sábado, 27 de outubro de 2012

A fantasia do Estadão

O jornalão da família Mesquita publica hoje, 27/10, um editorial em que, coerente com sua preferência pelo tucanato, recomenda que não se vote em Haddad. Até aí tudo bem.

O surpreendente são os argumentos para que não se vote em Haddad. Algo totalmente descolado da realidade, sendo fantasioso de tal forma que é difícil crer que tenha sido escrito sob a supervisão de pessoas que, com esta atitude, pretendem interferir no comando de uma cidade da importância de São Paulo.

Se seguirmos a lógica do tal editorial se poderá perceber que uma agremiação política ou uma empresa ou uma entidade qualquer de qualquer coisa, existe por si só e não existe através das pessoas que se reúnem sob seu nome. O escriba lá do Estadão carimbou o PT como uma agremiação desonesta, quadrilheira, e, segundo ele, não poderá haver um governo – no caso o do Haddad – exercido por um petista sem que esse governo não possa ser contaminado pela desonestidade.  Trata-se, portanto de um caso único no mundo em que uma sigla comanda as pessoas e não ao contrário.

Insistindo-se na vida própria e autônoma da sigla PT, o que fica entendido é que o partido poderia, por exemplo, ser fechado e seus integrantes se espalharem por todas as outras agremiações e então não haveria problemas.  Melhor dizendo Haddad poderia ser de qualquer outro partido que poderia ser eleito sob a aprovação do Estadão. Um disparate.

Ao confundir pessoas com siglas o jornalão faz aquilo que o STF fez nestes últimos dias, não condenou um grupo de pessoas, mas sim um partido inteiro pouco importando o histórico de vida, o caráter, a honra e a dignidade de mais de um milhão de pessoas que atuam politicamente ou militam sob a bandeira do Partido dos Trabalhadores.

O Estadão quer fazer os seus leitores crerem na mesma lógica do Serra quando em entrevista para a CBN disse que combateria a violência nas escolas baseado em um estranhíssimo procedimento que visa descobrir adolescentes com potencial criminoso ou com propensão ao crime. Ou seja, não importa o histórico de vida de Haddad e de outros milhões de simpatizantes do PT, todos são potencialmente criminosos e ponto. 

O Estadão de fato merece o Serra. E vice versa.

A Ilha

Um desenho animado bacana sobre um rapaz que durante a travessia de uma avenida fica preso na ilha entre as duas pistas. Hilário.

Acho que não está muito longe o dia em que isso vai acontecer.

A vida que segue

Publicado originalmente lá no Porta Curtas este video de apenas cinco minutos pode nos fazer viajar por nossas vidas inteiras em igual tempo.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Diálogos atraves de pregadores




A mais nova habitante da nossa casa é uma (mais uma?) gata – felina mesmo – cujo nome é Mia.

Em razão de ser muito novinha, Mia é como todos os seres novinhos: sem noção nas brincadeiras. Ela desconhece o quanto são afiadas suas patas e seus pequenos dentes. 

 E tome arranhar e morder pernas e braços de quem ousar fazer com ela o que se costuma fazer prazerosamente em todos os de sua raça: passar a mão nela.

Como defesa contra arranhões em braços e pernas montamos a morada da Mia na área de serviço que tem uma porta separando do resto da casa. Porta fechada, pernas e braços salvos. 

Claro que algumas vezes ao dia abrimos a porta e La vem a Mia fazer o que ela, até agora, aprendeu fazer bem feito: pular em cima da gente.

E nos primeiros dias em que a Mia ficou sozinha e fechada na área de serviço miava, como miam todos os gatos, querendo chamar nossa atenção para sua presença. Nós, de maneira muito tosca, respondemos aos seus miados, miando também. Mas como não somos versados nessa linguagem é bem provável que não estávamos respondendo o que a Mia queria ouvir.

Vai daí que ela desenvolveu uma forma diferente de comunicação, quem sabe mais eficaz ou, no mínimo mais acessível para nós: na área de serviço, Mia derruba o pote de pregadores de roupa no chão e vai chutando-os por baixo da porta pra dentro da cozinha. E nós do lado de cá devolvemos. E ficamos nesse passa-passa de pregadores num diálogo mudo porém divertido.

Mia deve ser muito sabia. Poupou a todos nós do constrangimento de ficarmos miando coisas sem sentido e, além disso, demonstra que o importante é conviver, não importa se de vez em quando provocamos arranhões uns nos outros. Daí só inventar novos jeitos de convivência.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Já vimos isso na Alemanha nazista.


E foi lendo o irretocável texto de Ramatis Jacino  professor, mestre e doutorando em História Econômica pela USP, no Viomundo , ( leiam por favor ), que eu lembrei dos campos de exterminio nazistas. 

Como todos sabem uma parte do requinte de crueldade e infamante praticado por Hitler e seus generais, consistia em “nomear” judeus para vigiar outros judeus nos campos de exterminio. E aqueles “nomeados” se sentiam privilegiados e julgavam que eles não teriam o mesmo fim que seus patrícios. Colaboravam mansamente com os nazistas, fazendo muitas vezes o humilhante papel de bobos da corte, executando tarefas impensáveis como arrancar dentes de ouro dos mortos ou, ainda pior, organizar as filas para as camaras de gás.

Seria bom  que o ministro  Joaquim  Barbosa lesse o texto  citado e fizesse uma profunda reflexão. O que o professor Ramatis projeta não é descabido se pensarmos no que houve na Alemanha de Hitler e em outros momentos da História. É bastante razoável imaginar que a elite brasileira resolveu “nomear”  o douto ministro para destruir aqueles com quem este deveria ter uma identidade original, supondo que, dada justamente a origem do julgador se daria mais valor e ares de justas as suas acusações.

E tudo isso pode nos levar a compreensão do porque de tamanha sanha condenatória contra dirigentes petistas e, por via indireta ao ex-presidente Lula, o qual nunca deveria ter cometido a ousadia de resgatar a dignidade e a humanidade de tantos milhões de brasileiros. Joaquim Barbosa neste momento sente-se igual 
- quem sabe superior - àqueles que desde sempre o condenaram aos porões. Pode ser que pela cabeça do togado ministro seja bem real a sensação do seu "branqueamento". Ainda o veremos neste proximo domingo sendo ovacionado na seção eleitoral em que votará, deixando-se fotografar ao lado de crianças ouvindo e dizendo frases de efeito, contra aqueles que justamente o ajudaram a " chegar lá". Condenando e judicializando a politica de uma maneira geral, base legitima da democracia. 
Lula e toda a população brasileira simpática aos projetos petistas se tornaram criminosos, o PT virou um bando de centenas de milhares de ladrões, que cometeram e ainda cometem o erro de tentar tornar a cidadania algo possivel de ser praticado fora dos discursos proferidos por parte dos colegas de Joaquim Barbosa estimulados e alentados por este ultimo. 

Todas as coisas estapafúrdias ditas no plenário do STF nesses dois últimos meses guardam muita semelhança com as teorias maquiavélicas daqueles que acreditam que uma mentira repetida mil vezes se tornam verdade. Para além de serem verdadeiras as conclusões de uma parte dos ministros do STF, em que pese serem realmente culpados de graves crimes aqueles individuos julgados na AP 470 não cabem de forma nenhuma aos julgadores as ironias, as encenações e as lustrações de ego que assistimos durante todo o dito julgamento. Serenidade deveria ser o componente preponderante nestes atos, mas o que se viu foi um " se vira nos trinta" ou um "quem fica em pé" sofrivel e mal ajambrado - como se o originais também não fossem - espetáculo estranhamente coincidente no tempo com as eleições, essa sim a pratica fundamental para a sustentação da democracia. Mancharam e deram um cunho justiceiro para as eleições. Convocaram a população de maneira descarada para recolocar no poder aqueles que dele foram defesnetrados por incompetencia e usurpação da cidadania. Isso é grave.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Mais uma vez Serra exibe seus preconceitos.





Em programa da CBN, Serra e Haddad foram perguntados sobre como pretendem combater a violência nas escolas.  Ouçam aqui. 
 
Haddad falou sobre o enriquecimento cultural dos alunos. Quer implantar turno integral nas escolas e em um período os alunos recebem a educação formal e no outro período participam de atividades diversas como musica, dança, esportes, acesso a teatros e museus e por aí vai.

E o Serra? Bem o Serra coerente com seu espírito higienista tascou a seguinte resposta: vamos, através de uma parceria com a Fundação Casa – antiga Febem – identificar estudantes potencialmente criminosos e e tomar medidas preventivas. Reparem nessas duas expressões: "potencialmente criminosos" e  
“ propensão ao crime”

Pensemos na tal propensão e imaginemos que a suposta  identificação a ser feita por técnicos da Fundação Casa será fruto da verificação das condições do meio  em que vive o aluno. Sabidamente, e aqui não cabe discussão, a depender do meio familiar e social de fato o jovem pode viver muito próximo da criminalidade, sem, contudo significar que ele será um criminoso.

Se ficarmos apenas na sondagem do ambiente do aluno já há que se fazerem muitas perguntas sobre as soluções do Serra. Quando  identificar um aluno em situação de risco, o que ele vai fazer a respeito? Afastar esse jovem  de seus familiares e demais amigos?  Trazer todos os familiares e amigos pra dentro da escola? E depois?  

Mas eu estou sendo bonzinho.

A gravidade do palavrório do Serra está na palavra “propensão”. Essa expressão aplicada a um individuo – assim me parece – quer determinar dentro desse mesmo  individuo tendências para seja lá o que for. Como o assunto é criminalidade e/ou violência quais serão os critérios para detectar essa propensão? Como saber se esse ou aquele aluno está em via de drogar-se, traficar, roubar, matar? Com a palavra os psicólogos. E não creio que alguém tenha resposta para isso. 

Trata-se  portanto de simples pré-condenação, muito provavelmente baseada nas condições financeiras da família, antecedentes familiares, cor da pele, naturalidade, contornos do crânio, vestimentas e outros critérios preconceituosos certamente. E a conclusão será a seguinte: bem se esse aluno aqui não cometeu ainda algum crime, vai cometer. Então é melhor prevenir.  Pois essa é a proposta do Serra: medidas preventivas. Leia-se medidas de repressão.

Resumo da ópera:  na cabeça de Serra, e na daqueles que  compõe o seu outrora provável governo, as medidas pensadas relativamente à violência são sempre policialescas, repressoras e intimidatórias, todas dentro do eterno circulo vicioso da violência gerando mais violência. 

Serra não consegue pensar no ser humano.  Não acredita no ser humano.  Serra não sabe que dentro das escolas estão sementes que a depender de como forem cultivadas podem frutificar de maneira saudável e benéfica para todos nós. Ou não.

Dê aos alunos uma escola decente não apenas em instalações físicas, mas dotadas de um corpo de funcionários bem preparado e bem pago. Invista na cultura desses alunos sem limitar-se a propiciar apenas o ensino formal e curricular. Faça dentro da escola debates políticos, filosóficos.  Pense no lazer e no lúdico para esses alunos. Aproxime as famílias das escolas, não botando pais e mães para fazerem faxina e pintarem paredes nos fins de semana, mas ofereça programas de qualidade, palestras e atividades culturais proveitosas para todos.

No lugar de pensar que dois professores dentro da sala é a panaceia de todos os males educacionais, reveja os modelos. Estimule a criatividade, convoque os alunos para pensarem suas vidas a partir da realidade que os cerca. E não criminalizar ninguém subjetivamente ou subestimar os valores humanos por conta de modelos equivocados de educação.

Por que não pensar em viradas culturais dentro das escolas? E que tal convênios com produtoras de filmes e musicas ou editoras de livros para colocarem ao alcance dos alunos todo tipo de material que os ajude a perceber o mundo de um jeito diferente?
 
Medidas nem tão difíceis assim de serem tomadas, podem ajudar a acabar a violência dentro das escolas de maneira natural sem trancos e sem sustos. E em especial sem partir da idéia estupida de que um suposto teste psicologico pode selar o futuro de alguém.