quinta-feira, 24 de março de 2011

Democrata? Eu?!

Democracia não deveria ser apenas a definição de um regime político, mas antes de tudo um estado de espírito.

O mundo já assistiu experiências desastrosas demais cometidas em nome da democracia. Muitos países ditos democráticos cometem, em nome da democracia, despautérios semelhantes aos da Idade Média período em que a Igreja Católica invadia, oprimia e matava em nome de Deus.

O exemplo mais gritante dos dias atuais acontece no Grande Irmão do Norte,também conhecido como a maior democracia do mundo, e cujo presidente recebeu o Premio Nobel da Paz mas que atualmente guerreia em três países diferentes em nome da preservação da dita democracia. E existe uma lista enorme de democracias espalhadas pelo mundo que não hesitam em reprimir, proibir, submeter e matar a depender dos interesses de A ou B.

Ao que parece democracia para muitos pode ser traduzida como algo que termina exatamente onde os interesses se confrontam. E é bom que se entenda que interesses nesse caso não passam nem de perto pela pessoa humana. Os interesses que se confrontam giram sempre em torno de coisas que não são do espírito humano e sequer pertencem ao bem estar ou a plenitude da vida de pessoas.

A verdade é que aos poucos se cria uma escala do exercício democrático que funciona mais ou menos assim: primeiro minha casa, depois minha rua, depois meu bairro, depois minha cidade, meu estado e meu país. E nesse exercício de micro-defesas  nunca se contempla a humanidade em toda a totalidade.

Talvez meus filhos espantem-se com o que eu vou dizer agora, mas confio em que eles serão generosos os suficiente para refletirem junto comigo. 

Sempre me perguntei por que eu sou levado a amar e proteger meus filhos antes das outras pessoas, pois pode ser que em nome de proteção aos meus filhos eu acabe cometendo coisas impensáveis. Por que eu sou levado a distinguir meu filho de todos os demais seres humanos. Ser filho é uma virtude? Um predicado raro? O fato de o meu filho ser meu filho torna-o uma pessoa extraordinária? Ou o meu filho é meu filho somente por uma lei biológica e em tudo mais ele é um ser humano como todos os demais? Todos os seres humanos não são filhos de alguém?

Esses amores classificados assim em ordem de importância  acabam estabelecendo os territórios pelos quais se faz qualquer coisa. E junto surgem as ideologias que não contemplam nunca os indivíduos, apenas sustentam um modelo que fracassará sempre pois não é apoiado na defesa  da humanidade.

A democracia deveria ser um estado de espírito assim todos pensariam antes de tudo em permitir o acesso irrestrito às riquezas naturais - pelo menos - para todos os indivíduos. A única e indispensável condição para viver a vida em abundancia deveria ser apenas a comprovação de que se é humano e não a certidão de nascimento.

Soa utópico certamente imaginar que no mundo não deveriam existir palavras que representem posse como fronteiras, governos, bandeiras, e tudo o mais.

Mas mais utópico ainda é imaginar que um dia os governos das grandes potencias, atuais e das que ainda estão por vir, encaminharão soluções que resolvam definitivamente as grandes e graves aflições humanas. Não irão. Por que permanecerão para sempre pensando em micro-defesas e nunca em macro-solidariedade.

Fiquem em paz,

Jonas