terça-feira, 5 de agosto de 2014

Candidatos da oposição precisam explicar melhor

Costuma-se dizer que em período eleitoral vale tudo. Já faz parte do folclore candidatos fazerem promessas e mais promessas como que atendendo apenas a uma liturgia do processo e pouco interessa se são promessas possíveis de serem cumpridas.

Paralelo a isso tem as fotos. Já notaram que os risos para a pose das fotos estão cada vez menos espontâneos  e já beirando o cinismo? Ou histeria sei lá. Qual o objetivo concreto destes risos? Alguém já explicou? Já passou da hora de os marqueteiros orientarem seus clientes-candidatos que basta posarem com uma expressão normal, comum. Não precisa arreganhar os dentes e mostrar um riso totalmente fora de hora e de lugar. O que é que vocês meus caros e raros leitores e leitoras pensam de pessoas que vivem rindo? As vezes uma cara séria traz mais resultados que um riso idiota.

Mas voltemos as promessas e lembro que dias atrás tanto Aécio quanto Campos estiveram em uma espécie de sabatina na CNI e prometeram, os dois de maneira idêntica, que vão começar a agir ( trabalhar?) já no dia da posse. Wonderful. Alguém poderia dizer a estes dois que sim ! é de se esperar que um presidente trabalhe do primeiro ao ultimo dia de seu mandato - e mesmo de férias um cargo destes não permite descanso? . Ou será que imaginam que nós aqui deste lado vamos compreender que no primeiro dia será apenas o rega-bofe, no segundo a cura da ressaca, no terceiro saber em que sala vai trabalhar, no quarto tomar pé das coisas, no quinto reunir-se com auxiliares, no sexto descansar por que ninguém de ferro.....?

Agora vejamos uma das promessas de Campos. Diz ele que vai implantar período integral  nas escolas de ensino do primeiro grau, e também implantará o passe livre para todos os estudantes. A conta pra isso gira em torno dos 125 bilhões de reais segundo ele mesmo.

Em que pese Eduardo Campos não explicar como vai arranjar essa verba - na cabeça dele parece que o governo tem um espécie de cheque especial e que basta ir gastando e depois da um jeito de pagar. Ou talvez ele pense, e isso seria um desastre, que o Presidente da Republica tem a chave da sala da impressora da Casa da Moeda. Vai ver que ele desconhece uma coisa chamada LEI DAS DIRETRIZES ORÇAMENTARIAS. Mas deixemos isso de lado.

Há que pensar que as escolas publicas de hoje - a grande maioria - tem dois turnos, um de manhã e um de tarde. Há que se pensar também que os dois turnos ocupam, cada um por sua vez, a capacidade máxima de alunos da escola. Pergunta-se: como Campos vai juntar por exemplo 250 alunos do período da manhã com mais os 250 da tarde e colocar os 500 ocupando o mesmo espaço?

E segue outra pergunta: os alunos passarão o dia dentro da sala de aula? Não deve ser recomendável e nem produtivo. Pensar-se-á ( arrg desculpem ) em atividades, mesmo que educativas, que fujam do currículo tradicional da matemática-português-história-geografia. Coisas como esportes - vários -. musica, teatro, dança, informática, fotografia, etc.. Já existem instalações físicas pra isso? Já existem materiais e equipamentos para isso?

Mais uma pergunta: e os professores, treinadores, coordenadores, orientadores e tudo o mais para estas atividades? Existem em quantidade suficiente no mercado?

Quanto tempo demoraria a adaptação dos prédios, a compra de materiais e equipamentos e a contratação de profissionais para um trabalho desta envergadura? Eduardo não diz.

Saiamos de Campos e voemos ( sem trocadilhos, por favor ) para Aécio. O senador mineiro encarnou na redução da quantidade de Ministérios e na reforma tributaria. Wonderful again. Porém, em relação aos Ministérios que ele diz que vai reduzir, uma boa parte deles existe por conta de uma realidade que está mais que escancarada na nossa política desde que inventaram as coligações: acontece sim, queiramos ou não, um loteamento dos ministérios para os partidos que ajudaram a eleger o presidente. Negociam- se Ministérios como se negocia tempo na TV. É fato.

A não ser que Aécio pense que é um Collor - que achou que poderia governar o pais sem fazer política e deu no que deu - ele precisa lembrar que ele concorrerá com uma coligação e, se eleito, vai ter que pagar a fatura do apoio. A redução de Ministérios poderá vir a ser uma realidade algum dia se ANTES houver uma reforma política. Sem isso não há jeito. Não vejo em seu discurso nenhum encaminhamento de proposta para essa reforma. Claro isso não dá votos entre seus correligionários e nem conquista a confiança deles.

E, convenhamos, nesta historia de reduzir Ministérios, se ela acontecer, vai ser apenas uma redução de Ministros, pois as estruturas e funcionários de cada um serão realocados para outras áreas. O máximo que Aécio conseguiria era reduzir a conta do cafezinho nas reunião gerais com a Presidência. 

Quanto a reforma tributaria antes ele vai precisar combinar com prefeitos e governadores. Sabidamente uma grande parcela dos impostos brasileiros pertence aos Estados (ICMS) e Prefeituras (ISS) Será que ele vai ter cacife político pra isso? Olha aí a tal da política outra vez. Aécio deve estar esquecendo a "guerra" da redução das tarifas de energia elétrica na qual os governos do PSDB foram os principais protagonistas contrários às reduções propostas pelo governo federal. Se Aécio esta propondo uma reforma tributaria apenas em tributos federais, é melhor ele mudar de assunto, que isso não vai dar em nada. A fatura da redução de impostos precisa ser dividida por todos.

Então é isso. De maneira simples e modesta espero ter contribuído para demonstrar que promessas de palanque e risos em fotos nem sempre são soluções concretas.