quarta-feira, 16 de outubro de 2013

O moço do shortinho branco e os onibus lotados.


Aqui em casa temos o hábito de ouvir rádio. Muito mais por conta da Rita do que por minha conta. E pela manhã, durante a café da manhã, o rádio quase sempre fica sintonizado na Bandeirantes, no jornal Primeira Hora.

Programa antiquíssimo, pra lá de 50 anos no ar, cujos nomes dos comentaristas atuais nem cito pois não vale a pena.

Sei que historicamente esse jornal faz dobradinha com outros grandes veículos de São Paulo em especial a Folha e o Estado  compondo o braço midiático do PSDB paulista e sendo certo também que em décadas passadas foi malufista até a medula. 

Pode ser que o meu raro e caro leitor ou minha rara e cara leitora me pergunte por que ouço essa tal rádio em momento tão importante do dia como o café da manha e eu respondo que além de, como eu já disse, ser um hábito da Rita e sobre o qual não faço objeções, aproveito para ao menos ouvir noticias. 

Mas de vez em quando ouço uns comentários difíceis de deixar alguém calado.

Atualmente os integrantes do programa estão empenhados em criticar as providencias de Haddad – o prefeito de São Paulo – no sentido de melhorar as condições do transporte coletivo na cidade, providencias estas centradas em especial na criação de corredores exclusivos para ônibus por praticamente toda a cidade.

A ideia das faixas exclusivas é uma resposta à necessidade de aumentar a velocidade dos ônibus diminuindo o tempo das viagens dos passageiros paulistanos. Coisa óbvia e que não precisa nem de boa vontade para entender. 

Diminuição de tempo de viagens significam menos desconforto, mais tempo disponível para qualquer outra coisa e é possível até a diminuição do numero de ônibus circulando pela cidade. Mais que isso tudo torna a cidade menos desumana.

Óbvio também é que tal providencia, a da faixas exclusivas, reduz o espaço dos automóveis particulares nas ruas, vai dai que os citados comentaristas, certamente usuários contumazes de seus veículos até mesmo para ir até a padaria, passaram a defender os motoristas e seus carros particulares repetindo todos os dias baboseiras como

ah! Será que o prefeito imagina que os motoristas que circulam pela cidade são indivíduos que acordam dez da manhã e colocam seus shortinhos brancos para irem jogar tênis?   

Olha o nível da critica!

Não seu bobão. Acontece que muita gente prefere usar seu carro particular por que o transporte coletivo tem sido tratado por sucessivas administrações que você apoia, como coisa secundária, dai que ficou uma porcaria.

O moço do shortinho obviamente não é filho daquela mãe que precisa levar o filho ao medico logo cedo e que sofre os sufocos de um ônibus apertado levando uma criança pela mão. Certamente não é neto daquele idoso que, não importa aonde ele vá, é amassado, empurrado e desrespeitado em sua fragilidade em um ônibus superlotado em que a cortesia é a ultima coisa praticada no meio do salve-se quem puder para chegar ao destino. E muito menos esse moço deve ter próximo de si pessoas que usam transporte coletivo diariamente e que sabem contar péssimas historias de desrespeito ao usuário.

Sem perceber, quando o moço do shortinho atribui ao prefeito um desconhecimento tão grande sobre os motoristas da cidade ele diz de si mesmo que não sabe nada sobre usuários de ônibus.  

Criticar providencias que privilegiam o transporte coletivo mesmo que, eventualmente,  sejam em prejuízo do transporte individual (mas nem sempre são ) é não reconhecer que usuários de transporte publico são seres humanos que tocam suas vidas com a mesma tabela de importâncias e necessidades que os usuários de transporte particular. 

Com a vantagem extra de que o ônibus transporta até 60 vezes mais pessoas de uma vez só, exigindo um aparato publico muito menor de estruturas viárias (avenidas, viadutos, fiscalização, conservação, etc.) que aquele dedicado à circulação de automóveis particulares. 

Tomara que Haddad acerte no seu projeto de não apenas melhoria do transporte coletivo mas quem sabe até consiga que o moço de shortinho branco vá jogar tênis de ônibus. Vai ser engraçado ver.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Para o Estadão melhora de transporte coletivo é demagogia

Em editorial publicado nesta quita feira, dia 10, o jornal O Estado de São Paulo chama de demagógicas e eleitorais as medidas anunciadas por Haddad, prefeito da capital, pra melhor o sistema de transporte coletivo do município. Simplório, como sempre são simplórios os que fazem a critica apenas pela critica, o jornal não dá a menor dica de alternativas. Não gosta do que esta proposto e pronto.

Vamos ver passo a passo o tal edital.

Ao levantar a bandeira (eleitoral) da mobilidade urbana, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, assumiram o papel de defensores dos sem-carro e passaram a combater, sem pensar nas consequências, a multidão dos que se atrevem a sair às ruas em seus automóveis, mesmo tendo de enfrentar grandes congestionamentos todos os dias. Os congestionamentos são cada vez maiores, mas a dupla já começa a acumular resultados "positivos" nessa batalha, mais do que ousada, demagógica.

Reparem nas palavras "combater" e "batalha". Impressiona como usos de termos beligerantes são cada vez mais usados em todos os assuntos que são elevados à categoria política e ideológica. Pior que isso só mesmo a conclusão de que o prefeito de uma cidade na qual circulam mais de cinco milhões de automóveis pretende de maneira deliberada prejudicar a circulação desses veículos. 

Ela deve melhorar a arrecadação da Prefeitura com o aumento das multas de trânsito e, assim, ajudar a pagar os subsídios às empresas de ônibus, que, com o congelamento da tarifa, devem atingir no próximo ano a impressionante quantia de R$ 1,65 bilhão.

Já é histórica nesta cidade a chamada indústria da multa. Não foi inventada agora para subsidiar nada. Esse estratosférico numero serve para manter o próprio sistema de fiscalização e administração e equipamentos de tudo que envolva o assunto transito na cidade.  É um erro é verdade. Antes disso o poder publico teria que se preocupar em educar o motorista para que não cometesse infrações. Mas isso é assunto pra outra hora. Fica anotada porém a tentativa inequívoca do editorial misturar providencias na melhoria do transporte publico com arrecadação de multas.

Estima-se que os recursos provenientes das multas crescerão 22% em 2014, atingindo R$ 1,2 bilhão, um novo recorde. Nos primeiros oito meses deste ano, dos 6,4 milhões de multas aplicadas aos motoristas que circulam pela capital, 352,5 mil foram flagrantes de invasões em corredores e faixas exclusivas de ônibus, registrados por um exército de 1,5 mil fiscais de trânsito da CET e mais 690 da São Paulo Transportes (SPTrans).

Fato: as infrações foram cometidas e o responsável deve ser multado. Ou não?

Os donos dos 7 milhões de veículos da capital parecem não ter importância. Eles seriam apenas pessoas egoístas que rejeitam o transporte público. É como se não tivessem compromissos diários, serviços a prestar e nenhuma relevância para a vida econômica e social da cidade

Ululantemente óbvio. Ou será que o jornal pensa que o prefeito pensa que todos os motoristas circulando pela cidade o fazem sem motivo nenhum? Circulam por circular? E que estes motoristas deveriam é ficar em casa? Talvez o jornal imagine que atos do prefeito e sua equipe tenham o mesmo resultado que editoriais como esse, ou seja, nenhum.
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Tanto é assim que, nas próximas semanas, aos marronzinhos se somarão 200 novos radares para ajudar na batalha contra esses paulistanos que não resistem à tentação de circular pelos corredores e faixas de ônibus - espaços em grande parte vazios -, para tentar chegar a tempo aos seus compromissos.

“Tentação de circular pelos corredores e faixas de ônibus” !? Quer dizer então que em nome da pontualidade em compromissos está todo mundo autorizado circular por faixas exclusivas, passar farol vermelho, estacionar em local proibido, trafegar na contramão?

Essa má vontade com o transporte individual prejudica a cidade. Não se discute a necessidade de dar prioridade ao transporte público e, no caso dos ônibus, de aumentar sua velocidade.

Discute-se a necessidade de dar prioridade ao transporte publico sim! De preferência uma discussão madura e construtiva, e o jornal poderia dar a sua contribuição nesta discussão indo pouco além da mera critica.

Mas não é preciso fazer isso criando dificuldades para os que usam o carro como instrumento de trabalho. Especialmente para aqueles - como médicos e enfermeiros, para citar dois exemplos - cuja profissão tem exigências que o transporte público não consegue atender.

Gostaria de saber quais são as exigências da profissão de médicos e enfermeiros que o transporte publico não consegue atender. Que eu saiba a finalidade única do transporte publico é levar as pessoas daqui para ali e nada mais que isso. O que cada um tem por profissão não é certamente um problema do transporte publico.

Portanto, em vez de tratar o transporte individual como egoísta e elitista, é preciso estudar a fundo o papel que ele desempenha na vida de grande parte da população. Quanto aos paulistanos que usam ônibus, seus problemas são a falta de conforto, de itinerários que atendam a suas necessidades e a lentidão.

Vamos deixar pra lá essa coisa de achar que o prefeito acha que transporte individual é elitista. Isso é debate ideológico e que não vem ao caso. Eis que no entanto o jornal tocou no ponto crucial. Foi preciso dizer um monte de platitudes para concluir que um dos problemas do transporte publico é a lentidão. Até que enfim. Agora diga senhor editorialista, qual é mesmo a finalidade dos corredores exclusivos para ônibus? Maior rapidez pois não?

Por isso, entre ficar espremidos em ônibus superlotados, depois de longa espera nas filas dos pontos, e suportar os congestionamentos, os que podem preferem esta última opção.

No lugar de implantar, sem planejamento e a toque de caixa, as faixas exclusivas que servirão de cenários para os próximos programas eleitorais do PT na campanha para o governo do Estado, Haddad e Tatto deveriam adotar um plano capaz de harmonizar a utilização de carros com o transporte público, de acordo com as necessidades das várias regiões da cidade.

Mais uma vez a ideologia. Não é só o PT que exibe em seus programas eleitorais as realizações de seu governo. Se o jornal não gosta dessa conduta dos partidos que o diga, mas não a torne exclusividade de um partido apenas. Agora vamos lá o que é  “harmonizar” o carro com o transporte publico. Por acaso estão em desarmonia? Onde? Quando?

Antes de reduzir o espaço destinado aos carros para forçar seus proprietários a deixá-los nas garagens, é preciso criar mais vagas de estacionamento para eles, com a construção - há muito prometida e nunca concretizada - de garagens subterrâneas. E seria bom também retomar o plano de transporte do governo Marta Suplicy que deixava os corredores apenas para os ônibus maiores. Os veículos de média e pequena capacidade seriam os alimentadores dessas linhas-tronco.

Nossa! Um elogio para Marta Suplicy?!! Marta foi eleita em 2000. De lá pra cá muita coisa mudou. A cidade cresceu em numero de habitantes, automóveis e ônibus. O que servia em 2000 pode não servir agora. E essa promessa nunca realizada de construir garagens subterrâneas? Quem fez essa promessa? Não foi o Haddad. Alias essa ideia serve justamente para estimular o transporte individual o que  bate de frente com a concentração de esforços e verbas na melhoria do transporte coletivo.

Hoje, o que se vê são todos esses veículos, às vezes quase vazios, disputando entre si aquele espaço. E muitos invadem as poucas faixas destinadas aos carros para fugir do congestionamento nos corredores e faixas.

E quem congestiona os corredores e faixas são, em boa parte, aqueles motoristas que não resistem a tentação de invadir este espaço por conta de seus compromisso, em especial – acho eu – os médicos e enfermeiros.

É preciso, em suma, mais planejamento e menos demagogia.

Eu diria que é preciso prestar atenção na cidade. Tentar torna-la mais humana para todos. E que além dos médicos e enfermeiros todos, todos mesmo, possam chegar aos seus destinos com mais rapidez.

domingo, 6 de outubro de 2013

As estapafurdices dos leitores daquele blogueiro lá...


  • Por sugestão do blog O Tijolaço  acabei indo parar no blog daquele sujeito de quem me recuso a dizer o nome e pude então apenas confirmar mais uma vez aquilo que todo mundo já sabe: os seguidores do sujeito de quem não digo o nome nem morto sofrem do mesmo tipo de confusão mental que ele. A prova esta em comentário que, Deus me perdoe por eu ter feito isso, copiei e colei a seguir. Se você meu caro e raro leitor, minha cara e rara leitora, tiver a paciência de ler inteiro e muito mais que isso você conseguir concluir alguma coisa por favor me diga.

    Advogado
    -
    06/10/2013 às 17:24
    ANÁLISE TEOLÓGICO-PSIQUIÁTRICA DA CANDIDATURA MARINA SILVA
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    A classe média brasileira, ao sul do Estado de Tocantins, está começando a “desconfiar” que o “modelo petista de ser” começa a dar problemas : 1) inflação alta, salários congelados/achatados. 2) carga tributária cada vez maior em suas costas. 3) tudo para sustentar um sistema de “compra-de-votos” . 4) “compras de votos” ( reeleição contínua do PT ) materializada em “bolsas-e-cotas-isto-e-aquilo” ( para o “povão”) . 5) para a classe média, a “compra de apoio político” concretiza-se por meio de “cabides-de-empregos-em-concursos-públicos” . 6) Um Estado cada vez mais aparelhado, dominado, pela máquina corrupta e corruptora. 7) a “desconfiança” de que se monta, pouco a pouco, um Estado cada vez mais Totalitário, com anulação da mídia ( grande parte “comprada” por conta de dívidas cobertas pelo Governo) ,do Judiciário, Ministério Público ( todos com perfil, cada vez mais, de “funcionários-públicos-de-confiança” ), com anulação do que entendem por “elites” ( p.ex., esmagamento dos médicos), com a anulação de toda a Sociedade Civil que não esteja debaixo de seus pés ( p.ex., intelectuais independentes, pessoas que não dependem do Governo, etc ). Na medida em que o Estado Petista aproxima-se cada vez mais de seu objetivo totalitário de “dominar toda Sociedade”, cada vez distancia-se mais da Sociedade civil. 9) Esta Sociedade Civil nota que está cada vez mais distante dos mecanismos decisórios, deliberativos, efetivos e executivos, e que o Governo está cada vez mais isolado em sua prepotência para implementar isto. 10) Tudo isto redundou em seu “movimento ( desorganizado e sem finalidade, mas barulhento ) de ir para as ruas”, uma forma de protesto. A partir daí a popularidade do Governo Petista caiu, talvez a classe média, a Sociedade Civil, tenham vislumbrado , por uma pequena fresta, toda esta engrenagem pérfida. 11) Na medida em que os indivíduos, as famílias, saem da “linha de pobreza”, acabam migrando da ideologia comunista do “é-melhor-todos-iguais-mesmo-que-pobres”, para a ideologia capitalista do “não-quero-ser-igual-e-quem-trabalha-mais-tem-de-ter-mais”. Assim, hoje, o Brasil tem mais ou menos 50% na posição “capitalista” e 50% na posição “comunista” . Nesta posição “comunista” estão não só os “pobres-dependentes-de-bolsas-e-cotas”, mas também muito da “classe-média-funcionária-pública-ou-esperando-concurso”. Ao sul do Tocantins esta proporção tende ligeiramente para o lado “capitalista”. Ao norte, pende majoritariamente para o lado “comunista”, dividindo assim o Brasil numa “Guerra da Secessão”. 12) a classe média já está sentindo na pele ( e isto é fundamental para a mudança de atitude política ) as consequências desta carga tributária enorme para bancar o assistencialismo comunista : por exemplo, hoje seus filhos não conseguem mais cursar determinadas profissões em Universidades Públicas, ao mesmo tempo em que não conseguem pagar tais cursos em Universidades Privadas, e, enquanto isto, os “filhos-das-cotas-e-das-bolsas” têm todas as regalias de acesso e de percurso em tais instituições.
    A partir destes mecanismos ilustrados acima, a classe média tem buscado alternativas eleitorais. Aí começam suas dores-de-cabeça, pois Aécio Neves ( PSDB) representa um modelo “profissional” de políticos do qual a classe média tende a fugir, entre outras coisas por assimilá-lo a “Renam Calheiros”, “Sarney”, “FHC”, etc. Ou seja, a classe média, aquela que lê ( mesmo que seja pouco ), sabe que Aécio é um “modelo de político” que, apesar de “direita”, é distante da Sociedade Civil, é um político cercado de benesses, mordomias, “jogadinhas sujas”, “conchavos de bastidores”, “cara esperto”, “playboy de classe alta”, “profissional da politicagem”, “sem credibilidade”, alguém que esconde a verdade, nunca fala a verdade, não tem um projeto claro de poder para a Sociedade Civil, relações escusas e não-transparentes com o mundo empresarial, Estado usado a favor de quem tem os “grandes patrimônios”, falta de um programa de “poder-a-quatro-mãos” com a Sociedade Civil, falta de um programa de redução tributária, falta de um programa claro e forte de meritocracia, falta de um programa de alavancagem econômica e “fim-de-assistencialismo”, etc. Todas estas impressões jogam, automaticamente, a “classe média” no colo de Marina Silva, a) uma mulher ; b) portanto, mais “confiável” e “menos espertalhona” do que um homem ) ; c) alguém que quer “ouvir” a “sociedade” ( seu partido se chama “rede”); d) ecologicamente correta ; e) aparentemente sincera; f) nada “playboy” ( pelo contrário, pessoa advinda da pobreza ); g) aparente religiosidade firme ( diz ser muito evangélica) ; h) aparentemente ética. i) “mulata”, ou seja, alguém de camadas mais humildes, minoritárias, da sociedade, o que “desperta” o “instinto esquerdista” ( “coitadista” ) da classe média. J) “ex-pobre”, ex- doméstica, ex-seringueira, ou seja, “tudo-de-bom-para-o-instinto-coitadista-da-classe-média”; k) casada, moralista, “vestido comprido”, nada de “porra-louquice”, ou seja, tudo que desperta o “instinto-conservador-da-classe-média”.
    No entanto, para muitos da classe média, não passaria de uma “Dilma Evangélica”, ou seja, alguém que seria igualmente “xiita” na defesa do “coitadismo-esquerdista” e combatente do “capitalismo-meritocrata-do-quem-trabalha-mais-recebe-mais”.
    De fato, quando Marina for presidente, haverá um embate titânico em sua mente : “esquerdismo x cristianismo”. E eu, particularmente, acho que este debate já está resolvido dentro de sua mente : para muitas pessoas, aquelas que não se aprofundaram no comunismo ( ou , oportunisticamente, se aprofundaram mas não quiseram ver ), “Jesus era comunista”, ou seja, “defendia os pobres e combatia a riqueza”. Não notam, ou não querem notar, que Jesus nunca falou em “igualdade humana”, a não ser quando fala em “igualdade de todos perante o Pai”( ou seja, teologicamente, “ser igual perante Deus” não quer dizer que todos “são iguais” , assim como para um pai humano, que ama os filhos igualmente, nem por isto eles se transformam em “seres iguais” ) . Jesus exortou todos para o trabalho ( “meu Pai trabalha desde toda a eternidade e eu também”), mandou respeitar o poder das elites ( “ daí a César o que é de César”), exaltou a meritocracia ( “a cada um segundo a suas obras” ). Nunca deixou de falar das desigualdades intrínsecas da alma humana : cada um tem seus dons, há muitas “moradas” na casa do Pai, a quem muito foi dado muito foi pedido. Tinha como comensais publicanos, fariseus, zelotas, nunca condenou a riqueza de quem trabalha, o que condenou é o uso egoístico da riqueza, o domínio da alma pela riqueza, e não o contrário. É entusiasta do mecanismo da evolução : “sede perfeitos”, “fareis coisas muito maiores do que as que eu faço”. Ora, a principal característica filosófica do esquerdismo é a anulação da possibilidade evolutiva individual , pois se todos “têm” de ser iguais, uns não podem evoluir mais que os outros, uns não podem trabalhar mais, ganhar mais, estudar mais, dominar mais, etc. Jesus, neste sentido, ao contrário do esquerdismo, pregou um “comunismo eferente”, mas abominou um “comunismo aferente”. “Comunismo eferente” é aquele onde você, como ser humano, tem sim de “repartir” ( eferência indica movimento para fora ) o que ganha ou o que tem. Temos de “espargir” as riquezas em benefício do outro, aumentar as frentes de trabalho, multiplicar em benefícios sociais o dinheiro que nos foi colocado na mão ( a parábola evangélica dos “três talentos” ). Por outro lado, Jesus nunca falou que temos de ser “comunistas aferentes” ( “aferência” indica movimento para dentro ) , ou seja, que temos de “desistir” de receber adequadamente por nosso trabalho, por nosso esforço, por nosso estudo. Pelo contrário, o Evangelho tem muitas mensagens do tipo : “cada trabalhador é digno de seu salário”. Portanto, não há, no Evangelho, nada contra trabalharmos mais, estudarmos mais, sermos mais eficientes, e , consequentemente, ganharmos mais. A única diferença do cristianismo para com o “capitalismo selvagem” é que o cristianismo, como vimos acima, condena o uso “egoístico” da riqueza. No entanto, em momento algum, ataca o mecanismo intrínseco do capitalismo, que é a meritocracia individual. Pois bem, ao meu ver, é muito provável que, na mente de Marina, o “esquerdismo” suplante o “cristianismo” ( apesar dela se dizer muito evangélica ) , e daí ela tenda a repetir o “coitadismo” que o esquerdismo usa para anular as iniciativas da Sociedade Civil e assim aumentar seu poder totalitário sobre a massa igualitária desprovida de independência em face ao Estado. Pode usar muito mal – como quase sempre os evangélicos o fazem quando chegam na política – o “messianismo” do cristianismo para achar-se uma “ genial e monológica guia dos povos”( temos de nos lembrar que era assim que Mao-Tsé-Tung se denominava) . Talvez por isto fosse mais negócio para a classe média envolver-se com um “playboy mais dialógico” como o Aécio ( ou seja, alguém mais “espertalhão” e politiqueiro, mas alguém que é mais “dialógico” – ou seja, pelo “diálogo”- com o resto da sociedade civil ). No entanto, do ponto de vista sociológico, como vimos acima, penso que não há, hoje, espaço para Aécio ( “um playboy sem força moral”) , e sim para Marina ( esta tem o que a sociedade clama hoje, “força moral”) . E, continuando meu “raciocínio teológico”, se eu fosse Deus, preocupado em salvar o Brasil do comunismo, pensaria assim : “com este petismo aí não tem jeito ( já estão no comunismo anti-evolução ) , no entanto este Aécio a classe média não engole; então vou fazer um mandato-tampão com a Marina, que pelo menos vai desalojar a máquina-totalitária petista do Estado Brasileiro e, para a sucessão de Marina eu coloco um “liberal” mais palatável do que o Aécio”. Marina não teria, neste raciocínio, o pior defeito de Dilma-Lula-PT neste momento político : a vocação totalitária para dominar toda o Estado e toda a Sociedade Civil ( daí a implantação gradativa do comunismo, coisa que tem sido feita com sucesso na área da saúde ) . O cristão, por formação interna, não teria esta truculência agressiva de “dominação” e “esmagamento”, truculência esta de anulação de toda liberdade e de toda Sociedade Civil ( esta seria uma esperança com Marina ) . Nesta minha “teoria teológica”, a transição do comunismo petista para o “mundo liberal” passar-se-ia através do “mandato-tampão” de Marina, até o Brasil cair de vez a ficha e ver que “comunismo” nunca mais ( nem stalinista, à la Dilma, e nem cristianista, à la Marina ). Isto porque, provavelmente, seu governo seria incompetente. Na medida em que a classe “pobre” vira classe média, ela vai abandonando o esquerdismo, não quer mais igualdade, quer consumo diferenciado. A classe média já estabelecida, por sua vez, começa a cansar-se de tanto imposto para sustentar a máquina eleitoreira ( bolsas, cotas, benesses, funcionários públicos, etc ) do esquerdismo. Portanto, é um modelo que começa a fazer água, mas não é ainda uma maré suficiente para vencer a máquina totalitária do PT atual ( completamente infiltrado no aparelho do Estado ) . Por isto Marina viria para estabelecer uma transição. Sendo esquerdista, não faria um bom governo, o que prepararia uma tomada da “direita” ( pessoal que “acredita” mais na sociedade civil ) ao poder.
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    Marcelo Caixeta, médico psiquiatra ( escreve às terças e domingos ) .
    Diário da Manhã – dm.com.br
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    Chavismo, Marina?

    Neste sábado quando filiou-se ao PSB, e é bom frisar que filiou-se e não coligou-se pois coligações se dão entre partidos que existem, Marina entre várias platitudes, obviedades e generalidades que falou usou a expressão chavismo quando disse, como pareceu muito óbvio ela dizer, que quer derrotar o PT.

    Primeiro lugar é bom que o eleitorado pense por que ao invés de propostas de governo, ao invés de fazer criticas e sugestões pontuais, Marina propõe derrotar, e derrota aqui tem o óbvio sentido de eliminar, uma agremiação política que tem existência legal, esta em pleno uso de suas atribuições e pode usufruir de todas os benefícios que são dadas a todos os partidos que funcionam sob a proteção da lei, inclusive governar o país.

    E qual o significado de chavismo? Vou deixar de barato e traduzir como uma espécie de "eternização" no poder que estaria sendo preparada pelo PT ( não foi isso que alguns deletérios ministros do STF disseram?), pois foi isso que Chavez - presidente da Venezuela - quase fez em seu país não fosse por sua morte.

    Vou também deixar por menos e não vou lembrar que as sucessivas reeleições de Chavez em seu país aconteceram em eleições livres e inclusive acompanhadas por observadores internacionais que atestaram a lisura do processo. O povo venezuelano elegeu e reelegeu Chavez por que assim quis. Simples.

    Mas vá lá que seja, talvez o regime venezuelano e o modelo Chavez de governo não seja muito palatável a Marina, então olhemos para os EUA. No período 1860-1932 aconteceu uma hegemonia dos Republicanos no poder que só foi interrompida em curtos três mandatos dos Democratas o que acaba dando quase mesma coisa que na Venezuela. E o que dizer da Alemanha atual cuja primeira ministra Merkel acaba de ser reeleita para seu terceiro mandato? Ainda há o caso de Margaret Thatcher que fiou no poder da Inglaterra por onze anos.

    Se Marina não quiser viajar tanto mundo afora ela pode dar uma chegada até Mogi das Cruzes, município da grande grande São Paulo, onde um certo senhor Waldemar Costa Filho já governou a cidade por 18 anos, não de maneira ininterrupta, mas eleito uma vez e reeleito três vezes.

    Tudo bem. O eleitor de Mogi das Cruzes pode ser chamado de provinciano ou de conservador mas o que dizer então do estado de São Paulo que é governado pelo PSDB há vinte anos, primeiro por Covas e depois alternando-se entre Serra e Alckmin.

    Tudo isso não é chavismo, pois não? Tudo isso é vontade do eleitor. Ou não?

    Isso posto, essa fixação na derrota do PT pode ser traduzida como um incomodo existencial e uma espécie de vendetta pessoal dela o que a descaracteriza como pessoa potencialmente apta a dirigir uma nação.

    Concluo portanto pelo meu equivoco em deixar de barato que chavismo para Marina é o exercício do poder por longo tempo. O que pode existir por trás dessa declaração é o desejo de acabar com um governo progressista cuja política é voltada essencialmente para o social. Marina parece então alinhar-se ao desejo de retrocesso, deixando de lado as prioridades eleitas por Lula e Dilma quais sejam o bem estar social e econômico de todos os brasileiros.

    Só falta combinar com o povo que certamente elegerá o PT em 2014 e depois de novo, e de novo, e de novo...

    domingo, 29 de setembro de 2013

    Por que tudo tem que ser um "esquema"

    Não consigo entender essa ideia fixa de alguns medalhões da grande imprensa brasileira que volta e meia, querem minimizar o contraditório de uma parcela da população, mais especificamente os blogueiros, dizendo que é todo mundo pago pelo governo federal para fazer elogios a este ou, por ultimo, criticarem a oposição.

    Isso é o que faz o Merval neste fim de semana em sua coluna de O Globo dizendo que as pessoas que fizeram memes com aquela foto das atrizes globais de luto, o fizeram por que foram pagos para isto. 

    Reina a ideia de que discordar é participar de esquemas.

    Merval não deve ter prestado atenção de que os tais memes foram reproduzidos aos milhares, quem sabe milhões, por um exercito de anônimos navegantes,  o que inviabiliza qualquer possibilidade de pagamento para que essas reproduções acontecessem. Mas isso é um detalhe menor.

    Outro detalhe de menos importância sou eu mesmo. Mal e porcamente, de maneira amadora e sem nenhuma competência, vez ou outra tento transmitir aos meus caros e raros leitores o que penso sobre a política nacional e a condução dos problemas do Brasil. E não recebo um só misero centavo ou qualquer reconhecimento por instâncias federais sobre o que eu digo. Os poucos minutos que gasto aqui no meu Saúva eu os gasto por minha conta e risco. Mas, repito, isso é um detalhe menor.

    O detalhe maior e mais importante é olhar para o quilate de certos blogueiros e articulistas que, segundo Merval, estariam a serviço do governo federal e imaginar que eles falam bem de uns e criticam outros apenas por uns trinta dinheiros ou coisa assim. O Merval desmerece a inteligencia dessas pessoas ao coloca-las apenas como mercenários da opinião e que as fazem - as opiniões- apenas para agradar quem os paga.

    Imaginar que Nassif, PHA, Azenha, Rovai, Eduardo Guimarães, Miguel do Rosário, Maria Fro, Altamiro Borges, correndo por fora tem o Stanley Burburinho,  e não cito mais nomes não apenas por minha memoria limitada mas pelo medo de esquecer somente um ou dois e assim cometer injustiça, imaginar que essas pessoas não são dotadas de raciocínio próprio, não tem opiniões formadas a respeito do Brasil, é desmerece-las como pessoas e cidadãos.

    Ou então, ao contrário, reconhece-las como mercenários da informação coloca o sr Merval na mesmíssima posição e nos faz pensar a respeito dele que, sim, ele também é pago e sendo assim haverá de escrever o que interessa aos seus pagadores.


    Para finalizar é preciso lembrar da tradição ainda bem recente que vigorava em especial na midia impressa o chamado Painel do Leitor. Uma estratégia estritamente mercantil, esta sim!, adotada pelos jornais e revistas que selecionavam entre as cartas que recebiam nas redações em sua maioria aquelas que se desmanchavam em elogios as matérias publicadas dando assim um certo aspecto assertivo na linha editorial da dita cuja.

    Esta tradição está acabando. Ainda bem. A internet trouxe a divergência on line e full time. É a pratica mais pura do "escreveu não leu o pau comeu". Merval precisa se acostumar com isso.



    quarta-feira, 25 de setembro de 2013

    Fernando Rodrigues, Cony e suas baboseiras.

    E disse o sr Fernando Rodrigues, colunista da Folha de S Paulo, que o discurso de Dilma na ONU é uma baboseira.

    A primeira pergunta que me ocorre é como uma empresa do porte do Grupo Folha gasta dinheiro em salários para o sr Fernando e seus congêneres falarem sobre coisas que não tem importância nenhuma? De duas uma: ou a Folha está rasgando dinheiro ou o sr Fernando Rodrigues está entendendo o mundo de forma totalmente errada.

    Dado que a primeira hipótese é pra lá de improvável resta então a conclusão de que o sr Fernando Rodrigues não habita nosso sistema solar e é de algum outro canto do universo que ele manda seus escritos.

    Nada que nenhum presidente de nenhuma nação do mundo diga na tribuna da ONU pode ser uma baboseira. Gostemos ou não do que seja dito trata-se da manifestação do representante de um país. E como tal precisa ser ouvido. Se trata-se de algo possível de ser realizado ou não, não pode ser descartado do modo como fez o sr Fernando que é não  apenas deseducado mas pior que isso, simplorio. O palavrório de sr Fernando é digno de debate ao redor de cervejas na mesa de um boteco qualquer e não no jornal que diz ter o "rabo preso com o leitor."

    Na sequencia desqualificou aquela Organização das Nações Unidas citando o preconceituoso finado Paulo Francis de que aquilo é  "É um cabide de empregos para vagabundos desfilarem de sarongue para cima e para baixo".

    Sr Fernando e outros como ele não se dá conta de que instituições - sejam quais forem - não são por si mesmas eficientes ou não, quem as faz do jeito que são, são os homens que nelas estão.  Tome-se como exemplo o jornal em que trabalha o dito colunista e que não pode ser bom ou ruim sozinho. Artigos como este é que o fazem um veiculo de comunicação desprezível. Tirássemos o sr Fernando e alguns de seus parceiros de lá pode até ser que elevasse o conceito do jornal.

    E um dos parceiros de sr Rodrigues é o sr Carlos Heitor Cony - outro colunista da Folha -  que tanto quanto o sr Fernando reduziu a importância da ONU e da diplomacia no mundo a nada. Embora tenha tido o cuidado de dizer que Dilma teve razão em seu discurso disse o sr Cony que de nada adianta uma vez que já não vivemos mais os tempos dos diplomatas e do Itamaraty ( no Brasil) cuidando das relações intra-países. 

    Segundo ele a espionagem veio tomar o lugar da boa educação e da política de boa vizinhança. Isto vindo de uma pessoa que recebe seu salário de um veiculo de comunicação useiro e vezeiro em esculhambar a idoneidade e dignidade das pessoas é normal. Mas ainda bem que a importância de sr Cony para o Brasil enquanto nação é nenhuma e graças a isso podemos a esperar de nossa presidenta e de seus auxiliares a busca de duas soluções: uma é da continuidade da diplomacia e da educação na convivência com todos os demais países do mundo. E a outra é resguardar nossas vidas de enxeridos em geral que não enxergam em nós nada além de massa a ser manipulada.

    terça-feira, 17 de setembro de 2013

    Crise existencial de um "vejista": ser ou não ser ético.

    Li, por mera indicação de pessoa conhecida e não porque eu vá cometer a imprudência de navegar pelo sitio da Veja, um artigo de Gustavo Ioschpe - e não dou o link por que a Veja jamais deve esperar de mim que eu vá conduzir alguém a ler qualquer coisa dela - e no tal do artigo o autor coloca-se diante do dilema se deve ou não educar seus filhos com os mesmo valores éticos e morais recebido de seus pais e, é claro, como não poderia deixar de acontecer com as produções da dita revista, o sr Gustavo aproveita para descer o pau no Brasil, dando a entender que apenas no nosso país existe crise moral e ética, se é que isso existe mesmo.

    Lamentável.

    Mas deixando de lado esse complexo de vira latas que atinge grande parte de nossos patrícios resta tentar uma reflexão um  tanto menos pessimista sobre o futuro de nossa sociedade pela constatação de mudanças profundas nos usos e costumes das famílias do mundo inteiro, se eu não me engano.

    Sr Gustavo faz referencia ao rigor com que foi educado por seu pai e quando fala sobre ele diz assim:  "Meu pai era um obcecado por retidão, palavra, ética, pontualidade, honestidade, código de conduta, escala de valores, menschkeit (firmeza de caráter, decência fundamental, em iídiche) e outros termos que eram repetitiva e exaustivamente martelados na minha cabeça"

    A maioria dos pais mundo afora são assim exceto pela palavra "obcecado". Isso dá um certo tom  de intransigência , de intolerância, de incapacidade de diálogo. Meu pai também foi um homem severo na exigência de determinados comportamentos dos filhos, mas eu não o chamaria de obcecado. Diria muito mais que os valores que meu pai praticava em seu tempo tornaram-se em parte impraticáveis nos dias de hoje.

    E por que?  Não dá pra responder. O mundo muda desde o dia em que foi chamado de mundo. Quando o sr Gustavo faz um discurso recheado de moral e bons costumes ele certamente se esquece que essa é a moral DELE do tempo DELE.  Em tempos idos e em tempos que virão moral, usos e costumes mudaram e continuarão mudando. E não dá pra ir buscar no tempo e na História os momentos que as coisas mudaram uma vez que a dinâmica, a roda viva que dizia Chico Buarque, passa de modo imperceptível e carrega com ela tudo que queremos e fazemos.

    Sr Gustavo de modo bastante sutil quer atribuir a tal crise ética ao nosso Brasil contemporâneo   exclusivamente a indivíduos como se esses fossem completamente autônomos no agir e no pensar diante de uma sociedade tão midiática como a que vivemos hoje.

    A mim me parece que para além de modelos econômicos, avanços tecnológicos, hábitos de consumo, praticas educacionais que são por si só mais que suficientes para mudar uma sociedade e com essas mudanças novos entendimentos sobre ética e moralidade, vivemos também sob um ditadura noticiosa e informativa que atende interesses exclusivamente de uma pequena classe e que não mede esforços para virar tudo de perna para o ar se for preciso para atingir seus objetivos. Exemplo claro disso e que todo mundo concorda são as telenovelas. Se o pai de sr Gustavo fosse o pai de algum dos personagens que aparecem na sala de nossas casa todas as noites, via televisão, certamente já teria cometido suicídio.

    No meu entender a industria do entretenimento em todas as suas dimensões contribuiu e contribui ainda para mudar de maneira radical hábitos e costumes também em todas as dimensões.

    E na rabeira deste modo de ver o mundo sob a ótica exclusiva dos criadores das ditas telenovelas, também os analistas, articulistas, editorialistas e seus congêneres da grande mídia quiseram aproveitar para montar um mundo ideal para seus patrões. E não há dia que não se leia calunia, difamação, ameaças, mentiras deslavadas, erros grosseiros de quem tem pressa em causar confusão, pois é no meio da confusão e da ignorância que reinam os mal intencionados.

    Não estou fazendo critica pela critica, quero apenas exercer meu direito de dizer ao sr Gustavo mesmo que ele nunca vá tomar conhecimento disto que a própria revista em que ele escreve é useira e vezeira em colaborar para a deterioção não só de valores eticos e morais mas, o que é muito pior, todos os dias faz questão de esculhambar com a Republica e seus poderes sempre que estes não estejam de acordo com os objetivos antes de tudo demagógicos e/ou financeiros da dita cuja. 

    Esta revista abriga hoje dois, e já abrigou um terceiro em tempo recente, dos piores articulistas em termos de ética, educação e respeito com quem quer que seja. Recuso-me a dizer os nomes destes pseudos jornalistas mas quem está minimamente informado a respeito da parte suja do jogo político no Brasil sabe que este dois são os representantes do que há de pior em termos de convivência  civilizada.

    Sr Gustavo esta muito mal acompanhado. Uma boa providencia que ele pode tomar para obter resposta para essa sua crise existencial é se recusar a escrever na tal revista. Seu obcecado pai ficaria orgulhoso dele com toda certeza. Mas ele deve estar confortável por lá. E se for assim nada do que ele disse é sincero. Como tudo o mais que vem daquela revista.



    terça-feira, 10 de setembro de 2013

    Promessa cumprida



    Em julho publiquei a foto das flores da pitangueira no Facebook e afirmei categorico: em setembro elas serão pitangas!

    E agora estamos em setembro e aí está a pitanga. Com toda a naturalidade, em sua silenciosa simplicidade a pitangueira cumpre mais um dos ciclos que se espera dela. E o faz no tempo certo.

    Em toda a Terra a Criação atende seus ciclos. Frutificam as pitangueiras, as galinhas botam ovos, os ursos polares nascem com casacos que lhes garante suportar o frio, vulcões vez ou outra acordam e estremecem a Terra, as baleias sobem e descem pelos oceanos. Os dias substituem as noites, as estações se sucedem, chove, faz sol, venta, a Lua cresce e diminui ao longo do mês movimentando as marés e assim a vida acontece, quase sem sobressaltos, tudo em seu tempo certo e de acordo com a Natureza, na maioria das vezes de modo totalmente harmônico como se todos os elementos e seres da Criação reconhecessem sua interdependência.

    Exceto a parte humana da Criação. Esta parte insiste em não esperar que nela aconteça o que tem que acontecer em especial a parte harmônica com seus semelhantes e com o restante da Natureza. E nega desde o seu próprio corpo e a complexa vida que pulsa nele até sua participação na aventura de todos sobre  Terra, o Homem insiste em dizer que quem manda é ele próprio, como se fosse possível um Homem existir apenas por suas vontades, com a clara intenção de bastar-se a si mesmo.

    E quando se vê incapaz de cuidar de sua própria vida e que as coisas não funcionam apenas por sua vontade, quando percebe que nem tudo o que planejou aconteceu e que, ao contrário, o que não estava previsto acabou acontecendo o Homem apela para o Divino, se ajoelhando, fazendo ofertas e muitas vezes propondo suborno.

    Eu garanto que não vi a pitangueira aqui de casa fazendo promessas, propostas e oferendas pra que suas flores virassem pitangas. Viraram e pronto.

    Mas o Homem quando está a frente do que não é capaz de transformar sozinho apela e ajoelha e reza e esperando que no minuto seguinte tudo se transforme e que o "milagre de sua vida" aconteça. Sem se dar conta de que o milagre já aconteceu e que dentro dele mesmo já está colocado o poder transformador que tanto deseja e que a única regra para esse poder funcionar é a simplicidade, a paciência, a tolerância e o respeito pela Criação. 

    Espera-se milagres retumbantes, ruidosos, visíveis, palpáveis e transformadores do aqui e agora.

    O maior de todos os milagres, se é que existem milagres grandes ou pequenos, já aconteceu desde sempre: é a Vida que pulsa em todo o Universo, com a Mãe Terra dentro dele, e nós sob os cuidados da Mãe Terra.

    Se os nosso olhos virem e se nossos corações compreenderem esse milagre, o milagre da Vida, só ele  basta. Não tem cabimento esperar outro milagre ou exigir que as regras mudem para nosso prazer pessoal. Resta-nos apenas admirarmos e reverenciarmos tudo que está a nossa volta. E nesta admiração e reverencia deixar tudo florescer e virar frutos. De onde vai nascer a generosidade, a partilha e o desejo de viver em harmonia.

    terça-feira, 23 de julho de 2013

    Contra o que estamos protestando?

    Desconfio que vai levar ainda algum tempo até que especialistas em comportamento humano possam decifrar as razões das manifestações chamadas até agora de "dos estudantes" ou " da juventude", havidas no mês de junho no Brasil.

    Quanto a mim que não tenho compromissos com carreira, diplomas ou currículo profissional fico a vontade para dar uns pitacos sobre o que pode ser esse tal de "grito da rua" que é o outro nome dado ao dito movimento pois mesmo que eu erre, e isso é quase certo, não serei responsabilizado e nem cobrado por dizer verdades que não correspondam aos fatos.

    Começando desde o tempo em que o Homem dava seus primeiros passo na Terra sabe-se que já naquela época os seres humanos sentiam a necessidade de agruparem-se, agindo desde aquele tempo um tanto de acordo com o ditado que surgiria muito mais tarde que nos ensina que nenhum homem é uma ilha. Nossos distantes antepassados passaram a viver agrupados naquilo que chamavam de tribos. Que evoluiu para vila - acho eu - depois cidades, reinos e outros agrupamentos que eu não me atrevo a citar sem ferir a cronologia da Historia. E como há uma distancia enorme entre aqueles tempos e esse nosso, melhor eu pular logo os milênios que nos separam daqueles ancestrais e olhar para os tempos mais recentes, sobre os quais é mais fácil falar e compreender.

    Então estávamos nós, os humanos, já divididos em vilas, cidades, estados, países, continentes e esta divisão dava-se de maneira natural e sem qualquer interferência, ou seja, pertencíamos ao grupo de onde nascêssemos, geograficamente digo eu. Mas dada a tendência humana de enfadar-se com tudo, deve ter havido um momento que nossos antepassados resolveram que as divisões de grupos humanos poderiam ser muitas mais, embora eu ache que já nesse tempo viviam-se  as divisões por classes econômicas e religiosas.

    Mesmo sem ter ciência disso, os tataravós de nossos tataravós seguiam a risca mais um ditado, além daquele já citado que diz que  nenhum homem é uma ilha, um outro que diz que a união faz a força. E passaram a dizer entre si que seria muito bom que as pessoas com qualquer tipo de interesse se reunissem com as outras com o mesmo interesse a fim de apoiarem-se uns nos outros na busca de, em primeiro lugar, entenderem por que se interessavam por aquilo, e em segundo diferenciar-se das demais pessoas que não se interessavam pelo que lhes interessava. Estava-se construindo uma bobagem muito maior do que pode parecer, a primeira vista, esta minha narrativa na busca de entender o que aconteceu em junho nas ruas do Brasil. 

    E olhando tudo aqui do alto deste ano de dois mil e treze do século vinte e um, como se atrás de nós tudo pudesse ser visto com um gráfico, ou uma linha do tempo para estar mais de acordo com esses tempos de redes sociais, devem casar-se perfeitamente o momento em que surgiram os profissionais padeiros e sua associação, depois os ferreiros e seu sindicato, muito mais tarde surgiriam os engenheiros com seus conselhos, os políticos e seus partidos, os mutuários do BNH e suas entidades, os praticantes de surf e suas federações, enfim tudo em que houver a possibilidade de  reunirem-se dois ou mais indivíduos com os mesmos interesses aí existirá também um representação destes mesmo interesses.Tudo sempre subentendido pelos participantes dessas agremiações que a união faz a força. União aqui entenda-se a reunião das pessoas com os mesmos interesses, e  fazer a força pode querer dizer defender estes interesses, não se sabe bem contra quem ou contra o que.

    E deu-se que nós homens nos vimos de repente tão fatiados e representados em qualquer coisa que façamos - profissão, religião, lazer, sociedade, família, negócios - que ao mesmo tempo que nos agregamos e por mais paradoxal que possa parecer nos sentimos também separados de outros grupos que, por razões diversas, não fazemos parte.

    E junto a essa tal defesa de interesses contra quem ou contra o que não se sabe o homem meteu-se numa enrascada pois claro está que ao defender ferrenhamente seus interesses  impediu não só a si mas a todos os outros, o experimento de novas possibilidades para as mesmas coisas.

    Parece que chegamos ao ponto em que os fabricantes de tampinhas de garrafa não podem evoluir no modo de fazer, apresentar e fechar as garrafas, sem ouvir protestos e tentativas de impedimentos da associação dos fabricantes de abridores de garrafas, que julgam os fabricantes das tampinhas um cartel que age em interesse próprio sem olhar para o restante da sociedade, em especial seus associados fabricantes de abridores de garrafas, que certamente acumularão astronômicos prejuízos se forem lançadas as novas tampinhas de garrafas.

    Estamos muito próximos de cada vez que tentarmos dar um passo adiante, mesmo que isso seja em beneficio da maioria das pessoas, uma minoria desde que reunida sob uma entidade com mais força que a simples união faz, impedirá o tal passo evolutivo.

    Desculpem-me meus caros e raros leitores se demorei mais que o normal para chegar ao ponto do que quero lhes dizer, mas em resumo é isso: acho que nos representamos demais, nos fatiamos demais, nos unimos demais, nos defendemos demais.

    Talvez seja esse o sentimento de quem foi para a rua no mês de junho: juntar-se apenas, sem necessidade de uma organização que lhes represente, sem assembleias, sem coletas de votos, sem maiorias ou minorias, apenas uma porção de seres humanos buscando falar sobre seus interesses, pois tanto nos juntamos em grupos, tantas camisetas vestimos, tantas carteirinhas e crachás portamos que ao mesmo tempo que nos dão direitos, nos massificam e nos retiram a personalidade, e nos esquecemos que somos indivíduos.

    Não podemos mais viver sob os interesses de milhares de pequenos grupos cujos conflitos impedem que a coletividade como um todo usufrua daquilo que lhe é de direito, ou seja, mais igualdade, mais solidariedade, mais fraternidade. Não precisamos de milhares de associações e representações. Precisamos lembrar que podemos ser apenas uma única Irmandade de Homens.

    You may say i´m a dreamer, but i´m not the only one... ( John Lennon)



    sábado, 20 de julho de 2013

    Ainda sobre a vinda de médicos estrangeiros

    Passadas a primeiras e acaloradas justificativas daqueles que são contrários ou a favor da vinda de médicos estrangeiros para o Brasil, resta torcermos para que os debates daqui para a frente sejam menos apaixonados e um tanto mais ponderados sobre do que realmente se está falando, ou seja, da saúde de milhões de brasileiros, naquilo que pode ser a diferença entre a vida e a morte, a saber, atendimento médico minimamente decente.

    Faço um esforço para não tornar preponderante nessas minhas intromissões a sensação que tenho de que na verdade tudo tem um forte viés ideológico e um outro, nem tanto, interesse corporativista.

    Primeiro é bom que se diga que o muito conhecido, para muitos famigerado, SUS foi criado pela Constituição de 1988 em seu artigo 196, sessão Da Saúde, sustentado por cinco princípios básicos: universalidade - a saúde é um direito de todos e portanto dever do Estado; integralidade - atendimento integral ou ainda desde a simples prevenção de doenças até os procedimentos médicos mais complexos; equidade - todos são iguais perante a lei e perante os benefícios do Estado e não precisa dizer mais nada; descentralização - o que quer dizer que a administração do sistema é de obrigação e responsabilidade das três esferas de poder executivo: União, Estados e Municípios; participação social - implica em que deve haver participação de toda a população na gestão do sistema.

    Para mim qualquer debate que queira excluir um ou outro desses princípios nem merece atenção.

    Isto posto, combinemos que condenar o SUS por si mesmo é uma baita bobagem dado que o modelo é baseado no que pode haver de melhor em segurança da saúde para todos os brasileiros inclusive para os críticos do Sistema.

    Se temos carências no Sistema elas são devidas em boa parte ao conjunto daqueles responsáveis pela administração do mesmo, mas não devemos nos esquecer também da parcela de culpa que cabe aqueles que o operam no dia a dia do atendimento ao publico e aqui incluem-se, é claro, os médicos.

    Anote-se que enquanto redijo estas intrometidas  linhas circula por ai uma noticia ainda não totalmente confirmada de que há uma tentativa de boicote ao programa Mais Médicos, boicote este perpetrado por órgãos representativos dos profissionais médicos. Tal boicote ou sabotagem consiste em fazer com que médicos inscrevam-se no programa e em seguida cancelem suas inscrições o que denota dois objetivos desonestos: o primeiro implanta descrédito ao programa por parte da população uma vez que os ex inscritos  alegam falta de benefícios previstos na  CLT nas contratações, e os segundo objetivo muito mais nefasto é atrasar os procedimentos do sistema com esse entra e sai de inscritos.

    Feita esta anotação retorno ao assunto e declaro minha estranheza de que em todos os debates e argumentos que ouvi, de todas as partes envolvidas, não ouvi em nenhum deles argumentos do tipo salvar vidas, preservar a saúde de seres humanos, atender pessoas carentes, elevar a auto-estima de pessoas debilitadas, etc e etc.

    O assunto gira sempre em torno de planilhas e de benefícios, de tecnologia, de  instalações modernas, de equivalência nas formação dos doutores estrangeiros com os brasileiros.

    A respeito desse ultimo item vale a pena perguntar: mas será que os cidadãos naturais sejam lá de que pais forem, não tem um atendimento médico competente nos hospitais, ambulatórios e consultórios de seus países? Será que os médicos brasileiros são o creme de la creme na douta ciência de curar pessoas? Os males que atacam cubanos, franceses, sul-africanos, portugueses são menos complexos dos males de todos nós brasileiros? Por lá padecem apenas de resfriados, prisão de ventre ou diarreia e nós aqui padecemos de doenças que ainda sequer descobriu-se nem a causa e nem a cura? Ora, ora

    Voltemos ao centro dos debates. Existe um repetitivo argumento de que nos distantes rincões brasileiros não existe infraestrutura nem de instalações e nem de tecnologia para auxiliar nossos profissionais de medicina em seus diagnosticos sendo esse um fator preponderante para afasta-los de laborar nessas terras. Primeiro há que se saber se querem, as organizações de médicos, que seja construido um Sírio Libanês em cada esquina brasileira. Se assim for percamos desde já todas as esperanças. Para além disso precisamos saber com certeza se são mesmo necessários e indispensáveis uma lista com incontáveis itens de exames laboratoriais, supostamente úteis para a investigação sobre o mal que atinge o paciente, e que vão desde exames de fezes, sangue e urina até raios X e eletros disso e daquilo, invasões nas intimidades das senhoras e dos senhores para tudo terminar na prescrição de uma aspirina ou de um tranquilizante. É virose ou stress dizem invariavelmente os médicos deitando um olhar sisudo à folha dos resultados dos exames. Tome aqui este remédio durante uma semana, se não melhorar volte daqui três meses. Obrigado doutor.

    Sinto um cheiro de pressão de laboratórios de análises clinicas e de outros exames  habitualmente efetuados em nossas intimidades. São procedimentos caros como se sabe. Sabe-se lá quanto custa um reagente ao coco do senhor que sente dores no ventre. O que se dirá do custo daquela cultura das secreções das partes pudicas da gentil senhora que tem sentido uns incômodos ao urinar. Pois então. Nada disso se usa na chamada medicina preventiva. Bons hábitos de higiene, de alimentação e do cotidiano de todos nós servem para prevenir tantos males para os quais, tardiamente,  se convocam batalhões de técnicos laboratoriais para escarafuncharem nossas secreções em busca de deus sabe lá o que, e que esse que quase nunca é encontrado. Restando ao médico o prosaico e simplorio ato de receitar uma medicamento de combate ao mal anteriormente detectado pelos batalhões de técnicos e seus reagentes às nossas secreções.

    Por ultimo mas não menos importante, e seguindo ainda a linha de raciocínio de que os debates tem passado ao largo de cuidar de vidas humanas, não me parece factível que as organizações representativas dos médicos queiram decidir por estes onde devem trabalhar ou não e por quanto. Pois havemos de concordar que os caminhos a serem trilhados na profissão escolhida, os projetos de vida de cada um sejam econômicos ou de aspirações mais nobres, são questão de foro intimo e que cabe a cada um , na intimidade com seus botões e ressalte-se que cada um conhece melhor que ninguém os seus próprios botões, perguntar e encaminhar sua vida do modo que lhe parece mais conveniente. O que vemos aqui, nas organizações representativas dos profissionais de medicina, é uma descarada intrusão, uma ofensa mesmo, às competências que cada um deve possuir para resolver sua vida por si mesmo. Ou então se os médicos  estão a entregar a outros a decisão de sonharem seus sonhos, urge que Deus nos livre de entregar a estes profissionais as questões que dizem respeito à nossa saúde e nossas vidas.

    Repito, por ser importante, que o debate deve se dar em torno dos cinco princípios básicos citados lá em cima e sem os quais a saúde de nós todos brasileiros corre serio risco de definhar até a morte e, a depender de nossos recursos financeiros, cabendo aos mais ricos prolongarem suas vidas um tanto a mais, mesmo que lá adiante vão encontrar a morte que todos encontram e não há medico que disso os livre, e aos pobres em vê-las, as suas vidas, interrompidas muito precocemente.