Lá no Azenha tem um artigo assinado por Livia Tiede e que eu os convido a ler. Ele trata da ocorrencia havida esta semana a respeito de uma mulher que foi flagrada jogando seu bebe recém nascido em uma caçamba de lixo.
Desnecessário falar sobre a repulsa que nos causa tal gesto.
E, lendo o artigo, o que entendemos é tratar-se de mais um apelo em favor de regulamentação que contemple o aborto de maneira indiscriminada pois, segundo o racicionio de Livia, esta é a unica alternativa para evitar-se atitude tão tresloucada como a da mãe em questão. De acordo com Livia caso essa mãe tivesse apoio legal e prático para abortar a indesejada criança, ela não teria feito o que fez.
A mim me parece um aproveitamento oportunista de uma situação - de todos os jeitos condenável - para propor uma solução casual, pontual e ineficaz. Livia quer nos fazer acreditar que a mãe fez o que fez apenas por ser vitima de um modelo de sociedade insensivel a realidade feminina ou por ultimo da realidade da vida humana.
Não quero fazer juizo de valor ao referir-me ao comportamento dessa mãe e de tantas outras que agem de maneira menos ou mais cruel, muito menos quero declarar-me um anti abortista ferrenho, daqueles que não conseguem imaginar que todos podem cometer em algum momento gestos que precisem ser corrigidos depois.
No entanto vale lembrar a pergunta de um dos meu gurus preferidos, sir John Lennon: "quantos de nós não é resultado de uma noite de bebedeira e drogas?"
Sugiro ainda uma outra reflexão: num certo momento governantes pensaram que deviam regulamentar a posse de armas de fogo a fim de controlar seu uso e assim evitar homicidios. Como se sabe não deu certo.
E não deu certo também a criação, pela Caixa Economica Federal, de um cardápio bastante variado à disposição daqueles que gostam de apostar em numeros, haja vista que continua por aí a jogatina clandestina.
Pode parecer que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, mas só parece. No fundo tratam-se de questões comportamentais e todas elas podem trazer consequencias nefastas para a vida de qualquer um. Não é por que existem leis que permitam determinadas coisas dentro da legalidade que todas as pessoas preferirão o legal no lugar do ilegal.
Precisamos todos parar de pensar que ao se criar mecanismos que "protejam" os individuos podemos ir todos para casa e dormir tranquilos.
Já esgotou-se esse modelo que está ai. Não se pode mais entender o Estado como provedor de todas as necessidades dos individuos. O Estado por si só é incompetente e ineficaz para tarefa desse tamanho. Toda a sociedade precisa estar engajada.
Que tal começarmos a pensar em um novo modelo de escolas por exemplo?
Que tal abandonar esse modelo educacional que limita o conhecimento apenas as necessidades do mercado de trabalho?
De algum jeito, e desde cedo na vida, todo mundo precisa ser levado a conhecer-se a si mesmo, entender a sua responsabilidade e participação neste interminavel jogo de ação e reação que liga todos os individuos no planeta. Entendamos de uma vez que tudo, absolutamente tudo, que fazemos é ao mesmo tempo resultado de algo que o outro fez, e é também algo que interferirá na vida do outro.
Devemos refletir com mais intensidade sobre o maior ensinamento de Cristo: amai-vos uns aos outros.
Quem sabe assim possamos privilegiar menos os bens que não passam de coisas, e passemos a olhar com mais atenção ao verdadeiro bem que é o outro ser humano.
Nossas vidas não devem ser norteadas apenas pela nossa capacidade de trabalhar e ganhar dinheiro. Devemos aprender a lidar com nossas tragédias particulares cuja solução mais prática e viável é amar e saber-se amado.
Não bastam leis que regulamentem o porte de armas, é preciso que não queiramos ter armas, e nem criemos razões para matar. Não bastam leis que nos permitam jogar dinheiro para ganhar outro dinheiro, é necessária também a indispensável temperança no uso daquilo que é fruto de nosso trabalho.
Não basta que os Estados coloquem seus médicos a serviço de mulheres arrependidas de seus gestos, é preciso que as pessoas partilhem sua intimidade com responsabilidade e amor a tal ponto que tudo depois seja gratificante. E não um castigo.
Fiquem em paz
Jonas
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