quinta-feira, 7 de abril de 2011

O semeador atento.

Uma das muitas parábolas de Jesus Cristo é a do semeador. Através desta parábola Cristo chama a atenção para as várias situações enfrentadas por aquele que se dispõe a semear.

E as situações que Cristo descreve vão desde a possibilidade das sementes serem comidas pelas aves, ou que podem cair em solos áridos e espinhosos e finalmente podem cair em solo fértil onde a germinam fortes e viçosas.

A analogia que Jesus faz com essa parábola é com a própria divulgação de Seus ensinamentos, ele faz como que um alerta para aqueles que o ouvem a fim de preveni-los na divulgação de Suas palavras,  pois na divulgação pode ocorrer a mesma situação que no ato da semeadura: umas sementes morrerão e secarão e outras vicejarão no espírito de quem as ouvir.

Mas quero pedir licença ao nosso bom Jesus  para perguntar:  e quando é o próprio semeador que enfrenta aridez espiritual ou aquelas tormentas que fazem o semeador duvidar do resultado de seus esforços?

Deixando egoísmos, esnobismos, vaidades de lado, a verdade é que não poucas vezes eu me sinto inseguro nessa proposta que fiz a mim mesmo de escrever o que penso tornando públicas as coisas que me movem vida afora.

Sinto dois tipos diferentes de incômodos.O primeiro é uma certa impressão de incompetência na tentativa de dizer o que penso,  e em pouquíssimas vezes quando eu releio o que acabei de escrever, eu me convenço que eu escrevi exatamente o que eu penso. Na maioria das vezes sinto que as palavras me escapam, parece existir uma distancia enorme entre eu pensar e as palavras surgirem escritas. Penso mil palavras e escrevo apenas dez. Elas, as palavras, parecem se perder na distancia entre meu coração e o teclado.

O outro incomodo, e este é mais grave, é que os tipos de solos citados por Cristo podem ser eu mesmo. E tenho medo de me tornar desatento ou descuidado, e por não conseguir dizer exatamente o que eu quero dizer posso acabar decepcionando, frustrando ou no mínimo aborrecendo alguém.

Pode ser que venham tempestades que me desviem do caminho, pode ser que chegue o dia em que me sentirei em um deserto, ou pode ser que eu largue tudo por ai pelo vento e não haja mais nenhum sentido em tentar compartilhar o que sinto com quem me lê. E isto é desatenção e desapreço. Isso é falta de zelo, ou pouco caso com as emoções que provoquei.

É preciso cuidar disso. O semeador precisa colher os frutos que plantou. O semeador iniciou um processo irreversível que resultará em uma resposta definitiva para o seu gesto. E é necessário conhecê-la.

Se o semeador tornar-se descuidado e desatento, ou se desprezar, ou resolver que o que plantou não precisa mais de sua atenção, é certo que os frutos apodrecerão e perderão sua natureza saudável e todo tipo de transtorno virá depois disso.

É bem provável que haja uma perversão em tudo, e tudo acabe sem muito significado. Os frutos haverão de perguntar: para que sou fruto? Para que germinei e vicejei se agora ninguém me vê e eu não sacio ninguém? Será que mais tarde serei semente também? Para que?

Cuidemos meus caros. Cuidemos do que plantamos. Fiquemos atentos e zelemos por nossos frutos. Para que eles não se voltem contra nós mesmos e não saiam por ai, ferindo e matando tantos e queridos brasileirinhos nossos!

Fiquem em paz.

Jonas