quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

palavras - borboletas

De todas as propriedades das palavras a que mais me intriga são suas nuances.

Eu as escrevo de um jeito e elas poderão ser entendidas de tantos jeitos quantas forem as vezes em que serão lidas.

As palavras são como as borboletas, frágeis ao vento, tropegas. Mas como encantam!

Fiquem em paz

Jonas

Cuidar da individualidade

Vivemos tempos racionais demais. Tempos globais demais. Tempos em que importam as redes - de qualquer coisa. E somos convidados a viver em organizações, instituições, agremiações, sindicatos, ONGS, partidos, torcidas, grupos, não importando bem o titulo mas sim que signifique estar unido em torno de um pensamento único, ou se preferirem de um pensamento global.

Já não lemos mais que a loja de calçados da esquina faturou uns quantos mil no ano que passou, com os seus cinco ou seis funcionários os quais conhecemos. Agora ficamos sabendo que o comercio de calçados no pais todo faturou numeros que nos impressionam e nos fazem pensar que o dono da loja da esquina está milionário.

Não temos mais muita certeza se aquele sorvete do qual gostamos pra caramba ainda é fabricado por aquele tal fabricante. As vezes descobrimos que o fabricante do nosso sorvete faz também creme dental, acessórios para automoveis e é um grande plantador mundial de papoulas.

Não sabemos exatamente o que significa uma taxa de 10% de desemprego e muito menos sabemos a razão de tanto sobe e desce das bolsas de valores do mundo todo que, na TV, fazem questão de nos informar todos os dias.

E pela chamada rede mundial de computadores recebemos tanta, mas tanta informação que nem sabemos o que fazer dela.

E todos, ou quase todos, reclamamos de solidão. De um jeito ou de outro muitos de nós se isolam em seus mundos, receosos de expor seu bem mais precioso: sua individualidade.

Dado que tudo é universal, nós - ou ao menos eu - nos constrangemos diante do gigantismo que aparentemente a grande massa humana realiza lá fora. E pode ser que surja o medo de ser único.

O problema é que quando abandonamos nossa individualidade junto vão nossa originalidade e nossa criatividade. E perdendo isso acabamos por perder a felicidade da satisfação pessoal, da realização em muitas dimensões da vida.

Dirão alguns que agora melhorou e que em razão da globalização sabemos de mais coisas e por isso temos mais opções nas nossas escolhas. E não é errado pensar assim.

Mas não consigo entender muito bem por que o tenis que eu uso é igual ao anunciado pelo maior jogador de basquete lá dos States - país onde nunca pisei  - e por que no meu site de relacionamentos eu me comunico com gente do leste e do oeste e do norte e do sul, sendo não sei sequer o nome do meu vizinho e muito menos sei  o nome do padeiro de quem eu compro pão fresquinho todas as manhãs....

Fiquem em paz

Jonas