Caetano Veloso, em sua música Alegria, Alegria, questionava-se cheio de preguiça diante da banca de revistas: "quem lê tanta noticia?".
Mal sabia ele que em breve as noticias deixariam de ser passivas, ou seja, deixariam de ficar lá na banca aguardando quem delas fosse tomar conhecimento, para tornarem-se ativas espalhando-se por todos os cantos dando a saber, para todo mundo, o que se quer e o que não se quer conhecer.
Vivemos dias em que o simples gesto de tomar um elevador implica em ser informado sobre várias coisas. Dentro dos elevadores pode-se olhar telas que, naqueles poucos segundos do trajeto de um andar para outro, nos informam a temperatura em Montreal, resultado das eleições no Zimbabwe ou como descascar um kiwi com apenas dois cortes de faca.
Mesma coisa nos trens do metrô ou nos onibus. Lá estão as telinhas dando o resumo das novelas, informando para que lado sopram os ventos alisios e de quem aquela celebridade acha que está gravida.
Idem nas salas de espera de qualquer coisa. E também nos bares e restaurantes. Sendo que nestes ultimos a presença dessas telinhas acaba por constranger amigos e casais que, em lugar de conversarem e confraternizarem, acabam por interessarem-se pelas mensagens da dita tela com brilho hipnótico, desligando-se da conversa dos parceiros de mesa.
Acabou por criar-se um mundo de compulsivos por informação que não param de cutucar seus celulares, tablets e notebooks em busca de não sei o que, mas que parece inadiável, a ponto de alienarem-se de tudo que está em volta com o comportamento tipico de um dependente do brilhozinho viciante das telinhas.
Só falta alguém um dia criar um "informometro" um aparelho que poderá medir quanto um cidadão recebe de informações durante seu dia, mesmo sem querer e, menos ainda, sem precisar delas.
Não! Espera não quero isso não! Se algo assim for possivel, é mais uma informação para ser martelada por aí. E surgirão os especialistas neurais para dividir as informações em úteis, semi-úteis, preventivas, de poupança, analiticas, posteriores e momentaneas. E de quebra comentariam as reportagens especiais que certamente seriam feitas sobre a nossa infinita capacidade para absorver coisas inúteis.
Tão inuteis como ficar sabendo que na terça feira passada na cidade de São Paulo, no período da tarde, espoucaram 475 raios. Raios!
Fiquem em paz
Jonas
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