Mesmo correndo o risco de cair naquele lugar comum, quando se costuma dizer Ah! no meu tempo era diferente, eu arrisco a dizer que já vão longe os dias em que a comemoração do 7 de setembro era visivel em todas as esquinas. Pelo menos nas esquinas pelas quais eu passava quando criança. E, sim, eu desfilava com minha escola pelas ruas do bairro ouvindo as bandas e fanfarras do meu e dos outros colégios da região.
E comecei dizendo isso por que quero muito saber por qual processo de desprezo ao nosso país passou o Brasil nas ultimas décadas a ponto de que ao referir-se ao 7 de setembro a impressão que se tem é que o brasileiro quer mais é saber se esse feriado cai em dia que se pode emendar com o fim de semana e não o que ele significa.
Parece existir uma espécie de vergonha, ou auto-repressão, de qualquer tipo de exaltação nacionalista, exceto no futebol onde, diga-se de passagem que os comentaristas em geral misturam torcida por um esporte com o orgulho de uma nação. Já se disse que quando nossa seleção de futebol entra em campo ela é a tradução da pátria de chuteiras. Pode não ser completamente errado misturar esporte com nacionalidade, mas a questão é que falta a mesma desenvoltura para manifestar o orgulho de ser brasileiro em outras oportunidades e áreas.
Evidentemente que uma resposta mais adequada para isso só pode ser dada por estudiosos do comportamento humano, coisa que eu não sei fazer nem a respeito de mim mesmo, quanto mais dos outros. Mas mesmo assim arrisco algumas hipóteses para tamanha falta de interesse pelas simbolos e datas nacionais.
Para mim a primeira hipotese que deu causa à isso passa pelo curriculo escolar, em especial o fundamental ou básico. A ausencia de matéria que trate especificamente da organização do nosso, dos papéis de cada uma das esferas da Republica, o histórico e a devida reverencia aos simbolos nacionais fazem com que não se desperte em nossas crianças e adolescentes e muito menos se desenvolva em cada um a necessidade de entender como funciona nosso país o que pode levar, assim eu acho, para um expontaneo desinteresse pelo exercicio da cidadania, do nacionalismo.
O estudo obrigatório das biografias dos Presidentes da Republica, Governadores e Prefeitos acompanhado de suas realizações como gestores públicos pode ser que ajude nossos jovens a opinarem e participarem mais ativamente da politica nacional. Conhecer o que fazem o Executivo, o Legislativo e o Judiciário em todos os niveis da Federação, ajudariam nossas crianças e adolescentes a entenderem as causas e efeitos das ações dessas instituições no nosso cotidiano.
E como uma coisa leva a outra e após decadas da ausencia desses assuntos nas salas de aula, formou-se já uma quantidade de adultos brasileiros sem a minima noção do que seja o exercicio da cidadania ou o que é fazer politica, ou no minimo uma noção critica e mais democrática sobre o que é o mundo politico.
Parte desses adultos exercem hoje funções na área chamada de formadores de opinião. E uma parte dessa parte de adultos esculhamba, achincalha e envergonha todos os valores nacionais que vão tornando-se cada vez menos valiosos. Alguns desses brasileiros foram parar na politica e no exercicio daquilo que é a mola mestra da organização do país, e não se constrangem em transformar a politica, isso sim, em seu trampolim para se dar bem. A sí mesmo e todos os seus descendentes e amigos.
Uma outra parte desses adultos ajuda a construir a cada dia que passa a impressão de que somos o pior país do mundo, o último em tudo, o atrasado, o colonizado, a vergonha planetária. Isso evidentemente quando se trata de coisas boas. Quando são coisas ruins aí é o contrário e somos os campeões em tudo que não presta. Não se incluem aqui as bundas, o futebol e as bebidas nacionais.
No meio de tudo isso e para colaborar com essse suicidio nacionalista está a imprensa - a grande imprensa - que não poupa esforços em denegrir, mal informar, distorcer e difamar quando se trata de noticiar a politica e administração publica. Adjetiva, agride, xinga, ataca a honra, mente, faz tudo que pode para enxovalhar figuras publicas sem perceber que com isso desvaloriza não apenas as instituições republicanas mas põe em cheque o valor do voto democrático na medida em que sugere aos cidadão que seus eleitos não valem nada.
E por tabela de maneira quase despercebida sugere que votar não vale nada, que não muda nada. E nessa toada vamos descendo a ladeira, esquecendo nossos valores nacionais, vamos entendendo que não vael a pena exercitar a cidadania pra o bem.
É triste ver na maioria dos comentários postados por navegantes diversos sobre noticias politicas nos grandes portais da web, são palavrões e xingamentos sem a menor sustentação na realidade. Não passam de papagaios do que dizem os "gurus" articulistas e editorialistas da grande imprensa.
Não digo que tudo isso tenha origem orquestrada. Pode ser que nada tenha acontecido de maneira dirigida. Acho até que trata-se de uma sequencia de situações infelizes e entristecedoras. Uma porção de causas e efeitos impossíveis de serem pontuadas. Mas está aaí, e só não vê quem não quer.
O titulo que coloquei lá em cima tem o proposito de fazer um paralelo entre aquele ato terrorista de 11 de setembro lá "nozestadozunidos" e as nossas datas importantes. Está me parecendo que a depender da midia brasileira seremos lembrados pelo resto de nossas vidas sobre o que aconteceu e o que estavamos fazendo naquele fatídico dia para o país norte-americano. Não que não tenha sido importante o que aconteceu por lá. Mas que tal alguma coisa similar a respeito das datas importantes de nossa historia? Que tal uma campanha maciça para lembrar o 7 de setembro. Que tal um monte de eventos e informações historicas sobre isso?
Tenho saudade das bandeiras hasteadas na porta das escolas e as crianças decorando o Hino Nacional Brasileiro. Tenho saudade das fitinhas verde-amarela amarradas nas antenas dos automoveis.
Tenho saudade do meu orgulho de ser brasileiro.
Fiquem em paz.
Jonas
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