domingo, 13 de julho de 2014

O El Cid tupiniquim

El Cid, como se sabe, foi um nobre nascido na Espanha em 1043 batizado como Rodrigo Diaz de Vivar. Viveu uma vida de guerras, traições, barbaridades e lendas como era comum acontecer naqueles tempos. Uma das lendas diz que ele já morto foi amarrado em seu cavalo por sua mulher e, diante de seu exercito, partiu para a guerra contra os mouros que o supunham morto. Quando os mouros o viram fugiram e, claro, perderam a guerra.

Ontem no banco de reservas da seleção brasileira no jogo contra a Holanda, alguém teve a mesma ideia que teve a mulher de El Cid:  colocar o Neymar no banco, com o uniforme de jogador, para - santa tolice - quem sabe motivar nossos jogadores ou assustar os holandeses.

Guardadas as devidas proporções - Neymar não está morto e jogo não é uma guerra - não deu pra entender o propósito deste gesto tenha sido ele só de Neymar ou de toda a equipe de dirigentes e técnicos.

Primeiro de tudo e o mais óbvio ululante é que não me consta que Neymar tenha personalidade de lider a ponto de motivar ou não seus companheiros. Muito menos me parece que ele seja um estrategista do futebol e sua presença ali poderia servir para auxiliar Felipão a armar o time.

Em segundo lugar o efeito que poderia ser esperado - de Neymar motivar seus companheiros - pode ter acontecido ao contrario e os demais jogadores do time podem ter se perguntado no momento: mas quem esse cara pensa que é? Sim deixemos de lado esse romantismo de pensar que em um time de futebol todos se amam. Creio que aquele grupo é como qualquer grupo de humanos: cheio de inveja, ressentimentos, armações desonestas, fofocas porém , é claro,  também de boas e fieis amizades.

No adversário esta atitude de Neymar estar presente no banco também não serviu para nada uma vez que até entre todas as folhas do gramado do campo é sabido que Neymar não pode joga, por enquanto.

Pode-se ainda imaginar a hipótese de que isto tenha sido uma deferência especial ao craque e que a titulo de reconhecimento de sua importância, resolveram deixa-lo ali. Se for assim acaba de ser inaugurado um comportamento que em breve poderá causar congestionamentos nos bancos de reservas país afora uma vez que não são poucos os craques e ex-craques impedidos todo o tempo e circunstancialmente de jogar uma partida por seu time.

Além disso, Neymar já havia sido solenemente homenageado por seus companheiros no inicio da partida contra Alemanha na terça feira passada, quando exibiram a camisa dez do jogador durante a execução do nosso hino e que, convenhamos, diante do resultado daquele jogo não serviu para motivar ninguém.

A mim fica a pouco nobre conclusão de que Neymar estava naquele banco vestindo a camisa da seleção muito mais por razões contratuais do que por amor a arte. E se for mesmo assim e se apenas a força da grana é que acaba por forçar um jogador a trocar o conforto da sala de sua casa onde fica muito mais garantida a sua recuperação do machucado, já passou da hora de rever as normas que regem esta fabrica extraordinária de dinheiro que virou o futebol.






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