sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A esperança de um catolicismo mais humano.


E vem da França através do Monsenhor Jacques Gaillot o contraponto ao que disse em entrevista a Folha de São Paulo e que eu publiquei aqui no Saúva o arcebispo brasileiro João Braz de Aviz a respeito de assuntos que envolvem especialmente aspectos éticos, morais e comportamentais segundo a Igreja Catolica.

O monsenhor frances aborda com tranquilidade e sabedoria assuntos que parecem vindos do demonio em pessoa, para boa parte da Igreja,  e transmite um entendimento bem mais humanitário e solidário sobre o que parece afligir os seguidores da fé católica no mundo inteiro.

Mas tudo tem seu preço. E monsenhor Gaillot, por divulgar idéias contrárias aos ensinamentos eclesiais, foi punido pela Igreja com a expulsão da Diocese que comandava e ainda ouviu de seu superior que assinasse a própria demissão para ser contemplado com o pomposo titulo de bispo honorifico. Ele negou-se a assinar e passou a comandar uma diocese que não existe desde o seculo V que é atualmente a Argélia.

Vejam  uma entrevista concedida por ele a um jornalista colombiano no site da Carta Maior. 

Mas eu fiz questão de trazer esse assunto ao conhecimento de vocês através desse modesto Saúva, para, como eu disse no inicio, que seja feito o contraponto, ou que sejam conhecidas duas opiniões vindas de dentro da mesma Igreja, e que não fique assim parecendo que está tudo perdido em termos de religiosidade no mundo.

Ele advoga em favor de causas como: ordenação de mulheres e homens casados, escreveu artigos intitulados " ser homossexual e católico" , ao invés de ir a uma peregerinação religiosa à Lourdes preferiu ir à Africa visitar um preso, militante contra a segregação racial. E diz-se a favor do uso da camisinha, do aborto e união de homossexuais. E são tantas suas ações em favor das minorias que passou a ser chamado de Bispo dos sem: sem documentos, sem teto..

O que surpreendeu é que ele diz que vem justamente da América Latina a esperança de uma Igreja mais moderna, uma Igreja que reveja suas posições sobre etica e moral. Surpreendi-me bastante, pois por tudo que temos ouvido e visto aqui no Brasil dito por representantes da Igreja, parece que as coisas caminham no sentido contrário.
Admirador da Teologia da Libertação diz ter sido profundamente tocado por dom Helder Camara, mas senti falta da menção ao nome de Leonardo Boff, um teólogo sábio e injustiçado pela Igreja. Igreja que insiste em não arredar pé de seu conceito de que há um Deus que nos castiga e por isso devemos nos resignar e nos calar diante das injustiças do mundo.

Bem meus caros, leiam a entrevista e emocionem-se. Quem sabe ela poderá reacender em voces, como fez em mim, a esperança de que ressurgirá da hemorragia em que sangra a Igreja nesse momento,  um novo catolicismo que possa servir verdadeiramente aos pobres e desvalidos do mundo. E permita a todos que vivam sua vida em plenitude, que sejam todos verdadeiros seres humanos sem medos ou vergonhas. Seres humanos tão diferentes nas escolhas que fazem pela vida, mas tão iguais na necessidade de compreensão e amor.

Repito endereço da entrevista: http://tinyurl.com/6guzsp5 

Fiquem em paz

Jonas

2 comentários:

  1. Não acredito que a igreja deva se modificar. Igreja é uma questão de opção. Você opta por aceitá-la tal qual ela é e ponto. Mas, em hipótese alguma é obrigado a segui-la.
    Sabe, é a tal história de "Se a teoria não se confirma pelos fatos, vamos alterar os fatos para que se molde às nossas teorias..."
    Eu não preciso modificar Deus para me sentir melhor com meus sentimentos e minhas contradições. Se Deus é assim, ora bolas, eu posso não gostar dele e pronto!
    Ah, posso também criar um deus para mim, perfeitinho, do jeito que eu gostaria que ele fosse e mais: posso criar igrejas para cultuá-lo, frequentado por pessoas que pensam e agem como eu. Nada mais fácil!
    Não acredito que eu precise modificar a fé das pessoas para atender às minhas expectativas pessoais.
    Danem-se os que não me aceitam, não me gostam ou qualquer coisa! Se eu não aceito os dogmas (é, são assim chamados), é porque não acredito nesse Deus e, portanto, não preciso dele, certo?
    Abraços.

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  2. Ola Maria Cristina, obrigado pela contribuicao. Penso que voce esteja 99% certa. O umzinho que falta fica por conta da constante evolucao e descobertas humanas. A Igreja que conhecemos hoje nao e nem de perto a Igreja do seculo XV ou V, muitas das posicoes da Igreja foram mudando ao longo do tempo. Desde da rotundez da terra ate a pilula anticoncepcional.

    Nao se trata de discutir Deus. Se trata muitas vezes de nao querer aceitar o que o proprio Deus criou, e aqui que o bicho pega. E isso que a Igreja fez, inventou um Deus cruel, castigador e justiceiro. Nao e assim. sabemos que nao e.

    Fique em paz

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