domingo, 29 de setembro de 2013

Por que tudo tem que ser um "esquema"

Não consigo entender essa ideia fixa de alguns medalhões da grande imprensa brasileira que volta e meia, querem minimizar o contraditório de uma parcela da população, mais especificamente os blogueiros, dizendo que é todo mundo pago pelo governo federal para fazer elogios a este ou, por ultimo, criticarem a oposição.

Isso é o que faz o Merval neste fim de semana em sua coluna de O Globo dizendo que as pessoas que fizeram memes com aquela foto das atrizes globais de luto, o fizeram por que foram pagos para isto. 

Reina a ideia de que discordar é participar de esquemas.

Merval não deve ter prestado atenção de que os tais memes foram reproduzidos aos milhares, quem sabe milhões, por um exercito de anônimos navegantes,  o que inviabiliza qualquer possibilidade de pagamento para que essas reproduções acontecessem. Mas isso é um detalhe menor.

Outro detalhe de menos importância sou eu mesmo. Mal e porcamente, de maneira amadora e sem nenhuma competência, vez ou outra tento transmitir aos meus caros e raros leitores o que penso sobre a política nacional e a condução dos problemas do Brasil. E não recebo um só misero centavo ou qualquer reconhecimento por instâncias federais sobre o que eu digo. Os poucos minutos que gasto aqui no meu Saúva eu os gasto por minha conta e risco. Mas, repito, isso é um detalhe menor.

O detalhe maior e mais importante é olhar para o quilate de certos blogueiros e articulistas que, segundo Merval, estariam a serviço do governo federal e imaginar que eles falam bem de uns e criticam outros apenas por uns trinta dinheiros ou coisa assim. O Merval desmerece a inteligencia dessas pessoas ao coloca-las apenas como mercenários da opinião e que as fazem - as opiniões- apenas para agradar quem os paga.

Imaginar que Nassif, PHA, Azenha, Rovai, Eduardo Guimarães, Miguel do Rosário, Maria Fro, Altamiro Borges, correndo por fora tem o Stanley Burburinho,  e não cito mais nomes não apenas por minha memoria limitada mas pelo medo de esquecer somente um ou dois e assim cometer injustiça, imaginar que essas pessoas não são dotadas de raciocínio próprio, não tem opiniões formadas a respeito do Brasil, é desmerece-las como pessoas e cidadãos.

Ou então, ao contrário, reconhece-las como mercenários da informação coloca o sr Merval na mesmíssima posição e nos faz pensar a respeito dele que, sim, ele também é pago e sendo assim haverá de escrever o que interessa aos seus pagadores.


Para finalizar é preciso lembrar da tradição ainda bem recente que vigorava em especial na midia impressa o chamado Painel do Leitor. Uma estratégia estritamente mercantil, esta sim!, adotada pelos jornais e revistas que selecionavam entre as cartas que recebiam nas redações em sua maioria aquelas que se desmanchavam em elogios as matérias publicadas dando assim um certo aspecto assertivo na linha editorial da dita cuja.

Esta tradição está acabando. Ainda bem. A internet trouxe a divergência on line e full time. É a pratica mais pura do "escreveu não leu o pau comeu". Merval precisa se acostumar com isso.



quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Fernando Rodrigues, Cony e suas baboseiras.

E disse o sr Fernando Rodrigues, colunista da Folha de S Paulo, que o discurso de Dilma na ONU é uma baboseira.

A primeira pergunta que me ocorre é como uma empresa do porte do Grupo Folha gasta dinheiro em salários para o sr Fernando e seus congêneres falarem sobre coisas que não tem importância nenhuma? De duas uma: ou a Folha está rasgando dinheiro ou o sr Fernando Rodrigues está entendendo o mundo de forma totalmente errada.

Dado que a primeira hipótese é pra lá de improvável resta então a conclusão de que o sr Fernando Rodrigues não habita nosso sistema solar e é de algum outro canto do universo que ele manda seus escritos.

Nada que nenhum presidente de nenhuma nação do mundo diga na tribuna da ONU pode ser uma baboseira. Gostemos ou não do que seja dito trata-se da manifestação do representante de um país. E como tal precisa ser ouvido. Se trata-se de algo possível de ser realizado ou não, não pode ser descartado do modo como fez o sr Fernando que é não  apenas deseducado mas pior que isso, simplorio. O palavrório de sr Fernando é digno de debate ao redor de cervejas na mesa de um boteco qualquer e não no jornal que diz ter o "rabo preso com o leitor."

Na sequencia desqualificou aquela Organização das Nações Unidas citando o preconceituoso finado Paulo Francis de que aquilo é  "É um cabide de empregos para vagabundos desfilarem de sarongue para cima e para baixo".

Sr Fernando e outros como ele não se dá conta de que instituições - sejam quais forem - não são por si mesmas eficientes ou não, quem as faz do jeito que são, são os homens que nelas estão.  Tome-se como exemplo o jornal em que trabalha o dito colunista e que não pode ser bom ou ruim sozinho. Artigos como este é que o fazem um veiculo de comunicação desprezível. Tirássemos o sr Fernando e alguns de seus parceiros de lá pode até ser que elevasse o conceito do jornal.

E um dos parceiros de sr Rodrigues é o sr Carlos Heitor Cony - outro colunista da Folha -  que tanto quanto o sr Fernando reduziu a importância da ONU e da diplomacia no mundo a nada. Embora tenha tido o cuidado de dizer que Dilma teve razão em seu discurso disse o sr Cony que de nada adianta uma vez que já não vivemos mais os tempos dos diplomatas e do Itamaraty ( no Brasil) cuidando das relações intra-países. 

Segundo ele a espionagem veio tomar o lugar da boa educação e da política de boa vizinhança. Isto vindo de uma pessoa que recebe seu salário de um veiculo de comunicação useiro e vezeiro em esculhambar a idoneidade e dignidade das pessoas é normal. Mas ainda bem que a importância de sr Cony para o Brasil enquanto nação é nenhuma e graças a isso podemos a esperar de nossa presidenta e de seus auxiliares a busca de duas soluções: uma é da continuidade da diplomacia e da educação na convivência com todos os demais países do mundo. E a outra é resguardar nossas vidas de enxeridos em geral que não enxergam em nós nada além de massa a ser manipulada.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Crise existencial de um "vejista": ser ou não ser ético.

Li, por mera indicação de pessoa conhecida e não porque eu vá cometer a imprudência de navegar pelo sitio da Veja, um artigo de Gustavo Ioschpe - e não dou o link por que a Veja jamais deve esperar de mim que eu vá conduzir alguém a ler qualquer coisa dela - e no tal do artigo o autor coloca-se diante do dilema se deve ou não educar seus filhos com os mesmo valores éticos e morais recebido de seus pais e, é claro, como não poderia deixar de acontecer com as produções da dita revista, o sr Gustavo aproveita para descer o pau no Brasil, dando a entender que apenas no nosso país existe crise moral e ética, se é que isso existe mesmo.

Lamentável.

Mas deixando de lado esse complexo de vira latas que atinge grande parte de nossos patrícios resta tentar uma reflexão um  tanto menos pessimista sobre o futuro de nossa sociedade pela constatação de mudanças profundas nos usos e costumes das famílias do mundo inteiro, se eu não me engano.

Sr Gustavo faz referencia ao rigor com que foi educado por seu pai e quando fala sobre ele diz assim:  "Meu pai era um obcecado por retidão, palavra, ética, pontualidade, honestidade, código de conduta, escala de valores, menschkeit (firmeza de caráter, decência fundamental, em iídiche) e outros termos que eram repetitiva e exaustivamente martelados na minha cabeça"

A maioria dos pais mundo afora são assim exceto pela palavra "obcecado". Isso dá um certo tom  de intransigência , de intolerância, de incapacidade de diálogo. Meu pai também foi um homem severo na exigência de determinados comportamentos dos filhos, mas eu não o chamaria de obcecado. Diria muito mais que os valores que meu pai praticava em seu tempo tornaram-se em parte impraticáveis nos dias de hoje.

E por que?  Não dá pra responder. O mundo muda desde o dia em que foi chamado de mundo. Quando o sr Gustavo faz um discurso recheado de moral e bons costumes ele certamente se esquece que essa é a moral DELE do tempo DELE.  Em tempos idos e em tempos que virão moral, usos e costumes mudaram e continuarão mudando. E não dá pra ir buscar no tempo e na História os momentos que as coisas mudaram uma vez que a dinâmica, a roda viva que dizia Chico Buarque, passa de modo imperceptível e carrega com ela tudo que queremos e fazemos.

Sr Gustavo de modo bastante sutil quer atribuir a tal crise ética ao nosso Brasil contemporâneo   exclusivamente a indivíduos como se esses fossem completamente autônomos no agir e no pensar diante de uma sociedade tão midiática como a que vivemos hoje.

A mim me parece que para além de modelos econômicos, avanços tecnológicos, hábitos de consumo, praticas educacionais que são por si só mais que suficientes para mudar uma sociedade e com essas mudanças novos entendimentos sobre ética e moralidade, vivemos também sob um ditadura noticiosa e informativa que atende interesses exclusivamente de uma pequena classe e que não mede esforços para virar tudo de perna para o ar se for preciso para atingir seus objetivos. Exemplo claro disso e que todo mundo concorda são as telenovelas. Se o pai de sr Gustavo fosse o pai de algum dos personagens que aparecem na sala de nossas casa todas as noites, via televisão, certamente já teria cometido suicídio.

No meu entender a industria do entretenimento em todas as suas dimensões contribuiu e contribui ainda para mudar de maneira radical hábitos e costumes também em todas as dimensões.

E na rabeira deste modo de ver o mundo sob a ótica exclusiva dos criadores das ditas telenovelas, também os analistas, articulistas, editorialistas e seus congêneres da grande mídia quiseram aproveitar para montar um mundo ideal para seus patrões. E não há dia que não se leia calunia, difamação, ameaças, mentiras deslavadas, erros grosseiros de quem tem pressa em causar confusão, pois é no meio da confusão e da ignorância que reinam os mal intencionados.

Não estou fazendo critica pela critica, quero apenas exercer meu direito de dizer ao sr Gustavo mesmo que ele nunca vá tomar conhecimento disto que a própria revista em que ele escreve é useira e vezeira em colaborar para a deterioção não só de valores eticos e morais mas, o que é muito pior, todos os dias faz questão de esculhambar com a Republica e seus poderes sempre que estes não estejam de acordo com os objetivos antes de tudo demagógicos e/ou financeiros da dita cuja. 

Esta revista abriga hoje dois, e já abrigou um terceiro em tempo recente, dos piores articulistas em termos de ética, educação e respeito com quem quer que seja. Recuso-me a dizer os nomes destes pseudos jornalistas mas quem está minimamente informado a respeito da parte suja do jogo político no Brasil sabe que este dois são os representantes do que há de pior em termos de convivência  civilizada.

Sr Gustavo esta muito mal acompanhado. Uma boa providencia que ele pode tomar para obter resposta para essa sua crise existencial é se recusar a escrever na tal revista. Seu obcecado pai ficaria orgulhoso dele com toda certeza. Mas ele deve estar confortável por lá. E se for assim nada do que ele disse é sincero. Como tudo o mais que vem daquela revista.



terça-feira, 10 de setembro de 2013

Promessa cumprida



Em julho publiquei a foto das flores da pitangueira no Facebook e afirmei categorico: em setembro elas serão pitangas!

E agora estamos em setembro e aí está a pitanga. Com toda a naturalidade, em sua silenciosa simplicidade a pitangueira cumpre mais um dos ciclos que se espera dela. E o faz no tempo certo.

Em toda a Terra a Criação atende seus ciclos. Frutificam as pitangueiras, as galinhas botam ovos, os ursos polares nascem com casacos que lhes garante suportar o frio, vulcões vez ou outra acordam e estremecem a Terra, as baleias sobem e descem pelos oceanos. Os dias substituem as noites, as estações se sucedem, chove, faz sol, venta, a Lua cresce e diminui ao longo do mês movimentando as marés e assim a vida acontece, quase sem sobressaltos, tudo em seu tempo certo e de acordo com a Natureza, na maioria das vezes de modo totalmente harmônico como se todos os elementos e seres da Criação reconhecessem sua interdependência.

Exceto a parte humana da Criação. Esta parte insiste em não esperar que nela aconteça o que tem que acontecer em especial a parte harmônica com seus semelhantes e com o restante da Natureza. E nega desde o seu próprio corpo e a complexa vida que pulsa nele até sua participação na aventura de todos sobre  Terra, o Homem insiste em dizer que quem manda é ele próprio, como se fosse possível um Homem existir apenas por suas vontades, com a clara intenção de bastar-se a si mesmo.

E quando se vê incapaz de cuidar de sua própria vida e que as coisas não funcionam apenas por sua vontade, quando percebe que nem tudo o que planejou aconteceu e que, ao contrário, o que não estava previsto acabou acontecendo o Homem apela para o Divino, se ajoelhando, fazendo ofertas e muitas vezes propondo suborno.

Eu garanto que não vi a pitangueira aqui de casa fazendo promessas, propostas e oferendas pra que suas flores virassem pitangas. Viraram e pronto.

Mas o Homem quando está a frente do que não é capaz de transformar sozinho apela e ajoelha e reza e esperando que no minuto seguinte tudo se transforme e que o "milagre de sua vida" aconteça. Sem se dar conta de que o milagre já aconteceu e que dentro dele mesmo já está colocado o poder transformador que tanto deseja e que a única regra para esse poder funcionar é a simplicidade, a paciência, a tolerância e o respeito pela Criação. 

Espera-se milagres retumbantes, ruidosos, visíveis, palpáveis e transformadores do aqui e agora.

O maior de todos os milagres, se é que existem milagres grandes ou pequenos, já aconteceu desde sempre: é a Vida que pulsa em todo o Universo, com a Mãe Terra dentro dele, e nós sob os cuidados da Mãe Terra.

Se os nosso olhos virem e se nossos corações compreenderem esse milagre, o milagre da Vida, só ele  basta. Não tem cabimento esperar outro milagre ou exigir que as regras mudem para nosso prazer pessoal. Resta-nos apenas admirarmos e reverenciarmos tudo que está a nossa volta. E nesta admiração e reverencia deixar tudo florescer e virar frutos. De onde vai nascer a generosidade, a partilha e o desejo de viver em harmonia.