Temos algumas certezas na vida: da sucessão dos
dias, de que nossa morte virá, de que a terra gira em torno do sol e vai por aí
afora.
Ultimamente outra certeza começa a se tornar
consistente para mim: a de que a imprensa esta deixando de ser o chamado quarto
poder , para se tornar o poder absoluto.
Não. Não quero apenas falar mal da grande
imprensa brasileira, pois, evidencias não faltam de que existe um comportamento
pernicioso nas redações da grande mídia, quero de verdade é entender como pode
uma instituição privada revestir-se
de poderes públicos assim tão amplos como são os poderes dos jornais, revistas
e TVs no Brasil.
Em que momento da nossa história foi entregue aos
jornalistas, editores, redatores e assemelhados essa carapaça intransponível de
que estão revestidos? Como foi que as redações se tornaram esses bunkers
indevassáveis que, apesar de visíveis a qualquer um, não se consegue atingir
seu centro nervoso e desligar-lhe os botões?
Que métodos? Que ferramentas foram usadas ao
longo do tempo em que se construía esse poder incompreensível para nós cidadãos
comuns, mas tão temido por homens públicos de todas as cores e todas as tendências
políticas.
Por que um Presidente da Republica - autoridade máxima
do país e supostamente com poderes de mudar a história da República - se deixou
esculhambar, esculachar, avacalhar, desonrar e outras coisas menos nobres pela
grande imprensa durante seus oitos anos ( ! ) de mandato com pleno e inédito
apoio popular?
Como é possível um jornalista (?) que,
sabidamente, não escreveu uma só linha do que chamamos livros ocupar uma
cadeira da Academia Brasileira que reúne ( ou reunia até então ) os melhores
escritores de toda a historia da literatura brasileira?
Por que uma Presidente da Republica, mais uma vez
supostamente dona do mais amplo poder da Republica, se deixa chamar de
faxineira - que me perdoem as profissionais da limpeza - uma expressão tão
machista e que reduz ao menor grau de importância o papel daquela mulher que
comanda os destinos do país?
Como é que andam livres, leves e soltos pelas
ruas, esses editorialistas e jornalistas que desonram, difamam, destroem
carreiras, caluniam e criam factóides, sem que ninguém os processe? Muito pelo
contrário eles é que processam os outros?
Como e por que foi que o tribunal máximo da
Justiça do país desobrigou quem quer exercer a atividade jornalística de portar
um diploma especifico para tal? Pois sabemos que cada vez mais, desaparecem do
mercado de trabalho indivíduos que não tem formação
acadêmica e que portanto estão praticamente proibidos de trabalhar.
De onde vem esse coro afinadíssimo e eficiente a
gritar toda vez que se fala em regular a mídia, bradando que isso é censura e
com isso consegue calar aqueles que podem - SIM ! - legislar sobre o que for
mais conveniente para a sociedade? É para isso que se elege aquelas tres ou
quatro centenas de indivíduos sentados nos salões do Congresso Nacional.
Foram eleitos para isso ! Por que esse medo? Essa subserviência?
Por estes dias está acontecendo o que aconteceu
dezenas de vezes anteriores: uma tentativa de que não investiguem denuncias de
corrupção envolvendo a oposição? Assim como não se criou CPI da Privataria?
Já que o poder jornalístico decidiu que não se
pode investigar - via CPI - as ocorrências havidas entre o senador Demostenes e
o bicheiro Cachoeira, existe um orquestração
midiática sugerindo que o PT, Dilma e outros estão com medo de que outras
sujeiras venham a tona. A revista Veja publica matéria de capa dizendo
descaradamente que o PT et caterva querem melar o mensalão com a CPI do
Cachoeira. Como se fosse possível uma investigação
no Congresso melar outra no STF. Que lógica é essa de que sugere que não pode
haver investigações simultâneas
O jornal o Estado de São Paulo publicou matéria a
respeito do encontro de Dilma com Lula, na sexta feira passada em São Paulo, no qual a
presidente teria dito ao ex-presidente para ir com calma no seu desejo de
apoiar a CPI do bicheiro. E essa publicação
o jornal faz dizendo-se apoiado em declarações de pessoas próximas de Dilma e
Lula. É de se perguntar: a presidente não tem privacidade? Tudo que ela diz é
ouvido e espalhado por ai? Não existem assuntos de interesse de Estado? Tudo,
tudo mesmo, que a presidente diz ou pensa a gente fica sabendo?
Em cima desses dois pequenos e já corriqueiros
fatos ( ilações da grande imprensa sobre o que pensa a presidente da republica
e seu partido) eu pergunto: essas coisas não podem ser desmentidas?
Será que a direção
nacional do PT não pode comprar um anuncio para ser exibido no intervalo do JN
para desmentir e ao mesmo tempo afirmar qual é a posição oficial do partido?
Será que Dilma, não pode requisitar um horário na
TV e vir a publico dizer qual a é a orientação
de seu governo a respeito de investigações, punições e liberdade de imprensa?
Ao que parece a resposta para essas duas
perguntas é não.
Tem momentos que a sensação
que se tem é que a Republica pode cair se alguém disser a verdade nada mais que
a verdade.
Estaremos nós, cidadãos comuns, condenados a
descobrir a verdade baseados apenas em nossos sentimentos que, evidentemente,
podem estar equivocados? Será que vamos, cada um de nós, deduzir apenas o
queremos deduzir sobre qualquer assunto de interesse nacional?
Procurador da Republica, Presidente da Republica,
Folha de São Paulo, Bicheiros, Senadores, Veja, Deputados, TV Globo, Ministro
do STF, Delegados, Concorrências Publicas, são todos nomes diferentes
para a mesma ética, os mesmos valores, os mesmos interesses?
Fiquem em paz
Jonas
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