sexta-feira, 27 de abril de 2012

Farsa de "O Globo" é desmontada linha por linha

Via Terra Brasilis

A presidenta Dilma almoçou com o ex-presidente Lula em Brasília no Palácio da Alvorada na quarta-feira (25). Esticaram a prosa por mais de quatro horas. No encontro estavam os ministros Aloizio Mercadante (Educação), Guido Mantega (Fazenda) e Gilberto Carvalho (Secretária-Geral da Presidência), além do ex-ministro da Comunicação Social do governo Lula, Franklin Martins.
Com um grupo destes reunido, o que conversaram? Evidentemente sobre política, conjuntura nacional, internacional, economia e eleições, além de amenidades pessoais entre velhos amigos. Mas certamente nenhum deles é fonte que falaria confidências em off para jornalistas da velha imprensa.
 
 
Mas sabem como é... jornalista em Brasília, do lado de fora, fica com a "orelha ardendo", imaginando se estariam falando mal de seus amados patrões ou de correligionários políticos de oposição.
Mas mesmo sem ter como saber o que conversaram lá dentro, a gente vê publicada no jornal "O Globo" uma baboseira destas abaixo, ao gosto do chefe deles, que nem com muito boa vontade a gente consegue acreditar. Aliás, a matéria nem foi assinada. O título da nota é " No primeiro dia da CPI, Lula se reúne com Dilma e ministros".
Acompanhe alguns trechos, devidamente comentados [em negrito]:
“Para acertar os ponteiros da Comissão que vai investigar Carlinhos Cachoeira...”

A CPI já tinha feito sua 1ª reunião pela manhã e já havia aprovado os requerimentos, enquanto Dilma e Lula só se reuniram à tarde, o que demonstra o quanto a notícia é inventada.
“No primeiro dia de funcionamento da CPI mista do caso Cachoeira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou quatro horas reunido com a presidente Dilma Rousseff ... para defender sua posição favorável à investigação e unificar o discurso do PT e do governo no Congresso.”

Ai, ai, ai... Lula, se tivesse que "defender sua posição" sobre a CPI junto a Dilma, faria isso em um telefonema de dois minutos, jamais precisaria ir a Brasília, se reunir por quatro horas com a presidenta, três ministros e um ex-ministro, depois que a CPI já havia começado a funcionar, pela manhã.
“Nas conversas desta quarta-feira, Lula repetiu sua tese de que a investigação será a oportunidade de atacar os opositores do governo que estão sob suspeita, ainda que isso represente eventuais perdas no próprio PT.”

Como "chutam" esses jornalistas. A CPI é uma oportunidade para levar o país a reformas moralizantes, tais como eliminar o financiamento de campanha por empreiteiras, bicheiros e bancos, e para esclarecer suposta corrupção na imprensa, através de espionagem clandestina, empresarial e partidária.
“Paralelamente à reunião de Lula com Dilma, o presidente do PT, Rui Falcão, teve reuniões com o governador do DF, Agnelo Queiroz (PT), um dos alvos da oposição na CPI Mista, e depois com parlamentares do partido que integram a comissão, também para unificar o discurso. Falcão negou que o PT não esteja apoiando Agnelo, mas nos bastidores já se fez o cálculo: se Agnelo tiver problemas com Cachoeira, não terá como ser preservado.”

Falcão visitou Agnelo, manifestou apoio público, desmentiu boatos plantados de que teria pregado a renúncia do governador na semana passada, e a "fonte nos bastidores" de O Globo deve ser gente da tropa de choque de Joaquim Roriz ou José Roberto Arruda.
“À noite, no Congresso, os líderes petistas foram orientados pelo Palácio do Planalto a ter sobriedade e conter os arroubos na CPI, mantendo o foco já estabelecido. Delimitar, por exemplo, a investigação a contratos da Delta que já estão sob suspeitas.”

De novo: a reunião da CPI foi de manhã, portanto não havia mais o que recomendar de noite, pois já estava feito. E, desde as denúncias contra Demóstenes, a maioria dos líderes petistas tem demonstrado bastante seriedade, evitando tripudiar e evitando tornar a CPI um circo de especulações como quer a oposição. Quanto à investigação sobre a Delta, o governo federal já disponibilizou os contratos na Internet no site do DNIT [aqui], portanto sequer faz sentido falar em "delimitar" investigações sobre estes contratos.
“O ministro da Secretaria Geral, Gilberto Carvalho, que esteve no almoço e é considerado um interlocutor de Lula no Planalto, já estaria trabalhando para convencer o ex-presidente a se acalmar e “tirar a faca dos dentes”.

Aqui O Globo se enrola todo na invencionice e cai em contradição: se escreveu no primeiro parágrafo que houve uma reunião de quatro horas "para aparar arestas", e se Carvalho é "interlocutor de Lula no Planalto", como diz acima, como ele poderia estar trabalhando para "acalmar" Lula? Trabalhando a serviço de quem? De Dilma? Mas a Presidenta estava na reunião. Para quê interlocutores? Fica claro que é tudo inventado. Aliás, Lula tem demonstrado bastante calma. Quem tem demonstrado estar à beira de um ataque de nervos são jornalistas de determinados veículos da imprensa.
“Um dos maiores temores do governo e do PT é em relação ao magoado ex-diretor do Dnit, Luiz Antonio Pagot, que pode comprometer o governo, ao escancarar detalhes de contratos do Ministério dos Transportes com a construtora Delta. Foi diante de argumentos como esses que Lula estaria moderando o tom beligerante em relação à CPI.”

Mais um "chute". Pagot já prestou esclarecimentos em duas comissões no Congresso antes de deixar o cargo no DNIT. O órgão já passou por auditorias e foi investigado. Se há mágoa agora é contra seus algozes: a turma da revista Veja com a turma de Cachoeira, que planejaram matérias na revista contra ele e comemoraram sua queda por estar atrapalhando interesses do grupo de Cachoeira em contratos da Delta.
“Outra suposta divergência entre Lula e Dilma foi na escolha do relator da CPI. Enquanto Lula brigou pela indicação do ex-líder Cândido Vaccarezza (PT-SP), considerado incendiário, Dilma queria o líder do PT na Câmara Paulo Teixeira (PT-SP). Com o impasse, a escolha recaiu sobre o mineiro Odair Cunha.”

Outra contradição: a divergência é "suposta", mas o jornalista advinha tudo dentro da suposição. É difícil acreditar que Lula e Dilma tenham entrado em disputas internas da bancada do PT, onde qualquer dos três nomes eram bem qualificados. No máximo, podem ter conversado sobre qual nome seria mais adequado. Daqui a pouco vão dizer que disputas de vereadores de qualquer município do Brasil é uma briga entre Lula de um lado e Dilma do outro. Além disso, qualquer jornalista bem informado sabe que Vaccarezza tem desempenhado nos últimos tempos papeis de articulação e conciliação, o que não tem nada incendiário.
“A conclusão hoje é que a escolha do Odair Cunha para relator da CPI foi a melhor, justamente por causa da sua sobriedade – disse um dos participantes da reunião no Alvorada.”

O único parágrafo da matéria que foi fiel à verdade, apesar de a conclusão não ter sido fruto dos motivos expostos

E tem mais  
A matéria do jornal ainda fala do lançamento do documentário sobre a transmissão do cargo presidencial de Lula para Dilma, motivo da viagem de Lula, e termina quebrando a cara ao patrulhar o ex-presidente, quando conclui: "O ex-presidente foi a Brasília em jato fretado pelo Instituto Lula. O aluguel estimado é de cerca de R$ 30 mil."
O Instituto Lula se capitalizou no ano passado com as palestras do ex-presidente para empresas no Brasil e no exterior, portanto teve receitas de sobra para este gasto – que de resto também carece de comprovação. Mas não se vê o jornal ter a mesma preocupação com os vôos de líderes tucanos como José Serra e o senador Aécio Neves.

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