quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Há um tempo para tudo

Dos livros da bíblia um dos que eu mais gosto é o Eclesiastes. Talvez seja por sua linguagem simples e direta, sem aqueles rodeios enigmáticos que são bem comuns na maior parte das sagradas escrituras.

E é o Eclesiastes que nos fala a respeito das múltiplas dimensões da vida. Diz ele que há um tempo para tudo debaixo do céu. E seu texto ressalta os muitos momentos, e que são opostos por sua natureza, que a vida sempre nos revela como juntar e separar, rir e chorar, curar e matar. Para mim isso é a simultaneidade, ou harmonia da criação ou ainda a plenitude da vida.

Mas o homem inventou a palavra prioridade e a partir de então passou a interessar-se por apenas duas ou três coisas na vida, o que tornou o mundo estreito demais.

Pelo que se percebe o homem  passou a olhar do lado de fora, como que por uma janela, o que é a vida e seus tempos, ou sua simultaneidade.

E come mal, mora mal, trabalha muito, cuida-se pessimamente, não ama - ou ama muito pouco -, não contempla, não ouve, não olha. Ri quase nada, chora muito pouco e medita menos ainda. Apenas fala e fala e fala.... E falando parece disfarçar suas angustias, seus medos, suas limitações.

E tome gastar laudas e laudas de papel em jornais e revistas, incontáveis terabites na internet, milhares de elétrons televisivos e infinitos quilômetros de ondas radiofônicas para discorrer soluções econômicas e políticas que prometem trazer, enfim, a felicidade suprema para toda a humanidade. Mas não trarão.

E não trarão simplesmente por que não se discute mais a humanidade. Palavras como solidariedade, fraternidade e igualdade ( que serão repetidas levianamente e ad nauseam no Natal que se aproxima ) foram substituídas por PIB, superávits, investimentos, turn over, profits, IGP, per capita, secretarias, gestão, expertise e mais um amontoado de siglas que não significam mais nada além de disfarces para distribuição de capitanias que já foram hereditárias e agora são cotas partidárias.

O tempo e todas as sua dimensões passa ao largo de tudo isso. O homem continua e continuará sempre vivendo suas contradições e suas mudanças. E não há como evitar que isso aconteça.

Que venham então todos os nossos tempos. Haveremos de poder vive-los todos com a mesma intensidade.

Que possamos perceber todos os tempos com serenidade a fim de que não se quebre a harmonia da criação. Que nos inquietemos ou exultemos, que choremos ou riamos, que amemos ou odiemos, na medida certa sem as paixões que nos pervertem e retiram nossa humanidade. E impedem que a vida aconteça em plenitude dentro de cada um de nós. 

Fiquem em paz

Jonas

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