quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Não existe liberdade sem informação


"Há um problema no mundo que é o problema da informação, o de nos estarem a controlar a informação. Hoje, as palavras mais construtivas, as mais limpas que se possam pronunciar, podem não chegar a lado nenhum, porque os meios de comunicação se encarregam de fazer com que não cheguem."

"O pior é que se está a armar um sistema em que as pequenas coisas são as que ocupam os espaços, a informação e a preocupação da gente. Os grandes temas aparecem então diluídos, por detrás, e não os vemos."

Estes dois paragrafos são de Saramago, publicados aqui e aqui. 

Vivemos dias em que a informação, que deveria servir para o enriquecimento humano, torna-se antes instrumento de dominação e perpetuação da ignorancia, por mais paradoxal que isso possa parecer.

O superabundancia da informação deu-se na mesma medida em que não aperfeiçoaram-se os instrumentos do discernimento, restando-nos a ilusória sensação de que fazemos alguma escolha, no entanto, na verdade, não há escolha, existe apenas um excesso de consumo de informação.

Pode-se dizer por aí que a partir das bancas de jornais com seus milhares de publicações, passando pelas centenas de televisões e rádios e chegando à internet, só não sabe das coisas quem não quer. 

Mas há que se perguntar antes de tudo: o que exatamente devemos saber? o que é mais importante que se saiba? E após isso, ao se ter as respostas, então sim - e só então - poderemos debater o que interessa para o mundo todo.

Dado que a informação, por todos os sistemas disponiveis, é ou patrocinada por interesses financeiros, quero dizer publicidade versus audiencia, ou então é manipulada pelos interesses particulares daqueles que a detém - na maioria das vezes ditadores em pele de democratas - pode-se dizer que toda informação disponivel é inexata, carente de confirmação, quando não é absolutamente mentirosa.

O fato é que talvez não saibamos o que queremos saber. Vem daí essa nossa incomoda insatisfação com as coisas, como se enxergassemos tudo através da bruma. E falta-nos não só a resposta mais importante, mas sequer sabemos fazer a pergunta que nos levará até ela.

Junto com a informação anda a liberdade. Há uma sutil, no entanto importante, confusão entre abundancia de informação com liberdade.  Jamais será por saber quase que instantaneamente o que se passa nos quatro cantos do mundo, que seremos livres. Ora, se sabemos que a liberdade vem do conhecimento puro e profundo a respeito de tudo, e se não o temos, como podemos ser livres?  Tudo que me é permitido saber é manipulado e se é manipulado como posso saber plenamente, ou ter conhecimento suficiente para dizer-me livre?

Existe mesmo uma estreita e insuperavel ligação entre liberdade e conhecimento, não se tem uma sem ter o outro. 

Quando sairmos da periferia do que  nos dizem para ser discutido e nos aprofundarmos em busca do que é realmente importante debater, aí sim seremos livres.

Fiquem em paz,

Jonas













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