quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Os limites do silencio.

“...Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa...”

Cálice – Chico Buarque


Uma vez assistí um filme com Andy Garcia interpretando um terapeuta e que se não me engano chama-se Os Limites do Silencio.

E fazendo uma  sinopse de leigo no assunto as coisas são mais ou menos assim: aconteceu que ele - o terapeuta - teve um filho adolescente que cometeu suicídio aos 16 anos. Esse guri era depressivo. A mãe insistia que ele tomasse medicamentos mas o pai resolveu encaminha-lo para um outro terapeuta seu amigo.

Ocorre que esse terapeuta molesta sexualmente o guri, filho do Andy Garcia. Daí o suicídio. Mais pra frente o Andy Garcia dará consultas à um outro guri cujo pai matou a mãe. E o pai matou a mãe por que chegou em casa e surpreendeu o que pensou ser um homem fugindo pela janela do quarto da esposa. Mas esse homem que fugia era o próprio filho que era molestado sexualmente pela mãe!

Chega ou querem mais??? Chega.

É um filme, eu sei. Mas sei também que na vida real, monstros de todo o jeito estão a espreita.

Monstros que adormecem no fundo do lago de almas de indivíduos aparentemente comuns, sociáveis, amorosos, muitas vezes realizados em varias dimensões da vida. E que se tornam em segundos estripadores, pedófilos, infanticidas, fratricidas e o que mais vier. E nos minutos seguintes à essas barbáries mergulham de novo para o fundo do lago. Cuja superfície parece permanecer intocada.

E parece que fatos assim estão acontecendo cada vez mais. A sensação é de que cada vez mais monstros estão sendo acordados por barulhos que ainda não estão muito bem identificados.

Mas eu desconfio que seja o barulho de nossa modernidade, de nosso egoísmo, individualismo, hedonismo, o entendimento simplório de que o prazer, a felicidade, começa e termina nele mesmo.

Estamos todos com medo da dor. E não nos damos conta que a maior dor é não querer te-la.

As vezes me preocupo.

Tem momentos que não tenho muita certeza de que o monstro que mora em minha lagoa permanecerá adormecido e indiferente à tantos barulhos.

Fiquem em paz.

Jonas

2 comentários:

  1. Toda dor vem do desejo de não sentirmos dor, já dizia o bardo, citando, se não me engano, Lao-Tsé... seu sobrinho, edu.

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  2. Certamente Edu. A vida nem me deu muitas dores eu confesso, mas as que eu senti certamente foram valiosas lições..

    Abraços

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