quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O absoluto relativo.


Vocês talvez digam que o titulo desse post é um disparate gramatical e conceitual. E é. Eu explico.

Passei quase toda minha adolescencia e o inicio da idade adulta ouvindo apenas músicas dos Beatles. Durante um longo período eu me recusava a ouvir qualquer outra música fosse de quem fosse.

Passou o tempo e minha paixão incendiária pela musica daqueles moços foi se transformando em amor sereno que acabou por acomoda-las em lugar definitivo no meu coração de onde elas nunca mais sairam.

Foi então que me dei conta que de uma certa maneira eu havia perdido coisas muito importantes acontecidas na musica brasileira daqueles tempos – anos 60 e 70 – e me bateu  um sentimento de culpa por não ter apreciado com o devido respeito musicas do naipe de gente como Chico Buarque, Vinicius, Tom Jobim. Cito sómente esses tres para poupar vocês da leitura de uma lista enorme que deve girar na casa de uma centena que é a quantidade de gente boa da musica brasileira que produzia naquela época. 

E nesse meu relaxamento auditivo acabei conhecendo e apreciando por causa da  Rita, do Lê e da Carô bandas como U2, Depeche e Pearl Jam. Novamente cito somente mais tres para poupa-los de uma lista enorme.

Então quando penso nessas coisas é que me vêm a cabeça os conceitos de absoluto e relativo.

Gostar absolutamente e apenas dos Beatles não foi uma boa coisa pois deixei de ouvir outras musicas de boa qualidade também. 

Mas ao mesmo tempo, mais tarde, não transformei meu senso critico e gosto musical num relativismo perigoso a ponto de eu passar a gostar de tudo e de nada ao mesmo tempo. 

Assim é tudo mais na vida. Em todas as dimensões humanas – nas artes, na politica, na religião – tudo tem um tanto de coisas boas e um tanto de coisas ruins. Importante é observar também que as vezes coisas aparentemente opostas acabam por se apresentarem identicas em muitos sentidos. Alguém já disse por ai que se não fosse para as coisas se encontrarem mesmo nas divergencias, a terra seria achatada e não redonda.

Estamos sempre formando opinião na vida e, em razão de que opnião tem uma forte dose de pessoalidade , tudo pode parecer muito subjetivo e as vezes incompreensivel.  Mas é indispensavel exercitar a escolha. E para escolher é preciso conhecer, estudar, observar....

Tomando o cuidado de não radicalizar no absolutismo a ponto de menosprezar e até humilhar aquele que tem opiniões contrárias a sua, mas também não relativizar demais chegando a não ter opinião e nem interesse por nada. O que resultaria em não aproveitar a vida da maneira mais plena possivel.

Então nada de relativismo absoluto e muito menos de absolutismo relativo. E tenho dito.

E já que comecei falando de música, quero dividir com voces a genialidade de dois compositores que atuando em universos tão distintos acabaram produzindo duas musicas que falam exatamente das mesmas coisas: das  impossibilidades, das divergencias, dos desencontros. Mas ambos com uma forte dose de esperança de que tudo vai ser superado, e haverá a compreensão, a união final.

Chico Buarque  A Dançarina e The Beatles Hello Goodbye.

Fiquem em paz,
Jonas