-se  portanto de simples pré-condenação, muito provavelmente baseada nas condições financeiras da família, antecedentes familiares, cor da pele, naturalidade, contornos do crânio, vestimentas e outros critérios preconceituosos certamente. E a conclusão será a seguinte: bem se esse aluno aqui não cometeu ainda algum crime, vai cometer. Então é melhor prevenir.  Pois essa é a proposta do Serra: medidas preventivas. Leia-se medidas de repressão.

Resumo da ópera:  na cabeça de Serra, e na daqueles que  compõe o seu outrora provável governo, as medidas pensadas relativamente à violência são sempre policialescas, repressoras e intimidatórias, todas dentro do eterno circulo vicioso da violência gerando mais violência. 

Serra não consegue pensar no ser humano.  Não acredita no ser humano.  Serra não sabe que dentro das escolas estão sementes que a depender de como forem cultivadas podem frutificar de maneira saudável e benéfica para todos nós. Ou não.

Dê aos alunos uma escola decente não apenas em instalações físicas, mas dotadas de um corpo de funcionários bem preparado e bem pago. Invista na cultura desses alunos sem limitar-se a propiciar apenas o ensino formal e curricular. Faça dentro da escola debates políticos, filosóficos.  Pense no lazer e no lúdico para esses alunos. Aproxime as famílias das escolas, não botando pais e mães para fazerem faxina e pintarem paredes nos fins de semana, mas ofereça programas de qualidade, palestras e atividades culturais proveitosas para todos.

No lugar de pensar que dois professores dentro da sala é a panaceia de todos os males educacionais, reveja os modelos. Estimule a criatividade, convoque os alunos para pensarem suas vidas a partir da realidade que os cerca. E não criminalizar ninguém subjetivamente ou subestimar os valores humanos por conta de modelos equivocados de educação.

Por que não pensar em viradas culturais dentro das escolas? E que tal convênios com produtoras de filmes e musicas ou editoras de livros para colocarem ao alcance dos alunos todo tipo de material que os ajude a perceber o mundo de um jeito diferente?
 
Medidas nem tão difíceis assim de serem tomadas, podem ajudar a acabar a violência dentro das escolas de maneira natural sem trancos e sem sustos. E em especial sem partir da idéia estupida de que um suposto teste psicologico pode selar o futuro de alguém.