Vincius Mota defende Demostenes Torres
Vinicius
Mota defende o senador Demóstenes Torres, diz o colunista:"Deixando de
lado o aspecto judicial, o problema do senador foi ter criado um
personagem em confronto com suas práticas. Mas será que da análise dos
casos que o envolvem surge um fato novo sobre a atuação dos políticos no
país? Dificilmente". Ou seja, ele é um ladrão safado, mas todos também
somos e sendo assim, de acordo com o colunista, está perdoado. Seguindo o
raciocínio do Vinicius, podemos matar à vontade, tomar drogas, dirigir
bêbado, porque nada disso é um fato novo e os erros dos outros perdoam
os nossos. É triste!
Orador imbatível e campeão da democracia, Demóstenes
combatia tiranos e oligarcas. Caiu ao ser enredado num escândalo de
suborno -na Grécia, no quarto século antes de Cristo.
Demóstenes Torres, senador pelo DEM, enfrenta o maior drama de sua vida
pública. Duríssimo opositor do governo petista, paladino da conduta
irretocável, surge agora, em investigações policiais, como fantoche de
um capo da jogatina.
Diante de uma sinuca que ameaçava sua carreira, acusado pelo fracasso
militar ateniense contra a investida macedônia, o Demóstenes grego
compôs o célebre discurso "Sobre a Coroa", clássico universal da
retórica. Virou o jogo no gogó.
Esperemos a defesa de Torres.
Deixando de lado o aspecto judicial, o problema do senador foi ter
criado um personagem em confronto com suas práticas. Mas será que da
análise dos casos que o envolvem surge um fato novo sobre a atuação dos
políticos no país? Dificilmente.
A relação entre um senador e seus patrocinadores -aqueles que sustentam,
informal ou formalmente, a sua carreira- pode diferir apenas em grau,
não em gênero, do que o caso Cachoeira/Demóstenes informa. Abrir portas
em autarquias, pedir atenção para casos de interesse, influir em
legislações que favorecem o patrono, atuar como informante privilegiado,
beneficiar-se de mimos. Nada de novo no front.
As democracias modernas não conseguiram sanar esse defeito, que concede a
detentores de poder econômico acesso privilegiado à esfera das decisões
estatais. Implantaram, quando muito, meios de controlar tal influência,
os mais efetivos exigindo prestação detalhada de contas acerca da vida
pública e privada dos detentores de mandato.
Se o Demóstenes da Antiguidade enfrentava sobretudo os inimigos externos
da democracia, o caso em torno do homônimo brasileiro nos lembra de
suas fraquezas internas.
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