É
compreensível que gente como Reinaldo Azevedo e Ricardo Noblat esteja
tentando vender a teoria de que as provas dos crimes do senador
Demóstenes Torres não podem ser usadas porque, devido ao cargo que
ocupa, só poderia ser investigado pelo Supremo Tribunal Federal ou sob
sua autorização.
Chega
ao blog informação de que Demóstenes estaria fazendo ameaças à mídia,
aos seus pares do DEM e até a pelo menos um membro do STF no sentido de
que, caso seja estraçalhado, levará muitos ex-amigos consigo para o
cadafalso.
O
senador bandido está disposto a tudo para não perder o mandato
simplesmente porque, sem imunidade parlamentar, dificilmente deixará de
ir fazer companhia ao seu amigão Carlinhos Cachoeira lá no PF Hilton.
Demóstenes
estaria ameaçando revelar que veículos como a Veja saberiam de suas
atividades criminosas e que nada revelavam porque ele os municiava com
informações contra o PT, entre outros favores que lhes prestaria na
“Câmara Alta”.
Enquanto
isso, DEM, PSDB, editora Abril e Globo estariam propondo acionar sua
bancada no STF para trocar a decapitação política de Demóstenes pelo
adiamento do julgamento do mensalão, que deveria ocorrer em maio. Até
porque, após o STF se pronunciar pela impunidade de Demóstenes, não
teria como julgar o mensalão.
Aliás,
no que depender do STF, Demóstenes pode ficar tranqüilo. O fato de que
até há pouco havia a decisão de julgar o mensalão ainda neste semestre
revela que a Suprema Corte de Justiça do país se deixa intimidar pela
mídia. Julgar um caso como esse em ano eleitoral, é uma aberração.
Não
se pode esquecer, também, que a decapitação e a previsível verborragia
posterior de Demóstenes intimidam ao menos um membro do Supremo, Gilmar
Mendes, acusado de, em conluio com o demo, ter criado a farsa do grampo
sem áudio. Imagine, leitor, se, caído em desgraça e preso, Demóstenes
conta que ele e o juiz forjaram aquilo.
O
que pode melar tudo são as escutas não reveladas, que já se sabe que
mal começaram a ser vazadas. Segundo este blog vem apurando, ao menos a
Veja está enrolada até o pescoço. E haveria muito mais não só contra a
Veja, mas contra todos os que se envolveram no consórcio
político-midiático que imperou na década passada.
Ainda
assim, já estão sendo estabelecidas as bases para um acordão. O
julgamento do mensalão em ano eleitoral seria uma tragédia para o PT e o
aprofundamento das investigações sobre o envolvimento da Veja com
Demóstenes e Cachoeira atingiria do Supremo ao resto da mídia tucana.
Acabaremos
todos com caras de palhaços, pois. Impotentes diante do apodrecimento
da República, assim como no caso da Privataria Tucana. Eles acabarão se
entendendo por instinto de sobrevivência. Enquanto um lado tiver munição
pesada contra o outro, nada mudará. E só nos restará espernear.
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