terça-feira, 10 de setembro de 2013

Promessa cumprida



Em julho publiquei a foto das flores da pitangueira no Facebook e afirmei categorico: em setembro elas serão pitangas!

E agora estamos em setembro e aí está a pitanga. Com toda a naturalidade, em sua silenciosa simplicidade a pitangueira cumpre mais um dos ciclos que se espera dela. E o faz no tempo certo.

Em toda a Terra a Criação atende seus ciclos. Frutificam as pitangueiras, as galinhas botam ovos, os ursos polares nascem com casacos que lhes garante suportar o frio, vulcões vez ou outra acordam e estremecem a Terra, as baleias sobem e descem pelos oceanos. Os dias substituem as noites, as estações se sucedem, chove, faz sol, venta, a Lua cresce e diminui ao longo do mês movimentando as marés e assim a vida acontece, quase sem sobressaltos, tudo em seu tempo certo e de acordo com a Natureza, na maioria das vezes de modo totalmente harmônico como se todos os elementos e seres da Criação reconhecessem sua interdependência.

Exceto a parte humana da Criação. Esta parte insiste em não esperar que nela aconteça o que tem que acontecer em especial a parte harmônica com seus semelhantes e com o restante da Natureza. E nega desde o seu próprio corpo e a complexa vida que pulsa nele até sua participação na aventura de todos sobre  Terra, o Homem insiste em dizer que quem manda é ele próprio, como se fosse possível um Homem existir apenas por suas vontades, com a clara intenção de bastar-se a si mesmo.

E quando se vê incapaz de cuidar de sua própria vida e que as coisas não funcionam apenas por sua vontade, quando percebe que nem tudo o que planejou aconteceu e que, ao contrário, o que não estava previsto acabou acontecendo o Homem apela para o Divino, se ajoelhando, fazendo ofertas e muitas vezes propondo suborno.

Eu garanto que não vi a pitangueira aqui de casa fazendo promessas, propostas e oferendas pra que suas flores virassem pitangas. Viraram e pronto.

Mas o Homem quando está a frente do que não é capaz de transformar sozinho apela e ajoelha e reza e esperando que no minuto seguinte tudo se transforme e que o "milagre de sua vida" aconteça. Sem se dar conta de que o milagre já aconteceu e que dentro dele mesmo já está colocado o poder transformador que tanto deseja e que a única regra para esse poder funcionar é a simplicidade, a paciência, a tolerância e o respeito pela Criação. 

Espera-se milagres retumbantes, ruidosos, visíveis, palpáveis e transformadores do aqui e agora.

O maior de todos os milagres, se é que existem milagres grandes ou pequenos, já aconteceu desde sempre: é a Vida que pulsa em todo o Universo, com a Mãe Terra dentro dele, e nós sob os cuidados da Mãe Terra.

Se os nosso olhos virem e se nossos corações compreenderem esse milagre, o milagre da Vida, só ele  basta. Não tem cabimento esperar outro milagre ou exigir que as regras mudem para nosso prazer pessoal. Resta-nos apenas admirarmos e reverenciarmos tudo que está a nossa volta. E nesta admiração e reverencia deixar tudo florescer e virar frutos. De onde vai nascer a generosidade, a partilha e o desejo de viver em harmonia.

Um comentário:

  1. Jonas,
    Parabéns pelo texto, você tem razão, a vida é muito simples, nós que a complicamos.
    Abraços,
    Paulo

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