As redes sociais estão deixando o jornalismo nu
Por Cleyton Carlos Torres em 20/03/2012 na edição 686
No impresso, ainda há quem afirme que a capa do jornal é para quem o
compra; já seu interior é para quem o lê. E o digital? A “capa” dos
jornais digitais já parece não ter tanta importância. A home principal
de grandes veículos e portais talvez perca um pouco de sentido em um
mundo tão conectado, com ligações nos mais diferentes ambientes. Ao
mesmo tempo em que estamos em um único lugar, estamos em todos.
O site de uma das maiores revistas do país, a Veja, tem a rede social de microblogs como um dos seus principais originadores de tráfego. Mais de 33 grandes jornais internacionais possuem parceria com o Facebook. Querem estar dentro dessa rede quando Zuckerberg se tornar a maior mídia do planeta. A BBC, em números recentes, demonstrou que menos da metade dos 8 milhões de usuários que acessam o portal chegam ao site através da home principal.
O site de uma das maiores revistas do país, a Veja, tem a rede social de microblogs como um dos seus principais originadores de tráfego. Mais de 33 grandes jornais internacionais possuem parceria com o Facebook. Querem estar dentro dessa rede quando Zuckerberg se tornar a maior mídia do planeta. A BBC, em números recentes, demonstrou que menos da metade dos 8 milhões de usuários que acessam o portal chegam ao site através da home principal.
m ecossistema em rede deve-se destacar a importância
dos filtros de conteúdo, aquelas empresas ou profissionais que terão o
trabalho de curar informações oriundas dos mais diferentes cantos da web
e repassá-las de forma amigável ao usuários final. Isso vale também
para o jornalismo de dados, transformando o big data em informação consumível. Porém o que se deve ter em mente é a forma que tudo isso será processada.
Filtrar conteúdo não necessariamente implica em centralizar o
conteúdo. Com plataformas cada vez mais interconectadas, um pilar
estrutural perde sua função básica. Não só espaço, mas as páginas
principais dos jornais estão perdendo função. A BBC reformulou sua
página no Facebook, oferecendo ao usuário a chance de selecionar o que
querem receber na sua timeline. Seria essa a nova home dos portais? Com a poluição informacional com que a rede anda, talvez o conteúdo se perca em tantos “destaques”.
Segmentação e customização
Ainda em fase beta, a nova página na rede de Mark Zuckerberg traz a
distinção entre editorias e jornalistas. Dão “rosto” ao conteúdo. O
usuário pode escolher entre diversos assuntos e, de quebra, receber
informações dos profissionais do portal. Seria essa a nova relação de
jornalismo e redes sociais? Isso nos remete aos jornais que criaram
aplicativos para o Facebook com o intuito de aproveitar o tempo que os
usuários lá gastam. É uma forma de não “perder” um possível público.
Qual é o limite para essa integração? Aliás, tal limite existe? Com
tantas interconexões simultâneas dos mais diversos cenários, não corre o
jornalismo o risco de perder sua identidade como fonte confiável de
conteúdo? A partir do momento em que as informações passam a circular em
ambientes aleatórios, não corremos o risco de que os usuários não
saibam mais onde procurar? A home dos portais e jornais se perde ao ter que ser acessada diretamente. Queremos o conteúdo, literalmente, na palma da mão.
Segmentação e customização são pontos essenciais para o jornalismo
digital que quer sobressair no atual momento 2.0 vivente. Porém,
confesso que não havia pensado pelo lado das páginas principais, agora
nem tão principais assim. Destrincharemos editorias e jornalistas em
suas mais íntimas funções. Chegará o momento de esquecermos a
instituição por trás da informação e só lembraremos o local aonde a
vimos? O jornalismo está ficando nu e, quem sabe, esqueçamos um dia o
charme de sua vestimenta.
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