quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Zilda Arns - uma perda irreparável

Acabo de saber que Zilda Arns morreu no trágico terremoto no Haiti. Ela estava lá em missão humanitaria representando o Brasil.

Médica pediatra e sanitarista Zilda Arns foi fundadora da Pastoral da Criança um orgão da CNBB.

Todas as mortes ocorridas de maneira trágica como essas centenas que acabam de ocorrer no Haiti são sempre lamentáveis. Certamente a vida de excelentes seres humanos foi levada neste abalo.

E a passagen por aqui de Zilda Arns ficará marcada na dimensão humanitária da gente brasileira como uma das mulheres que com suas ações, seus dons e sua docilidade colocadas à serviço da vida das crianças de nosso país, como a pessoa que deixou  plantada a prova que com simplicidade e dedicação é possivel criar uma grande rede assistencial de resultados.

Estive através da Rita, que foi uma Agente da Pastoral, muito próximo das ações da Pastoral da Criança e o pouco que ví me qualifica como testemunha do importantissimo trabalho coordenado por Zilda Arns. Um trabalho singelo, uma idéia simples colocada a serviço da vida. Virá o dia em que saberemos quantas vidas de crianças pobres foram salvas por causa das ações desta Pastoral.

Que seus sucessores nesse trabalho saibam dar continuidade a ele e que nosso país possa ainda por muito tempo contar entres seus habitantes muitas crianças resgatadas da morte através deste trabalho.

Fique em paz Zilda Arns.

Jonas

Os limites do silencio.

“...Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa...”

Cálice – Chico Buarque


Uma vez assistí um filme com Andy Garcia interpretando um terapeuta e que se não me engano chama-se Os Limites do Silencio.

E fazendo uma  sinopse de leigo no assunto as coisas são mais ou menos assim: aconteceu que ele - o terapeuta - teve um filho adolescente que cometeu suicídio aos 16 anos. Esse guri era depressivo. A mãe insistia que ele tomasse medicamentos mas o pai resolveu encaminha-lo para um outro terapeuta seu amigo.

Ocorre que esse terapeuta molesta sexualmente o guri, filho do Andy Garcia. Daí o suicídio. Mais pra frente o Andy Garcia dará consultas à um outro guri cujo pai matou a mãe. E o pai matou a mãe por que chegou em casa e surpreendeu o que pensou ser um homem fugindo pela janela do quarto da esposa. Mas esse homem que fugia era o próprio filho que era molestado sexualmente pela mãe!

Chega ou querem mais??? Chega.

É um filme, eu sei. Mas sei também que na vida real, monstros de todo o jeito estão a espreita.

Monstros que adormecem no fundo do lago de almas de indivíduos aparentemente comuns, sociáveis, amorosos, muitas vezes realizados em varias dimensões da vida. E que se tornam em segundos estripadores, pedófilos, infanticidas, fratricidas e o que mais vier. E nos minutos seguintes à essas barbáries mergulham de novo para o fundo do lago. Cuja superfície parece permanecer intocada.

E parece que fatos assim estão acontecendo cada vez mais. A sensação é de que cada vez mais monstros estão sendo acordados por barulhos que ainda não estão muito bem identificados.

Mas eu desconfio que seja o barulho de nossa modernidade, de nosso egoísmo, individualismo, hedonismo, o entendimento simplório de que o prazer, a felicidade, começa e termina nele mesmo.

Estamos todos com medo da dor. E não nos damos conta que a maior dor é não querer te-la.

As vezes me preocupo.

Tem momentos que não tenho muita certeza de que o monstro que mora em minha lagoa permanecerá adormecido e indiferente à tantos barulhos.

Fiquem em paz.

Jonas