domingo, 30 de janeiro de 2011

musicas para o domingo 300111 - especial Gigi

Ontem a Gigi - minha neta a quem eu chamo também de Passarinho - voou para a casa da mãe dela. Deixou-nos a mim e a avó depois de muito anos de convivencia. E é para ela que eu publico hoje essas muitas versões de músicas dos Beatles e eu digo por que.

Com o advento da Gigi em nossas vidas algumas coisas mudaram em mim. Deixei de lado algumas intransigencias. Passei a ser mais contemplativo e com isso mais tolerante. Entendi um tantinho melhor o que são os sinonimos de uma mesma palavra. Passei a perceber as nuances de uma mesma cor. E enxerguei a diversidade da vida. 

Eu citaria aqui algumas dezenas de coisas nas quais eu tinha os meus pés fincados de tal jeito que eu achava que era pra sempre, mas acho que não é o caso. Publico então versões das musicas dos Beatles, e eu explico melhor.

Houve um tempo em que eu praticamente não ouvia outra banda que não fosse The Beatles. Eu quase me recusava a reconhecer o talento dos milhares de musicos e compositores nesse mundo afora. Para mim alguém que gravasse uma versão dos Beatles era petulante, um abusado, e eu simplesmente rejeitava. Sim, senhoras e senhores eu já fui radicalissimo em muitas coisas. Quem me viu e quem me vê....

Ao publicar essas versões todas aí embaixo ( eu queria que fossem as centenas que eu já ouvi ) eu quero com esse gesto proclamar a redução da minha intransigencia, dos meus radicalismos em uma porção de áreas da minha vida. E dizer que uma boa parte disso foi por causa da Gigi, meu Passarinho... De que forma isso aconteceu? Deixemos para falar nisso outro dia...

Fiquem em paz,

Jonas



























































sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Fiscalizar é multar? Multar é educar?



Em um desses jornais televisivos de ontem a noite eu assisti uma reportagem a respeito da freeway ( estrada que liga Porto Alegre ao litoral gaucho ) e que informava sobre o excesso de velocidade praticada pelos motoristas naquela via.

E a reportagem mostrava um policial rodoviário equipado com um radar que me pareceu bastante moderno em cuja tela de LCD liam-se muitas informações sobre cada veiculo que passava. O destaque da reportagem foi para um cidadão que passou por ali a 193 km por hora! Quase o dobro do permitido naquela estrada. E disse a repórter que no período de uma hora que ela e a equipe estavam por ali mais de 300 multas foram emitidas, todas por excesso de velocidade. Desnecessário dizer que a emissão da multa é automática sem a interferência do policial. 

Então eu me lembrei daqueles filmes americanos em que os policiais ficavam escondidos atrás de moitas à beira da estrada com suas possantes e reluzentes Harley-Davidson e assim que passava um doido ultrapassando o limite de velocidade ele saia de sirene ligada perseguindo infrator e, claro, multando-o ao vivo e à cores.

Essa atitude tem dois benefícios óbvios: educa o cidadão e impede no mesmo momento a ocorrência de um acidente.

Pois eu vi o oposto na reportagem de ontem. É de se perguntar inclusive para que ter policial já que tudo é controlado eletronicamente. Não vi de parte da policia nenhuma tentativa de evitar catástrofes com ferimentos graves e mortes em razão de abuso de velocidade. Na cabeça daquele policial e de seus comandantes a multa em si mesma tem valor de educação. Não tem. Quem passava correndo por ali continuava correndo a estrada toda, correrá amanhã e correrá depois de amanhã, e continuará correndo até morrer ou matar alguém. Simples assim. 

Há uma nítida confusão entre fiscalizar e multar. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. A primeira educa e a segunda pune. São coisas muito distintas.

E podemos verificar esse tipo de pensamento e/ou comportamento por parte daqueles que tem o dever de manter a lei e ordem em qualquer outra área da coletividade. Podemos notar que  há pouca, ou quase nenhuma fiscalização e bastante punição seja lá a respeito do que for.

Por estes dias temos casos lamentáveis de enchentes ocorridas em muitas cidades por aí e em especial em São Paulo. E todos nós vimos a Rede Globo descer o pau na população que joga o lixo na rua, constrói suas casas em locais indevidos e sem segurança, etc. Sim. A população faz isso e está errada em fazer. Mas onde está um plano de educação e fiscalização permanentes para se evitar ocorrências assim?  Ou ao menos minimizar seus efeitos? 

Antes que meu filho tome um choque ou seja atropelado, eu o ensino, ainda criança, a não enfiar os dedos na tomada e a olhar para os dois lados antes de atravessar a rua.

Antes de descer o pau nos cidadãos por causa de excesso de velocidade ou por jogar lixo na rua, a nossa velha imprensa poderia apontar seus dedos acusadores para os desgovernos em geral e cobrar deles mais educação cidadã e mais fiscalização. E menos multas. 

Fiquem em paz,
Jonas

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Nossos comerciais por favor 270111

"As boas coisas acontecem para aqueles que esperam " Esta é a mensagem desse comercial da cervejaria Guinness.

E já que nessa vida é possivel refletir sobre tudo, fiquei pensando que além de ser uma bela peça publicitária, deixa-nos a imaginar sobre quando foi empurrada a primeira peça do dominó de nossas vidas, quanta complexidade têm os caminhos que percorrremos e quantas surpresas nos aguardam.

Filmado na Argentina, nele foram gastos ( queimados ou destruidos )6.000 dominós, 10.000 livros, 400 pneus, 75 espelhos, 50 refrigeradores, 45 armários, 6 automoveis e mais coisas.

A musica chama-se Dança Espanhola nr6 é um clássico de Enrique Granados ( 1867-1916)

A Cervejaria é a Guiness. A cerveja é extraordinária. Quem nunca experimentou deve correr e faze-lo.

Curtam o video. E esperem. Coisas boas haverão de acontecer em suas vidas.



Fiquem em paz,

Jonas

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Vovó e vovô sem sede? Eles precisam de água!



Reproduzo artigo do doutor Arnaldo Lichtenstein publicado no Viomundo que tem carater de utilidade publica. Fiquemos atentos aos nossos velhinhos, houve um tempo em que eles cuidaram da gente.


Sempre que a vovó ou o vovô têm confusão mental, duas hipóteses atemorizam os familiares: será tumor na cabeça ou mal de Alzheimer?

Na imensa maioria dos casos não é nem um nem outro”, afirma  o clínico geral Arnaldo Lichtenstein, do Hospital das Clínicas de São Paulo, professor colaborador do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da USP e um dos especialistas entrevistados no livro Saúde — A hora é Agora (leia no pé deste texto).  “Os principais responsáveis são diabetesdescontrolado, infecção urinária e família que passa o dia inteiro no trabalho, no shopping ou no clube, fora de casa.”

Parece brincadeira, mas não é. Constantemente vovó e vovô não têm sede e deixam de tomar líquidos. Como não há gente em casa para lembrá-los, desidratam-se com rapidez. E a desidratação no idoso tende a ser grave, afetando todo o organismo. Pode causar confusão mental abrupta, queda de pressão arterial, aumento dos batimentos cardíacos (“batedeira”), angina (dor no peito), coma e até mesmo morte.
Impossível?! Não. Ve ja por quê:

• Ao nascermos, 90% do nosso corpo é constituído de água. Na adolescência, isso cai para 70%. Na fase adulta, para 60%. Após os 60 anos, temos pouco mais de 50% de água. Isso faz parte do processo naturalde envelhecimento. Portanto, de saída, os idosos têm menor reserva hídrica.

• Mas há outro complicador. Mesmo desidratados, eles podem não sentir vontade de tomar água, pois os seus mecanismos de equilíbrio interno funcionam menos.

• Explicamos. Nós temos sensores de água em várias partes do organismo. São eles que verificam a adequação do nível. Quando o nível cai, esses detectores acionam automaticamente o “alarme”. Pouca água significa menor quantidade de sangue, de oxigênio e de sais minerais circulando nas nossas artérias e veias. De imediato, então, o corpo “pede” água. Essa informação é passada ao cérebro, a gente sentesede e sai em busca de líquidos. Nos idosos, porém, esses mecanismos atuam menos.

A detecção de falta de água corporal e a percepção de sede estão diminuídas. Alguns ainda, devido a certas doenças, como artrose avançada, evitam se movimentar até para tomar água.

• Resultado: os idosos desidratam-se facilmente não apenas porque possuem reserva hídrica menor, mas também porque sentem menos sede. Além disso, para ter desidratação grave, eles não precisam de grandes perdas — por exemplo, diarreias, vômitos ou exposição intensa ao sol. Basta o dia estar bastante quente ou a umidade do ar baixar muito. Nessas situações, perde-se mais água pela respiração e suor e, se não houver reposição adequada, é desidratação na certa. Mesmo que o idoso seja saudável, essa perda prejudica o desempenho das reações químicas e das funções de todo o organismo.

“Por isso, vovós e vovôs, se habituem a beber líquidos”, alerta Lichtenstein. Por líquido entenda-se água, sucos, chás, água de coco, leite. Sopa, gelatina e frutas ricas em água (melão, melancia, abacaxi, laranja e mexerica) também funcionam como líquido. O importante é, a cada duas horas, botar algum líquido para dentro. Lembrem-se disso!

O segundo alerta de Lichtenstein é para os familiares. Ofereçam constantemente líquidos aos idosos da casa. Lembre-lhes de que isso é vital. Ao mesmo tempo, fiquem atentos. Ao perceberem que eles estão rejeitando líquidos e, de um dia para outro, ficam confusos, irritadiços, fora do ar, atenção. É quase certo que esses sintomas sejam decorrentes de desidratação. Líquido neles e rápido para um serviço médico.
****

*  O doutor Arnaldo Lichtenstein é clínico geral, médico do Hospital das Clínicas de São Paulo, professor colaborador da  Faculdade de Medicina da USP e  um dos 70 profissionais de saúde entrevistados por esta repórter para o livro Saúde — A Hora é agora, do qual é coautora.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Quanto custa ser neoliberal?



Dentre as criticas que se ouve por ai a respeito da globalização - leia-se neoliberalismo - a mais comum é a que diz respeito ao enriquecimento cada vez maior de um grupo cada vez menor de pessoas. Diz-se também por ai que uma das práticas mais comuns de governos seduzidos pela tal da globalização/neoliberalismo é o Estado minimo, ou seja, a retirada do Estado em especial na defesa daquilo que diz respeito ao que é mais precioso aos interesses dos individuos que são o bem estar, a saúde, a integridade fisica e psicológica, a cultura regional, as crenças, as ideologias e os códigos de comportamento.

Sociedades inteiras são sutilmente levadas a esquecer de suas identidades e adotam usos e costumes nivelados com o resto do mundo inclusive, e especialmente, hábitos de consumo. E por que? Ora a Ford ou a Nokia não podem perder tempo nem dinheiro em análises sobre as distintas preferencias entre consumidores brasileiros, chineses ou canadenses. Quanto poderia custar em mão de obra engenheiros, técnicos, desenhistas e operários no desenvolvimento de diversos modelos de carros e celulares que poderiam ser necessários para satisfazer cada região do planeta?

Mas não sou muito bom - aliás em nem sei em que sou bom - em análises economicas, de desenvolvimento ou de modelos de governo e coisas desses tipo. Para mim é mais fácil falar do aspecto humano, ou desumano, da globalização/neoliberalismo ao redor do mundo.

A sensação que tenho é que existem perdas fisicas e espirituais impercetiveis e por isso mesmo incálculaveis para os seres humanos. Todo esse processo de faz de conta da modernização global/neoliberal é apenas um verniz em cima do estrago na superficie da alma e do corpo humanos. 

Vou dar dois exemplos que podem parecer pueris e posso ser condenado duramente por cita-los, mas corro o risco: perdemos o Saci para o Halloween e a música caipira para a sertaneja. Não tenho nada contra o Halloween ou a música sertaneja, mas tenho tudo a favor do Saci e da música caipira.

Alguém certamente pode fazer uma lista enorme que demonstrará essas trocas sem nenhum sentido que a necessidade de globalizar trouxe. Penso que culturas são para serem misturadas e não para eliminarem-se umas as outras. 

A tal da globalização/neoliberalismo trouxe preço para tudo. Tudo pode ser comprado e vendido. Tudo tem um valor mensurável, perceptivel. E então único meio de acesso a qualquer coisa passou a ser através do dinheiro. ( lembremo-nos que o estado minimo dos neoliberais não presta nenhum serviço aos seus cidadãos). 

E sendo assim o trabalho deixou de ser apenas o exercicio de uma atividade, da aplicação de alguma habilidade ou produção de riqueza para a coletividade. O trabalho transformou-se em necessidade vital para a sobrevivencia emocional também. 

Alguém já chegou a dizer que sem o seu trabalho um homem não tem honra. Eu ouvi um antigo patrão meu perguntar a um colega meu, enquanto se discutia salários, quanto custava a dignidade dele. Sendo assim a honra e a dignidade de um homem passou a ter preço. E ter mais honra e dignidade pode significar ter que trabalhar mais para ganhar mais. E ganhar mais para que? Quem respondeu que é para consumir mais acaba de ganhar uma assinatura do Saúva inteiramente grátis! 

E se podemos comprar honra e dignidade, também podemos comprar felicidade e todo tipo de sensações que fazem parte do feixe que é a vida humana.

Isso faz parte das perdas emocionais. E das perdas fisicas? Lá no Blog do Nassif  foi publicado texto que fala a respeito do futuro dos alimentos, que é a cereja do bolo vistoso mas sem sabor do neoliberalismo. 

São sete videos de um filme que faz uma investigação sobre o crime que é a manipulação genética de alimentos, quando essa manipulação não visa a democratização da distribuição de comida planeta afora mas, pelo contrário, prefere o aprisionamento ou patenteamento de algo que é de todos, pois faz parte da formação da Mãe Terra que de tudo nos provê e tudo nos dá graciosamente. Vejam os videos.

Fiquem em paz,

Jonas













segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A segunda, e previsivel, catástrofe na serra carioca

Reproduzo carta do leitor Delmo Morani no blog Amigos do Presidente Lula, que contém uma mensagem que nos chama atenção para a falta de cuidado da midia em geral ao concentrar o olhar apenas na parte atingida - tristemente - pelas chuvas na região serrana do Rio, possibilitando uma segunda, porém previsivel, catástrofe.

"A cobertura do PIG (imprensa golpista), ao só informar sobre os deslizamentos e destruição nas cidades Serranas do Rio de Janeiro, sem informar também o que continua normal e o que está fora de áreas de risco, estão asfixiando a economia do turismo nestas cidades, e atrapalhando empregos.

É óbvio que é importante noticiar onde houve catástrofe, onde há risco e onde há interdição, mas é importante não contaminar todo o município, nem estigmatizar a região inteira, afugentando turistas pelo medo, sem qualquer fundamento.


Segue a mensagem do amigo leitor Delmo Morani:


NOTA DE ESCLARECIMENTO SOBRE AS CHUVAS NA REGIÃO SERRANA - O QUE FALTOU DIZER


Faltou dizer que, em Petrópolis, a localidade fortemente atingida pelas chuvas foi o Vale do Cuiabá que está situado a cerca de 12 Km do centro de Itaipava, em direção a Teresópolis.


Faltou dizer que, com exceção da rodovia que liga Itaipava à Teresópolis, todas as estradas estão operando normalmente e não foram atingidas ou obstruídas, nem temporariamente, mesmo no dia do temporal.


Faltou dizer que Itaipava, assim como os demais distritos de Petrópolis e o Centro Histórico da cidade, estão funcionando normalmente. Bares, restaurantes, shoppings, comércio, museus, monumentos e demais locais de visitação e lazer continuam operando normalmente.


Faltou dizer que, com exceção da localidade tragicamente atingida pela ação da natureza, a cidade é calma, segura e linda.


Faltou dizer que a segunda fase da tragédia ainda está por ocorrer. Ela se caracteriza pelo desemprego e pelo fechamento de uma infinidade de pequenos negócios que vivem, direta ou indiretamente, da atividade turística que é a principal atividade econômica de Petrópolis.


Faltou dizer que, além do socorro às vítimas - que vem sendo feito com uma excepcional colaboração dos governos estadual e federal e uma extraordinária mobilização da sociedade - precisamos cuidar do socorro às vítimas dessa segunda fase que, geralmente, se sobrepõe com efeitos devastadores sobre o emprego e a renda das famílias das regiões atingidas.


Assim, para que tudo o que faltou dizer nas reportagens das redes de comunicação, não resulte na segunda fase do problema. Para que não se possa dizer que “faltou fazer” alguma coisa, estamos nos mobilizando para trazer de volta o principal elemento gerador de emprego e renda: o turista.


Os hotéis e pousadas de Petrópolis, Itaipava e arredores, estão oferecendo promoções e tarifas especiais em seus pacotes de hospedagem para que você nos ajude a mobilizar a economia de Petrópolis e mais rapidamente recuperar a atividade econômica local. Você estará ajudando a preservar muitos postos de trabalho e desfrutando do melhor da região por preços ultra especiais
"

domingo, 23 de janeiro de 2011

Musicas para o domingo 230111

Mark Knopfler - Romeo and Juliet 

 

Vinicius de Moraes/Toquinho - Tarde em Itapuã

 

Paul McCartney and Eric Clapton - Something (Concert for George) (HQ) 

 


Fernanda Takai - Odeon (ao vivo) 

 

Nick Cave -far from me 

 


BB King Stevie Ray Vaughan Etta James - Midnight Hour 

 


All you need is love - SOS-barnebyer 

 


Barenboim - "El amor brujo" (Danza ritual del fuego) Falla 

 


RIKKI DON'T LOSE THAT NUMBER (1974) by Steely Dan 


Beatles. Ahh... Beatles. The long and winding road 

 

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A esperança de um catolicismo mais humano.


E vem da França através do Monsenhor Jacques Gaillot o contraponto ao que disse em entrevista a Folha de São Paulo e que eu publiquei aqui no Saúva o arcebispo brasileiro João Braz de Aviz a respeito de assuntos que envolvem especialmente aspectos éticos, morais e comportamentais segundo a Igreja Catolica.

O monsenhor frances aborda com tranquilidade e sabedoria assuntos que parecem vindos do demonio em pessoa, para boa parte da Igreja,  e transmite um entendimento bem mais humanitário e solidário sobre o que parece afligir os seguidores da fé católica no mundo inteiro.

Mas tudo tem seu preço. E monsenhor Gaillot, por divulgar idéias contrárias aos ensinamentos eclesiais, foi punido pela Igreja com a expulsão da Diocese que comandava e ainda ouviu de seu superior que assinasse a própria demissão para ser contemplado com o pomposo titulo de bispo honorifico. Ele negou-se a assinar e passou a comandar uma diocese que não existe desde o seculo V que é atualmente a Argélia.

Vejam  uma entrevista concedida por ele a um jornalista colombiano no site da Carta Maior. 

Mas eu fiz questão de trazer esse assunto ao conhecimento de vocês através desse modesto Saúva, para, como eu disse no inicio, que seja feito o contraponto, ou que sejam conhecidas duas opiniões vindas de dentro da mesma Igreja, e que não fique assim parecendo que está tudo perdido em termos de religiosidade no mundo.

Ele advoga em favor de causas como: ordenação de mulheres e homens casados, escreveu artigos intitulados " ser homossexual e católico" , ao invés de ir a uma peregerinação religiosa à Lourdes preferiu ir à Africa visitar um preso, militante contra a segregação racial. E diz-se a favor do uso da camisinha, do aborto e união de homossexuais. E são tantas suas ações em favor das minorias que passou a ser chamado de Bispo dos sem: sem documentos, sem teto..

O que surpreendeu é que ele diz que vem justamente da América Latina a esperança de uma Igreja mais moderna, uma Igreja que reveja suas posições sobre etica e moral. Surpreendi-me bastante, pois por tudo que temos ouvido e visto aqui no Brasil dito por representantes da Igreja, parece que as coisas caminham no sentido contrário.
Admirador da Teologia da Libertação diz ter sido profundamente tocado por dom Helder Camara, mas senti falta da menção ao nome de Leonardo Boff, um teólogo sábio e injustiçado pela Igreja. Igreja que insiste em não arredar pé de seu conceito de que há um Deus que nos castiga e por isso devemos nos resignar e nos calar diante das injustiças do mundo.

Bem meus caros, leiam a entrevista e emocionem-se. Quem sabe ela poderá reacender em voces, como fez em mim, a esperança de que ressurgirá da hemorragia em que sangra a Igreja nesse momento,  um novo catolicismo que possa servir verdadeiramente aos pobres e desvalidos do mundo. E permita a todos que vivam sua vida em plenitude, que sejam todos verdadeiros seres humanos sem medos ou vergonhas. Seres humanos tão diferentes nas escolhas que fazem pela vida, mas tão iguais na necessidade de compreensão e amor.

Repito endereço da entrevista: http://tinyurl.com/6guzsp5 

Fiquem em paz

Jonas

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Entrevista do arcebispo de Brasilia


Acho que em razão do arcebispo de Brasilia, dom João Braz de Aviz, ter sido nomeado por Bento 16 prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica ele virou repentinamente uma celebridade, razão pela qual a Folha correu a entrevista-lo. E a tal entrevista pode ser lida integralmente aqui.


Logo abaixo faço comentários que são a minha visão atual da contribuição que a Igreja NÃO tem dado para a melhoria do debate entre o Estado e a Igreja. 

As partes em negrito são as perguntas ao arcebispo, em preto são suas respostas e em vermelho a humilde opinião desse ordinário, porém temente a Deus, blogueiro.

Folha - Qual a sua avaliação a respeito do debate sobre o aborto durante as eleições?

João Braz de Aviz Foi um pouco ruim, porque a discussão dos bispos e de pessoas leigas ligadas à igreja apareceu com a exclusão de um partido [o PT]. Ou seja, havia uma definição de posição político-partidária muito clara [a favor do PSDB], e a Igreja Católica não sustenta isso.

Calma lá. Quem quis, e quase conseguiu, excluir o PT do debate foi a própria Igreja Católica com sua campanha feroz e sanguinolenta inclusive com impressão e distribuição de panfletos caluniosos e difamatórios contra a Dilma, quase ameaçando com excomunhão quem votasse nela.

Do outro lado, o que está à flor da pele é que uma imensa parte da população brasileira não aceita essa
enxurrada de propaganda a favor do aborto que é feita de modo impositivo.

Digam por favor onde está a enxurrada de propaganda pró aborto. O que se vê é apenas a tentativa de trazer o assunto ao debate nos foros apropriados, que não passam certamente pelas sacristias.

Há um movimento de legalizar o aborto e considerá-lo um direito humano, o que é uma coisa muito difícil de a gente compreender. Portanto, a posição dos bispos até estava correta, mas o que houve de dificuldade foi identificar apenas em um partido essa posição e aproveitar esse fato para uma escolha política.

Não entendi qual a parte que é dificil de compreender sobre um direito humano. Não entendi também a lógica da posição correta dos bispos, pois se a Igreja excluiu um partido do debate, se a Igreja conclamou seus seguidores a não votarem na Dilma, o que restaria aos bispos senão optarem por quem mandava a Igreja, dado que a obediencia incondicional é uma de suas práticas?

No geral, o sr. considera que as eleições correram bem?
 
O que se viu foi sobretudo um processo político muito maduro. O crescimento de um terceiro elemento [o PV, de Marina Silva] que não se identifica com as duas principais forças me parece muito positivo. Há um crescimento da consciência política e do diálogo democrático.

Hum, aguardem caros leitores até o momento em que o bispo vai falar dos evangélicos, a mim me parece que não os julga exatamente politizados e democratas.

O sr. imagina que a igreja terá alguma dificuldade de diálogo com o governo Dilma?
 
Claro que a gente sempre espera que o diálogo seja muito bom. Mas a verdade é que não temos uma idéia clara de quem é Dilma do ponto de vista religioso. Ela precisa explicar melhor as suas convicções religiosas para que o diálogo possa progredir.

Entendi. Basta que a Dilma cumpra todos os rituais liturgicos da Igreja, participe da missa e comungue todos todos os domingos,  faça sua profissão de fé rezando alto e claro o Creio ( creio na Igreja, una, santa, católica e apóstolica) e aí sim estará aberta uma avenida para o diálogo.

O que sabemos é que Dilma mostrou flexibilidade com relação a temas importantes para a igreja. Mas também sabemos que políticos fazem isso: durante a campanha é uma coisa, e na prática o caminho às vezes é outro.

Se ele diz que os politicos fazem isso - na campanha é uma coisa e na prática é outra - por que a opção cega e irredutivel pelo PSDB e seu candidato? 

O que o sr. espera dela com relação a isso?
 
Eu espero que as posições dela se aproximem das posições da igreja. Para isso, precisamos conhecer melhor o que pensa a Dilma presidente em relação a certos temas.

Do ponto de vista discurso humanitário, mesmo sem conhecer a Dilma pessoalmente, sou capaz de imaginar que ela é católica sem tirar nem por, resta saber se a Igreja vai dar-se a conhecer melhor explicando por exemplo sua opções nem sempre franciscanas e nem sempre dando primazia aos mais pobres. Repito: os discursos de ambos são identicos. Ao pedir que Dilma se aproxime das posições da Igreja ele na erdade quer dizer: que Dilma governe o país apenas para os católicos.

Não só o aborto, que teve destaque na disputa eleitoral, mas também quanto ao PNDH-3 [Plano Nacional de Direitos Humanos], que traz posições contudentíssimas para a igreja. Há aspectos muito bonitos com relação à questão social, mas temos aborto, homossexualismo, um monte de coisa que precisamos ver como vai ficar.

O que é questão social para esse bispo? Pois para mim tudo que envolve a vida de pessoas, tudo que envolve liberdade de expressão e atitudes, tudo que resguarda as pessoas de violencia e hipocrisia é questão social. E precisa ser debatida e se necessário for, ser regulamentada. Ou não?

Eventuais diferenças não inviabilizariam o diálogo?
 
Para que exista um bom diálogo, é fundamental que ela diga exatamente o que pensa para podermos avançar a partir daí. O fundamental é dar ao outro a oportunidade de ser ele mesmo, para o diálogo continuar. Se a posição dela for outra, tenho direito a uma atitude diferente.

Muito confuso isso. Se a Dilma for ela mesma o dialogo pode continuar. E se a posição dela for outra a atitude da Igreja vai ser diferente. Eu hein? É para a Dilma ser ela mesma ou não? Vai haver diálogo ou não? Aliás por que não pode haver diálogo com quem quer que seja, desde que ele seja ele mesmo? Por que fugir do debate com quem pensa diferente?

Até o momento, não sabemos como será, pois ela assumiu a posição do ex-presidente Lula, que é impossível moralmente. Ele diz que tem uma posição pessoal como homem de fé e outra como presidente, como homem de Estado. Ora, a gente tem apenas uma moral, e não duas.

Verdade. Moral é uma só. E não tenho conhecimento de que paises democráticos em geral incitem seus cidadãos à libertinagem, à sacanagem pura e simples. Jogando no lixo valores morais e éticos. Tá me parecendo que esse bispo considera-se o guardião da moral dele mesmo. Se ele desse uma olhada por baixo de algumas batinas que o rodeiam, talvez mudasse de idéia, mas não vamos falar disso por que é até covardia. Eu só gostaria saber se em alguma Constituição - Constituição que é a baliza dos dirigentes de governos inclusive do Lula - de algum país democratico não estejam garantidos todos os direitos à vida humana tais como dignidade, liberdade, segurança fisica e intelectual, saúde e usufruto dos bens públicos. Se existir uma só que não contemple esses principios, rasguemos todas as demais Constituições de todos os países e adotemos a tabua dos dez mandamentos como regulador das sociedades, e que os casos não previstos sejam levados ao Bispo.

Muitas igrejas têm bancada no Congresso. Qual sua opinião sobre a separação entre religião e política e a possibilidade de mistura entre os dois campos?
 
A separação entre igreja e Estado foi uma conquista e representa uma grande vantagem democrática em relação ao passado, quando havia a imposição da religião sobre o Estado.

Alvissaras! Alegrai-vos!

O problema é que muitas vezes não fica claro se estão usando a afirmação do caráter laico do Estado para dizer que ele é ateu e que o cidadão religioso não tem lugar na discussão política. Aí já é complicado, porque é preciso haver liberdade religiosa e respeito a essas posições.Esse equilíbrio é que ainda não apareceu, e o debate acaba sendo recheado por posições já tomadas de antemão.

Opa! Retiro as expressões de alegria. De novo fiquei confuso. O bispo defende a liberdade religiosa no que faz muitissimo bem. Mas quer associar o laicismo ao ateismo e isto está muito errado. E está absurdamente errado sugerir que o ateismo despreza os cidadão religioso. Individuos de todas as profissões religiosas e os que não professam religião nenhuma, desde que não sejam intransigentes, podem muito bem estar de acordo sobre assuntos que atinjam o coletivo. Eu posso achar uma coisa muito natural para mim individualmente ou para um grupo restrito, mas preciso entender que ela pode não ser natural para a coletividade.

Mas não podemos considerar que a experiência religiosa esteja reduzida apenas à dimensão da consciência ou à dimensão pessoal, como se não tivesse nenhuma função social. Por isso é que a Igreja Católica está recuperando a atenção à política.

Sem duvida que a religião tem sim uma função social. A religião pode ser um excelente instrumento para exercicio da humanidade, da caridade, da solidariedade e tantas outras virtudes que ao me ver são desprezadas na hora de se discutir por exemplo se é certo uma mulher ser estrupada por um marido bebado e violento e ser obrigada a manter para o resto da vida esse ato insano com nome e sobrenome. O que será que se passa no coração de uma mulher que dá a luz a uma criança que ela sabe, e só ela sabe - e a solidão desses momentos é especialmente cruel - que foi gerada em meio à violencia e ao machismo?


Como o sr. vê o forte crescimento das igrejas evangélicas, em especial entre as classes mais baixas?
 
Muitos desses movimentos religiosos mais modernos não exprimem uma fidelidade à doutrina do Evangelho como ela é --escolhem apenas partes e, às vezes, assumem compromissos com coisas que não são corretas. Por exemplo, há igrejas que têm compromisso fortíssimo com a arrecadação de dinheiro.

Vocês se lembram que lá atrás ele considerou importante a "alternativa" Marina ( evangélica confessa) como sendo um crescimento da consciência política e do diálogo democrático? Acho que aqui nesse trecho ele esqueceu do que disse. Deve ter esquecido também que, ao que se sabe, a Igreja vive de dizimos e donativos.

Por que essas igrejas têm tido mais êxito entre os pobres do que a Igreja Católica?
 
Não sei dizer uma razão particular. Sei que, hoje, essas igrejas usam os meios de comunicação de maneira muito forte, com motivações psicológicas... Isso tem uma força sobre as pessoas, que têm uma dimensão religiosa grande no coração.

Como é do conhecimento de todos, aqui no Brasil quase todos nós somos "obrigados" a sermos católicos desde que nascemos. Até ai nada demais. Tradições familiares são assim mesmo. O que não pode, é fazer de conta que o outro usa errado os mesmissimos instrumentos que a Igreja usa para a confirmação ou continuação da fé católica. Vide encontros e acampamentos com forte apelo emocional e pesicológico, pessoas de denominações religiosas diferentes precisarem de licença especial para casar-se na Igreja, padres cantores, canais de TV, etc...

Mas a Igreja Católica não segue essa estrada. Há muito de proselitismo por trás [de outras igrejas], não só de verdade. E nosso caminho [da Igreja Católica] não é o proselitismo, é o testemunho.

 O sr. poderia citar alguma em particular?

Prefiro não citar nenhuma. O importante é mencionar o fenômeno. As pessoas sabem que isso existe.

Pra terminar eu quero testemunhar o seguinte: muitas vezes no tempo em que eu andava por sacristias e salões paroquiais eu fui levado a crer que a Igreja Católica era fiel depósitária, herdeira vitalicia e guardiã dos ensinamentos cristãos que seriam, como se sabe, os únicos ensinamentos com conteudo moral e ético.

Ocorre que o que existe na verdade é um ensinamento eclesial e não um ensinamento cristão. Nós leigos católicos somos levados a olhar para dentro das paredes da Igreja e não para o mundo. Somos levados a crer que sendo apenas uma a religião "aceita" por Deus, entendemos que o amor não é universal, mas sim algo a ser praticado entre um pequeno grupo.

Jesus Cristo, de quem deriva - perdoem por dizer o óbvio - o cristianismo andava pelas ruas e praças, falando direto com as pessoas, sem regras confusas, sem conceitos pré estabelecidos, sem hirarquias e sem julgar ou condenar ninguém. Ele repetia todos os dias: amem-se. Simples assim, sem artigos, nem incisos, nem paragrafos, nem condicionantes: amem-se apenas. Jesus Cristo não construiu um templo para aprisionar o amor ou para convidar as pessoas que nele entrassem para purificarem-se

Tudo que hoje estamos discutindo como certo ou errado do ponto de vista moral,  foi na verdade semeado pela Igreja. Se nossa sociedade hoje vive uma crise talvez sem precedentes de angústias e aflições, de dúvidas e incertezas, uma crise serissima de ética e moral, deve-se ao ensinamento eclesial que priorizou a hierarquia,  burocratizou o amor ao próximo, e deu ares cartoriais à solidariedade e à caridade.

A Igreja insiste em chamar aos que dela discordam de imorais e libertinos. Só faz perde-los de vez.  São seres humanos apenas. Contribuintes da historia universal, da construção do mundo, da fantástica e muito pouco entendida aventura que é viver.

Fiquem em paz,
Jonas

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Nossos comerciais por favor

Faz tempo que não publico uns comerciais bacanas aqui no Saúva. Hoje quero fazer isso e vou começar por 
 republicar dois deles, que pela qualidade e genialidade de quem os fez, valem a pena ser vistos de novo.

O primeiro é de uma campanha de uma ONG, a Sussex Safer Roads Partnership, e que mostra de uma maneira muito bem bolada a necessidade do cinto de segurança.




O segundo é o resultado da união de duas instituições - Multiple Sclerosis International Federation e Hertie Foundation - de combate à multiesclerose que passaram seu recado de maneira genial e muito delicada. A musica Beatiful Day do U2 ajuda bastante a embalar nossas emoções.



Agora vem os inéditos aqui no Saúva, e foi então que eu dei uma sapeada lá no Blogcitário e ví uma lista do que o pessoal daquele blog considerou os melhores comerciais de 2010. E dessa lista eu escolhi dois:

1) Novo Doblo
Lembrado por um número considerável das pessoas. Será que é porque mostra como a maioria das mulheres tratam seus namorados ou maridos?


2) Brastemp: sorrisos
A ação da marca em unir todas as estações de rádio de São Paulo foi lembrada por muita gente. Não tenho certeza se ela chegou a ser veiculada na TV, mas lembro que teve um período que chovia links no Twitter para o vídeo. Boas idéias são assim: viralizam naturalmente.


É isso aí. Gostaram?

Fiquem em paz.

Jonas

O preço de não escutar a natureza.

Reproduzo texto de Leonardo Boff  publicado no Adital muito adequado não só para as reflexões que fazemos hoje sobre a tragédia que se abate  na região serrana do Rio, mas também a respeito de nossas atitudes.



"O cataclisma ambiental, social e humano que se abateu sobre as três cidades serranas do Estado do Rio de Janeiro, Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, na segunda semana de janeiro, com centenas de mortos, destruição de regiões inteiras e um incomensurável sofrimento dos que perderam familiares, casas e todos os haveres tem como causa mais imediata as chuvas torrenciais, próprias do verão, a configuração geofísica das montanhas, com pouca capa de solo sobre o qual cresce exuberante floresta subtropical, assentada sobre imensas rochas lisas que por causa da infiltração das águas e o peso da vegetação provocam frequentemente deslizamentos fatais. 
Culpam-se pessoas que ocuparam áreas de risco, incriminam-se políticos corruptos que destribuíram terrenos perigosos a pobres, critica-se o poder público que se mostrou leniente e não fez obras de prevenção, por não serem visíveis e não angariarem votos. Nisso tudo há muita verdade. Mas nisso não reside a causa principal desta tragédia avassaladora. A causa principal deriva do modo como costumamos tratar a natureza. Ela é generosa para conosco pois nos oferece tudo o que precisamos para viver. Mas nós, em contrapartida, a consideramos como um objeto qualquer, entregue ao nosso bel-prazer, sem nenhum sentido de responsabilidade pela sua preservação nem lhe damos alguma retribuição. Ao contrario, tratamo-la com violência, depredamo-la, arrancando tudo o que podemos dela para nosso benefício. E ainda a transformamos numa imensa lixeira de nossos dejetos. 
Pior ainda: nós não conhecemos sua natureza e sua história. Somos analfabetos e ignorantes da história que se realizou nos nossos lugares no percurso de milhares e milhares de anos. Não nos preocupamos em conhecer a flora e a fauna, as montanhas, os rios, as paisagens, as pessoas significativas que ai viveram, artistas, poetas, governantes, sábios e construtores.

Somos, em grande parte, ainda devedores do espírito científico moderno que identifica a realidade com seus aspectos meramente materiais e mecanicistas sem incluir nela, a vida, a consciência e a comunhão íntima com as coisas que os poetas, músicos e artistas nos evocam em suas magníficas obras. O universo e a natureza possuem história. Ela está sendo contada pelas estrelas, pela Terra, pelo afloramento e elevação das montanhas, pelos animais, pelas florestas e pelos rios. Nossa tarefa é saber escutar e interpretar as mensagens que eles nos mandam. Os povos originários sabiam captar cada movimento das nuvens, o sentido dos ventos e sabiam quando vinham ou não trombas d'água. Chico Mendes com quem participei de longas penetrações na floresta amazônica do Acre sabia interpretar cada ruído da selva, ler sinais da passagem de onças nas folhas do chão e, com o ouvido colado ao chão, sabia a direção em que ia a manada de perigosos porcos selvagens. Nós desaprendemos tudo isso. Com o recurso das ciências lemos a história inscrita nas camadas de cada ser. Mas esse conhecimento não entrou nos currículos escolares nem se transformou em cultura geral. Antes, virou técnica para dominar a natureza e acumular.

No caso das cidades serranas: é natural que haja chuvas torrenciais no verão. Sempre podem ocorrer desmoronamentos de encostas. Sabemos que já se instalou o aquecimento global que torna os eventos extremos mais freqüentes e mais densos. Conhecemos os vales profundos e os riachos que correm neles. Mas não escutamos a mensagem que eles nos enviam que é: não construir casas nas encostas; não morar perto do rio e preservar zelosamente a mata ciliar. O rio possui dois leitos: um normal, menor, pelo qual fluem as águas correntes e outro maior que dá vazão às grandes águas das chuvas torrenciais. Nesta parte não se pode construir e morar.

Estamos pagando alto preço pelo nosso descaso e pela dizimação da mata atlântica que equilibrava o regime das chuvas. O que se impõe agora é escutar a natureza e fazer obras preventivas que respeitem o modo de ser de cada encosta, de cada vale e de cada rio.

Só controlamos a natureza na medida em que lhe obedecemos e soubermos escutar suas mensagens e ler seus sinais. Caso contrário teremos que contar com tragédias fatais evitáveis."

domingo, 16 de janeiro de 2011

Musicas para o domingo dia 160111

Eric Clapton - Hoochie Coochie Man - Live 

 


Zeca Baleiro - Tem que Acontecer 

 


 


Paco de Lucía Concierto de Aranjuez Part2 

 


Fernanda Takai - Descansa Coração (marcklewis) 

 


George Harrison - Someplace Else (Cloud Nine Version)


Last Kiss - Pearl Jam 

 



AfroCubism - 'Nima diyala' live 


Ukulele Orchestra of GB - Orange blossom 

 


Aretha singing RESPECT 2007 US OPEN 

 


Buena Vista Social Club - Chan Chan 

Concert for George - Isn't it a Pity (Eric Clapton, Billy Preston, Jeff Lynne et al).flv 

 

 

Indispensáveis THE BEATLES  Blackbird 

sábado, 15 de janeiro de 2011

O poder da gentileza

Dia desses eu lí lá no Balaio da Filetti um texto cujo nome eu copiei agora, por que lembrou um comentário que eu quero fazer já faz tempo mas tenho adiado sempre e agora vai. É o seguinte.

Há algum tempo conhecemos um casal cujo marido chama-se Henrique. E o Henrique tem um hábito bastante incomum: onde quer que ele vá ele distribui bilhetinhos bem pequenos com frases escritas neles. São frases sempre com fundo humanista, de amor ao próximo ou de qualquer tipo de chamamento para uma auto-reflexão.

O Henrique tem o trabalho de copiar essa frases de livros que ele tem e dobra-as bem dobradinhas coloca-as em um envelope e ofereçe às pessoas. Um dia, aqui em casa, ele se deu ao trabalho de dobrar os papeizinhos como pequenos origamis, vejam voces!

O dia que o Henrique mais me impressionou foi  lá no SESC onde estavamos um domingo, sentados batendo um papo e tomando nossa cervejinha, quando o Henrique se levantou e abrindo sua mochila, tirou dela um saco plástico cheio de bilhetinhos e colocou-os num prato e saiu distribuindo para as pesoas nas mesas em volta como se ele fosse um garçon. E eu fiquei observando as reações. Algumas pessoas aceitavam de primeira outras não, ficavam olhando meio desconfiadas. As que aceitavam, desdobravam o bilhetinho e liam e algumas abriam um sorriso. Logo, logo muitas das pessoas que estavam por ali, acenavam pro Henrique pedindo mais bilhetinhos e que ele corria a entregar.

Naquele momento ele era o garçon das gentilezas, da esperança, da meditação. Tomara existissem mais garçons assim.

Não preciso ficar discorrendo sobre o bem que o Henrique está fazendo, isso é fácil imaginar. Mas eu quero dizer que o Henrique me inspirou a fazer algo que minha realidade permite. Não tem muito tempo que eu descobri o twitter e achei uma ferramenta muito bacana na trasnmissão de tudo que se pode imaginar. Faço uso dele pra me informar sobre o dia-a-dia do país e na medida do possivel tento informar os outros sobre as mesmas coisas.

E, inspirado no Henrique, todos os dias de manhã eu escolho uma música - pois musica pelo que eu sei é  um bem universal -  e é com ela que eu digo bom dia aos meus seguidores. Por que eu acho que, assim como os bilhetes do Henrique, uma musica pode fazer muito bem aos nossos espiritos e eu tento, modestamente, fazer bem ao espirito dos que me seguem no twitter.

Alguém ai assistiu ao filme " Corrente do Bem" ? Quem assistiu sabe o que eu estou querendo dizer, e o que a Filetti e o Henrique querem dizer. Fazer o bem é muito mais simples do que pensamos.


Ai embaixo tem um trecho do filme " Corrente do Bem ".

Fiquem em paz,

Jonas

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

A Folha que falha

Reproduzo artigo de Luiz Flavio Gomes, publicado no Azenha.

A Folha de S. Paulo falhou (pisou na bola) no caso “Falha”?

por LUIZ FLÁVIO GOMES* 

Meus amigos (as): o reputadíssimo jornal Folha de S. Paulo, de acordo com sua Ombudsman Suzana Singer (Folha de S. Paulo de 09.01.11, p. A6), está correndo sério risco de pagar um mico tremendo. Resolveu entrar com ação judicial contra o blog “Falha de S. Paulo”, dos irmãos Lino e Mario Bochini, para preservar a sua marca.

Ocorre que a liminar que a Folha ganhou para retirar o Falha do ar está repercutindo como censura, como violação à liberdade de expressão. Afinal, o blog era de sátira, era humorístico. E ninguém iria falhar no juízo para confundir a Folha com o Falha.

Suzana Singir disse que a Folha teve sua imagem muito mais prejudicada do que se tivesse simplesmente ignorado as pedrinhas dos irmãos blogueiros. Ela afirmou isso depois de o Financial Times ter escrito que a reputação da Folha desandou. O castigo não falha, diria a turma do Falha.

Julian Assange (do WikiLeaks) disse: “A censura é um problema especial quando ocorre de forma camuflada. Sempre que há censura, ela deve ser denunciada”. O jornal O Estado de S. Paulo já está sob censura explícita há 527 dias. Lamentável! A “censura” do Falha repercutiu também na Revista Wired e os Repórteres sem Fronteiras estão censurando a Folha por ter retirado do ar o Falha.

Caro amigo (a): você acha que a Folha falhou no caso Falha? Você acha que uma liminar, conquistada por um jornal reputado como a Folha, para retirar do ar um blog, não iria ter falha, por dar a conotação de censura? A Folha falhou ao não deixar o Falha falar?

Será  que a Folha achou que ela também não pode falhar? (todos somos humanos…). Depois da reprovação da própria Ombudsman você acha que o jornal Folha tem que falar? Terrível é que agora não existe mais o Falha para afirmar que a Folha não fala.

Na nossa vida, quando falhamos, você acha que nós devemos falar ou não? Depois do que afirmou o Financial Times, a maior falha da Folha seria não falar? Você não acha?

Em suma: o jornal Folha falhou ou não falhou no caso Falha? O que você acha? Se o Falha não fala mais, ainda bem que o jornal Folha tem uma Ombudisman que fala, mesmo quando se trata de falar que a Folha perdeu pontos com o Falha.

A Ombudsman não falhou, nem sequer no momento em que a Folha calou o Falha. Parabéns para ela. E também para a própria Folha, que pode falhar em algum momento (como todo ser humano), mas não falha na hora de ter alguém independente dentro dela que lhe aponte eventual falha.

Na nossa vida, tão importante quanto não falhar, é ter alguém do nosso lado que aponte as nossas falhas. Siga-me. Compartilhe esse texto. Manifeste. Dê sua opinião.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Lula ou FHC: de quem é o marco zero?

Dentre os pouco mais de 10% que não gostaram do Governo Lula ouvem-se muitas vezes argumentos simplórios de que o sucesso da passagem de Lula pela presidencia deve-se unicamente ao governo anterior 
( FHC ) que criou o Real, esse sim o plano que marcaria o inicio do Brasil.

A midia conservadora repete o mesmo trololó subestimando os exitos de Lula  dizendo que foi apenas por que o vento soprou pela proa nos ultimos oito anos e não poucas vezes criticam com inveja mal disfarçada que Lula tem a pretensão de ter inventado o Brasil.

O Tea Party tupiniquim corta os pulsos toda vez que ouve a feliz expressão criada por Lula: nunca antes nesse país...

É que os conservadores, justamente por serem conservadores, não admitem revoluções. Tem medo de novidades, de buscar alternativas para o que está posto. Basta olhar a  ultima campanha eleitoral. A oposição foi incapaz de assimilar que existem novos cidadãos e um novo jeito de pensar. E  acabou trazendo para o debate coisas tão velhas como aborto, sexualidade e religião ( a Folha ainda fez isso domingo passado), assuntos que agora  são vistos com outros olhos pelos cidadãos em razão do acesso a mais informação e mais cultura.

O Bolinhagate foi a cereja no bolo do envelhecido e ultrapasssado jeito de comunicar-se com a população para fazer politica: uma politica ardilosa, cinica e teatral.

A triste e encarquilhada oposição não se deu conta que quando Lula resgatou alguns millhões de pessoas da pobreza não lhes deu apenas a chance de ter algum dinheiro a mais no bolso, mas Lula as trouxe para um universo em que os horizontes são muito mais amplos e onde a diversidade de  juizo de valores possibilita visões mais criticas.

A oposição precisa entender  que governar não é apenas gerar numeros positivos, ou implantar projetos exuberantes, a oposição precisa entender que governar é   ( também) participar de um almoço natalino com catadores de papel estimulando-os a exercitarem sua cidadania e pararem de falar fino com os "dotô".


Governar é permitir que todos os segmentos da população organizem-se de tal maneira para que seja permitida a real valorização do trabalho de cada um,  para a descoberta de talentos e dons individuais ( chega de ser boiada ) e para que possam construir um modelo de sociedade que não esteja mais sujeito à interesses paroquiais, e entendendo com clareza onde termina o individual e começa o coletivo.

Nesse sentido a inauguração do Marco Zero do Brasil pertence de verdade ao Lula.


Fiquem em paz,

Jonas