sábado, 28 de janeiro de 2012

O planeta ainda não está agradecido

Com frases de apelo ecológico como " tirar o planeta do sufoco " e com funcionários usando camisetas onde se lê " o planeta agradece" a grandes redes de supermercados paulistas passaram a cumprir lei estadual que proíbe a distribuição de sacolinhas  plásticas para os consumidores. Pelo que sei outros estados brasileiros já adotaram a mesma lei, e todos eles com a desculpa pretensiosa de que estão ajudando a preservar o meio ambiente.

Poderia até mesmo ser verdade se dentro dos próprios supermercados a farra do plástico tivesse sido interrompida. Porém iogurtes, cereais, farinhas, carnes, frios, embutidos, refrigerantes e todo o tipo de gêneros alimenticios continuam embalados no velho plástico de sempre. Nada mudou.

Pelo menos por enquanto a única coisa que me ocorre é que o que está acontecendo de verdade é uma economia - desconfio que bem grande - para os supermercados além de uma renda extra para os mesmos com a venda de sacolas de pano, carrinhos de mão, etc.

E estranhamente nada mudou nos pequenos supermercados e em estabelecimentos de outros ramos de comercio que continuam a oferecer as sacolinhas.

Alguém está  querendo nos fazer acreditar que retirando as sacolinhas dos supermercados estamos dando um grande passo na direção de políticas ambientais mais eficazes. Balela pura. Ate o mundo mineral sabe que as sacolinhas são usadas para embalar lixo e que apenas serão substituídas por sacos plásticos comprados nas prateleiras dos mesmos supermercados. Eita delicia capitalista!

Fariam muito melhor nossos prezados governantes se pensassem por exemplo em obrigar que todos edifícios construídos a partir de agora equipassem as pias das cozinhas dos apartamentos, com trituradores de alimentos. Isso diminuiria bastante o descarte de lixo via lixeiro. Na mesma linha poderia se pensar em fazer adaptar, talvez com algum subsidio, todos os apartamentos de uma determinada idade com os mesmos trituradores.

E poderiam fazer ainda mais se investissem pesadamente em infraestrutura de coleta de lixo seletiva - mas uma verdadeira coleta seletiva, diaria, bem planejada e eficente -, reciclagem, e produção de gás derivado do lixo. Mas pelo menos por hora não se vê nada disso.

E que tal uma campanha de conscientização bem feita, eficiente e de longo prazo de exibição convocando a população a dispensar as tais sacolinhas em compras de dois ou três pequenos volumes. Não vejo nada de errado em carregar uma ou duas caixas de remédio na mão por exemplo. O pãozinho na padaria já é embalado em sacos de papel, mas os padeiros insistem em colocar o saco de papel em uma sacola plástica. Pra que?

E que tal educar a população para descartar o papel higiênico usado no vaso sanitário antes de dar a descarga? Sim por que papel higiênico na água é muito mais solúvel que certos materiais ali despejados. Isso reduziria o uso de saquinhos plástico na lixeira do banheiro.

E por que não garrafas de vidro retornáveis para cervejas e refrigerantes? Certamente já dispomos de tecnologia de sobra para colocar um código de barras nos rótulos das ditas cujas para serem lidas na entrada do supermercado emitindo um cupom de credito de vasilhame para o consumidor.

E por fim por que não convocar distribuidores, produtores e fabricantes de embalagens a buscar soluções para seus produtos com prazo - exatamente como fizeram com os consumidores - para reduzir de maneira drástica o uso do plástico? Afinal se os consumidores têm que se adaptar com uma decisão de cima para baixo,  então que se adaptem todos.

Certamente existem outras centenas de sugestões e idéias que ajudariam de verdade a tirar o planeta do sufoco levando-o a agradecer com sinceridade e sem essa desconfiança de que está sendo enrolado.

Fiquem em paz,

Jonas

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

E como se sentem os soldados?

É indiscutível a responsabilidade direta das autoridades dos três níveis de Governo e mais as do Judiciário na desastrada operação de desocupação do terreno do Pinheirinho em S J dos Campos - SP. Muito já se falou sobre isso e chegou-se a conclusões óbvias de que faltaram em especial respeito e compaixão  pelo próximo,  para tornar aquela operação menos dolorida possível para a população envolvida no assunto.

Isso é ponto pacifico e não há o que se acrescentar.

Mas todo esse evento trouxe-me a lembrança um encafifante pensamento que carrego comigo já faz muito tempo: como se será que se sentem os ocupantes da base da escala hierárquica e que por fim foram os que botaram a mão na massa para fazer com que tudo acontecesse? Falo dos soldados que entraram em campo e foram, literalmente, os executores da infeliz ordem e pior que isso foram a tradução palpável e visível, do pouco caso com que o assunto foi tratado.

Como será que cada soldado viu e sentiu aquilo tudo? Pois é sabido que aqueles soldados para além de funcionários públicos que são pagos para fazer manter a normalidade jurídica do Estado, são também seres humanos. Não é difícil imaginar que muitos deles, quem sabe a maioria, também constroem suas vidas com dificuldades, também perderam noites de sono planejando o mês de salário, as contas, comida, escola, moradia, remédios etc., etc. Quem sabe uma parte deles também more em locais cuja propriedade legal seja difícil de ser comprovada.

A mesma coisa pode ser perguntada a respeito da outra ação desastrada do Estado efetuada na Cracolandia - SP. Como é que sentem-se os soldados que levaram a cabo ações de repressão e humilhação a que submeteram os dependentes de crack que vivem por ali?

Muita gente poderá dizer que o soldado é treinado para cumprir ordens e não fazer perguntas. Tudo bem. E eu acho que na maioria das profissões as coisas se dão assim mesmo. Para isso existe a hierarquia, para isso existem penalidades para quem não cumpre ordens recebidas.

Mas todo mundo sabe que se um comandante mandar seu soldado tomar um copo de veneno ele não vai tomar. Ele também não vai se atirar pela janela do vigésimo andar mesmo que seja ameaçado de ser expulso da corporação.

E deve ser do consenso geral que um oficial militar não pode mandar seu soldado atirar em membros da própria família por óbvias razões de envolvimento emocional.

O que temos então? Temos que um policial não é totalmente desprovido de valores que passam por sua auto-estima e vão até a vida familiar e que ele tem dentro de si todo o conjunto de emoções, sentimentos e critérios que isso envolve.

Sendo assim cabe uma pergunta: por que diabos um soldado agride gratuitamente quem não representa o menor perigo? Por que diabos um soldado invade lares e grita com crianças e idosos, e os expulsa como se fossem animais?

E nesse momento me ocorre outra pergunta: será que se fosse dado a todo ser humano escolher sua profissão de maneira livre e independente, quantos será que escolheriam ser soldado? 

Quantas são as contradições que cada um nós vive? E qual a magnitude do estrago que provocam em nossas almas?

Não vou continuar pensando, escrevendo e perguntando. Na maioria das vezes me sinto impertinente demais me envolvendo no que não sou chamado e naquilo a respeito do que nada sei.

Mas quem sabe ao menos possamos continuar refletindo sobre isso..

Fiquem em paz,

Jonas

sábado, 14 de janeiro de 2012

Os indiferentes

O texto abaixo, de Antonio Gramsci - pensador italiano -, foi escrito em 1917. Mas em vista do descolamento da maior parte da população brasileira da discussão dos grandes temas nacionais provocado pela ação do poder midiatico do Brasil, bem que poderia ter sido escrito hoje mesmo.

"Odeio os indiferentes. Como Friederich Hebbel acredito que "viver significa tomar partido". Não podem existir os apenas homens, estranhos à cidade. Quem verdadeiramente vive não pode deixar de ser cidadão, e partidário. Indiferença é abulia, parasitismo, covardia, não é vida. Por isso odeio os indiferentes.

A indiferença é o peso morto da história. É a bala de chumbo para o inovador, é a matéria inerte em que se afogam freqüentemente os entusiasmos mais esplendorosos, é o fosso que circunda a velha cidade e a defende melhor do que as mais sólidas muralhas, melhor do que o peito dos seus guerreiros, porque engole nos seus sorvedouros de lama os assaltantes, os dizima e desencoraja e às vezes, os leva a desistir de gesta heróica.

A indiferença atua poderosamente na história. Atua passivamente, mas atua. É a fatalidade; e aquilo com que não se pode contar; é aquilo que confunde os programas, que destrói os planos mesmo os mais bem construídos; é a matéria bruta que se revolta contra a inteligência e a sufoca. O que acontece, o mal que se abate sobre todos, o possível bem que um ato heróico (de valor universal) pode gerar, não se fica a dever tanto à iniciativa dos poucos que atuam quanto à indiferença, ao absentismo dos outros que são muitos. O que acontece, não acontece tanto porque alguns querem que aconteça quanto porque a massa dos homens abdica da sua vontade, deixa fazer, deixa enrolar os nós que, depois, só a espada pode desfazer, deixa promulgar leis que depois só a revolta fará anular, deixa subir ao poder homens que, depois, só uma sublevação poderá derrubar. A fatalidade, que parece dominar a história, não é mais do que a aparência ilusória desta indiferença, deste absentismo. Há fatos que amadurecem na sombra, porque poucas mãos, sem qualquer controle a vigiá-las, tecem a teia da vida coletiva, e a massa não sabe, porque não se preocupa com isso. Os destinos de uma época são manipulados de acordo com visões limitadas e com fins imediatos, de acordo com ambições e paixões pessoais de pequenos grupos ativos, e a massa dos homens não se preocupa com isso. Mas os fatos que amadureceram vêm à superfície; o tecido feito na sombra chega ao seu fim, e então parece ser a fatalidade a arrastar tudo e todos, parece que a história não é mais do que um gigantesco fenômeno natural, uma erupção, um terremoto, de que são todos vítimas, o que quis e o que não quis, quem sabia e quem não sabia, quem se mostrou ativo e quem foi indiferente. Estes então zangam-se, queriam eximir-se às conseqüências, quereriam que se visse que não deram o seu aval, que não são responsáveis. Alguns choramingam piedosamente, outros blasfemam obscenamente, mas nenhum ou poucos põem esta questão: se eu tivesse também cumprido o meu dever, se tivesse procurado fazer valer a minha vontade, o meu parecer, teria sucedido o que sucedeu? Mas nenhum ou poucos atribuem à sua indiferença, ao seu cepticismo, ao fato de não ter dado o seu braço e a sua atividade àqueles grupos de cidadãos que, precisamente para evitarem esse mal combatiam (com o propósito) de procurar o tal bem (que) pretendiam.

A maior parte deles, porém, perante fatos consumados prefere falar de insucessos ideais, de programas definitivamente desmoronados e de outras brincadeiras semelhantes. Recomeçam assim a falta de qualquer responsabilidade. E não por não verem claramente as coisas, e, por vezes, não serem capazes de perspectivar excelentes soluções para os problemas mais urgentes, ou para aqueles que, embora requerendo uma ampla preparação e tempo, são todavia igualmente urgentes. Mas essas soluções são belissimamente infecundas; mas esse contributo para a vida coletiva não é animado por qualquer luz moral; é produto da curiosidade intelectual, não do pungente sentido de uma responsabilidade histórica que quer que todos sejam ativos na vida, que não admite agnosticismos e indiferenças de nenhum gênero.

Odeio os indiferentes também, porque me provocam tédio as suas lamúrias de eternos inocentes. Peço contas a todos eles pela maneira como cumpriram a tarefa que a vida lhes impôs e impõe quotidianamente, do que fizeram e sobretudo do que não fizeram. E sinto que posso ser inexorável, que não devo desperdiçar a minha compaixão, que não posso repartir com eles as minhas lágrimas. Sou militante, estou vivo, sinto nas consciências viris dos que estão comigo pulsar a atividade da cidade futura que estamos a construir. Nessa cidade, a cadeia social não pesará sobre um número reduzido, qualquer coisa que aconteça nela não será devido ao acaso, à fatalidade, mas sim à inteligência dos cidadãos. Ninguém estará à janela a olhar enquanto um pequeno grupo se sacrifica, se imola no sacrifício. E não haverá quem esteja à janela emboscado, e que pretenda usufruir do pouco bem que a atividade de um pequeno grupo tenta realizar e afogue a sua desilusão vituperando o sacrificado, porque não conseguiu o seu intento.

Vivo, sou militante. Por isso odeio quem não toma partido, odeio os indiferentes."

 Primeira Edição: La Città Futura, 11-2-1917
Origem da presente Transcrição: Texto retirado do livro Convite à Leitura de Gramsci"
Tradução: Pedro Celso Uchôa Cavalcanti.
Transcrição de: Alexandre Linares para o Marxists Internet Archive
HTML de: Fernando A. S. Araújo
Direitos de Reprodução: Marxists Internet Archive (marxists.org), 2005. A cópia ou distribuição deste documento é livre e indefinidamente garantida nos termos da GNU Free Documentation License

domingo, 8 de janeiro de 2012

Instituto Nacional de Dois Pesos e Duas Medidas

Esta semana os órgãos de propaganda oficial dos tucanos e que se auto-intitulam imprensa livre e democrática, nos ensinaram como transformar expedientes governamentais federais rotineiros e transparentes em crimes, e como fazer para que verdadeiros crimes cometidos pela cúpula do governo tucano devem ser empurrados para baixo na escala hierárquica.

O primeiro, tratado com o estardalhaço de sempre, recheado de informações desencontradas e palavras colocadas na boca dos outros além de suposições sobre providencias a serem tomadas, refere-se ao suposto privilégio que teria sido dado ao Estado de Pernambuco na distribuição de verbas federais para obras contra enchente. Segundo o blá-blá-blá geral, Estados como São Paulo, Rio e Minas teriam sido prejudicados por receberem valores muitos menores que Pernambuco, sendo que esse ultimo seria curral eleitoral do Ministro e vai por ai afora.

Com certeza meus raros e caros leitores já estão a par das contradições nesse assunto e eu nem vou cansá-los com as evidencias disto. Mas só quero fazer uma pergunta: por que diabos se isto estava previsto no orçamento de 2011, foi debatido no Congresso e coisa e tal, por que só após terminado o ano é que os cândidos e probos jornalistas noticiam ? Por que só falam depois que  coisa acontece, já que se falassem antes talvez tudo pudesse ser esclarecido e/ou mudado?

Resposta: elegeram o Ministro da Integração como a bola da vez para cair. E que se dane se os fatos são ou não verdadeiros, o negócio é escandalizar e tentar manobrar a massa fazendo-a acreditar que um governo progressista é sinônimo de corrupção. E ponto final. O caminho está aberto para atingirem a Dilma e assim o farão antes que a gente possa se dar conta.

E enquanto isso usando as mesmas réguas, compassos e gabaritos, porém ao contrário, a prestimosa imprensa demo-tucano-direitista leva a população paulistana a acreditar que a ação higienista - portanto criminosa- dos governos municipal e estadual de São Paulo na Cracolandia foi - isso é o que disseram no inicio - pensada e arquitetada em cima dos melhores padrões de saúde e de integração social recomendados.

Tiveram os aprendizes de Hitler e Goebbels, a cara dura de dizer que na primeira fase aqueles dependentes de crack das ruas da Barra Funda, ao serem dispersos, procurariam ajuda médica na medida em que se dariam conta da sua realidade. Mentira! Uma pessoa em crise de abstinência pode cometer qualquer desatino inclusive homicídio ou suicídio para saciar seu vicio. E ao privá-los assim de maneira abrupta e sem orientação e assistência a Policia Militar do Estado, Alckmim e Kassab colocam em risco a integridade física e patrimonial de milhares de pessoas, tanto dos usuários quanto daqueles que vivem nas regiões próximas da Barra Funda.

E ontem o pasquim da Famiglia Mesquita, quando se deu conta da porcaria cometida, anunciou candidamente que a ação foi autorizada pelos escalões inferiores do Município e do Estado sem o conhecimento do Governador e do Prefeito, jogando a culpa para os anônimos servidores que pagarão o pato com os seus empregos certamente.

E todo o conjunto de jornaleiros e suas tipografias serviçais passaram a isentar de culpa a cúpula do Governo Estadual e Municipal bem ao contrário do que fazem quando exigem que a Dilma vasculhe as gavetas de seus ministros, secretários, delegados, escrivães e contínuos, responsabilizando a Presidente pelos atos de toda a maquina federal.

E eis que eu fico aqui pasmo diante de todas as evidencias de que mais do que nunca é necessário discutir a relação da imprensa com o resto da sociedade.

Fica cada vez mais insuportável para mim a apatia com que o Governo Federal e o Congresso deixam passar tudo em branco, aparentemente não se incomodam, se submetem silenciosamente aos desmandos daquele que poderá vir a ser o único e real poder nesse país que é a imprensa.

Ou está todo mundo de rabo preso uns com os outros, todos carregam crimes inconfessáveis nas costas, todos cometem coisas vergonhosas nos vãos dos palácios governamentais, ou eu sou um perfeito e acabado idiota.

E devo ser mesmo idiota pois nos próximos dias a outrora Venus Platinada - agora uma deusa caída e desbotada - começa a exibir o famigerado BBB e eu serei convocado pelas circunstancias a explicar para minha neta que toda a vulgaridade, leviandade, erotização gratuita e futilidade preconizadas pelos participantes do programa é apenas passatempo e não tem o propósito de criar comportamentos e destruir valores e conceitos sociais.

Terei de explicar para a Gigi a existência de um Instituto Nacional de Dois Pesos e Duas Medidas e que ela vai ter que se virar para conviver com a falta de coerência dos homens.

Fiquem em paz

Jonas

sábado, 7 de janeiro de 2012

A arte de reinventar a vida

Finda o ano, inicia-se o novo. No íntimo, o propósito de “daqui pra frente, tudo vai ser diferente”… Começar de novo. Será? Haveremos de escapar do vaticínio do verso de Fernando Pessoa, “fui o que não sou”?

Atribui-se a Gandhi esta lista dos Sete Pecados Sociais: 1) Prazeres sem escrúpulos; 2) Riqueza sem trabalho; 3) Comércio sem moral; 4) Conhecimento sem sabedoria; 5) Ciência sem humanismo; 6) Política sem idealismo; 7) Religião sem amor.

E agora, José? No mundo em que vivemos, quanta esbórnia, corrupção, nepotismo, ciência e tecnologia para fins bélicos, práticas religiosas fundamentalistas, arrogantes e extorsivas!

Os ícones atuais, que pautam o comportamento coletivo, quase nada têm do altruísmo dos mestres espirituais, dos revolucionários sociais, do humanismo de cientistas como os dois Albert, o Einstein e o Schweitzer. Hoje, predominam as celebridades do cinema e da TV, as cantoras exóticas, os desportistas biliardários, a sugerir que a felicidade resulta de fama, riqueza e beleza.

Impossibilitada de sair de si, de quebrar seu egocentrismo (por falta de paradigmas), uma parcela da juventude se afunda nas drogas, na busca virtual de um “esplendor” que a realidade não lhe oferece. São crianças e jovens deseducados para a solidariedade, a compaixão, o respeito aos mais pobres. Uma geração desprovida de utopia e sonhos libertários.

A australiana Bronnie Ware trabalhou com doentes terminais. A partir do que viu e ouviu, elencou os cinco principais arrependimentos de pessoas moribundas:

1) Gostaria de ter tido a coragem de viver uma vida verdadeira para mim, e não a que os outros esperavam de mim.
No entardecer da vida, podemos olhar para trás e verificar quantos sonhos não se transformaram em realidade! Porque não tivemos coragem de romper amarras, quebrar algemas, nos impor disciplina, abraçar o que nos faz feliz, e não o que melhora a nossa foto aos olhos alheios. Trocamos a felicidade da pessoa pelo prestígio da função. E muitos se dão conta de que, na vida, tomaram a estrada errada quando ela finda. Já não há mais tempo para abraçar alternativas.

2) Gostaria de não ter trabalhado tanto.
Eis o arrependimento de não ter dedicado mais tempo à família, aos filhos, aos amigos. Tempo para lazer, meditar, praticar esportes. A vida, tão breve, foi consumida no afã de ganhar dinheiro, e não de imprimir a ela melhor qualidade. E nesse mundo de equipamentos que nos deixam conectados dia e noite somos permanentemente sugados; fazemos reuniões pelo celular até quando dirigimos carro; lidamos com o computador como se ele fosse um ímã eletrônico do qual é impossível se afastar.

3) Gostaria de ter tido a oportunidade de expressar meus sentimentos.
Quantas vezes falamos mal da vida alheia e calamos elogios! Adiamos para amanhã, depois de amanhã… o momento de manifestar o nosso carinho àquela pessoa, reunir os amigos para celebrar a amizade, pedir perdão a quem ofendemos e reparar injustiças. Adoecemos macerados por ressentimentos, amarguras, desejo de vingança. E para ficar bem com os outros, deixamos de expressar o que realmente sentimos e pensamos. Aos poucos, o cupim do desencanto nos corrói por dentro.

4) Gostaria de ter tido mais contato com meus amigos.
Amizades são raras. No entanto, nem sempre sabemos cultivá-las. Preferimos a companhia de quem nos dá prestígio ou facilita o nosso alpinismo social. Desdenhamos os verdadeiros amigos, muitos de condição inferior à nossa. Em fase terminal, quando mais se precisa de afeto, a quem chamar? Quem nos visita no hospital, além dos que se ligam a nós por laços de sangue e, muitas vezes, o fazem por obrigação, não por afeição? Na cultura neoliberal, moribundos são descartáveis e a morte é fracasso. E não se busca a companhia de fracassados…

5) Gostaria de ter tido a coragem de me dar o direito de ser feliz.
Ser feliz é uma questão de escolha. Mas, vamos adiando nossas escolhas, como se fossemos viver 300 ou 500 anos… Ou esperamos que alguém ou uma determinada ocupação ou promoção nos faça feliz. Como se a nossa felicidade estivesse sempre no futuro, e não aqui e agora, ao nosso alcance, desde que ousemos virar a página de nossa existência e abraçarmos algo muito simples: fazer o que gostamos e gostar do que fazemos.

Por Frei Betto - www.correiodobrasil.com.br

Fiquem em paz

Jonas

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Volta pras férias Catanhede!

A senhora dona Eliane Catanhede bem que podia ter continuado de férias lá pelas Europas, local onde ela decerto gostaria de ter nascido.

Mas não. Eis que ela volta. E ao contrário da maioria das pessoas que ao retornarem das férias, voltam de corpo e espirito de bem com a vida, essa moça parece que trabalhou até tarde ainda no dia anterior e continua exalando todo seu mau humor e má vontade.

A rainha da massa cheirosa em seu artigo de retorno ao trabalho desdenha da pujança da economia brasileira apontando as nossas mazelas sociais não só como se essas fossem uma novidade em nosso Brasil  mas exibindo forte conteudo preconceituoso. E diz assim a sábia antropóloga da Barão de Limeira:

"E o país consegue ser a sexta economia mundial com um IDH ainda vexaminoso. Quando você passeia pelo interior do Nordeste, onde as coisas vêm melhorando, é verdade, assusta-se com os ainda extensos bolsões de miséria atolados em dois ou três séculos atrás.

Povoados sem asfalto, um atrás do outro, com crianças barrigudinhas e descalças correndo na poeira, entre mulheres de ar sofrido e pele encarquilhada e homens trôpegos pela cachaça e pelo cansaço de uma vida inteira de trabalho duro, debaixo de sol a pino e em regime de semiescravidão.

Não consta que haja gente e cenários assim no Reino Unido e na França, o próximo país a ser, bem antes do que se previa, ultrapassado pela economia emergente do Brasil." ( leia mais aqui )

Vamos por partes dona Catanhede. O IDH vexaminoso que a senhora menciona foi "conquistado" graças a sucessivos governos oligarquicos no passado distante e neoliberais no passado recente, ambos modelos de governança bastante aplaudidos pela senhora e seus patrões. 

Quanto a sua inédita descoberta antropologica de que há barrigudinhos, mulheres de pele encarquilhada e homens tropegos de cachaça na região nordestina eu recomendo a senhora que dê uma volta pelas ruas do centro velho ou da periferia da cidade de São Paulo, onde a senhora certamente encontrará muitas pessoas nas mesmas condições.

É preciso acrescentar ainda que PSDB e seu aliadissimo de primeira hora o DEM , que são em ultima análise os donos da voz da senhora,  agregam em suas fileiras os herdeiros diretos dos barões paulistanos e coronéis nordestinos principais responsáveis pelo triste atraso social do Brasil.

Em relação à sua admiração pelo Reino Unido e pela França supondo que nesses paises não " haja gente assim ", o que é por si mesmo um equivoco enorme, é bom que a senhora se lembre que o modelo economico adotado pela Europa - o mesmo que os donos da voz da senhora aqui no Brasil tanto apreciam - apresenta-se em franca decadencia e os gestores da economia de lá para salvar a banca sacrificarão programas sociais  e demais investimentos em prol da população o que vai gerar com toda certeza muitos barrigudinhos, mulheres de pele encarquilhada e homens tropegos de uisque, vinho, vodca....

E por ultimo mas não mesmo importante, senhora dona Catanhede, queira por gentileza abandonar o hábito preconceituoso de representar pobreza com imagens nordestinas. Pois isto é herança maldita deixada pelos donos da sua voz e da qual o Brasil já está se livrando.

Fiquem em paz

Jonas

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

O capital cruel do futebol.

Numa demonstração explicita dos malefícios da concentração de renda o Santos F.C, através de seu presidente Luiz Alvaro de Oliveira Ribeiro, acaba de anunciar o fim de duas modalidades esportivas praticadas naquele clube: o futsal e o futebol feminino. E isto, segundo o presidente, é em razão dos custos que não podem ser suportados por causa do salário do seu jogador de futebol Neymar. ( leia aqui )

Desnecessário falar sobre a injustiça praticada sobre todos os demais atletas - uns trinta? quarenta? - daquelas duas modalidades esportivas ou de todas as demais pessoas envolvidas nessas atividades, e ainda sobre o publico torcedor desses esportes, em beneficio de um sujeito só. É privilégio demais para uma pessoa apenas.

E não se trata de discutir competência de ninguém, embora me pareça exagerada a quantia paga para esse moço - o Neymar - e alguns outros mundo afora apenas para jogar futebol. 

Trata-se de enxergar no micro o que acontece no macro da economia e lamentar a perversidade com que tratada a nunca bem resolvida distribuição de benefícios ou de bens seja onde for.

E eu, que já não botava muita fé na legalidade da dinheirama que é derramada em cima de atletas deste e de outros países, agora me convenço também da maneira desleal e desumana como é gasto esse dinheiro, privilegiando uns poucos em detrimento de muitos outros. O circulo cruel  da lógica capitalista globalizada se fechou lá na Vila Belmiro.

Esperemos que esta decisão seja apenas um desatino temporário dos envolvidos e que dentro de pouco tempo a razão lhes voltará e continuarão a incentivar e patrocinar outros esportistas tão bons em suas modalidades quanto são os jogadores de futebol, além de serem em alguns casos melhores seres humanos dentro e fora das quadras.

Fiquem em paz,
Jonas