sábado, 12 de dezembro de 2009

O autorama e os sonhos

Ontem a Rita mostrou uma lista de presentes que a Gigi começou a preparar para pedir no Natal. Lembrei-me dos muitos Natais e aniversários que eu passei quando criança e adolescente sem nunca ter ganho o presente que sempre sonhei: um autorama.

Eu parava em frente às vitrines  ou lá na Rua Augusta em Sampa que tinha uma pista enorme montada numa loja,  e desejava sem nunca ter podido experimentar - o que para mim seria a melhor das emoções - pilotar um daqueles pequenos bólidos elétricos.

Nunca me deram um autorama e as razões penso que são as mais diferentes: a situação econômica de meus pais, dificuldade de crédito, o entendimento dos meus adultos da época que talvez o autorama não fosse lá um bom presente, ou sei lá se nunca fui muito claro com a minha lista de desejos. E o mais perto que cheguei de um autorama foi um trenzinho elétrico que, convenhamos, não tem nada a ver.

Passou o tempo, cresci e muita gente sabe desse meu sonho. Meus filhos em especial sempre falam disso quando por acaso surge uma promoção em alguma loja.

E eu fico calado. Agora que tenho possibilidade concreta de realizar meu sonho e comprar ou brincar com esses carrinhos, não o faço.

Acabei me acostumando com esse sonho. E gosto de sonhá-lo. Não quero que ele se torne realidade, quero que fique assim. Aquecido em algum canto do meu coração, com os carrinhos levando até meus ouvidos seus zumbidos ,e aos meus olhos as manchas coloridas pela velocidade com que giram na pista.

Acho que tenho medo que possa não ser tão bom assim. Tenho medo de descobrir o fim de uma fantasia.
 
Acho que é por que existem sonhos que devem ser apenas sonhados e nunca realizados.

Então é isso. Continuo sonhando, imaginando sabores em minha vida que talvez eu nunca experimente, e fico feliz em apenas imaginá-los.

Fiquem em paz,

Jonas