quarta-feira, 16 de outubro de 2013

O moço do shortinho branco e os onibus lotados.


Aqui em casa temos o hábito de ouvir rádio. Muito mais por conta da Rita do que por minha conta. E pela manhã, durante a café da manhã, o rádio quase sempre fica sintonizado na Bandeirantes, no jornal Primeira Hora.

Programa antiquíssimo, pra lá de 50 anos no ar, cujos nomes dos comentaristas atuais nem cito pois não vale a pena.

Sei que historicamente esse jornal faz dobradinha com outros grandes veículos de São Paulo em especial a Folha e o Estado  compondo o braço midiático do PSDB paulista e sendo certo também que em décadas passadas foi malufista até a medula. 

Pode ser que o meu raro e caro leitor ou minha rara e cara leitora me pergunte por que ouço essa tal rádio em momento tão importante do dia como o café da manha e eu respondo que além de, como eu já disse, ser um hábito da Rita e sobre o qual não faço objeções, aproveito para ao menos ouvir noticias. 

Mas de vez em quando ouço uns comentários difíceis de deixar alguém calado.

Atualmente os integrantes do programa estão empenhados em criticar as providencias de Haddad – o prefeito de São Paulo – no sentido de melhorar as condições do transporte coletivo na cidade, providencias estas centradas em especial na criação de corredores exclusivos para ônibus por praticamente toda a cidade.

A ideia das faixas exclusivas é uma resposta à necessidade de aumentar a velocidade dos ônibus diminuindo o tempo das viagens dos passageiros paulistanos. Coisa óbvia e que não precisa nem de boa vontade para entender. 

Diminuição de tempo de viagens significam menos desconforto, mais tempo disponível para qualquer outra coisa e é possível até a diminuição do numero de ônibus circulando pela cidade. Mais que isso tudo torna a cidade menos desumana.

Óbvio também é que tal providencia, a da faixas exclusivas, reduz o espaço dos automóveis particulares nas ruas, vai dai que os citados comentaristas, certamente usuários contumazes de seus veículos até mesmo para ir até a padaria, passaram a defender os motoristas e seus carros particulares repetindo todos os dias baboseiras como

ah! Será que o prefeito imagina que os motoristas que circulam pela cidade são indivíduos que acordam dez da manhã e colocam seus shortinhos brancos para irem jogar tênis?   

Olha o nível da critica!

Não seu bobão. Acontece que muita gente prefere usar seu carro particular por que o transporte coletivo tem sido tratado por sucessivas administrações que você apoia, como coisa secundária, dai que ficou uma porcaria.

O moço do shortinho obviamente não é filho daquela mãe que precisa levar o filho ao medico logo cedo e que sofre os sufocos de um ônibus apertado levando uma criança pela mão. Certamente não é neto daquele idoso que, não importa aonde ele vá, é amassado, empurrado e desrespeitado em sua fragilidade em um ônibus superlotado em que a cortesia é a ultima coisa praticada no meio do salve-se quem puder para chegar ao destino. E muito menos esse moço deve ter próximo de si pessoas que usam transporte coletivo diariamente e que sabem contar péssimas historias de desrespeito ao usuário.

Sem perceber, quando o moço do shortinho atribui ao prefeito um desconhecimento tão grande sobre os motoristas da cidade ele diz de si mesmo que não sabe nada sobre usuários de ônibus.  

Criticar providencias que privilegiam o transporte coletivo mesmo que, eventualmente,  sejam em prejuízo do transporte individual (mas nem sempre são ) é não reconhecer que usuários de transporte publico são seres humanos que tocam suas vidas com a mesma tabela de importâncias e necessidades que os usuários de transporte particular. 

Com a vantagem extra de que o ônibus transporta até 60 vezes mais pessoas de uma vez só, exigindo um aparato publico muito menor de estruturas viárias (avenidas, viadutos, fiscalização, conservação, etc.) que aquele dedicado à circulação de automóveis particulares. 

Tomara que Haddad acerte no seu projeto de não apenas melhoria do transporte coletivo mas quem sabe até consiga que o moço de shortinho branco vá jogar tênis de ônibus. Vai ser engraçado ver.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Para o Estadão melhora de transporte coletivo é demagogia

Em editorial publicado nesta quita feira, dia 10, o jornal O Estado de São Paulo chama de demagógicas e eleitorais as medidas anunciadas por Haddad, prefeito da capital, pra melhor o sistema de transporte coletivo do município. Simplório, como sempre são simplórios os que fazem a critica apenas pela critica, o jornal não dá a menor dica de alternativas. Não gosta do que esta proposto e pronto.

Vamos ver passo a passo o tal edital.

Ao levantar a bandeira (eleitoral) da mobilidade urbana, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, assumiram o papel de defensores dos sem-carro e passaram a combater, sem pensar nas consequências, a multidão dos que se atrevem a sair às ruas em seus automóveis, mesmo tendo de enfrentar grandes congestionamentos todos os dias. Os congestionamentos são cada vez maiores, mas a dupla já começa a acumular resultados "positivos" nessa batalha, mais do que ousada, demagógica.

Reparem nas palavras "combater" e "batalha". Impressiona como usos de termos beligerantes são cada vez mais usados em todos os assuntos que são elevados à categoria política e ideológica. Pior que isso só mesmo a conclusão de que o prefeito de uma cidade na qual circulam mais de cinco milhões de automóveis pretende de maneira deliberada prejudicar a circulação desses veículos. 

Ela deve melhorar a arrecadação da Prefeitura com o aumento das multas de trânsito e, assim, ajudar a pagar os subsídios às empresas de ônibus, que, com o congelamento da tarifa, devem atingir no próximo ano a impressionante quantia de R$ 1,65 bilhão.

Já é histórica nesta cidade a chamada indústria da multa. Não foi inventada agora para subsidiar nada. Esse estratosférico numero serve para manter o próprio sistema de fiscalização e administração e equipamentos de tudo que envolva o assunto transito na cidade.  É um erro é verdade. Antes disso o poder publico teria que se preocupar em educar o motorista para que não cometesse infrações. Mas isso é assunto pra outra hora. Fica anotada porém a tentativa inequívoca do editorial misturar providencias na melhoria do transporte publico com arrecadação de multas.

Estima-se que os recursos provenientes das multas crescerão 22% em 2014, atingindo R$ 1,2 bilhão, um novo recorde. Nos primeiros oito meses deste ano, dos 6,4 milhões de multas aplicadas aos motoristas que circulam pela capital, 352,5 mil foram flagrantes de invasões em corredores e faixas exclusivas de ônibus, registrados por um exército de 1,5 mil fiscais de trânsito da CET e mais 690 da São Paulo Transportes (SPTrans).

Fato: as infrações foram cometidas e o responsável deve ser multado. Ou não?

Os donos dos 7 milhões de veículos da capital parecem não ter importância. Eles seriam apenas pessoas egoístas que rejeitam o transporte público. É como se não tivessem compromissos diários, serviços a prestar e nenhuma relevância para a vida econômica e social da cidade

Ululantemente óbvio. Ou será que o jornal pensa que o prefeito pensa que todos os motoristas circulando pela cidade o fazem sem motivo nenhum? Circulam por circular? E que estes motoristas deveriam é ficar em casa? Talvez o jornal imagine que atos do prefeito e sua equipe tenham o mesmo resultado que editoriais como esse, ou seja, nenhum.
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Tanto é assim que, nas próximas semanas, aos marronzinhos se somarão 200 novos radares para ajudar na batalha contra esses paulistanos que não resistem à tentação de circular pelos corredores e faixas de ônibus - espaços em grande parte vazios -, para tentar chegar a tempo aos seus compromissos.

“Tentação de circular pelos corredores e faixas de ônibus” !? Quer dizer então que em nome da pontualidade em compromissos está todo mundo autorizado circular por faixas exclusivas, passar farol vermelho, estacionar em local proibido, trafegar na contramão?

Essa má vontade com o transporte individual prejudica a cidade. Não se discute a necessidade de dar prioridade ao transporte público e, no caso dos ônibus, de aumentar sua velocidade.

Discute-se a necessidade de dar prioridade ao transporte publico sim! De preferência uma discussão madura e construtiva, e o jornal poderia dar a sua contribuição nesta discussão indo pouco além da mera critica.

Mas não é preciso fazer isso criando dificuldades para os que usam o carro como instrumento de trabalho. Especialmente para aqueles - como médicos e enfermeiros, para citar dois exemplos - cuja profissão tem exigências que o transporte público não consegue atender.

Gostaria de saber quais são as exigências da profissão de médicos e enfermeiros que o transporte publico não consegue atender. Que eu saiba a finalidade única do transporte publico é levar as pessoas daqui para ali e nada mais que isso. O que cada um tem por profissão não é certamente um problema do transporte publico.

Portanto, em vez de tratar o transporte individual como egoísta e elitista, é preciso estudar a fundo o papel que ele desempenha na vida de grande parte da população. Quanto aos paulistanos que usam ônibus, seus problemas são a falta de conforto, de itinerários que atendam a suas necessidades e a lentidão.

Vamos deixar pra lá essa coisa de achar que o prefeito acha que transporte individual é elitista. Isso é debate ideológico e que não vem ao caso. Eis que no entanto o jornal tocou no ponto crucial. Foi preciso dizer um monte de platitudes para concluir que um dos problemas do transporte publico é a lentidão. Até que enfim. Agora diga senhor editorialista, qual é mesmo a finalidade dos corredores exclusivos para ônibus? Maior rapidez pois não?

Por isso, entre ficar espremidos em ônibus superlotados, depois de longa espera nas filas dos pontos, e suportar os congestionamentos, os que podem preferem esta última opção.

No lugar de implantar, sem planejamento e a toque de caixa, as faixas exclusivas que servirão de cenários para os próximos programas eleitorais do PT na campanha para o governo do Estado, Haddad e Tatto deveriam adotar um plano capaz de harmonizar a utilização de carros com o transporte público, de acordo com as necessidades das várias regiões da cidade.

Mais uma vez a ideologia. Não é só o PT que exibe em seus programas eleitorais as realizações de seu governo. Se o jornal não gosta dessa conduta dos partidos que o diga, mas não a torne exclusividade de um partido apenas. Agora vamos lá o que é  “harmonizar” o carro com o transporte publico. Por acaso estão em desarmonia? Onde? Quando?

Antes de reduzir o espaço destinado aos carros para forçar seus proprietários a deixá-los nas garagens, é preciso criar mais vagas de estacionamento para eles, com a construção - há muito prometida e nunca concretizada - de garagens subterrâneas. E seria bom também retomar o plano de transporte do governo Marta Suplicy que deixava os corredores apenas para os ônibus maiores. Os veículos de média e pequena capacidade seriam os alimentadores dessas linhas-tronco.

Nossa! Um elogio para Marta Suplicy?!! Marta foi eleita em 2000. De lá pra cá muita coisa mudou. A cidade cresceu em numero de habitantes, automóveis e ônibus. O que servia em 2000 pode não servir agora. E essa promessa nunca realizada de construir garagens subterrâneas? Quem fez essa promessa? Não foi o Haddad. Alias essa ideia serve justamente para estimular o transporte individual o que  bate de frente com a concentração de esforços e verbas na melhoria do transporte coletivo.

Hoje, o que se vê são todos esses veículos, às vezes quase vazios, disputando entre si aquele espaço. E muitos invadem as poucas faixas destinadas aos carros para fugir do congestionamento nos corredores e faixas.

E quem congestiona os corredores e faixas são, em boa parte, aqueles motoristas que não resistem a tentação de invadir este espaço por conta de seus compromisso, em especial – acho eu – os médicos e enfermeiros.

É preciso, em suma, mais planejamento e menos demagogia.

Eu diria que é preciso prestar atenção na cidade. Tentar torna-la mais humana para todos. E que além dos médicos e enfermeiros todos, todos mesmo, possam chegar aos seus destinos com mais rapidez.

domingo, 6 de outubro de 2013

As estapafurdices dos leitores daquele blogueiro lá...


  • Por sugestão do blog O Tijolaço  acabei indo parar no blog daquele sujeito de quem me recuso a dizer o nome e pude então apenas confirmar mais uma vez aquilo que todo mundo já sabe: os seguidores do sujeito de quem não digo o nome nem morto sofrem do mesmo tipo de confusão mental que ele. A prova esta em comentário que, Deus me perdoe por eu ter feito isso, copiei e colei a seguir. Se você meu caro e raro leitor, minha cara e rara leitora, tiver a paciência de ler inteiro e muito mais que isso você conseguir concluir alguma coisa por favor me diga.

    Advogado
    -
    06/10/2013 às 17:24
    ANÁLISE TEOLÓGICO-PSIQUIÁTRICA DA CANDIDATURA MARINA SILVA
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    A classe média brasileira, ao sul do Estado de Tocantins, está começando a “desconfiar” que o “modelo petista de ser” começa a dar problemas : 1) inflação alta, salários congelados/achatados. 2) carga tributária cada vez maior em suas costas. 3) tudo para sustentar um sistema de “compra-de-votos” . 4) “compras de votos” ( reeleição contínua do PT ) materializada em “bolsas-e-cotas-isto-e-aquilo” ( para o “povão”) . 5) para a classe média, a “compra de apoio político” concretiza-se por meio de “cabides-de-empregos-em-concursos-públicos” . 6) Um Estado cada vez mais aparelhado, dominado, pela máquina corrupta e corruptora. 7) a “desconfiança” de que se monta, pouco a pouco, um Estado cada vez mais Totalitário, com anulação da mídia ( grande parte “comprada” por conta de dívidas cobertas pelo Governo) ,do Judiciário, Ministério Público ( todos com perfil, cada vez mais, de “funcionários-públicos-de-confiança” ), com anulação do que entendem por “elites” ( p.ex., esmagamento dos médicos), com a anulação de toda a Sociedade Civil que não esteja debaixo de seus pés ( p.ex., intelectuais independentes, pessoas que não dependem do Governo, etc ). Na medida em que o Estado Petista aproxima-se cada vez mais de seu objetivo totalitário de “dominar toda Sociedade”, cada vez distancia-se mais da Sociedade civil. 9) Esta Sociedade Civil nota que está cada vez mais distante dos mecanismos decisórios, deliberativos, efetivos e executivos, e que o Governo está cada vez mais isolado em sua prepotência para implementar isto. 10) Tudo isto redundou em seu “movimento ( desorganizado e sem finalidade, mas barulhento ) de ir para as ruas”, uma forma de protesto. A partir daí a popularidade do Governo Petista caiu, talvez a classe média, a Sociedade Civil, tenham vislumbrado , por uma pequena fresta, toda esta engrenagem pérfida. 11) Na medida em que os indivíduos, as famílias, saem da “linha de pobreza”, acabam migrando da ideologia comunista do “é-melhor-todos-iguais-mesmo-que-pobres”, para a ideologia capitalista do “não-quero-ser-igual-e-quem-trabalha-mais-tem-de-ter-mais”. Assim, hoje, o Brasil tem mais ou menos 50% na posição “capitalista” e 50% na posição “comunista” . Nesta posição “comunista” estão não só os “pobres-dependentes-de-bolsas-e-cotas”, mas também muito da “classe-média-funcionária-pública-ou-esperando-concurso”. Ao sul do Tocantins esta proporção tende ligeiramente para o lado “capitalista”. Ao norte, pende majoritariamente para o lado “comunista”, dividindo assim o Brasil numa “Guerra da Secessão”. 12) a classe média já está sentindo na pele ( e isto é fundamental para a mudança de atitude política ) as consequências desta carga tributária enorme para bancar o assistencialismo comunista : por exemplo, hoje seus filhos não conseguem mais cursar determinadas profissões em Universidades Públicas, ao mesmo tempo em que não conseguem pagar tais cursos em Universidades Privadas, e, enquanto isto, os “filhos-das-cotas-e-das-bolsas” têm todas as regalias de acesso e de percurso em tais instituições.
    A partir destes mecanismos ilustrados acima, a classe média tem buscado alternativas eleitorais. Aí começam suas dores-de-cabeça, pois Aécio Neves ( PSDB) representa um modelo “profissional” de políticos do qual a classe média tende a fugir, entre outras coisas por assimilá-lo a “Renam Calheiros”, “Sarney”, “FHC”, etc. Ou seja, a classe média, aquela que lê ( mesmo que seja pouco ), sabe que Aécio é um “modelo de político” que, apesar de “direita”, é distante da Sociedade Civil, é um político cercado de benesses, mordomias, “jogadinhas sujas”, “conchavos de bastidores”, “cara esperto”, “playboy de classe alta”, “profissional da politicagem”, “sem credibilidade”, alguém que esconde a verdade, nunca fala a verdade, não tem um projeto claro de poder para a Sociedade Civil, relações escusas e não-transparentes com o mundo empresarial, Estado usado a favor de quem tem os “grandes patrimônios”, falta de um programa de “poder-a-quatro-mãos” com a Sociedade Civil, falta de um programa de redução tributária, falta de um programa claro e forte de meritocracia, falta de um programa de alavancagem econômica e “fim-de-assistencialismo”, etc. Todas estas impressões jogam, automaticamente, a “classe média” no colo de Marina Silva, a) uma mulher ; b) portanto, mais “confiável” e “menos espertalhona” do que um homem ) ; c) alguém que quer “ouvir” a “sociedade” ( seu partido se chama “rede”); d) ecologicamente correta ; e) aparentemente sincera; f) nada “playboy” ( pelo contrário, pessoa advinda da pobreza ); g) aparente religiosidade firme ( diz ser muito evangélica) ; h) aparentemente ética. i) “mulata”, ou seja, alguém de camadas mais humildes, minoritárias, da sociedade, o que “desperta” o “instinto esquerdista” ( “coitadista” ) da classe média. J) “ex-pobre”, ex- doméstica, ex-seringueira, ou seja, “tudo-de-bom-para-o-instinto-coitadista-da-classe-média”; k) casada, moralista, “vestido comprido”, nada de “porra-louquice”, ou seja, tudo que desperta o “instinto-conservador-da-classe-média”.
    No entanto, para muitos da classe média, não passaria de uma “Dilma Evangélica”, ou seja, alguém que seria igualmente “xiita” na defesa do “coitadismo-esquerdista” e combatente do “capitalismo-meritocrata-do-quem-trabalha-mais-recebe-mais”.
    De fato, quando Marina for presidente, haverá um embate titânico em sua mente : “esquerdismo x cristianismo”. E eu, particularmente, acho que este debate já está resolvido dentro de sua mente : para muitas pessoas, aquelas que não se aprofundaram no comunismo ( ou , oportunisticamente, se aprofundaram mas não quiseram ver ), “Jesus era comunista”, ou seja, “defendia os pobres e combatia a riqueza”. Não notam, ou não querem notar, que Jesus nunca falou em “igualdade humana”, a não ser quando fala em “igualdade de todos perante o Pai”( ou seja, teologicamente, “ser igual perante Deus” não quer dizer que todos “são iguais” , assim como para um pai humano, que ama os filhos igualmente, nem por isto eles se transformam em “seres iguais” ) . Jesus exortou todos para o trabalho ( “meu Pai trabalha desde toda a eternidade e eu também”), mandou respeitar o poder das elites ( “ daí a César o que é de César”), exaltou a meritocracia ( “a cada um segundo a suas obras” ). Nunca deixou de falar das desigualdades intrínsecas da alma humana : cada um tem seus dons, há muitas “moradas” na casa do Pai, a quem muito foi dado muito foi pedido. Tinha como comensais publicanos, fariseus, zelotas, nunca condenou a riqueza de quem trabalha, o que condenou é o uso egoístico da riqueza, o domínio da alma pela riqueza, e não o contrário. É entusiasta do mecanismo da evolução : “sede perfeitos”, “fareis coisas muito maiores do que as que eu faço”. Ora, a principal característica filosófica do esquerdismo é a anulação da possibilidade evolutiva individual , pois se todos “têm” de ser iguais, uns não podem evoluir mais que os outros, uns não podem trabalhar mais, ganhar mais, estudar mais, dominar mais, etc. Jesus, neste sentido, ao contrário do esquerdismo, pregou um “comunismo eferente”, mas abominou um “comunismo aferente”. “Comunismo eferente” é aquele onde você, como ser humano, tem sim de “repartir” ( eferência indica movimento para fora ) o que ganha ou o que tem. Temos de “espargir” as riquezas em benefício do outro, aumentar as frentes de trabalho, multiplicar em benefícios sociais o dinheiro que nos foi colocado na mão ( a parábola evangélica dos “três talentos” ). Por outro lado, Jesus nunca falou que temos de ser “comunistas aferentes” ( “aferência” indica movimento para dentro ) , ou seja, que temos de “desistir” de receber adequadamente por nosso trabalho, por nosso esforço, por nosso estudo. Pelo contrário, o Evangelho tem muitas mensagens do tipo : “cada trabalhador é digno de seu salário”. Portanto, não há, no Evangelho, nada contra trabalharmos mais, estudarmos mais, sermos mais eficientes, e , consequentemente, ganharmos mais. A única diferença do cristianismo para com o “capitalismo selvagem” é que o cristianismo, como vimos acima, condena o uso “egoístico” da riqueza. No entanto, em momento algum, ataca o mecanismo intrínseco do capitalismo, que é a meritocracia individual. Pois bem, ao meu ver, é muito provável que, na mente de Marina, o “esquerdismo” suplante o “cristianismo” ( apesar dela se dizer muito evangélica ) , e daí ela tenda a repetir o “coitadismo” que o esquerdismo usa para anular as iniciativas da Sociedade Civil e assim aumentar seu poder totalitário sobre a massa igualitária desprovida de independência em face ao Estado. Pode usar muito mal – como quase sempre os evangélicos o fazem quando chegam na política – o “messianismo” do cristianismo para achar-se uma “ genial e monológica guia dos povos”( temos de nos lembrar que era assim que Mao-Tsé-Tung se denominava) . Talvez por isto fosse mais negócio para a classe média envolver-se com um “playboy mais dialógico” como o Aécio ( ou seja, alguém mais “espertalhão” e politiqueiro, mas alguém que é mais “dialógico” – ou seja, pelo “diálogo”- com o resto da sociedade civil ). No entanto, do ponto de vista sociológico, como vimos acima, penso que não há, hoje, espaço para Aécio ( “um playboy sem força moral”) , e sim para Marina ( esta tem o que a sociedade clama hoje, “força moral”) . E, continuando meu “raciocínio teológico”, se eu fosse Deus, preocupado em salvar o Brasil do comunismo, pensaria assim : “com este petismo aí não tem jeito ( já estão no comunismo anti-evolução ) , no entanto este Aécio a classe média não engole; então vou fazer um mandato-tampão com a Marina, que pelo menos vai desalojar a máquina-totalitária petista do Estado Brasileiro e, para a sucessão de Marina eu coloco um “liberal” mais palatável do que o Aécio”. Marina não teria, neste raciocínio, o pior defeito de Dilma-Lula-PT neste momento político : a vocação totalitária para dominar toda o Estado e toda a Sociedade Civil ( daí a implantação gradativa do comunismo, coisa que tem sido feita com sucesso na área da saúde ) . O cristão, por formação interna, não teria esta truculência agressiva de “dominação” e “esmagamento”, truculência esta de anulação de toda liberdade e de toda Sociedade Civil ( esta seria uma esperança com Marina ) . Nesta minha “teoria teológica”, a transição do comunismo petista para o “mundo liberal” passar-se-ia através do “mandato-tampão” de Marina, até o Brasil cair de vez a ficha e ver que “comunismo” nunca mais ( nem stalinista, à la Dilma, e nem cristianista, à la Marina ). Isto porque, provavelmente, seu governo seria incompetente. Na medida em que a classe “pobre” vira classe média, ela vai abandonando o esquerdismo, não quer mais igualdade, quer consumo diferenciado. A classe média já estabelecida, por sua vez, começa a cansar-se de tanto imposto para sustentar a máquina eleitoreira ( bolsas, cotas, benesses, funcionários públicos, etc ) do esquerdismo. Portanto, é um modelo que começa a fazer água, mas não é ainda uma maré suficiente para vencer a máquina totalitária do PT atual ( completamente infiltrado no aparelho do Estado ) . Por isto Marina viria para estabelecer uma transição. Sendo esquerdista, não faria um bom governo, o que prepararia uma tomada da “direita” ( pessoal que “acredita” mais na sociedade civil ) ao poder.
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    Marcelo Caixeta, médico psiquiatra ( escreve às terças e domingos ) .
    Diário da Manhã – dm.com.br
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    Chavismo, Marina?

    Neste sábado quando filiou-se ao PSB, e é bom frisar que filiou-se e não coligou-se pois coligações se dão entre partidos que existem, Marina entre várias platitudes, obviedades e generalidades que falou usou a expressão chavismo quando disse, como pareceu muito óbvio ela dizer, que quer derrotar o PT.

    Primeiro lugar é bom que o eleitorado pense por que ao invés de propostas de governo, ao invés de fazer criticas e sugestões pontuais, Marina propõe derrotar, e derrota aqui tem o óbvio sentido de eliminar, uma agremiação política que tem existência legal, esta em pleno uso de suas atribuições e pode usufruir de todas os benefícios que são dadas a todos os partidos que funcionam sob a proteção da lei, inclusive governar o país.

    E qual o significado de chavismo? Vou deixar de barato e traduzir como uma espécie de "eternização" no poder que estaria sendo preparada pelo PT ( não foi isso que alguns deletérios ministros do STF disseram?), pois foi isso que Chavez - presidente da Venezuela - quase fez em seu país não fosse por sua morte.

    Vou também deixar por menos e não vou lembrar que as sucessivas reeleições de Chavez em seu país aconteceram em eleições livres e inclusive acompanhadas por observadores internacionais que atestaram a lisura do processo. O povo venezuelano elegeu e reelegeu Chavez por que assim quis. Simples.

    Mas vá lá que seja, talvez o regime venezuelano e o modelo Chavez de governo não seja muito palatável a Marina, então olhemos para os EUA. No período 1860-1932 aconteceu uma hegemonia dos Republicanos no poder que só foi interrompida em curtos três mandatos dos Democratas o que acaba dando quase mesma coisa que na Venezuela. E o que dizer da Alemanha atual cuja primeira ministra Merkel acaba de ser reeleita para seu terceiro mandato? Ainda há o caso de Margaret Thatcher que fiou no poder da Inglaterra por onze anos.

    Se Marina não quiser viajar tanto mundo afora ela pode dar uma chegada até Mogi das Cruzes, município da grande grande São Paulo, onde um certo senhor Waldemar Costa Filho já governou a cidade por 18 anos, não de maneira ininterrupta, mas eleito uma vez e reeleito três vezes.

    Tudo bem. O eleitor de Mogi das Cruzes pode ser chamado de provinciano ou de conservador mas o que dizer então do estado de São Paulo que é governado pelo PSDB há vinte anos, primeiro por Covas e depois alternando-se entre Serra e Alckmin.

    Tudo isso não é chavismo, pois não? Tudo isso é vontade do eleitor. Ou não?

    Isso posto, essa fixação na derrota do PT pode ser traduzida como um incomodo existencial e uma espécie de vendetta pessoal dela o que a descaracteriza como pessoa potencialmente apta a dirigir uma nação.

    Concluo portanto pelo meu equivoco em deixar de barato que chavismo para Marina é o exercício do poder por longo tempo. O que pode existir por trás dessa declaração é o desejo de acabar com um governo progressista cuja política é voltada essencialmente para o social. Marina parece então alinhar-se ao desejo de retrocesso, deixando de lado as prioridades eleitas por Lula e Dilma quais sejam o bem estar social e econômico de todos os brasileiros.

    Só falta combinar com o povo que certamente elegerá o PT em 2014 e depois de novo, e de novo, e de novo...