quinta-feira, 20 de outubro de 2011

A liberdade correndo risco

O competente Ricardo Kotscho lá em seu Balaio convida os internautas a opinarem sobre uma onda de intolerância que varre a internet. Deixei meu comentário por lá e faço-o por aqui também, dizendo que acho que uma parte considerável da sociedade - e eu no meio - ainda desconhece qual pode ser o melhor jeito de lidar com essa liberdade que a internet propicia, leia-se liberdade de expressão.

Para dizer a verdade não sei bem quem veio primeiro: se a liberdade de expressão propriamente dita ou se o processo de amadurecimento dessa tal liberdade  teria sido atropelado pela internet trazendo essa facilidade que todos nós temos de opinar de maneira publica sobre seja lá o que for.

Não sei nada de sociologia ou antropologia e demais estudos que observem e expliquem a evolução e transformação dos usos e costumes humanos, mas é sabido por todos que o homem, desde sempre, passou por processos que o levaram de estágio em estágio a caminho de uma suposta e ainda não atingida liberdade plena. Vai daí que a liberdade e junto com ela a democracia ainda é algo em construção, não sendo ainda muito claros para todos nós o seus contornos e limites.

Pode parecer um paradoxo falar em contornos e limites para a liberdade. Mas para mim e dentro do meu incipiente saber sobre qualquer coisa, fica cada vez mais claro que a liberdade é um bem não apenas para ser usufruído de maneira coletiva, mas que também carrega consigo obrigatoriamente fortes e indispensáveis noções de zelo, apreço e cuidado com o outro. 

Porém até aqui não é o que vemos acontecer. A impressão que se tem é que todos nós somos um pouco donos - e há casos em que uns são mais donos que outros - de nacos de  liberdade e os usamos de maneira privada com vistas a apenas proteger interesses particulares em prejuízo do outro individuo ou mesmo da coletividade.

Já temos um bom conjunto de princípios de direitos e liberdades bastante arraigados entre nós, como por exemplo, as deferências especiais aos idosos e crianças, ou a possibilidade de sanções penais para quem cometer crimes de preconceito de raça. Atenção!! Não estou dizendo que esses princípios já funcionam plenamente, mas eles estão aí e amadurecem cada vez mais.

No entanto ainda falta a percepção - quem sabe poderia ser semeada nas cabecinhas dos nossos pequeninos ainda nos bancos escolares - de que a liberdade vista de maneira individualista leva ao caminho oposto, ou seja, ao aprisionamento. A liberdade, e junto com ela a democracia, é um bem publico valioso e caríssimo. E quanto pior o uso que fazemos dela mais nos aproximamos da necessidade da intervenção do Estado para regular o exercício da mesma. Mais ainda provocamos o seu fim.

De certo modo sair por aí gritando: eu sou livre para expressar o que eu penso!,e dizer todo tipo de coisas que vier a cabeça, sem respeito ao próximo e sem os cuidados com os princípios de cidadania, é passar um atestado de que a liberdade precisa ser regulada, precisa ter regras. E que a partir daí não poderá mais ser chamada de liberdade plena.

E eu não queria ampliar esses comentários para além do mal uso que muitos fazem da liberdade de expressão na internet e seus riscos. Mas agora me ocorreram as piadinhas vindas daquele menininho de apelidozinho pequenininho como seu cerebrozinho e considero que ele é um sério fomentador da supressão parcial da liberdade dado seu comportamento no minimo - e pra deixar num termo bem educado - desrepeitoso em especial com as mulheres. E aqui um exemplo bem singelo sobre como uma certa revistinha nacional pode causar justamente isso: o marco regulatório da imprensa. E la nave vá.

Fiquem em paz
Jonas

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